Stay Alive Loki escrita por HomeFiction


Capítulo 11
Encontros e Desencontros


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo! Estou passando para deixar mais um capítulo, prometi que teria no fim de semana, mas eu vou trabalhar o fim de semana todo :( então melhor deixar antes de sair de casa... :)

Esse mais que nunca, tomem muuuito cuidado com os erros, a revisão foi feita na correria... relevem ou me avisem encontrando-os eu arrumo depois.
Espero que aproveitem! Tenham um ótimo fim de semana... :) beijos!!!



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Assim que retornaram a mansão Odin se sentou no sofá com Frigga a seu lado. Thor sentou-se à frente dos pais e todos se olharam apreensivos até que o mais velho respirou fundo.

–Loki descobriu tudo. – disse Odin para Frigga.

–Oh, meu Deus! Como!? – ela desesperou-se ainda mais.

–Ele não me disse como, só exigiu a verdade. – Odin pensou por um tempo. –Eu pus tudo a perder com minha arrogância. Fui um tolo. – confessou ele culpado.

–Pai, mãe? O que está acontecendo? – Thor olhava de um para o outro sem entender. O que Loki havia descoberto que o faria fugir dessa maneira? –Alguém vai me contar o que aconteceu com meu irmão? – ele olhou do pai para mãe com interrogação.

–Loki não é seu irmão. – foi Frigga quem falou primeiro. –Ele não é nosso filho. – completou.

–Como!? – Thor pareceu sem chão, pego de surpresa. Ele não entendia. – O que você está...

–Odin! – Frigga cortou Thor olhando para o marido. –Quando Loki veio te procurar o que você disse a ele? – ela perguntou.

–Eu estraguei tudo, Frigga. – respondeu o marido. –Vou lhes contar... – disse ele.

Não fazia mais sentido esconder. E ele começou seu relato.

–Não me orgulho do que vou contar, no entanto, é a verdade. – falou Odin encarando Thor.

–Não vou julgá-lo, pai, antes que tenha relatado tudo o que houve. – falou Thor sabendo que daí viria um segredo de família.

O velho assentiu. –Meu pai era dono da Asgard, grande corretora de valores da época. – começou Odin. –Depois que fui trabalhar com ele descobri que Asgard era uma fachada para seus truques. O esquema era um grande golpe na bolsa. Eu fui contra, é claro, mas não havia muito que eu pudesse fazer sem delatar meu próprio pai. – ele explicou.

–Eu me lembro do nome Asgard. Era como se chamava a Borson antes. – disse Thor pensativo.

–O esquema acabou vazando, mas seu avô tinha planejado e escolhido quem pagaria por seus atos criminosos. O homem chamado Laufey. – Odin falou. –Meu pai conseguiu manipular os fatos e incriminou o diretor financeiro da época, Laufey Nál. Eu e Laufey sabíamos do esquema, não concordávamos, mas nada fizemos contra o grande Bor. De qualquer forma, era um esquema muito grande de lavagem de dinheiro e no decorrer das investigações o nome do meu pai foi sendo manchado. Chegar até ele era uma questão de tempo.

–Foi por isso que meu avô se matou? – Thor questionou.

Odin assentiu mais uma vez e continuou. –Asgard estava indo para o buraco e seu avô ia junto, ele acabou se matando, preferia morrer a ser preso, era orgulhoso demais o velho Bor. – sorriu ele de forma saudosa. –Com sua morte as investigações se concentraram em Laufey que levou a culpa por tudo sozinho. –Odin falou pensativo, e após um momento prosseguiu. –Eu peguei o que sobrou de Asgard e consegui convencer alguns importantes clientes sobre a culpa de Laufey. Mudei o nome da empresa e com o tempo as pessoas foram esquecendo que um dia Asgard e seus golpes existiram. Havia só a Borson. Muito impressionante como as pessoas tem a memória curta.

–Ou pode ser mais conveniente esquecer aquilo que não é agradável. – Frigga, que havia ficado calada desde o início da interação, falou seca e sobressaltada.

–Então esse Laufey era inocente? – Thor questionou.

–Sim, sua culpa era a mesma minha: não denunciar meu pai. Laufey era meu amigo, fui eu quem o levei para Asgard. Ele era tão brilhante quanto Loki, e sim, Laufey é pai de Loki. – confessou Odin.

–Então o que houve? Porque Loki acabou conosco? – Thor perguntou atônito.

–Laufey tinha uma namorada. Eles terminaram pouco antes de ele ser preso. – foi Frigga quem falou dessa vez. –Ela veio até nós o procurando e desesperou-se ao saber de sua prisão. Fárbauti era o nome dela. E ela se mantinha nos Estados Unidos com a ajuda de Laufey e da escassa bolsa de estudos que ganhava da faculdade. A coitada não tinha como criar o filho que estava esperando. – explicou Frigga, e ela também pareceu entrar no túnel das lembranças tristes, pois seus olhos azuis marejaram de lágrimas.

–O filho de Laufey. – Odin acudiu quando a mulher não continuou a explicação. –Nós a convencemos de nos dar a criança. – e ele completou com impacto.

–O que? Porque, se vocês já tinham a mim? – Thor os olhou. Porque eles queriam outro bebê?

–Por diferentes motivações. – respondeu Frigga mais recuperada. –Eu havia perdido um bebê recentemente e não poderia mais ter filhos devido a complicações, quando aquela jovem apareceu grávida eu não tive dúvidas: seria meu. Apeguei-me a Loki desde então. – disse ela com os olhos marejados. – Ele era um bebê lindo. Era impossível não se apaixonar.

–Frigga se apaixonou de pronto. Foi olhar Loki nos braços daquela garota para sua mãe ter certeza que queria ficar com ele. – disse Odin. –Já eu, – fez uma pausa ponderando as palavras. – aceitei a criança porque Laufey sabia de todo o esquema. E embora não pudesse provar nada contra mim ou contra a Borson ele ainda era um risco. – explicou Odin. –Eu pretendia usar o filho dele para silenciá-lo se fosse preciso. Mas o tempo foi passando e tudo foi caindo no esquecimento. Laufey conseguiu a liberdade e sumiu no mundo. E Loki já era nosso. E acredito que Laufey nunca soube que teve um filho.

–Fico apenas me perguntando quando eu ia descobrir quem é o homem com quem me casei de verdade se o Loki não tivesse sumido. – disse Frigga, tão decepcionada. –Loki era um bebê lindo e afetuoso, quando crescia, era um menino meigo que tentava de todas as formas lhe agradar. Será que não conseguiu sentir nada por ele em momento algum, Odin? – ela perguntou ao marido.

Mas Odin não tinha o que responder. Lógico que também ele se apegou ao menino. Loki crescia sob sua proteção, ele o amava. Claro que amava. Só seu orgulho nunca o deixou demonstrar o sentimento. –Não me cobre ou me julgue. – disse ele por fim. –Eu já estou recebendo castigos demais.

Thor estava em silêncio. Toda a fortuna deles havia sido proveniente de um golpe. E um homem inocente pagou por isso com a liberdade e com a própria família. –E a mãe de Loki, que houve com ela? – perguntou ele sem deixar que aquela troca magoada entre Frigga e Odin continuasse.

–Mantivemos contato por cartas, mas depois ela parou de escrever. Após um ano de silêncio uma carta retornou dizendo que ela tinha morrido. – Frigga contou.

–Mas e você não procurou saber quem escreveu a carta? – Thor estava perplexo.

–Thor, a essas alturas eu tinha medo que ela se arrependesse de ter aberto mão do bebê e Loki já era meu. Então foi um alívio quando ela morreu o deixando livre para mim. – Frigga falou. –Sei que fui uma tola egoísta, mas eu estava com medo de perder aquele que eu já amava como que saído de meu ventre. – explicou ela envergonhada.

–Deus! Essa história é só muito... Muito pesada. – Thor realmente estava chocado. Ele não sabia o que pensar de seus pais. Toda a história de sua família era uma farsa movida a interesses e Loki? Como o irmão não estava no meio disso tudo? –E agora Loki sumiu. Acha que ele pode ter ido atrás de Laufey? – Thor precisava entender. Ele estava disposto a ir atrás de Loki. Não deixaria o irmão mais novo sozinho no meio de tanta confusão. Loki era sensível, ele apenas se fazia de forte.

Odin respirou pesadamente. –Se ele foi e tiver êxito nunca terei o seu perdão. – falou ele de forma dramática. –É que eu disse a Loki uma versão deturpada da realidade. Uma na qual Fárbauti e Laufey são os vilões, a intenção era desencorajá-lo a ir atrás dele. – o velho contou a Frigga e Thor toda a conversa que teve com Loki. Como disse que Laufey era um criminoso sem caráter e que Fárbauti era uma prostituta drogada que vendera o filho e morrera de overdose com o dinheiro da venda.

–Não me admira que ele tenha querido ir embora. – rosnou Thor. –Meu irmão deve ter sofrido muito ao ouvir isso. Como o senhor teve coragem? Pai, Loki é seu filho!

–Como pode dizer tal coisa a ele? – Frigga se enervou contra Odin, era a gota que faltava para ela. –Eu lhe avisei tanto para ter mais cuidado com ele. Eu te disse que Loki era diferente. – ela sentiu o corpo tremer. –Pedi tanto para você tentar ser aproximar mais, dar mais carinho. E tudo que você fazia era o afastar. O excluiu da liderança da empresa... E agora ele está sozinho e sofrendo e eu não posso o abraçar. – ela acusou entre lágrimas.

–Frigga! Eu não vou entrar no mérito da empresa! – Odin rebateu cansado.

–Meu Deus! Odin! Eu quero meu filho nos meus braços e que se dane sua preciosa empresa! – ela gritou. –Se acontecer alguma coisa com o meu filho eu nunca vou te perdoar! – e ameaçou deixando a sala muito abalada.

Thor olhou para o pai, e pela primeira vez na vida o homem que viu a sua frente não era o herói. Então lhe ocorreu que Odin nunca tivera esse papel naquela história. Ele podia não ser o vilão, mas ele tinha defeitos e estava longe de protagonizar o mocinho.

(*****)

Em Copenhague a terça-feira amanheceu com o tempo chuvoso, um clima bem comum para a época do ano. Loki parou na frente da casa onde supostamente vivia seu pai biológico. Ele olhou mais uma vez o Google maps no visor do celular, aquela era a casa e ficava a uns 30 minutos de caminhada de seu apartamento.

Tratava-se de um casarão antigo, como aqueles de filmes de terror. Havia um portão enferrujado que dava acesso para um grande quintal, que Loki achou combinar melhor com um jardim, porém ao invés de grama aparada havia capim alto e algumas quinquilharias jogadas por toda a parte. Pelo aspecto da residência parecia que não morava ninguém ali há algum tempo. Não havia trinco no portão velho. Loki se precipitou atravessando o quintal, tomando cuidado para não escorregar em algum buraco escondido nos capins. Vencendo o quintal havia uma varanda ampla que dava acesso à porta de entrada da grande casa branca com aspecto de abandonada.

Bem, ali estava ele. Respirando fundo Loki tocou a campainha e aguardou. A porta abriu uma fresta mínima, dava para ver um homem alto espreitando pela abertura e de alguma forma Loki soube que aquele era seu pai.

–Gør du? – a voz do homem saiu grave e desconfiada.

–O senhor é Laufey, Laufey Nál? – Loki perguntou.

O homem pareceu se amedrontar. –O que quer? – perguntou desconfiado usando o mesmo idioma.

–Precisamos conversar. É importante. – Loki se viu balbuciando. –Eu tenho algo a lhe dizer...

–Eu não converso com estranhos, principalmente os americanos. – falou já se precipitando a fechar a porta e Loki sentiu como se junto com aquela pequena abertura estivesse se fechando também suas últimas esperanças.

–Espere! – ele quase gritou segurando a porta. –É assunto de seu interesse! – disse o jovem.

–Quem é você, rapaz? E o que quer comigo!? – o tom de Laufey era firme e grave. Havia deixado os Estados Unidos há muito tempo fugindo de coisas que queria esquecer. O garoto a sua frente parecia protelar.

–Sou seu filho. – disse Loki vendo que não teria outra maneira de revelar. – o homem apenas o observou ainda mais desconfiado. –Espere. – gritou Loki quando a porta se fechou com um baque. –Eu preciso... – ele estava pronto para esmurrar e gritar, porém, pode ouvir o barulho da corrente de segurança sendo destravada, a porta tornou a abrir, e Laufey veio à frente o encarando. Era alto e magro, dava a impressão que foi um homem bonito quando jovem, mas agora suas roupas estavam esfarrapadas, os cabelos ralos assanhados, o rosto macilento e envelhecido de rugas de cansaço e preocupação, a barba sem corte compunha seu quadro desleixado.

–Quem é você, afinal? Que tipo de jogo está tentando fazer? – perguntou Laufey com sua voz grave e séria enquanto avaliava o jovem a sua frente.

–Meu nome é Loki Odinson. – Loki respondeu.

–Odinson? Dos Borson Odinson? Que brincadeira é essa!? – Laufey ergueu a voz, seus punhos fechados com raiva. Aquele maldito sobrenome em sua casa? –SAÍA DAQUI! – gritou ele sobressaltado.

–Não, espere! – e Loki não soube o que fazer, não veio de tão longe para ser expulso sem sequer contar sua história. –Por favor, é importante! Só me escute! – praticamente implorou segurando o antebraço de Laufey com urgência.

–Eu disse fora da minha casa! E não encoste em mim, escoria! –Laufey o encarou com asco.

–Odin não é meu pai! – falou Loki rápido. –E-Ele me criou. Eu descobri recentemente que fui adotado, o confrontei e ele me disse que sou seu filho. – tudo foi dito num tom esbaforido.

–O que você está dizendo? – Laufey pareceu atônito, o garoto a sua frente não parecia mentir.

–Seu filho com Fárbauti, a prostituta. – disse Loki. –Eu larguei tudo em Nova Iorque e vim aqui... – ele terminou esperançoso ainda tocando urgentemente o braço do pai.

Laufey se afastou. –Essa é sua história, rapaz? –Fárbauti, prostituta? – disse Laufey surpreso. –Não sei do que você está brincando aqui, mas eu já ouvi demais dessa loucura! Agora suma da minha frente e pare de brincar comigo antes que eu me aborreça! – Laufey se irritou espalmando as mãos no peito magro do rapaz o empurrando para fora.

Loki se desequilibrou guinando para trás. Ele sentiu-se amedrontado, já que no olhar de Laufey só via mágoa e ressentimento. –Eu não minto nem o que digo são loucuras. Odin me contou sobre Asgard e disse-me que sou seu filho com Fárbauti, e eu... Eu preciso que me escute. – ele praticamente implorou. Antes de saber de todas as coisas que sabia hoje ele teria dado as costas e ido embora, porém, ele precisava da ajuda de Laufey na luta contra a leucemia e por Deus, ele não aguentava mais ser rejeitado. Seu subconsciente queria desesperadamente ser aceito.

–Eu já entendi tudo. – disse Laufey baixinho e sua postura passou daquela de ameaça para uma mais contida. –Foi Odin quem te mandou aqui... – sorriu ele, mas nada ali tinha graça. Os dois ficaram parados por um tempo. Ninguém sabia qual o próximo passo a dar. A chuva começou a cair com força molhando o rapaz desprotegido, mas ele não pareceu se importar.

Laufey o olhou de cima a baixo. Aquele jovem a sua frente tinha os olhos de sua amada Fárbauti. Será que o desgraçado Odin Borson havia lhe tirado também esse direito de ver seu filho crescer? –Que mais esse verme mentiroso lhe disse? – ele perguntou por fim.

–Por favor! Só me escute. – disse Loki parecendo que estava prestes a desmaiar. Toda a cor havia ido embora de seu rosto lhe deixando com um aspecto muito doente. Implorar não estava em seus planos, mas ele estava passando por muita coisa ultimamente. E não estava preparado para o olhar de nojo que Laufey lhe deu quando soube o sobrenome que carregada.

–Você está bem, rapaz? – Laufey perguntou sentindo a animosidade amainar um pouco. Aquele garoto estava doente, isso era certo. As mãos dele eram geladas quando o tocou. Ele era tão pálido e magro, parecia frágil e desamparado. Laufey notou que o rapaz tremia sob a chuva que se precipitava. Mas, o que mais lhe chamou a atenção foram os olhos verdes, grandes e expressivos. Os mesmo olhos de Fárbauti.

–É só o frio. – disse ele se encolhendo.

–Entre. – disse ele por fim abrindo espaço entre a porta. De repente Laufey ficou compelido a acolher o garoto. Ele sentia-se arrependido e envergonhado por sua reação violenta. Era só que não esperava um Odinson à sua porta depois de tanto tempo. Não depois de tudo que passou. –O que você tem? – o homem o amparou num abraço sem jeito sentindo como o jovem era magro, ele parecia que poderia quebrar em seus braços.

Loki ainda sentindo que ia desmaiar a qualquer momento seguiu trôpego o homem para dentro da casa. Notou que Laufey andava com certa dificuldade, apesar de ter um porte grande ele arrastava a perna direita.

La dentro Loki retirou o pesado casaco molhado e a mando do homem sentou-se próximo a lareira abraçando-se para apaziguar os tremores. Estudou o homem a sua frente enquanto esse lhe trazia uma bebida âmbar, que parecia conhaque. –Eu não posso beber. – disse dispensando a copo e continuou analisando o rosto do homem. Laufey era alto e magro, um pouco mais moreno que si mesmo, os cabelos lisos talvez tivesse sido em um tom escuro no passado, agora eram grisalhos.

–Sua mãe, Fárbauti? Como ela está? – Laufey sentou-se à frente do rapaz tomando a bebida.

–Morreu após meu nascimento. – disse Loki e o homem ficou desolado. –Odin e Frigga me criaram e eu acreditei que era filho deles até pouco tempo. –Loki continuou. –Eu... Eu tenho leucemia. E foi assim que descobri que fui adotado. – disse por fim.

Laufey pareceu se abalar com a notícia da doença, mas se manteve calado indicado com a mão que Loki continuasse suas explicações.

–Eu trabalhei na Borson, a empresa do meu, de Odin. Levava aquilo nas costas até Odin decidir entregar tudo nas mãos de Thor, o filho legítimo dele e que é um incompetente. Eu nunca entendi porque Odin me tratava diferente de Thor até descobrir a verdade. – ele disse em seu monólogo enquanto Laufey apenas o observava. –Por causa da leucemia eu ia precisar de um transplante de células tronco, foi assim que descobri.

–Imagino o quanto foi difícil saber de algo tão delicado e de forma tão abrupta. – disse Laufey.

–Pode aposta, não tem sido fácil. – disse Loki magoado. –Fui até Odin e o pressionei, ele me disse toda verdade. Disse que você foi preso e condenado pelos golpes em Asgard. E que logo em seguida a sua prisão Fárbauti apareceu drogada e grávida. O resumo é que quando eu nasci ela me vendeu para os Odinson, usou o dinheiro para se drogar até ter overdose. – contou Loki. –Quando o médico me disse que eu tinha pouco tempo de vida, pedi demissão, me desfiz de tudo em Nova Iorque e vim atrás de você. – e bem, aquela era sua história.

E era uma história e tanto. Laufey ficou em silêncio por um tempo. O rapaz era seu filho que fora criado por Odin e tinha câncer e estava ali na sua frente completamente perdido. Odin não só roubara sua parte na empresa e sua liberdade, mas também sua família. Aquele rapaz era seu.

–Odin é um ladrão, e um mentiroso. – cuspiu Laufey. Sorveu um gole da bebida. –Essa história começou há muito tempo. – disse. –Eu e Odin estudamos em Harvard, ele cursava ciências econômicas e eu matemática. Mantivemos contato mesmo depois de formados. Eu fui me dedicar à matemática e ele entrou na empresa do pai. – disse o homem.

–Como você se tornou diretor financeiro de Asgard? – Loki o interrompeu ansioso.

–Apesar da minha paixão pela matemática ela não pagava minhas contas, nesse ponto eu já estava com Fárbauti e tinha planos de constituir com ela uma família. Eu precisava de dinheiro e o cargo estava vago, assim aceitei o emprego na Asgard. No fim era uma armadilha. – explicou Laufey.

–Armadilha você diz? Então nega sua culpa? – e Loki viu-se surpreso, será que até sobre isso Odin tinha mentido?

–Nunca roubei Asgard. – disse Laufey com urgência. –Bor era o chefe do esquema e Odin sabia de tudo. Eu fui só o idiota que descobriu e teve medo de denunciar um homem como Bor. – falou amargurado. –Eles queriam alguém para levar a culpa e lá estava eu. No fim Asgard não saiu ilesa e Bor acabou cometendo suicídio, uma tragédia. – lembrou o matemático

–Então Odin sempre soube de tudo... – Loki resmungou.

–Odin se aproveitou. Como um rato catou as sobras e fez a festa. – disse Laufey com raiva. –Após a morte de Bor e minha condenação ele usou o dinheiro do esquema que o pai tinha nos paraísos fiscais e reergueu Asgard, só que com outro nome, a Borson. Com o caso resolvido e com o tempo ninguém mais lembrava que a Borson um dia foi Asgard. – o conclui ele

Para Loki fazia todo sentindo. –Eu sempre soube que Odin era um homem ambicioso, mas que é um mau caráter, descobri recentemente, acho que nada mais me surpreende vindo dele. – desabafou Loki. –E sobre a minha mãe? – como vocês se conheceram? Odin disse que...

–Eu a conheci numa palestra de matemática em Harvard. Ela também era matemática e dinamarquesa. Sobrevivia com a bolsa de estudos. – disse Laufey. –Quando eu fui preso ela simplesmente sumiu. Eu nunca soube que tinha um filho.

–Fico pensando se ele mentiu sobre ela ter me vendido. – Loki disse pensativo.

–Fárbauti jamais venderia um filho. Se lhe serve de algum conforto você é fruto de um grande amor. – confessou o homem. –E ela nunca foi prostituta. Sua mãe era um gênio. Havia um programa de bolsa para alunos estrangeiros da qual ela participava. – explicou. –Era uma das melhores alunas de Harvard e não precisava vender o corpo. Mas também não posso lhe dizer o que realmente aconteceu para Odin lhe adotar. Tão pouco acredito na versão dele.

Tecnicamente Loki não se importava, ele nunca conheceu a mãe biológica e falar dela lhe parecia algo muito distante e impessoal.

Parecia que o assunto entre eles havia acabado e ambos ficaram em silêncio sem saber o que dizer, não era como se fossem pai e filho, não tinham nada em comum e ali sentados eram dois completos estranhos.

–Loki. – Laufey cortou o silêncio testando o nome. –Ao menos Odin preservou seu nome. – falou se aproximando do rapaz. –Fárbauti sempre gostou desse nome. – disse ele erguendo a mão para tocar os cabelos de Loki, mas desistiu no meio do caminho. Ainda não se conheciam para tal ato. –É tudo novo para mim, preciso que entenda. – falou ele. –Não é todo dia que um rapaz chega à porta de um sujeito se dizendo ser seu filho, eu apenas... Sei lá. Não sei o que fazer, eu não sei ser um pai. Eu nunca aprendi a ser um. – e ele se atrapalhou nas palavras.

–Eu entendo. Eu entendo perfeitamente. – Loki soou um pouco frustrado, mas ele estava acostumado a não-aceitação. –Bem... Eu devo...

–Loki! – Laufey o interrompeu. –Eu não sabia de você e podia ter levado minha vida sem nunca saber. – disse ele. –Mas agora que sei eu quero tentar ser um pai, isto é, se você me deixar. – disse ele sem jeito.

–Tudo bem... Acho que podemos fazer isso dar certo. – assentiu Loki com um pequeno sorriso de alívio.

–Desculpe pelo mau jeito. – falou o mais velho. –Eu não te machuquei, não é? – agora que ele sabia que Loki tinha leucemia se sentia ainda mais envergonhado de ter o agredido mais cedo.

–Oh, não. Tudo bem. Deve ser muito estranho alguém com o sobrenome Odinson bater à sua porta com 26 anos de atraso e dizer que é seu filho. Eu realmente posso entender sua reação. – falou Loki erguendo as mãos em sinônimo de paz. –Você... Mora aqui sozinho? – ele perguntou curioso.

–Sim – disse Laufey. –Após sair da prisão, estava sem dinheiro e desacreditado em Wall Street. Minha única opção foi retornar minha antiga casa. Me isolei de todos por vergonha, e aqui estou eu. – disse com amargura.

–Você ainda leciona? – o rapaz perguntou achando a história de Laufey muito decadente.

–Sim. Numa escola local, mas ainda me interesso pelo mercado financeiro. A propósito li artigos seus sobre juros. Sua visão é impressionante – Laufey falou trazendo Loki para uma conversa interessante.

Eles descobriram que tinham muito em comum. E Laufey ficou encantado e ao mesmo tempo orgulhoso quando descobriu que o filho era ainda mais genial que ele e Fárbauti juntos. Loki contou sobre alguns artigos e como conseguiu a conta das Indústrias Stark, e Laufey lhe falou de seu dia-a-dia na escola, mas que sentia mesmo falta daquela agitação de Wall Street.

A tarde passou com os dois conversando até que veio a noite e Loki precisava ir.

–Eu gostei de te conhecer. – disse Laufey apertando o ombro de Loki. –Eu nunca soube de você. – falou com pesar. –Mas é incrível você estar aqui agora. – disse ele subindo a mão calejada até o pescoço de Loki num carinho desajeitado, mas sincero.

Loki não soube o que dizer. Nunca esperou aquele afeto do homem que era um estranho e se encolheu um pouco com o toque. Somente Frigga lhe tocava daquela forma e era algo tão diferente do que Laufey fez. De repente o toque de Laufey pareceu mais verdadeiro.

Eles se despediram na porta e Laufey sentiu-se estranhamente vazio quando o rapaz, seu filho, partiu. Queria ter pedido um abraço, mas ele sabia que era muito cedo. Loki foi rejeitado e enganado a vida toda por Odin. Seria um longo caminho até o filho confiar em alguém de verdade e Laufey sabia que tinham uma longa ponte a construir daqui pra frente.

Loki fez o caminho de volta para casa com a cabeça cheia do que pensar. Deitou-se cedo com um livro nas mãos, mais que não conseguia passar da primeira página. Seus pensamentos iam longe... O celular tocou e ele reparou que havia deixando para carregar, agora o aparelho piscava e emitia bips sonoros indicando que havia mensagens em sua caixa. Todas de Nova Iorque: Odin, Andrezza, Thor e Frigga, e até o Dr. Johnson, que queria saber se Loki havia iniciado o tratamento em Herlev, eles haviam trocado mensagem logo assim que Loki decidiu ir embora e o médico lhe indicou o Herlev para o tratamento.

Naquela noite Loki optou por ignorar a todos. Ele fechou os olhos, estava esgotado. A leucemia lhe debilitava muito, mas hoje estava cansado moralmente. Odin no fim lhe roubara tudo. Ele jogou o celular sobre o sofá com raiva. Tudo que menos queria agora era falar com qualquer um deles, o encontro com Laufey o havia abalado, mas por hora o sono era um melhor conselheiro. Amanhã, com a luz do novo dia, ele tinha certeza que tudo se tornaria mais claro em sua cabeça. Só tinha que dar aquele tempo para assimilar as informações novas.


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Notas finais do capítulo

Capítulo que vem o Loki começa o tratamento, ai vai vir bomba! Se ele estava mal ele vai piorar, porque é que nem o ditado: "Tudo antes de melhorar, piora"
Beijos! Fiquem num ótimo fim de semana!!!!