Avatar - O sequestro escrita por João Gabriel


Capítulo 4
Capítulo IV - Planejamento parte 2


Notas iniciais do capítulo

Esse é mais curto mesmo.



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As lembranças.

(...) As mudanças começaram por causa das ordens da rainha para dissolver as lideranças dos anéis intermediários e inferior. Minha mãe negociou, mas foi acusada de traição e tivemos que sair da capital. Depois disso, meu pai não conseguia dinheiro com as suas invenções, e minha mãe teve que sujeitar-se a ser uma serviçal. Nunca mais sorriram para mim. Quando me tornei um Dominador pleno, procurei ganhar dinheiro sendo uma espécie de caçador de recompensas para umas cidades mais abastadas. Ladrões de animais, saqueadores, homens que tinham dívidas. Meus pais não sabiam, mas admitiam que aquela ajuda era bem vinda. Logicamente desconfiavam por me verem chegando sempre exausto que faria um trabalho externo, ou algo que envolvesse dobra de Terra.

Por causa do meu sucesso como caçador, fomos parar em Cidade República graças a um agenciador, que tinha objetivo de ganhar dinheiro me usando para receber pagamentos. Nessa época, meu pai havia falecido. Minha mãe descobriu que minha profissão era imoral, me fez prometer que eu saísse daquilo, que praticasse a justiça da forma legal. Logo minha mãe que foi vitima de uma justiça falha, não tinha perdido o senso de moral. Entreguei o meu agenciador para a polícia, consegui uma liberdade provisória, mas por causa de minhas habilidades virei aspirante a oficial, só que no fundo, nunca confiei somente em uma justiça, ou uma maneira de fazer as coisas.Foi aí que conheci Toph Beifong e comecei a ter uma motivação, de fazer alguma coisa por alguém, mas as circunstâncias me tornaram distante, queria esquecer aquela vontade vê-la todo dia, mas ao invés disso, trabalhei para subir de cargo até que estivesse perto o suficiente daquela jovem arrogante, narcisista e mandona, mas que de maneira incrível me fazia sentir bem, me sentir apaixonado. Depois, mesmo sendo policial, continuei caçando criminosos a minha maneira e foi aí que me deparei com a rede de Yakone.

Delegacia

Eu ainda tentava recuperar o movimento da minha perna, mancava bastante e portanto tive que ficar sentado em frente a fugitiva enquanto Toph interrogava. Era o estilo policial bom e mau, só que eramos os dois bem maldosos. No entanto, por mais pressionada que fosse, aquela mulher não revelaria nada.

Tinha os olhos âmbar, a aparência idosa era disfarce de um rosto adulto, feições definidas e nariz levemente empinado. Tinha a pele clara, e usava um macacão de serviço, típico daqueles funcionários da sede do conselho. Ela me encarava, como se só existisse eu naquela sala pequena e com as paredes metalizadas.

–- Toph, me deixe a sós com ela - disse, mas sem ter muitas esperanças sobre o que conseguir extrair.

Na verdade, depois do ocorrido na rua, eu a levei para um galpão disfarçado de oficina de satomóveis que fica próximo a delegacia. Ali, questionei, tentando ser sutil, mas não obtive sucesso e como tinha pouco tempo, tive trazê-la para corporação. Expliquei para a Chefe Beifong o que havia acontecido e que as escoriações no rosto eram decorrentes da reação a voz de parada.

–- Nascida na nação do fogo, pela cor dos olhos. Pela sua corrida mais cedo, parece-me que está em pleno auge da forma fisíca, o que me leva acreditar que você é uma espiã da nação do Fogo. Certo? - comecei a falar assim que Toph deixou a saleta.

Nenhuma resposta.

–- Pelo jeito não conseguiu enviar as informações obtidas para o seu chefe… - enquanto dizia, ela abaixou a cabeça e fechou os olhos.

Com dificuldade para levantar, levantei e puxei assento para perto dela, o som dos pés de ferro da pequena cadeira rangendo contra o piso incomodou a moça.

–- Diga-me - ao seu lado, falei baixo, só para nós. -- O que estão planejando?

–- Vamos começar uma guerra - a voz dela era quase um ruído, inaudível ao ouvindo desatento. -- Será feita justiça! Justiça de verdade. - A convicção dela era assustadora.

–- Excelente - respondi.

Soltei um pouco da tira de metal dos meus pulsos e as segurei, apoiei meu peso na perna boa e girei, com toda força bati a corda como um chicote na mesa. O som dos metais incomodou demais a mulher, que apertou os olhos e soltou um gincho de dor. Repeti a batida, dessa vez no chão, a ponta da minha corda fez um som ainda mais estridente. Dessa vez ela gritou.

–- Qual é o seu plano? - gritei.

–- O Avatar! - a voz saiu como uma arfada, o som dos metais parecia tilintar dentro da cabeça daquela mulher.

Quando me retirei da sala, Toph já me aguardava com um sorriso de vitória. Olhei para ela e senti vontade de abraçá-la, mas deixei passar. Só retribui o sorriso vitorioso e tentei caminhar para minha sala. Admito, passado uns minutos, as palavras de justiça daquela mulher permaneceram na minha cabeça. Lembrei de minha mãe.

Sentei na poltrona, a minha janela maior estava aberta e entrava vento. Suspirei, já sentia câimbras na perna paralisada, a sensação era terrível. Olhei parao teto e fiquei confabulando sobre o que tinha ouvido na sala de interrogação, e mais uma vez o pensamento se destinou a minha mãe. Sorri enquanto passava pelas lembranças dela.

“Quando eu uma criança, minha família precisou se mudar várias vezes, para lugares muito diferentes. Segundo meu pai contava, quando conheceu minha mãe, ambos tinham uma vida razoável no anel intermediário de Bah Sing Se, moravam em um chalé de dois andares, único na rua porque meu velho pai era um construtor exímio, lembro me com carinho dos diversos brinquedos que fazia para mim como compensação por não ser um dominador e poder me ensinar. A casa onde nasci era bem iluminada, tinha até um quintal improvisado para que eu pudesse correr em dias de chuva, ou toques de recolher. Minha mãe era uma mulher alta, trabalhava muito e era dominadora exemplar. Aquela mulher era forte, ao mesmo tempo que sabia ser delicada e afetuosa, ou durona e completamente impertinente. Talvez fosse por causa da profissão, era líder dos moradores daquela parte da capital, era conhecida pelo senso de justiça e moral. Me impressionava como mudava de personalidade com a mesma velocidade que trocava de roupa, saia do traje social, cor de jade, um cinto fino, de corda prateada dava uma sutileza real para a líder, enquanto, dentro de casa deixava os longos cabelos soltos, com uma tiara dourada para evitar que a franja cobrisse os olhos verdes claros, tão límpidos que pareciam mostrar o fundo da alma (...)”

–- Justiça, então tudo se trata de justiça - falei.


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