A Arte da Guerra escrita por clariza


Capítulo 2
// protocolo fantasma //


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite, meus queridos leitores, eu pretendia demorar um pouquinho mais pra postar, mas vi tantos comentários lindos e eu tive que postar logo, estou bastante ansiosa com recepção de vocês sobre esse capitulo.

Contém um link de música escondido.



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Tinha ido para a Alemanha. Era a entrega de um grande premio que eu havia sido indicada pelo meu projeto paralelo a hidra de criogenia, eu obviamente não poderia mostrar tudo o que eu sabia, então com o básico realizado por Karpov eu consegui congelar alguns ratos de laboratório e trazer de volta alguns dois (sem braços de metal e o desejo homicida, eu espero), e a pesquisa já poderia ser levada para testes em macacos.

Isso era uma grande revolução ao mundo, ninguém tinha encontrado uma saída para todas aquelas pessoas que toparam virar picolé na esperança que um dia alguém as descongelasse, a ciência estava animada com as “minhas” pesquisas sobre o assunto, e achavam que eu poderia ser esse alguém.

Eu ganhei o prêmio, eu realmente não esperava perder pras bananas que podiam substituir uma refeição, quer dizer uma bela ideia, mas bananas? Você queria comparar trazer a vida um bando de danoninho ice com bananas?

Mas, bater as bananas não era o meu objetivo, Nick Fury estaria lá, ele era meu objetivo da noite, depois da premiação houve uma espécie de baile para os vencedores, e eu prontamente fui com o meu vestido que custou metade do valor do meu apartamento e umas jóias que eu peguei emprestadas, afinal de contas cientistas têm prestigio e não dinheiro.

Eu andei por um bom tempo antes de avistá-lo com Pierce, eu não podia confiar em Pierce, eu sabia demais sobre ele, passei as mãos no meu vestido dei meu melhor sorriso e acenei para Pierce, ele me avistou e acenou de volta, comecei a me aproximar,mas antes parei um garçom e tomei uma taça de champagne, eu não sou muito de beber, principalmente champagne que parecia mini bombas atômicas estourando em toda a sua boca, tive que fazer força pra engolir.

―Senhor Pierce! Que honra conhecê-lo! ― eu disse esticando a minha mão, e ele a pegou com um sorriso.

―A vencedora na noite, a honra é toda minha em conhecer a pessoa que pode trazer de volta todos os criogenados a vida ― eu sorri para ele, eu detestava esse teatrinho de estamos nos conhecendo agora, eu o conhecia muito bem.

―Você deve ser Nick Fury! Ouvi muito do senhor ― estiquei a minha mão e ele a pegou, a virando e beijando o torso da minha mão, não pude evitar uma risada.

―Espero que coisas boas.

―As melhores possíveis ― eu sorri para eles, havia esquecido meu plano, na verdade meu plano não contava com Pierce perto. Eu estava nervosa, com as minhas mãos suando.

―Então senhorita Konstantinovka, de onde veio à ideia de criogenia? ― Pierce perguntou pra mim, eu limpei as mãos no vestido esperando que não ficasse marcado.

―Meu avô ― respondi com meu sotaque búlgaro cortante ― ele foi congelado quando morreu e eu sempre quis trazê-lo de volta, então passei a minha adolescência, quando eu era feia e cheia de espinhas aos primeiros anos como adulta estudando genética.

―Isso é bem interessante, tirando o fato que eu duvido que a senhorita um dia tenha sido feia ― Fury comentou, ainda sorrindo pra mim.

―Acredite em mim, puberdade é o grande photoshop da vida e eu fui praticamente editada pela vogue ― eles riram por educação, quando um garçom passou eu peguei mais uma taça de champagne e tomei, as bombinhas voltaram a minha boca, uma musica suave tocou ao fundo essa era a minha deixa.

―Fury, essa é uma das minhas musicas favoritas, dança comigo ― peguei a mão dele o levando para salão e deixei a taça numa bandeja qualquer, Nick Fury colocou as mãos na minha cintura e eu coloquei os meus braços nos ombros dele.

―Devo te dizer que eu sou um péssimo dançarino ― ele me disse.

―Isso não será um problema, eu não sou lá essas coisas ― olhei em volta, esperando que ninguém estivesse prestando atenção em nós, eu tinha que contar o que eu sabia, mas eu tinha medo de me tornar um alvo ou pior que ele não acreditasse em mim.

―E que eu sou casado ― comentou, fiquei envergonhada de ter dado a entender que eu estava dando em cima dele.

― Oh, eu não estou... Olha... ― me atrapalhei nas palavras, respirei fundo ― eu não estou dando em cima de você, na verdade eu te pedi uma dança porque você parece ameaçador.

―Obrigada, eu acho ― respondeu.

―Acha que esse lugar é seguro? ― perguntei, Fury me olhou desconfiado ― Eu tenho uma coisa com segurança.

―Sim, porque acha que esse lugar não é seguro? ― ele me girou no salão, me guiando pro meio das pessoas.

―Porque eu acho que nenhum lugar é realmente seguro, ou nada, nada é completamente solido ou seguro, tudo tem uma brecha uma maneira de entrar e é nisso que eu não confio, nas possibilidades ― torci pra ele entender do que eu falava ― Sabe, acho que em todos os lugares as pessoas vão achar um jeito de se infiltrar, de corromper, as pessoas acham que é paranoia minha, mas é apenas a verdade.

―Acho que você não tem nada com o que se preocupar, A S.H.I.E.L.D. está protegendo esse lugar.

―A S.H.I.E.L.D. é segura? ― Ele parou de dançar e me encarou, seu olho em mim, o que era horrível a sensação daquele olho me encarando ― Me desculpe, é só curiosidade acadêmica, eu tenho esse toc de segurança, eu sinto muito mesmo.

Ele voltou a dançar comigo.

―Mudando completamente de assunto, na minha casa tem essa enorme infiltração ― ele nesse momento provavelmente achava que eu fosse louca ― E todos os caras que eu conheço me disseram “joga no google”, bando de nerds, e eu não consigo achar uma maneira segura de deixar a minha parede boa de novo. Pode me dizer o que fazer?

―Talvez devesse procurar quem entende do assunto ― sugeriu.

―Isso que eu estou tentando fazer, mas está meio complicado, as pessoas não conseguem entender o quão a parede está danificada.

―Mudar de apartamento também seria uma solução ― Nick Fury me girou mais uma vez no salão ― uma solução segura.

―Eu gosto do apartamento, fiz muitas coisas boas lá, eu tenho projetos e o meu gato é cego, acho que ele não se adaptaria a outro lugar ― me justifiquei, nesse momento num leve tom de desespero.

―Nesse caso então, se a infiltração é tão profunda talvez devesse destruir a parede, mas com segurança é claro, seria uma pena se o seu gato cego se machucasse no processo de demolição, onde a senhorita disse que mora?

―Polônia, mas eu nasci na Bulgária, Polônia tem uma hidrografia melhor que a Bulgária, meus pais acharam que seria melhor pra nossa vida.

―Entendo ― ele se afastou e beijou a minha mão, me levando de volta ao pequeno bar ― Eu acho que a senhorita já tomou uns drinks a mais, eu poderia pedir para alguém levá-la pra casa em segurança.

―Eu realmente não preciso, mas muito obrigada pela dança ― eu disse, rindo enquanto chegávamos perto do Pierce ― Senhor Pierce, Senhor Fury, essa é a minha deixa pra ir pra casa, mas muito obrigada, foi um prazer conhecê-los.

Eu sai do salão com o meu coração pulsando, eu não podia correr como eu queria, então tive que andar bem devagar como se tivesse me sentindo alterada pela pouca bebida que tomei eu ouvia meus saltos tilintando no chão de mármore, fui até o lugar onde guardavam os casacos e peguei o meu casaco e voltei pro hotel.

Eu realmente imaginei que uma equipe viesse me resgatar e me fazer falar tudo que eu sabia, mas não foi bem assim, na manhã seguinte eu ainda tive que voltar para a polônia e agir como se nada tivesse acontecido, Talvez ele simplesmente achasse que aquilo que eu falei fosse loucura, ou não acreditasse. Mesmo assim eu fiquei nervosa, qualquer menção a Alemanha me deixava insegura, tentei me acalmar e pensar que isso tudo não daria em nada.

Fui convocada junto com uma equipe para fazer exames no soldado mais uma vez, a pessoa celestial que se encarregava de pedidos deveria me odiar do fundo da alma, já que eu devera conduzir os exames, eu não fiz questão de acordá-lo, não cometeria o mesmo erro de novo, então o esperei na sala metálica em que eu deveria examiná-lo, eu tinha uma noção de como utilizar os aparelhos na sala, de raio- x e ondas cerebrais, mesmo assim eu tive ajuda de outros dois doutores Oliver e Nana.

O soldado veio andando, usando apenas uma calça e seu peito exposto ele andava de calça erguida e se sentou na cadeira, eu me aproximei lentamente com medo que ele segurasse meu braço mais uma vez.

―Pode virar o seu pulso pra mim, por favor? ― perguntei, e ele sem reação o virou pra mim e eu enfiei a agulha em seu braço, injetando o soro eu me recusei a olhá-lo diretamente, ele era um monstro , sem remorso, eu não podia suportar ― Obrigado, Soldado.

Oliver tomou o meu lugar, fazendo uma tomografia. Nana era uma típica polonesa, olhos muito azuis cabelos longos e loiros e um corpo avantajado, mesmo escondido nas roupas simples e jalecos, Nana era a definição de “mulher gostosa” os seios grandes e corpo curvilíneo. Ela se sentou perto de mim, sorrindo animada.

―Ele é fascinante não é? ― ela me perguntou.

―Sim, uma arma perfeita, uma sombra ― peguei o meu celular dentro do bolso de trás.

―Trabalhou com ele antes né? Ouvi dizer que ele é implacável, quero dizer o quanto trabalharam nele, ouvi falar que ele era um soldado antes de tudo isso, e que o soro aflorou diversas coisas nele ― ela tagarelou enquanto eu fingia que escutava a verdade era que eu não queria escutar nada relacionado a ele, queria me livrar disso o mais rápido possível ― ele está tendo uma ereção?

Levantei minha cabeça imediatamente olhando para o corpo estendido na maca nem nenhuma elevação onde ela afirmava ter, eu olhei pra ela confusa, Nana apenas riu da minha expressão.

―É impressionante como genitais masculinos sempre garantem a sua atenção.

―Ele é um paciente e eu preciso estar atenta a qualquer sinal que a criogenia possa ter causado como efeito colateral, Nana.

―Virar picolé não causa ereção, já cientistas gostosas... ― ela piscou pra mim.

―Na verdade, a criogenia pode causar defeitos no cérebro do paciente, e ele sendo congelado e descongelado tantas vezes pode causar alguma desconfiguração química, causando assim uma ereção.

―Vocês duas sabem que ele pode ouvir vocês discutindo sobre o pênis dele, não sabem? ― Oliver perguntou tão vermelho quanto o seu cabelo, Nana deu uma grande gargalhada. Ela era uma cientista incomum, ela ao contrario da meia dúzia de velhotes que tinham aqui, trazia vida ao local com as suas gargalhadas.

―O que estamos discutindo é puramente cientifico ― respondi enquanto o ruivo voltava ao trabalho, prendendo os sensores na cabeça do soldado que estava imóvel.

―E não estamos discutindo proporções ou medidas ― continuou a minha amiga ― mas eu aposto que estamos falando de um tamanho mais que satisfatório ― ela cochichou pra mim baixo o suficiente para que só eu ouvisse.

―Se você diz ― respondi desinteressada.

Levaram o soldado para alguns exames físicos dos quais eu não tive acesso, sentei-me numa área afastada dentro do laboratório respirando profundamente, eu deveria aplicar o próximo exame, um psicoteste para avaliar alguma alteração mental junto com Oliver, ele faria as perguntas e eu deveria anotar as suas reações para uma possível alteração mental ou genética, nos fazendo reverter o soro ou aplicá-lo em maior quantidade.

―Vamos almoçar ― O ruivo me chamou, olhei o relógio que eu usava no pulso direito, eram onze de cinquenta e três.

―Mas o exame é agora ― rebati, me levantando com ajuda dele.

―E daí? Ele espera mais um pouco.

―Eu estou sem fome, posso começar o teste pra você ir comer ― ele revirou os olhos, pegando a minha mão e colocando sobre o seu rosto.

―Porque você é assim Freya? É seu horário de almoço, vamos comer, te garanto que quando nós voltarmos ele vai estar na sala esperando por nós.

―Eu sei, mas eu quero terminar logo com isso ― respondi, ele tinha os olhos verdes numa expressão de compaixão comigo ― Não estou me sacrificando ou algo do tipo, só finalizando uma tarefa.

―Okay, vou comer rápido e já volto ― respondeu, dando um beijo na minha bochecha, e me levando para o corredor onde havia uma sequencia de salas bem iluminadas, parei na terceira porta antes do fim e me despedi do meu colega, o soldado estava sentado numa pequena mesa de metal, o braço de metal exposto assim como o seu peito, os cabelos negros cobriam o rosto dele, o soldado não se mexeu quando eu entrei na sala.

Um outro soldado que estava lá dentro me entregou uma pasta com as perguntas que e deveria fazer, figuras e um lugar para que eu o anotasse, agradeci e me sentei de frente para o soldado, espalhando as coisas sobre a mesa e pegando uma caneta para anotar os resultados, o homem levantou a cabeça, me observando calmamente. Quando ergui a minha cabeça eu vi o seu rosto, parecia cansado, marcado por mil batalhas.

―Boa tarde, eu sou a doutora Freya Konstatinovka e eu estou aqui para te ajudar ― me apresentei ― Eu preciso fazer umas perguntas e eu preciso que você me responda, é bem simples.

Ele concordou com a cabeça e eu peguei uma pequena ficha.

―Quem é você?

―Eu sou o soldado invernal ― me respondeu no mesmo segundo em que fiz a pergunta.

―O que você é?

―Um soldado.

―Qual a sua missão?

―Destruir qualquer que seja o meu alvo.

Anotei os meus resultados, não havia nenhum sinal de alteração com os resultados anteriores, peguei uma pequena placa com nomes escritos e pedi para que ele me dissesse a primeira coisa que aparecesse em sua cabeça, os resultados foram satisfatórios comparado com os anteriores, assim como os demais. Faltava apenas mais um quando eu realmente fiquei com fome, olhei para o soldado junto à porta, ele tentou me ignorar.

―Poderia, por favor, pegar uma porção de batatas fritas, pra mim e contribuir com a ciência?

―Eu não sou sua empregada ― ele me respondeu com sotaque americano.

―Espere até eu contar ao Karapov que você estava dificultando o meu trabalho, americano.

O homem cerrou os dentes, me lançando um olhar mortal e recebendo um de volta do soldado invernal.

―Acho que a moça está com fome ― alertou.

E ele saiu de contragosto, batendo os pés no chão e batendo a porta atrás de si, eu sorri para o moreno na minha frente, juntando as fichas que eu segurava na minha mão.

―Obrigado, soldado ―li uma pequena ficha ― Você tem algum tipo de dissociação ou alucinação quando está acordado?

―Não ― respondeu, cruzando os seus braços sobre a mesa, o americano voltou com a minha porção de batatas fritas, eu peguei uma e enfiei no molho barbecue que ele tinha trago junto, e enfiei na minha boca.

―Pega uma ― disse para homem na minha frente, ele recusou com a cabeça e ouvi o americano resmungar alguma coisa.

―Algum problema com os meus métodos, americano? Se tiver você pode me dizer agora, e entrar numa universidade e tentar pegar o meu lugar aqui, alguns de nós temos que estudar pra conseguir um lugar aqui e não só saber meia dúzia de golpes de caratê.

―Meia dúzia de golpes de caratê? ― o americano debochou, saindo do seu canto percebi que ele era um típico garoto americano forte demais, os braços enormes e cabelos raspados, tentava fazer uma expressão intimidadora ― golpes de caratê que poderiam te matar em menos de um segundo, vadia.

―Sim poderia, assim como eu poderia colocar algo na sua comida, na tubulação do seu quarto, nas suas roupas ou sapatos, você poderia inalar agora mesmo e meu caro e você nem saberia, apenas descobriria quando começasse a sufocar, tão desesperador e agonizante que você ia preferir que alguém te matasse, na verdade você imploraria pela morte, mas eu faria o seu sofrimento durar por horas, por dias se me agradasse, tudo que precisa é a minha vontade, então, antes que eu te envenene sashay away.

―Escuta aqui vadia...

―Escuta aqui você, Meu pai trabalhou aqui antes de mim, eu trabalho aqui a anos, ninguém conhece tão bem esse soldado entre nós como eu, as formulas os soros e aplicações, eu sou indispensável você não soldadinho de chumbo, é só mais um peão nesse tabuleiro de xadrez, eu sou um bispo, e bispos destroem peões assim ― estalei os meus dedos.

Antes que eu pudesse me afastar ou fazer alguma coisa, o soldado invernal segurou a mão do americano, poucos centímetros do meu rosto, eu me afastei ficando imediatamente em pé, minhas mãos cobrindo meu rosto em choque, desviei da mesa e corri até a porta, a escancarando e chamando ajuda, logo a sala estava com cerca de cinco outros seguranças enquanto eu explicava o que tinha acontecido, sendo constantemente interrompida pelo americano.

No final resolveram remover o americano da base polonesa da Hydra, Nana já tinha entrado na sala e quase bateu no soldado e tinha agarrado o meu braço com todas as forças antes de perguntar milhões de vezes se eu estava bem e ameaçando o americano. Quando em soltei dela entreguei a Oliver os meus resultados, e antes de sair da sala eu passei pelo soldado invernal que estava no fundo da sala, com os braços cruzados sobre o peito, observando.

―No que está pensando? ― perguntei, ele me olhou, os olhos azuis e frios em mim.

―A forma mais fácil de matá-lo ― Me respondeu, eu desviei o olhar.

―Eu queria agradecer, sabe, ter parado o soco que provavelmente quebraria meu nariz e eu realmente não queria fazer uma rinoplastia em Chelm ―Ele não entendeu a minha piada, eu toquei o seu braço – o que não era de metal- tentando dar um sorriso ou algo que mostrasse que eu estava realmente agradecida por não ter que mudar o meu rosto, ele se afastou ao meu toque, torcendo o rosto com o contato inesperado ― Muito obrigado, soldado.

E me retirei da sala, não o olhando para trás.Horas mais tarde Oliver concluiu os exames enquanto eu e Nana estávamos na sala vizinha, eu me recuperava do choque e ela me acompanhava.

―Vocês tem que ver isso ― O ruivo disse, aparecendo na fresta da porta e nos chamando pra outra sala. Quando Oliver se afastou, estendendo as chapas eu me aproximei para analisá-las o hipocampo dele estava extremamente danificado, assim como o lobo temporal e a amídala, o que deveria estar cinza estava levemente escurecido.

―Isso está certo? ― Nana perguntou, Oliver tinha cruzado os braços sobre o peito.

―Sim ― Todas essas áreas danificadas, memórias, medo e seus sentimentos tão terrivelmente arruinados, o cérebro escurecido. A ciência não tinha encontrado uma formula de reconstruir o tecido cerebral, eu me virei, o soldado tinha sentado na maca e eu olhei diretamente seu rosto.

Outrora ele deveria ter sido muito bonito, antes do seu braço de metal ou o cabelo longo, me senti culpada por ter pensado algo tão horrível dele, ele não sentia remorso pelos danos causados pela Hidra, ele não podia sentir isso porque fora arrancado dele. Ele me olhou desafiador e eu queria me desculpar, me lembrei do que eu havia lido um dia, até que os leões aprendam a contar as próprias histórias os contos de caça sempre vão vangloriar o caçador. O soldado era um leão, desmemoriado, sem poder contar a própria história. Morto dentro de uma vida de violência me perguntei o que aconteceu para o seu cérebro ser tão danificado.

Percebi que falhei em meu julgamento, eu o tomei como um vilão quando o soldado era apenas mais uma vitima de uma guerra sem sentido, uma briga de poder que eu ajudava a construir, e me senti suja por ajudar que mais pessoas morressem que pessoas fossem torturadas, que futuros soldados fossem construídos.

―Vocês podem me cobrir? Estou me sentindo meio mal ― perguntei, ainda encarando o soldado e sentindo os olhos dele em mim, sentia lagrimas incomodas se formando em meus olhos, eu não podia demonstrar essa fraqueza, não agora.

―O que aconteceu Eff? ― Olie perguntou, sua voz preocupada.

―Além do fato de eu quase ter tomado um soco na cara? enxaqueca, e essa luz forte não está me ajudando, eu queria ir pro meu apartamento deitar no escuro com o Yuri.

―Mas ele é cego ― Nana respondeu.

―Vantagens de ter um gato cego, ele não sabe quando está escuro ou claro ― e me apressei em sair da sala tirando meu jaleco no caminho para o vestiário pegando a minha bolsa e chaves, tudo que eu imaginava era uma forma de sair dali, me deixei chorar quando cheguei na rodovia que ligava a base da Hydra ao meu apartamento no centro, as primeiras lagrimas escorreram silenciosas e tinham gosto de culpa. Logo vieram os soluços e o catarro, o que foi bem nojento, mas eu precisava me lavar daquilo.

Antes de ir pra casa passei no mcdonnalds e comprei bem mais do que eu precisava em batata frita e sorvete.

Ao chegar no meu apartamento liguei as luzes e Yuri veio miando até os meus pés, eu já tinha parado de chorar mas ainda sentia meus olhos úmidos, coloquei o pacote do fast food na mesinha de canto e percebi que eu e Yuri não estávamos sozinhos, uma mulher estava sentada na minha cama, lendo a minha edição da vogue UK, ela estava usando um uniforme e o cabelo preso num coque alto, ela me encarou e sorriu.

―Quem é você? ―perguntei, segurando a porta para que se eu precisasse sair eu corresse o mais rápido que pudesse, já que em uma luta eu provavelmente morreria.

―Agente Maria Hill ― respondeu-me se levantando.

―O que você quer?

―Nick Fury quer te ver.


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Notas finais do capítulo

Não deixe ele sem intenção
Para manter Jesus cristo
Não seja gentil com ele
Querida não o alimente
Ele vai voltar ♪ ♫



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