A Arte da Guerra escrita por clariza


Capítulo 3
// corda bamba//


Notas iniciais do capítulo

E ai amiguinhos, como vão vocês?
Espero que gostem, e eu quero agradecer a todo mundo que comentou realmente agradeço muito.



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Eu não disse tudo que eu sabia sobre a Hidra. Eu não sou louca muito menos burra, disse em partes, sobre a S.H.I.E.L.D. não ser completamente segura, sobre as informações de projetos que deveriam ser secretos, mas eu tinha tido total acesso.

Isso é Projeto insight ― O diretor da S.H.I.E.L.D. reclamou abismado, sorri pra ele me sentindo vitoriosa.

―Eu sei, hydra amou essa ideia, eu pessoalmente gostei bastante também, inclusive eu mereço mérito total pela decodificação do DNA para possíveis futuros terroristas, trabalhei pessoalmente com os genes de Sadam Roussein e Osama, me tirou noites de sono para achar um “gene ruim”, até que eu descobri que não havia gene ruim, ninguém nasce mau, mas as respostas das ameaças estão na nossa frente, estão por todo lugar, basta abrir os olhos.

―Isso é impossível ― Nick se curvou sobre a mesa de madeira entre nós, suas mãos cruzadas, seu peso apoiado nos cotovelos, seu olho procurava por algum sinal de que eu estava mentindo, mantive meu olhar firme.

―Sua parede está coberta de infiltrações senhor Fury ― Ele havia me levado até um restaurante bacana no centro da cidade, disse que às vezes extravagância é o melhor jeito de evitar olhares curiosos e pessoas indesejadas.

―Como?

―Um apartamento com proteção ― respondi, cortando o meu salmão, o homem sorriu.

―Eu posso te dar o melhor que pode imaginar em proteção, uma nova identidade, um lugar seguro, Eu só preciso das informações certas.

―E eu preciso de garantias, eu não vou colocar o meu na reta senhor Fury, eu não vou me queimar na hydra pelas garantia de sobrevivência que eu não vou ter com você.

―Você não diz proteção da S.H.I.E.L.D.

―Porque Hydra e S.H.I.E.L.D. não são muito diferentes, senhor ― tomei um gole de água ― De fato, muita vezes penso que são células de um único organismo.

―A senhorita gosta muito de mensagens cifradas, códigos.

―Pra bom entendedor, meia palavra basta.

O apartamento que Fury me providenciou era numa parte razoavelmente boa da cidade, eu esperava seguranças na minha porta e tudo que eu arranjei foi uma agente que morava na casa ao lado chamada Katie. Eu ainda tinha meu antigo celular lotada de mensagens dos meus amigos que eu não poderia responder, eu não poderia dizer a ninguém onde eu estava, até mesmo poucos agentes da S.H.I.E.L.D. sabiam da minha existência ou o que eu tinha feito, agentes de alta confiança de Fury. E ele havia me arranjado um emprego com uma identidade falsa num grande laboratório de pesquisas genéticas, nem de perto tão avançadas quando as minhas na hydra, era como somar um mais um quando eu já podia fazer calculo integral.

Duas semanas e eu tentava me convencer que era seguro, tentava limitar a dez vezes ir conferir as fechaduras e alarmes, dez vezes de verificar se Yuri estava bem e que eu estava bem, mas ainda assim eu verificava vinte vezes por noite.

Chegava no final da tarde e era recebida por Yuri que não se adaptava naquele apartamento e vivia batendo a cabeça em quinas, eu comprei pra ele um mini capacete para que ele parasse de se machucar colocava ração no potinho adaptado dele e comia um pouco antes de começar o meu ritual com segurança.

Naquela noite eu me atrasei, ficando um minuto a mais e logo em seguida presa no transito, o apartamento estava escuro e Yuri não veio aos meus pés, havia uma figura parada em frente a janela, tampando a luz da lua que todas as noites sobre a minha cama, a primeira coisa que eu reconheci foi o braço de metal, brilhando.Minha respiração parou naquele instante, era inútil tentar fugir isso só resultaria em mais pessoas mortas.

―O que você fez com o Yuri? ― ele moveu a cabeça para a esquerda, o nariz franzido ― O gato.

―Dormindo ― o soldado respondeu mecanicamente.

Ele era mais rápido que eu e mais forte, muitas pessoas sequer acreditavam na existência dele, mas ele era real demais, arrancou a cortina branca que flutuava suavemente coma brisa e a enrolou no meu pescoço antes que eu pudesse me mover, a falta de ar a priori foi um incomodo, logo seguida pelos meus pulmões desesperados por ar, minhas mãos tentaram afastá-lo de mim, ele era forte então como estava próximo a porta tentei bater para que Katie me ouvisse e fizesse alguma coisa, minha cabeça estava doendo e minha visão turva quando consegui afundar o meu joelho nas partes intimas dele, ele afrouxou o aperto o suficiente para que eu gritasse um pedido de socorro sufocado.

Ninguém veio imediatamente, eu sentia minha mente dissociar do meu corpo, tornando tudo calmo e sereno, até podia ignorar a falta de ar e a dor. Eu só queria que alguém me ajudasse mesmo sabendo que era inútil, eu só precisava fazer barulho, o desespero me consumia, a falta de ar causava bolhas em minha visão, eu tentava em vão me soltar.

Eu podia sentir a inconsciência chegando, fria e sombria, um mar escuro onde eu estava cercada pelo limbo, então num passe de mágica não havia mais aperto, e uma rajada de ar invadiu meus pulmões e da minha boca saiu uma saraivada de tosses desesperadas, me deixando tonta, meus olhos se abriram no escuro do meu apartamento, minhas mãos se movendo no ar sem sentido em busca de algo o que agarrar.

―Tudo bem, Tudo bem, você está segura agora ―um homem loiro surgiu no meu campo de visão, seu rosto nitidamente preocupado, os olhos azuis brilhando na escuridão ― Fique aqui, eu vou atrás dele.

A possibilidade de ficar sozinha novamente me fez ficar em desespero, eu segurei o casaco dele, puxando para mais perto, ouvi o baque da mão dele no chão de madeira, eu deveria tê-lo pegado desprevenido.Eu sentia meu peito subir e descer com meus pulmões usando mais ar que o necessário em busca de suprir todo o oxigênio que me fora tirado.

―Não me deixa sozinha ― implorei sentindo a minha garganta em brasa, algumas lagrimas rolando pelas laterais dos meus olhos.

―Eu não vou ― ele passou a mão atrás do meu pescoço e das minhas pernas e me colocou em seu colo, me levando até a cama aonde o gato veio até onde eu tinha me deitado. Ele não me matou, ele deveria ter me matado, mas não o fez, por quê?

Em primeiro lugar porque ele não atirou? Essa era sua arma, balas soviéticas irrastreáveis, ele tentou me estrangular, tinha sido algum pedido especial de Pierce? Decisão de ultima hora?

―Você esta bem? ― perguntou o loiro, me entregando um copo com água, olhei em seu rosto, eu o conhecia, era o capitão América o que realmente era fantástico na situação atual, ser resgatada por um herói, Imaginei algum deus sentado em sua cadeira rindo bastante de mim ―Eu sou Steve, moro no apartamento do canto.

―Eu sei que você é ― bebi um pouco da água ― obrigada.

―Ex-namorado abusivo? ― o capitão me perguntou, sentando-se na beirada da minha cama.

―Nunca se conformou por eu ter deixado a Polônia ― Yuri começou a passar a sua língua áspera na minha pele exposta do braço e afagou a sua cabecinha nele ― Agora você vem seu bobão? Quase morremos e você estava dormindo? Eu deveria ter escolhido o cachorro.

Eu briguei com o gatinho, que miou baixinho como se pudesse entender o que eu tinha falado, devolvi o copo para o capitão e aninhei o animal nos meus braços.

―Eu estava brincando, eu sempre escolheria você.

―Você tem algum lugar pra ficar? ― eu olhei para ele, minhas mãos tocando a minha garganta, sentindo uma parte áspera se formar na minha pele, o capitão afastou a minha mão ― algum lugar seguro?

Eu dei uma risada baixa, tanto porque não queria fazer desdém da preocupação dele ou porque houvesse algum lugar seguro pra mim, eu era um alvo, não haveria um lugar em que eu não tivesse que olhar sobre os ombros, ou pudesse me deitar sabendo que nada ia me acontecer, eu estava marcada.

―Um cofre forte, o meio da floresta amazônica ou em algum lugar da Groelândia não faz diferença alguma ― eu toquei a minha fronha de cataventos ― ele vai me achar, me caçar e me matar.

O capitão parecia indignado com a minha constatação, suas mãos na cintura os olhos em mim e a sua boca levemente aberta na tentativa de dizer algo ou encontrar alguma solução pra mim. Tentei imaginar o que se passava na cabeça do honorável capitão América, dono da moral e bons costumes. Afaguei Yuri, imaginando o deixar sozinho a mercê nas ruas.

―Pode ir agora, muito obrigada por ter te ajudando ― eu disse, me levantando da cama, o capitão esticou a sua mão, para que eu ficasse no meu lugar, olhei em volta em busca de alguma alteração que eu não tivesse percebido nos meus momentos de auto piedade ― o que foi?

―Como você mesma disse não está segura! Temos que fazer algo em relação a isso ― me respondeu muito sério.

―Você não é o imprestável que instalou os alarmes, que obviamente vai ser processado, não precisa fazer nada por mim, Amanhã mesmo eu instalo uns alarmes melhores.

―E se ele voltar?

―Yuri vai me defender, apesar de não parecer ele é uma fera disfarçada. ― o capitão riu, se apoiando no meu guarda roupa.

―Pegue umas roupas, fique no meu apartamento hoje ― sugeriu o loiro, prevendo que eu negaria ele fez sinal para que eu me calasse ― Eu insisto, eu não conseguiria dormir a noite sabendo que algum maníaco pode entrar aqui e tentar te matar.

―E se ele aparecesse enquanto estou por ai no apartamento de um estranho ele provavelmente te mataria antes de me matar.

Katie bateu na minha porta escancarada, se aproximando lentamente de nós, insegura ela não segurava uma arma, eu sorri debochada pra ela, essa era a segurança que Fury podia me garantir.

―Katie, que gentileza aparecer eu vou precisar de um atestado.

―O que aconteceu?

―Espera, vocês se conhecem?

―Trabalhamos no mesmo hospital ― Justificou-e a loira, se aproximando ainda mais e se sentando na cama ao meu lado ― Ele voltou querida? Achei que estaria segura aqui.

―Bem, eu obviamente não estou ― Yuri percebeu a minha, inquietação e se afundou nos meus braços, se esticando e exigindo a minha atenção, lambendo meu braço e miando agoniadamente, aproximei o gato do meu rosto e dei um beijo no gato ruivo ―Estou aqui sua bola de pelos, desculpe pelo susto.

―Eu vou falar com o chefe, eu não posso continuar aqui ― Katie tocou o meu joelho, dando seu melhor olhar de compreensão.

―Por isso que você deveria ficar na minha casa hoje a noite ― A loira na minha frente lançou um rabo de olho pro capitão, sugerindo para eu pegar a oportunidade ― Eu poderia protegê-la até encontrar uma solução melhor.

―Eu não vou conseguir dormir ― murmurei.

No final, eu não consegui dormir e tive que ir para o apartamento do capitão, ele era pequeno, uma pequena sala com uns sofás de couro e um aparelho de som, a cozinha era limpa e tinha a aparência de quem nunca era usada.

―É muito gentil da sua parte ― eu disse, olhando o escudo que ficava na sala, exposto, Yuri estava no meu colo e eu acariciava o seu pescoço enquanto ele ronronava ― Vou fazer o possível pra que ele não solte pelo aqui.

―Sem problemas ― ele me guiou por um corredor estreito, tinha apenas um quarto com uma cama de casal desfeita e na parta em frente ficava o banheiro ― Você dorme aqui.

―Sua cama? ― perguntei desconfiada.

―Sim, eu fico com o sofá, essa cama é macia demais ― adentramos o cômodo, que não era nada do que eu esperava, era branco e simples, sem muitos objetos pessoais, algumas fotos do que aparentava ser a família dele, tendo em vista o quanto estava desgastadas ― O que foi?

―Esperava foto do presidente, listras e estrelas, quem sabe uma pequena sessão com a história do seu país, algo mais... Patriótico.

O capitão riu, escorando o seu peso de um lado da porta, os braços cruzados sobre o peito, coloquei Yuri na cama, sussurrando para que ele ficasse quieto.

―Porque ele usa um capacete? ― ele me perguntou.

―Ele é cego de nascença ― me sentei na beirada da cama, baixa demais ― quando eu me mudei ele não conseguiu se adaptar ainda, fica batendo a cabeça em todas as quinas possíveis, então eu comprei o capacete, para ele parar de se machucar.

Como se soubesse que falávamos dele, Yuri se esticou na cama bocejando, ele era um norueguês na floresta, ruivo esticou-se em toda a sua majestosidade sobre a cama, ficando de barriga pra cima, eu rapidamente o afaguei ganhando umas mordidas carinhosas na mão.

―Muito bonito, o gato.

―Eu sei, foi amor à primeira vista, eu primeiro resisti acho que fiquei com medo de tê-lo por perto sabe? Tão bonito, tão especial, mas eu resolvi adotá-lo. Ele não tem a mínima ideia do quanto ele é bonito e de quanto eu me apeguei, não consigo me imaginar indo a nenhum lugar sem ele, faz parte da minha vida, meu lindo e quebrado gato cego. As vezes eu acho que é melhor assim, se ele pudesse ver o quanto é bonito, ele seria muito metido e provavelmente não iria me querer por perto.

―Acho que mesmo ele vendo gostaria de te ter como dona ― ficamos sem ter o que falar por um momento, desviando olhares e trocando sorrisos tímidos ― eu vou te deixar dormir agora.

―Eu não vou conseguir, estou com medo demais.

O capitão hesitou.

― Acha que poderia deixar o gato sozinho por algumas horas?

Deixei Yuri dormindo sobre a cama, com um potinho de água e comida perto dela, para que ele comesse e saímos na manhã que nascia. O céu ainda estava escuro, o amanhecer apenas se sugeria entre os prédios, o tempo estava frio e eu tinha vestido a minha jaqueta de couro e botas sem salto, caso eu precisasse correr, o capitão estava vestido como uma pessoa normal. Jeans, camiseta, casaco e um boné, que ele usava para cobrir o seu rosto em alguns lugares.

Tínhamos comprado os primeiros pretzels da manhã e um pouco de café, e eu não conseguia parar de olhar por trás dos meus ombros, o capitão copiava meus movimentos, mudávamos de rua constantemente, meu coração batia tão forte que eu achava que ele ia perfurar o meu peito, cada brisa que soprava parecia o meu fim, cada estranho que passava eu via o rosto do soldado. Eu o via vindo por mim. Eu podia sentir os olhos dele em mim, eu era um alvo para aqueles olhos tão claros e frios quanto o inverno.

―Onde estamos indo? ― eu perguntei.

―O ultimo lugar em que imaginariam procurar alguém.


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