~ Amu POV ~

Amanhece. Meus olhos abrem sentindo o ambiente ao redor.

Estou só. Ninguém por perto. Nada.

Levanto sem querer sair da cama, já sentindo o turbilhão de emoções voltando.

“Ikuto, aonde você foi?”

Respiro fundo e desço as escadas.

Então vejo minha mãe sentada na mesa com um homem e... Tadase.

– Mãe, o que está acontecendo? – pergunto sem olhar para eles.

– Amuu, ouça. Esse é o pai do Ikuto e o irmão dele. Eles me contaram como Ikuto e Tadase se encontraram na escola depois de tanto tempo. Eles querem falar com o Ikuto para que volte pra casa Amu. – Diz ela séria.

– Hmm, mas e se ele quiser ficar mãe?

– Claro que ele poderia ficar Amu, mas com o Ikuto ainda sendo de menor, não é ele quem escolherá isso.

– Bem, quando eu acordei hoje, o Ikuto não estava mais em casa. – digo com um bater de ombros.

– Como não estava? Ele sumiu é isso? – pergunta Tadase levantando-se repentinamente.

– Pois é, ele sumiu. – Sorrio.

– Aah, sua... sua, você está escondendo ele não é? – diz ele com raiva.

– Não, é a verdade. Ele não quer você na vida dele nunca mais.

– Como assim Amu? Porque ele faria isso? Tem algo que eu não estou sabendo? – fala mamãe preocupada.

– Sim mãe, tem tudo. Ele maltratava o Ikuto quando eram pequenos, por isso ele fugiu de casa. Mãe, ele é um monstro. – Digo apontando para o Tadase, com as lágrimas já caindo.

– Calma, calma Amu, sem exageros. Eu entendo que você não quer que o Ikuto vá embora, mas não precisa inventar esse tipo de desculpa pra mim.

– Mas... mãe, é verdade.

– Não Amu, essas pessoas vieram até aqui para ver o filho há muito perdido e você me cria uma história dessas? – Ela olha pra mim de sobrancelhas erguidas. – Me desculpe por isso Tadase, Akuma. Mas já que o Ikuto não está aqui, não vejo como posso ajuda-los.

– Não, tudo bem. Mas assim que ele aparecer ligue para mim, sim? – Fala o homem entregando um cartão para mamãe. – Vamos Tadase.

– Sim Pai. – Diz ele indo em direção à porta. – Nos vemos na escola, Amu.

Sinto um arrepio. A porta fecha.

– Sente aqui Amu. – Diz minha mãe.

Estou à beira das lágrimas novamente. Onde está o Ikuto?

Só quero ir pro meu quarto. Mas seguro o choro e sento.

– Me conte tudo Amu. Eu não gostei desses dois e de seus sorrisos falsos. Eu acredito em você, então por favor, não esconda nada.

Olho para minha mãe, sua fisionomia séria. Ela acredita em mim.

Ela acredita mesmo.

E então, aos poucos vou contando. Conto as coisas que o Ikuto me disse. Dos pesadelos que ele tinha toda noite. Do medo que ele sentia. Do meu amor por ele. Tudo. Mamãe não fala nada, só me ouve. Quando acabo ela continua quieta.

– Fala alguma coisa mãe.

Ela respira fundo.

– Ah, minha Amu, minha pequena. Você cresceu tanto, assim como o Ikuto. E vocês se tornaram em pessoas maravilhosas, você até pode achar que não, mas eu sempre soube do amor dos dois. Eu não consigo ver você sem o Ikuto, e nem ele sem você Amu. Quando vocês estão juntos sempre consigo ouvir risadas, e a casa vibra de felicidade... – Ela suspira. – Ikuto sofreu demais para uma vida Amu. E quero que ele tenha um lugar para voltar. Quero que você encontre ele ok? Eu sei que você pode fazer isso. O resto Amu, não se preocupe. Daremos um jeito. Ninguém poderá tirar o Ikuto da nossa família.

Sorrio em meio à lagrimas.

– Obrigada mamãe, obrigada – digo abraçando-a forte – Vou encontra-lo com certeza, vamos traze-lo de volta.

– Sim. – Diz ela com um sorriso maternal.

Me solte de seu abraço e corro para meu quarto.

Agora... onde ele pode estar? Será que ele pretende continuar frequentando as aulas? Duvido muito. Ahh, é verdade. Eu tenho aula daqui a pouco, mas quero encontrar o Ikuto logo. Como eu te acho Ikuto?

E então eu lembro “Mas não se preocupe, mesmo não morando mais com você, eu te protegerei.”

É isso, ele disse isso, ele deve estar por perto, tudo que eu tenho que fazer é parecer em perigo para que ele venha.

Me troco e saio correndo para a escola. Pensarei nisso melhor e farei ele aparecer quando bolar algo. Ikuto eu vou te achar!