Meu irmão? Ou meu Amor? escrita por Neko_kah


Capítulo 6
Não fico por que eu te amo.


Notas iniciais do capítulo

Uwwwa, sexta-feira, dia dos namorados~~ feliz feliz
E nada melhor que um dia dos namorados com o casal mais lindo desse mundo.
Enjoy~



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..:Amu POV:..

Finalmente após minutos intermináveis de aula o sinal toca anunciando o final da aula de hoje. Arrumo meu material e vou com a Rima para fora da sala.

– Yo – diz uma voz atrás da gente.

Nós duas olhamos para trás e vimos a Utau vindo em nossa direção

– Ooi Utauu – digo sorrindo junto com a Rima.

Nós três vamos juntas até o portão. Despedimo-nos. Utau e Rima vão juntas, parecia que a casa delas era na mesma direção. Um pouco antes de vê-las desaparecendo numa esquina, penso ver Rima olhar para mim com um olhar inquisitivo. Acabo me lembrando do que ela me disse na sala antes.

– O que ela está tramando para amanhã? – acabo falando baixo desconfiada, enquanto esperava o Ikuto no portão. Vejo também aquele tal de Kuukai andando um pouco atrás das duas. Ele não parava de olhar para Utau e tinha um sorriso muito idiota no rosto. A cena era engraçada e não foi difícil perceber que ele gostava dela. Logo vejo passar por mim o garoto loiro, ele me vê, sorri e para ao meu lado.

– Olá Amu – diz ele num tom sedutor que fez meu coração acelerar. Sorrio também.

– Oi... hanm... – digo num tom de pergunta. Ele entende.

– Tadase, meu nome é Tadase – diz ele piscando.

Sorrio, seu nome também era bonito.

– Amu, eu realmente não sei o que você fez comigo, mas acho que estou apaixonado por você... hoje quando te vi pela primeira vez percebi que você era a pessoa com quem eu queria estar. Eu quero namorar com você – diz ele de repente com um rosto adoravelmente sedutor e uma voz de comando que ignorei.

Eu não sabia o que dizer. Fiquei olhando para ele com um vermelho no meu rosto e um sorriso bobo formado. Mesmo eu achando aquele garoto na minha frente lindo e perfeito, ainda sentia uma sensação estranha ao ficar perto dele. Não me sentia à vontade.

– Então... eu estava pensando se você não quer sair comigo um dia desses, talvez possamos ir numa sorveteria... ou algo assim, para nos conhecermos melhor. – diz ele com um sorriso confiante.

– Ahn... bem... eu... ahnnm...desculpe, eu acho melhor não. – digo gaguejando um pouco. Algo na minha cabeça dizia para recusar, algo na minha mente, no meu coração.

– Como assim “acha melhor não?” – Diz ele num tom gentil, mas ao mesmo tempo não tão gentil... ele parecia indignado até. Não consigo responder, apenas vejo um borrão azul segurando no meu braço e me levando para longe do Tadase rapidamente.

..:Ikuto POV:..

O sinal finalmente toca. Arrumo meu material sem pressa, vejo Kuukai saindo da sala correndo, apressado. Estranho. Não me importo. Acabo de arrumar minha mochila, todos já tinham saído. Saio da sala e vou devagar até a saída, na verdade eu estava ansioso para ver a Amu, mas resolvi fingir não estar pensando nela para ver sua reação.

Chego finalmente no pátio de entrada, chegando mais perto do portão avisto a Amu... com um garoto... de cabelos loiros e olhos vermelhos...

Paro de andar. Era ele. Era aquele garoto, aquele...

Flashes do passado passam pela minha cabeça sem eu querer, por um momento lembro de tudo perfeitamente como se estivesse acontecendo de verdade, ali e agora. Uma fúria toma posse do meu corpo, fecho meus punhos na medida em que a raiva aumentava. Isso não pode estar acontecendo... ele estava na mesma escola que eu... e ele estava conversando com a Amu. Com a minha Amu...

Não podia brigar com ele ali, na verdade ele não poderia saber que eu estava no colégio. Pois se ele ou aquele velho nojento me achassem, eles poderiam me obrigar a ir com eles, já que eles tinham a minha guarda, apesar de tudo. Droga, porque isso estava acontecendo?

Coloco meus cabelos na frente de meus olhos, escondendo meu rosto. Ele não iria me ver hoje. Vou na direção da Amu, passo rapidamente entre os dois com o rosto virado para o lado contrário do dele. Agarro o braço da Amu com força e levo-a comigo indo na direção da nossa rua.

– Ei, quem você pensa que é? – ouço aquela voz que me fazia querer matar alguém. – Não está vendo que estou conversando com ela? –

Não olho para ele, ficando de costas.

– Ela vem comigo, nós vamos para casa agora. – digo friamente.

– E quem é você para mandar nela? – pergunta ele num tom debochado.

– É – ouço então Amu, largando-se do meu agarro. – Já deu, você está o dia todo assim, primeiro com o Kuukai e agora com ele, qual seu problema Ikuto? Pare de achar que eu sou uma menininha pequena que não sabe se cuidar. – diz ela indo na direção dele.

Não, não, não, não, porque isso está acontecendo droga... O que eu faço?

Então, mesmo sabendo da possível futura consequência, viro-me de frente para ele. Olhando-o diretamente.

– Eu sou o irmão dela e ela vem comigo – digo para ele me aproximando – e espero que você não tenha nada contra isso. – continuo com minha raiva aumentando. Vejo ele olhando-me atentamente por alguns segundos e logo percebo seu olhar confuso transformar-se em um olhar de compreensão.

– Você – fala ele baixinho abrindo um sorriso um tanto sinistro. – É você, é você – continua ele começando a rir compulsivamente. Não um sorriso bom, mas um sorriso cheio de segundas intenções. Logo ele para de rir, lembrando-se que Amu está ao lado dele. Então ele dá um sorriso gentil, que eu percebo ser falso. – Eu não acredito que você ainda está vivo maninho – diz ele me abraçando. Fico parado... Surpreso. O que ele está fazendo?

– Maninho? – pergunta Amu sem entender nada.

– Sim, sim, ele é meu irmãozinho que sumiu um dia e nós nunca mais encontramos. – ouço Tadase dizer fingindo estar triste.

– Mas... Ikuto disse que seus pais tinham morrido num incêndio – disse Amu confusa.

– Disse é? – Tadase fala baixo em meu ouvido. Me solto facilmente de seu abraço com ódio.

– Sim, ocorreu um incêndio em casa a muito tempo, e mamãe morreu, mas eu e papai tínhamos saído naquele dia. – diz Tadase.

– O que? – acabo falando furioso. – Mentiroso. – grito me segurando para não ataca-lo. Alguns professores ainda estavam ali.

– Não é mentira maninho, é verdade – diz ele num tom triste falso.

– óóóó, sinto muito, você deve ter ficado muito triste não é? – pergunta Amu para Tadase.

– Sim... eu chorei muito aquele dia. – continua ele.

– Arghhh, pare de mentir seu nojento. – digo não me aguentando mais.

– Ikutoo, não fale isso de seu irmão, você não está feliz por tê-lo encontrado? – diz Amu.

– Você não está feliz em me ver oni-san? – diz ele inocentemente.

O que é isso? Cara estúpido, nojento. Não respondo nada.

– Mas então, que bom né? Você deveria contar para o seu pai e dizer que Ikuto está aqui conosco agora. Ele poderia visitá-lo lá em casa. – diz Amu feliz. Noto-a dizendo “visitá-lo” e não “buscá-lo”.

– Ah seria maravilhoso, Ikuto poderia voltar para casa com a gente e nós poderíamos ser felizes de novo. – diz Tadase sorrindo, chegando perto de mim – Né Ikuto, talvez você deva cooperar... a Amu é muito bonita sabia, acho que gostarei de brincar um pouco com ela. Você sabe que conseguirei tirá-la de sua vida se eu quiser, não esqueça disso. – diz ele baixinho em meu ouvido de um jeito que só eu podia ouvir. Não acredito, não acredito, não acredito.

– Eu não voltarei com você e fique longe dela. – digo não olhando para ele. Agarro o braço de Amu e vou rapidamente para casa.

– Ei, Ikuto, me larga. O que você está fazendo? Me solta, ele é seu irmão, você não está feliz? Porque você está fazendo isso? – fica falando ela sem conseguir se soltar de mim. Finalmente ficamos a uma distância considerável da escola, percebo que ele não nos seguiu. Bom. Mas não acho que isso ficará só por isso.

Solto Amu vendo que ela não voltaria para a escola com essa distância. Ela não olha para mim.

– Qual seu problema ahn? Ele é seu irmão não é? Porque fez isso? – ela começa a gritar nos meus ouvidos. Com tanta coisa para pensar sobre ele, com todas as lembranças vindo à tona e mais as perguntas da Amu, tudo junto.

– Olha aqui, meus pais morreram num acidente de carro a muito tempo. Eu e minha irmã fomos para um orfanato, ok? Fomos adotados por pessoas diferentes, e o cara que me adotou é pai do idiota lá atrás. Amu, ele não é um príncipe. Ele é um demônio em pele humana. Você não sabe o que eu passei na casa daqueles dois. Eu quase morri de fome lá, só não morri, pois consegui fugir. Então pare de achar que o mundo é um conto de fadas e acorde. Ele não é uma boa pessoa tá? Não fale com ele. Ele apenas quer te usar. Se quiser acreditar em mim, acredite e se não quiser, dane-se. Só não chegue mais perto dele. – Acabo explodindo tudo para fora ali no meio da rua. Toda a raiva saiu naquele instante, tudo que estava guardado nesses anos todos.

..:Amu POV:..

Fico parada. Chocada com tudo que acabei de ouvir, digerindo cada palavra que ele disse.

Lembranças veem a minha mente, lembranças de quando encontrei o Ikuto, de quando o vi todo machucado, com sangue em suas roupas. Vejo também o dia de hoje em que senti aquela sensação ruim ao ver pela primeira vez Tadase, e de quando Nagihiko disse para não confiar nos garotos da escola logo após eu ter falado com Tadase. Lembro-me novamente daquela sensação que tive com ele no final da aula, uma sensação de maldade que emanava dele, e finalmente, vejo a risada que ele deu quando viu o Ikuto no final da aula. Uma risada cheia de maldades e segundas intenções. Será mesmo tudo verdade? Aquele garoto lindo e gentil de antes era na verdade uma fantasia? Uma máscara que ele usa para se camuflar na escola?

Ikuto vira o rosto voltando a andar, já passando pelo portão de nossa casa. Não percebi que havíamos chegado. Ele entra em casa de cabeça baixa sem olhar para trás. Vou atrás dele. Por algum motivo me doía vê-lo assim... Triste...

– Ei Ikuto! – digo entrando em casa e indo para o nosso quarto. Abro a porta e vejo-o sentando na cama arrumando suas roupas.

– O que está fazendo? – pergunto olhando-o confusa.

– Arrumando minha mala. Não irei ficar aqui esperando ele vir me buscar. Do jeito que eu o conheço ainda hoje ele me levará – Diz ele.

– Não Ikuto, você não pode ir – digo sentando-me na cama e abraçando-o. – eu acredito em você, está bem? Me desculpe por antes, eu realmente não sabia. - Falo percebendo lágrimas em meus olhos. Ikuto relaxa um pouco, ficando menos tenso.

– Desculpa Amu, eu realmente não posso ficar. Ele virá, não importa mais. Não adianta tentar impedi-lo. Aquele velho sádico virá. Desculpa. – diz ele apertando mais aquele abraço. Como se fosse o último. Sinto um sentimento forte aumentando em meu coração, misturado com aquela dor enorme. Ele não podia ir. Não podia me deixar... Não podia... Por que... Por que eu... Eu... Amo o Ikuto. Respiro fundo percebendo finalmente o que eu sentia por ele. Finalmente percebendo o quanto eu precisava dele. Finalmente percebendo que meu amor por ele era real.

– Ikuto, por favor. Por favor, não me deixe... Ikuto, por favor... Eu Te Amo Ikuto. Não vá... Por mim... – digo então o olhando nos olhos com lágrimas descendo pelo meu rosto. Aproximo-me dele... E sem pensar duas vezes, beijo-o como nunca faria a um dia atrás. Beijo-o sentindo seu gosto, seu cheiro... Sua surpresa. Sinto um choque quando nossas línguas se tocam... um choque bom e excitante. Meu braço levanta-se involuntariamente até sua nuca. Nossas línguas entrelaçaram-se em perfeita sincronia como a uma dança ensaiada. Ikuto enrolou seu braço ao redor de minha cintura me colocando delicadamente deitada na cama sem interromper nosso beijo. Eu sabia o que ele queria, percebi pelos seus gestos, mas sabia também que ele não faria nada que eu não quisesse. Não estava pronta para isso ainda.

Eu já estava ficando sem fôlego, mas não queria parar, seus lábios quentes juntos aos meus me davam uma sensação de proteção. Nada poderia me fazer mal com Ikuto ao meu lado.

Interrompo nosso beijo por alguns segundos tomando ar, com Ikuto por cima de mim me olhando dividido entre a tristeza e a alegria.

– Amu... eu te amo tanto... – disse ele me abraçando fortemente e deitando ao meu lado depositando alguns beijos no meu pescoço. Abraço-o também me aninhando em seu peito.

– Eu também Ikuto, eu também te amo – digo para ele.

– Amu, não se aproxime dele tá? Enquanto ele não conseguir me pegar ele vai querer te usar. Mas não se preocupe, mesmo não morando mais com você, eu te protegerei. – disse ele. Comecei a sentir mais lágrimas vindo, pensei em tudo que aconteceu. Pensei no que eu poderia fazer para ajudá-lo. Deveria ter alguma coisa que eu pudesse fazer... alguma coisa... Qualquer coisa...

Nada me vinha a cabeça, a possibilidade de não ver mais o Ikuto já me consumia por inteira, a tristeza vinha sem dificuldade por todo o meu corpo.

– Por favor Ikuto... Eu não quero ficar longe de você. Por favor – digo sentindo as lágrimas rolarem, o choro vindo forte. – Por favor por favor, por favor! –

Me agarro a ele com medo de vê-lo sumir. Choro desesperada sentindo seu abraço, seu adeus silencioso.

– Você vai ficar bem Amu, vai ficar tudo bem. – diz ele passando a mão em meus cabelos e apertando seu abraço ainda mais. – Descanse...

E no meu desespero, depois de chorar tudo que eu pude, depois de parecer que toda água do meu corpo secou, adormeci cansada sem me soltar dele.


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Notas finais do capítulo

Pra bater aquela tristeza no dia dos namorados, pq sim òwó