Avatar - O sequestro escrita por João Gabriel


Capítulo 3
Capítulo III - Planejamento parte 1


Notas iniciais do capítulo

Vamos lá



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Levantei e chamei por Lin Beifong, a garota estava sentada na mesa de um outro investigador, usava o uniforme, e parecia estar concentrada em um documento com muitas folhas. Assim como a mãe, era dura e mandona, porém tinha um senso de dever invejável. Fiz questão de chamá-la para a minha equipe, era um pretexto para falarmos de Toph.

–- Capitão Yan, pois não? - falou Lin.

–- Preciso que você reúna alguns homens e mapeie todos os pontos de fuga próximos aos Porto, Estação Central, a pista de pouso e a sede do conselho, me entregue no mais tardar amanhã - falei com ela da porta mesmo, queria dar a ordem e ir até a sala da Chefe.

Lin concordou e já fez um sinal para alguns oficiais acompanharem. Me dirigi a sala da Chefe de Polícia, era a segunda vez no mês que precisei entrar no escritório de Toph Beifong. Bati na porta e entrei, a grande sala condizia com o ego da usuária, um tapete circular definia o centro, duas confortáveis cadeiras de couro de rinoceronte em frente a mesa de trabalho, um móvel cinza escuro, talhado por mãos leves e de uma nobreza típica dos Beifong. A luz entrava pelos vitrais espalhados nas cinco grandes janelas que davam visão para a rua frontal a corporação, aos lados estantes vazias alguns aparelhos para treinamento.

–- Vai se sentar ou prefere continuar olhando para o nada? - questionou Toph.

Ela estava treinando, percebi por que ofegava, não olhou na minha direção enquanto falou. Passava os pés descalços no chão, conseguia sentir a presença de um dos aparelhos de madeira com uma esfera de metal em cima e com os punhos cerrados e um movimento rápido, uma tira de metal que parecia sair das mãos dela acertava uma esfera que caia no chão fazendo um ruído seco. Novamente, passava os pés sobre o assoalho metalizado, como uma dança, dessa vez com a mão aberta fez uma esfera levitar e arremessou na minha direção. Esquivei e escutei o rangido da porta de metal sendo atingida pela dobra de Toph. Ela riu debochadamente.

–- Podemos nos sentar e conversar ou você prefere ficar arremessando coisas em mim?! - falei indo me sentar na poltrona.

Toph tinha um sorriso malicioso, gostava de provocação, de um modo geral até admitiria que gostava de mim por perto, mas é claro que o orgulho não iria permitir revelar. Ela tinha a pele com um brilho devido ao suor, usava o penteado habitual, só que alguns fios desafiaram os limites e caiam sobre suas pequenas orelhas, a franja também estava desajeitada. Internamente suspirei ao admirar aquela mulher. Sorri.

–- É o seguinte Chefe, a gente precisa se reunir com o conselho da cidade o mais rápido possível, tenho informações de um atentado contra as autoridades que virão nos visitar - disse seguindo ela com o olhar enquanto secava o suor da testa com as costas das mãos e se sentava.

–- Quem passou isso Yan? - parecia preocupada.

–- Eu tenho meios de descobrir as coisas, mas não vem ao caso, precisamos falar com Aang e o conselho, apenas - respondi.

–- O conselho não vai agir baseado em hipótese, nem nós, temos que trabalhar em outros casos e você precisava me entregar o plano de segurança, não é mesmo? - ela já estava mais séria que antes.

–- Você sabe que eu vou até o conselho do mesmo jeito, não é mesmo?

–- Eu sei, vou junto para ouvir a resposta negativa deles - o jeito irônico dela era apaixonante.

–- Toph, me escuta, eu pedi para Lin avaliar a cidade nos pontos que as comitivas chegarão, eu quero me certificar que não aconteça nada. - nunca a chamava pelo primeiro nome, aquilo foi constrangedor.

Após um silêncio

–- Capitão Yan, vamos ao conselho e o senhor está proibido de ficar me encarando… isso é embaraçoso - a chefe nunca hesitava ao falar, corou após a fala.

–- Quer ajuda para chegar na porta? - falei

–- Vai embora se não eu vou abrir ela com você! - ela ainda estava corada.

Me retirei satisfeito com a reunião e por notar a percepção dela sobre a minha presença. Como queria que ela pudesse olhar nos meus olhos. Desconfio que ela tenha uma maneira de pressentir algumas pessoas e alguns sentimentos. Deixei esse pensamento de lado quando tomei um tapa nas costas da Chefe que saiu pisando forte de sua sala.

Chegamos na prefeitura, Toph subiu as escadarias com se enxergasse melhor do que eu, desde que saímos da delegacia, não falou nada. Caminhavamos em direção ao salão do conselho, interromperíamos uma sessão ao melhor estilo Beifong, no entanto, a graça de pensar naquilo foi substituída pela surpresa ingrata dos homens ali reunidos com Aang, Sokka e os outros conselheiros.

Dois homens trajando um uniforme verde escuro, ombreiras detalhadas com dourado e uma proteção de couro nos peitos e costas, o mesmo material protegia as coxas, usavam botas até o joelho. O Dai Li, a guarda secreta da rainha da Terra já não usava os grandes chapéus circulares, foram substituídos por quepes também verde. Ao lado, dois homens com o traje militar da Nação de Fogo, tecido mais leve, indicava uso civil, mas as insignias de dragão mostravam que eram de alto escalão.

–- Olha só, dois membros da Polícia de Cidade República, deixa eu adivinhar? Um sequestro as autoridades? - Sokka parecia estar perplexo. O conselheiro estava apoiando a cabeça em uma das mãos enquanto esperava um de nós falar alguma coisa.

–- Parece que alguém está querendo nos confundir, mas porque sequestrar uma autoridade? - Aang não estava sentado junto com os outros, usava suas vestes de monge, e também nos olhava procurando entender tudo aquilo.

–- Espera um pouco, todos aqui receberam informações misteriosas sobre um suposto atentado? - Toph estava irritadiça. - Isso é um sinal, Dedos Leves, cancele esse encontro.

–- Não podemos, é um encontro diplomático, muito importante eu diria - Aang era mais animado pessoalmente do que contavam as histórias, mesmo com o semblante mais adulto e ostentando uma barba, o Avatar mantinha o espirito jovial.

–- A Toph está certa Aang, não podemos arriscar, porque a rainha da Terra é a única que não é dominadora, podemos colocá-la em perigo - Sokka não tinha percebido que a fala tinha causado desconforto dos agentes do Dai Li.

O conselheiro e cunhado do Avatar, usava um colete azul claro, também tinha barba, mas mantinha o cabelo cortado nas laterais e com rabo de cavalo. Era o único ali no conselho que parecia interessado no que estava acontecendo, falava como se tivesse bolado um plano e só tinha dificuldades em inventar um nome pra ele.

–- Nós garantiremos a segurança da rainha, precisamos que vocês façam o trabalho de vocês e nada vai dar errado - falou um dos agentes.

–- Não duvide disso! - exclamou Toph, visivelmente contrariada.

Apesar das discussões, aquilo não estava progredindo, a idéia de Toph era correta, porém perderíamos a chance de prender um criminoso em potencial. Mas, o que será que Yakone pediria em troca? Pensei. Depois, reparei que os homens da tribo da Água não estavam presentes, aquilo me soou estranho.

–- Avatar, conselho, permita-me perguntar porque não temos a presença dos homens da Tribo da Água? - perguntei. Sokka reagiu com uma careta.

–- Excelente pergunta capitão Yan, mas não sabemos, talvez não tenham recebido o tal aviso - Aang percebeu que era realmente estranho. O clima de desconfiança estava no ar.

Resolvi sentar nas cadeiras reservadas ao publico em épocas de audiências ou julgamentos, recostei nos bancos de madeira envernizada que brilhavam devido a minuciosa limpeza. O plenário era grande, o teto era alto, abobadado, com grandes janelas que encarregavam de iluminar o ambiente por completo. As altas pilastras grossas de alvenaria davam o toque clássico a bela casa de governo da Cidade República.

Olhei em volta, haviam sacadas que levavam até os gabinetes dos conselheiros, alguns funcionários passavam com documentos, outros levavam chá para seus escritórios. Um deles me chamou a atenção, uma mulher, de aparência envelhecida e cansada. Na primeira impressão imaginei uma serviçal, no entanto parecia concentrada na reunião. Desviei o olhar para não chamar atenção e fui até as escadas para verificar a visão dali de cima. Passei por Toph e sussurrei em seus ouvidos:

–- Vou até os gabinetes, algo me chamou atenção - falei.

Subi as escadas devagar, parte por sedentarismo, em outra para não fazer barulhos. Lá de cima a visão era completa de todo o tribunal, cadeiras e o púlpito. Toph parecia menor daquela altura. Procurei pela mulher e avistei que ela havia saído, fui na direção onde estava e me deparei com uma porta para uma outra sala menor. Uma ante sala vazia e outra para o quarto de serviço, onde algumas funcionárias guardavam seus pertences. Olhei e não reconheci ninguém.

–- Alguém viu uma funcionária, idosa, estava com o mesmo uniforme - perguntei e obtive várias negativas.

Um arrepio me subiu as costas, será que o plano do inimigo já estava em andamento? Não quis pensar na resposta, e assim que desci as escadas fui para saída do tribunal, deixei Toph discutindo com os agentes do Dai Li, enquanto Aang e Sokka tentavam apartar. Os homens da Nação do Fogo não falaram nada, estavam observando, me parecia estranho também.

Na saída avistei a mulher, andava a passos largos em direção a um ponto de taxi. Corri em direção e dei voz de parada, naquela distância eu não achava ela tão idosa assim. Mais uma vez gritei por parada, negativa de novo. Corremos por ruas estreitas e movimentadas. Eu precisava entrar em forma, estava perdendo terreno e ficando ofegante.

–- Pare agora, isso é um ordem! - gritei, nenhum pedestre tentou impedi-la.

Disparei a tira metálica, o rugido do metal saindo em alta velocidade do suporte em minhas mãos assustou algumas pessoas. A mulher habilmente saltou e desviou, eu no entanto, não desisti e com os punhos cerrados fiz crescer uma parede de pedra, que atrasou o alvo. Corri, fiz crescer do chão alguns calos para que ela tropeçasse. Um baque seguido de um grito agudo me fez parar de correr. Saquei duas algemas e lancei sobre os tornozelos da fugitiva.

Quando cheguei perto, ela habilmente acertou três pontos da minha perna com as pontas dos dedos. Senti um peso que me fez perder o equilíbrio. Consegui me recuperar antes de cair por completo e me afastei. Usei as cordas metálicas para amarrar as mãos dela. Sentei na guia, estávamos em uma rua estreita, com lojinhas de artesanato e barracas de frutas e outros produtos.

Ofegava demais, mas não era só a respiração que estava pesada, minha perna parecia ter sido arrancada e substituída por um membro de carne e ossos inutilizados. Nunca havia sido imobilizado por um bloqueio de chi. A sensação era horrível. Fiquei ali por alguns minutos enquanto curiosos ficavam admirando a moça amarrada deitada a minha frente.

Um homem vestes simples, tinha um chapéu que lhe cobria os olhos. Era alto, se aproximou de mim e me ajudou a levantar. Enquanto fazia a bondade de ajudar um oficial cansado, mostrou o anel de uma pedra azulada sólida. Era um capanga de Yakone. Mencionei que nos arrumasse um veículo para sairmos logo dali, pois em alguns minutos viria uma patrulha e eu não poderia interrogá-la a minha maneira.


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