..:Amu POV:..

Eu e a Rima nos sentamos num lugar sem muitas pessoas. Depois de conhecê-la melhor descobri que é uma ótima amiga. Ela até me deu o caderno dela para que eu copiasse, já que não aguentei e meio que desmaiei na sala de aula.

Ao menos ela não é interesseira como as outras pessoas que conheci nessa e nas outras escolas. E temos interesses parecidos, somos fãs das mesmas bandas e gostamos de filmes semelhantes.

Poderia muito bem ter sido um recreio de paz e tranquilidade... Poderia... Se garotos fossem proibidos nessa escola.

– Olá meninas, tudo bem? – ouço uma voz atrás de mim. Olho para trás e vejo um garoto de cabelos castanhos e olhos verdes. Era bonito.

–Tudo. Mas porque veio falar com a gente? Você nos conhece? – falo com minha personalidade já mudada.

– Não, mas conheço seu irmão. Somos amigos, eu e ele. – diz ele com um sorriso estonteante. Sorrio também. Sabe aquele tipo de sorriso que faz a gente querer sorrir também? Bem, ele tinha esse tipo.

– Então vai conversar com meu irmão... anh, lá vem ele ó, e ele parece bravo, o que você fez? – digo olhando-o.

– Aquele é seu irmão Amu? – pergunta-me a Rima ao vê-lo se aproximando.

– É – digo sorrindo – Oi Ikuto!! – falo um pouco mais alto acenando... alegre por vê-lo. Sua expressão muda e um sorriso pervertido aparece.

– Saudades maninha? – diz ele piscando para mim. Fico vermelha no mesmo instante. Não respondo. Kuukai então, de repente senta entre eu e a Rima.

– Heeey – dizemos as duas ao mesmo tempo. Ele apenas ri alto.

Vejo Ikuto mudando sua expressão.

– Sai de perto da minha irmã – diz ele arrogante para o Kuukai.

– Uhhh, irmão superprotetor – diz Kuukai sem tirar seu sorriso do rosto – só quero ser amigo das duas. – continua ele dando uma piscada para nós. Rima olha para mim com olhar inquisitivo e depois olha para a entrada de um corredor da escola. Sorrio entendendo o plano.

– Eu sei quando alguém quer ser amigo, e você não quer de jeito nenhum. – continua Ikuto pegando na minha mão me afastando do Kuukai. Mesmo eu não estando em perigo nem nada, me senti protegida ao lado do Ikuto. Mas logo parei de pensar nisso, afinal, quem ele pensa que é?

– Hey – digo – não escolha meus amigos por mim. – continuo. Olho para Rima que se levanta.

– Foi bom te conhecer Kuukai, isso pode ser o começo de uma grande amizade. – digo. Kuukai fica com cara de quem levou um fora e Ikuto fica um pouco mais convencido... “Tsc, tsc, vai dar briga...”

– Vamos – falo então baixinho me aproximando da Rima. Nós duas saímos dali e vamos correndo juntas até o corredor que vimos antes. Olho para trás enquanto corro e dou uma piscada para o Kuukai. Não aguentei, o Ikuto estava convencido demais. “Espero que os dois não comecem uma briga aqui...” penso correndo ao lado da Rima.

Logo chegamos juntas ao corredor, nós duas nos encostamos de costas para as paredes respirando e rindo alto ao mesmo tempo.

Quando finalmente paramos de rir vejo um garoto saindo de uma sala. Era um garoto loiro, olhos de um vermelho estranho e com uma aura que parecia me chamar para perto dele. Algo nele estava errado, mas não pensei muito nisso ao vê-lo passando por mim e dando um sorriso que me derreteu inteira por assim dizer. Rima ficou séria mas não disse nada.

– Oi – digo por impulso, não sei o que aconteceu. Ele olha para mim e para na minha frente, ainda com aquele sorriso.

– Oi linda flor – diz ele e do nada me oferece um flor de verdade. Uma rosa de um vermelho da mesma cor de seus olhos.

Fico sem fala. Rima olhou para mim e revirou os olhos rindo baixinho. Não dei bola.

– Posso saber o nome da linda garota dos cabelos rosa? – diz ele com o segundo melhor sorriso sedutor que já vi. “O primeiro é o do Ikuto” percebo o pensamento vindo na minha cabeça. Mas logo o esqueço enquanto me perdia nos olhos vermelhos do garoto na minha frente.

– Amu – falei sem pensar duas vezes. Acho que estou apaixonada. Ele é tudo o que eu sonhava que fosse. Lindo, gentil, educado e legal. Ele era perfeito. Analisei-o melhor, ele não parecia ser menor que o Ikuto, talvez até a mesma idade. Ele tem alguns músculos bem definidos, igual aos do Ikuto, senão menores. Parecia forte. Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi sua voz novamente.

– Talvez possamos nos ver algum dia Amu – diz ele sedutoramente saindo dali e indo em direção a outro corredor. Fico ali parada abobada. Ele gostou de mim? Foi o que pareceu, ai ai, será mesmo?

Depois que ele foi embora percebi em um garoto de cabelos azuis compridos, um pouco mais claros que os do Ikuto. Ele olhava para mim. Não demorou muito e ele veio em minha direção.

– Amu e Rima certo? – diz ele com um sorriso gentil.

– Sim – diz repentinamente a Rima para ele. Olho para ela junto com o garoto, ela fica vermelha.

– Que? – diz ela olhando para o lado, séria.

– Nada – digo voltando minha atenção para o garoto na minha frente. Ele, após alguns segundos olhando para a Rima, também volta a olhar para mim.

– Só queria dizer para não confiar em todos os garotos daqui – diz ele ficando sério de repente e olhando em direção a sala da qual o garoto loiro saiu antes. – Alguns não são o que realmente parecem ser. – continua ele.

– hunmmm... – digo pensando numa resposta – Ok... Vou tomar cuidado – digo um pouco confusa com o rumo da conversa.

– Bem então, prazer em conhecê-las, meu nome é Nagihiko, espero que gostem da escola, se precisarem de ajuda não hesitem em me chamar. Sou o presidente estudantil. – diz ele com uma expressão gentil e um pouco convencida, acho.

– Está bem, Nagihiko, se eu precisar te chamo e a Rima também, não é Rima? – perguntei com um sorriso de canto.

– Humm – diz ela apenas. Reviro os olhos.

– Bem, tenho que ir agora, tenho dois trabalhos para fazer ainda antes de o sinal tocar. - fala o Nagihiko saindo dali com uma expressão preocupada e entrando na sala de onde o garoto lindo saiu antes.

Quase fui atrás dele para ver o que tinha ali, estava curiosa. Mas percebi a Rima andando para outra direção.

– Ei, espera Rima. – falei esquecendo-me daquela sala e indo atrás dela. – Ei, onde está indo? – perguntei. Olhei para ela, parecia normal.

– Hunm, não tinha mais nada para fazer lá oras. – disse ela como se fosse a coisa mais óbvia a fazer. Ah. Claro.

Ficamos andando pelos corredores sem um destino aparente. Conversando.

– Não gostei dele – diz Rima de repente.

– Quem? – pergunto para ela.

– Aquele Nagihiko – diz ela com um biquinho.

– Hann, eu achei ele legal, apesar das mudanças rápidas de humor. – falei olhando para ela – acho que ele só queria fazer amizade.

– É... Ele queria ser seu amigo... Mas... Você já é minha amiga Amuuu. – diz ela olhando para frente. Rio baixinho.

– Não se preocupe Rima, ninguém vai tirar o seu lugar com minha melhor amiga ok? – falo com um sorriso. Ela fica surpresa.

– Melhor amiga? Mesmo? – pergunta ela com um sorriso se formando.

– Sim, melhores amigas para sempre. – digo sorrindo mais. Ela fica vermelha e volta a olhar para frente.

– Eu nunca tive uma amiga – diz ela baixinho. – Obrigada Amu. – continua ela, um pouco mais baixo. Sorrio.

– Por nada – digo sorrindo.

Logo começamos a conversar novamente. Sobre tudo que nos vinha a cabeça. Enquanto andamos passamos por muitos alunos. E de repente, vi um borrão azul passando por mim, parecia o bracelete do Ikuto. Olhei para trás... não era o Ikuto ali.

– Eii – falei parando e olhando para a garota que acabara de passar por mim. Ela para de andar virando-se para trás.

– Está falando comigo? – pergunta a garota de cabelos loiros e olhos da mesma cor dos do Ikuto.

– Eh... humm, é que esse bracelete... – falei apontando para ele. Ela o olhou.

– Hunm, o que tem ele? – perguntou ela indiferente.

– É parecido com o do meu irmão – falei olhando-o mais atentamente.

– Ah é? Esse bracelete eu sempre o tive, desde que me lembro pelo menos. Não lembro bem o porquê, mas ele é importante para mim. – diz ela olhando-o, como se quisesse lembrar de algo que esqueceu há muito tempo.

– Ahn, o do meu irmão também é importante. Ele me disse que era da irmã dele. – falei lembrando do Ikuto no dia em que me contou. Ele estava feliz em me contar aquilo, parecia querer colocar aquilo para fora. Sorri com a lembrança.

Olho para a garota na minha frente, ela estava querendo lembrar de algo, mas parecia não conseguir.

– Hunm, então, meu nome é Amu e essa é a Rima – falei mudando de assunto.

– Ahn... ah sim, meu nome é Utau, muito prazer em conhece-las. Você é nova aqui não é? Não acho que tenha visto você aqui ano passado. – diz ela olhando para mim.

– Sim, sim, sou nova. Estudo no 1º ano I, junto com a Rima. – falei sorrindo.

– Legal, eu estudo no 1º ano II – disse ela sorrindo junto comigo. – Acho que você eu já vi de relance algumas vezes ano passado, mas nunca conversamos né. Bem mas agora talvez possamos ser amigas han? – disse ela olhando para Rima e depois para mim.

– Han? É claro, porque não né? – falei sorrindo e olhando para Rima.

– Eh, podemos ser amigas... Mas... A Amu é a minha melhor amiga. – diz ela num tom possessivo.

Começo a rir. E logo nós três juntas já estamos conversando animadamente até o sinal tocar.

Despedimo-nos da Utau e vou com a Rima para a sala. A aula passa vagarosamente sem muitas novidades. Pego meu celular já na primeira aula e começo a ouvir música, enquanto o professor escreve um monte de coisas para a gente copiar no quadro. Começa a tocar uma das músicas que mais gosto e acabo, sem perceber, cantando junto. Mas canto bem baixo, para que ninguém ouça.

Do I Wanna Know – Arctic Monkeys

Have you got colour in your cheeks?
Do you ever get that fear that you can't shift the type
That sticks around like something in your teeth
Are there some aces up your sleeve
Have you no idea that you're in deep?
I've dreamt about you nearly every night this week
How many secrets can you keep?
'Cause there's this tune I've found
That makes me think of you somehow
And I play it on repeat
Until I fall asleep
Spilling drinks on my settee

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways
(Sad to see you go)
Sort of hoping that you'd stay
(Baby we both know)
That the nights were mainly made for saying things
That you can't say tomorrow day

Crawling back to you
Ever though of calling when you've had a few?
'Cause I always do
Maybe I'm too
Busy being yours to fall for somebody new
Now I've thought it through
Crawling back to you

So have you got the guts?
Been wondering if your heart's still open
And if so I wanna know what time it shuts
Simmer down and pucker up
I'm sorry to interrupt
It's just I'm constantly on the cusp of trying
To kiss you
I don't know if you
Feel the same as I do
But we could be together
If you wanted to

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways
(Sad to see you go)
Sort of hoping that you'd stay
(Baby we both know)
That the nights were mainly made for saying things
That you can't say tomorrow day

Crawling back to you
Ever though of calling when you've had a few?
'Cause I always do
Maybe I'm too
Busy being yours to fall for somebody new
Now I've thought it through
Crawling back to you

(Do I wanna know?)
If this feeling flows both ways
(Sad to see you go)
Sort of hoping that you'd stay
(Baby we both know)
That the nights were mainly made for saying things
That you can't say tomorrow day

(Do I wanna know?)
Too busy being yours to fall
(Sad to see you go)
Ever though of calling, darling?
(Do I wanna know?)
Do you want me crawling back to you?

–------xXx---------

Quando acabei de cantar por algum motivo lembrei do Ikuto. Mas logo percebi a Rima me olhando. Como ela estava mais perto de mim acho que me ouviu cantando.

– Que? – falei, olhei para o professor, ele não parecia estar prestando atenção em mim. – que?

– Nada Amu, é só que... Você canta muito bem. – disse ela para mim. Fiquei vermelha.

– Mentirosa. – falei para ela com um biquinho.

– Não é mentira Amu.

– Tá não é mentira, eu sei sou perfeita –

– Haha, senhora perfeita, veremos amanhã então, acho que sei como fazer você ainda melhor. – disse ela com a maior rindo baixo.

– O que você está tramando Rima? – perguntei.

– Nada não. – disse ela com um sorriso malicioso.

“Droga, porque tive que cantar”.

Penso antes de voltar a copiar matéria. Rima não parecia que iria contar mais nada.

–-----xXx-------

..:Ikuto POV:.. (No intervalo. Sim, voltei no tempo de novo)

Vejo apenas a Amu saindo correndo com a amiga dela para um corredor ali perto. Sorrio. Ela era linda. Mas logo mudo de expressão ao vê-la piscar para o Kuukai. Fecho meus punhos. A raiva começa a vir para mim rapidamente, igual à chamas numa floresta.

– Você. – falo apontando para o Kuukai que olha para mim. – FIQUE LONGE DA MINHA AMU – falei com raiva. Muita raiva.

– Ei, calma aí cara, eu só estava brincando, aliás, eu gosto de outra pessoa ok, não precisa se preocupar - diz ele revirando os olhos.

– Mas porque essa raiva toda han? – pergunta ele – Você é o irmão dela apenas, mas a trata como se fosse algo mais. – continua ele com um olhar inquisitivo. Droga.

– Meu pai apenas me mandou cuidar para que nenhum garoto se aproximasse dela. – falei normalmente. Eu mentia muito bem afinal de contas. Mesmo não sendo tudo mentira. Já que, o Sr. Hinamori realmente me pediu para cuidar para que nenhum menino se aproximasse da Amu.

– Ahn, sei... – diz ele num tom desconfiado. – bem deixemos isso de lado, acho que vou me divertir um pouco mais com aquelas duas – disse ele com muita naturalidade indo na direção em que a Amu e a amiga dela foram.

– Hey – falei e fui atrás dele. Nem pensar que ele iria atrás da Amu.

Finalmente o alcancei no corredor, segurei fortemente no ombro e o impedi de prosseguir.

– Pare agora. – mandei com um ar sério. Logo ele começou a rir.

– Eu não ia lá de verdade, só queria saber o que você faria. – disse ele ainda rindo, Fiquei com cara de bobo.

– Idiota – falei. Ele apenas continuou rindo. Olhei ao redor para ver onde estávamos. Era um corredor que se abria para fora. Tinham algumas salas por ali. Logo vi uma porta abrindo e um garoto saindo dali carregando outro que parecia machucado.

– Hey, o que aconteceu? – perguntei indo até o garoto que carregava o outro. O garoto de cabelos azuis compridos olhou para mim com um sorriso.

– Nada demais, apenas mais uma dessas brigas de escola, levarei ele até a enfermaria e ficará bem – disse ele já se virando e indo.

– Espere quem fez isso? – Perguntei.

– O idiota do colégio que acha que aqui é a casa dele, só isso – falou ele.

– Mas qual o nome dele? – perguntei. Não sabia realmente porque eu queria saber, mas por algum motivo precisava saber. Talvez ele fizesse alguma coisa com a Amu se a encontrasse.

– O que você irá fazer se descobrir o nome dele? – me perguntou então seriamente o garoto na minha frente. Não respondi. Não sabia ao certo. Ele na verdade não fez nada para mim. Mas poderia tentar algo com a Amu. Eu sabia que existiam caras assim.

– É por isso que não contarei o nome dele. Não se preocupe com nada, ele não incomodará nenhuma garota daqui... Na verdade, uma ele pode incomodar no futuro... Ah, deixa pra lá, eu cuidarei disso... Agora tenho que levar este aqui para a enfermaria. Então, tchau. Ahh, e a propósito Ikuto, meu nome é Nagihiko. – disse ele não mais sério e foi embora.

– Heyyy – comecei a dizer, mas ele já tinha ido. Humpf. Como ele sabia meu nome? Garoto estranho, ele diz o nome dele e não diz o nome do importante. Idiota. Viro o rosto vendo o Kuukai. É, outro idiota. Reviro os olhos e saio dali voltando para as arvores. Percebo o Kuukai andando atrás de mim.

– O que foi agora? – pergunto me virando.

– Nada, só que não tenho nada pra fazer nesse momento – diz ele com uma cara de pau de doer. Reviro os olhos. Como fui conhecer um cara desses?

– Então, não quer ver as garotas daqui, olha, estão olhando para nós, sabia que se a gente piscar elas vem aqui? Igual à cachorrinhos domados. – diz ele pronto para dar uma piscada para uma que passava.

– Não to afim. – Digo sentando-me numa arvore ali.

– Ok, não pisco, mas só se você me explicar esse seu lance com sua irmã.

–Não enche cara.

–Ok então... – Diz ele olhando ao redor procurando um suposto alvo.

– Ok, ok, eu falo... mas vê se não abre a boca por aí. – Digo já cansado.

–Minha boca é um túmulo.

– E você será enterrado nele se pensar em sair contando – Suspiro. – É o seguinte, eu fui adotado. A Amu não é minha irmã de verdade. E... olha, eu amo ela cara, quero fazer com que ela goste de mim tanto quanto possível, até não poder mais ficar longe de mim se for necessário. Quero que ela entenda que não somos irmãos.

Kuukai faz uma careta.

– Por isso eu não queria contar. – falo me arrependendo já.

– Haha, estou brincando, não acho você diferente de mim. Na verdade acho sim, pois você pode ver a pessoa que gosta todo dia.

Fico confuso, mas Kuukai ri de maneira verdadeira.

– Você é um cara legal Kuukai, pode dar um bom amigo até – Falo dando um soco fraco em seu ombro. Levanto ouvindo o sinal – Vamos para a aula?

– Claro, amigoo! – Diz ele convencido me seguindo.