Acordo com uma forte dor de cabeça. Abro os olhos devagar, pois a luz forte irrita meus olhos. Olho ao redor e percebo que estou na clínica do Deaton, em cima de uma mesa que está no centro da sala. Me sento na mesa, e então vejo Liam e Isaac dormindo sentados em duas cadeiras, parecem estar em um sonho profundo. Tento me levantar sem fazer barulho, mas faço totalmente o contrário. Caio no chão e derrubo uma cadeira, fazendo um barulho alto, e acordando Isaac e Liam. Os dois me olham assustados com seus rostos amaçados, e depois vêm me ajudar a se levantar.

— Você tinha que nos acordar, mas não desse jeito. — Diz Liam bocejando.

Sinto uma enorme felicidade ao vê-lo novamente, e bem. Dou-lhe um forte abraço apertado, e ele retribui.

— Estava tão preocupada! — Ele faz carinho na minha cabeça, e eu estranho, já que na maior parte do tempo estamos provocando um ao outro, mas um estranho bom.

— Sou forte, nada acontece comigo.

Me afasto dele rindo.

— Valeu senhor fortão. — Nós dois rimos, e Isaac fica calado — E você Isaac, como está?

— Depois de tudo o que aconteceu você quer que eu responda o que? — Isaac diz friamente. Essa doeu, doeu no fundo. O que será que aconteceu? Não me lembro de muita coisa de ontem, só que eu fui ao campo ajudá-los, e Max estava junto... Leonis.

— Calma cara, ela acabou de acordar. Ela desmaiou, lembra? — Liam diz confuso com a reação de Isaac.

—Então é isso, eu desmaiei. — Faz sentido a dor de cabeça. — O que aconteceu depois que eu desmaiei?

— Não muita coisa. —Isaac sussurra.

— Bem que quando vocês chegaram e nós não vimos o resto do bando deles reagir, achamos que tinha algo de errado, mas só depois vimos os caçadores entrarem em ação. Assim que eles entraram no campo com suas armas, todos começaram a fugir, só deu tempo de ver o Max ser pego por um deles.

— Espera, o Max foi capturado? — Digo surpresa, e preocupada.

— Sim. — Ele diz sem nenhuma preocupação na voz. — Mas esses caçadores eram diferentes, tinham umas mascaras...

— Como assim o Max foi capturado? — O corto.

— Porque está tão preocupada, Anne? Medo que façam algo ao seu namoradinho? —Diz Isaac tentando parecer frio. Mesmo assim, dá para perceber, claramente, dor em sua voz.

— Namorado? Do que está falando? — Digo surpresa ao perceber seu tom.

— Vocês não estavam juntos ontem?

— Ah! — Digo rindo. — Por isso que está assim? Ciúmes?

— Ciúmes? — Ele diz irônico. — De quem, de você? — Ele ri alto.

— Isaac! — Liam parece saber o que estar por vir.

— Por que isso, Isaac? Por que está tão diferente?

— Diferente?

— Sim, diferente! — Seguro o choro em minha garganta, não acredito que ele está me tratando assim. — Primeiro você é um amor, um fofo. Faz de tudo para que tenhamos uma relação. E agora me trata assim? O que aconteceu com você?!

— Relação? — Ele ri irônico, mas consigo ver dor em seus olhos. — Nós nunca tivemos nada, Anne. E nunca teremos.

Ele me encara por alguns segundos, consigo ver como aquilo está doendo nele. Mas porque ele está fazendo isso? Não é ciúmes, disso eu sei.

— Isaac...—Tento conversar com ele, ver o que está acontecendo, mas ele não me deixa.

Seus olhos tornam-se sombrios, a dor toma conta do mesmo.

— Eu enganei você, Anne. E você caiu direitinho.

Isaac sai do consultório e eu começo, desesperadamente, a chorar. Não acredito que ele fez isso, não acredito que este seja o Isaac. Liam me abraça, em tentativa de me ajuda.

— Eu não sei o que está acontecendo com ele, ontem estava todo preocupado com você, até citou que quase te machucou e que se sentia terrível por isso, escolheu ficar aqui! E agora lhe trata assim.

Será que ele tava fazendo isso por causa do ataque? Mas não posso lidar com isso agora.

— Como está todo mundo?

— Scott e Allison estão na casa dele; Lydia foi para casa do Stiles, está muito abalada.

— E Mary?

— Mary... — Seus olhos se iluminam por um instante. — Tá lá em casa, não conseguiu voltar pra casa depois de tudo.

— Meu pai? — Digo, com medo da resposta.

— Não sei, Anne. Mas o vi fugir. — Suspiro.

Em casa, eu tenho certeza que ele não está.

— O que aconteceu com Max?

— Foi capturado pelos caçadores.

— Quantos eram? Para onde você acha que eles foram? Como eram?

— Três. Não sei. Já falei, tinham mascaras, tipo de gás, sabe? — Balanço a cabeça em confirmação. — E uns sobretudos. Não parecem ser humanos, são... diferentes. A propósito, porque tanta preocupação?

— Ele me ajudou, tá legal? Não só ontem, mas descobri que ele tem me ajudado. Agora é minha vez de ir atrás dele.

— Como assim “tem me ajudado”? O que descobriu?

— Longa e confusa história, depois lhe explico. Alguém do bando pode ajudar?

— Não sei, tá todo mundo muito abalado ainda. Ainda mais sendo Max...talvez, se você me contasse o que aconteceu, ajudaria. — Disse ele, de certa forma, curioso.

— Olha, meu pai queria que eu fizesse parte do bando, pelo o que eu entendi, ele mandou Max para certificar-se disso. Ele meio que me protegeu, entende? Cuidou disso, fingiu as coisas por mim. Então eu não posso deixa-lo na mão agora.

— Não sei, Anne. Não acho que deva acreditar, muito menos confiar em Max.

— Só. — Digo tentando manter a calma. — Ligue para eles.

— Okay, hum... — Ele tira o celular do bolso e disca alguns números. — A Anne acordou. Hum, ele falou? Ele tá aí? Olha, ela tá querendo conversar com vocês, é sobre o Max. Sim, pelo o que eu entendi mais ou menos isso. Olha, eu não sei, beleza? Acho melhor conversamos com ela aí. Acho que sim, não acho que Anne se importará. E por favor, Stiles, segure ele, quer dizer, faça o ficar calmo, ele não pode trata-la assim por uma coisa tão boba.

— Quem não pode tratar quem por uma coisa tão boba?

Seria Isaac?

— Ninguém. Vamos?

Concordo com a cabeça e entramos no carro. A viajem é completamente silenciosa e logo chegamos a uma casa, mas dessa vez não é do Scott. É da Allison.

Bato a campainha e Sr.Argent abre a porta pra mim, entro e deparo com todos na sala: Allison e Scott abraçados. Ela ainda parece estar bastante fraca. Lydia e Stiles juntos, dou um pequeno sorriso em sua direção, pelo menos uma coisa deu certo, não é? Mary, que eu nem mesmo tinha visto, corre em minha direção e me abraça. Vejo Isaac sentado ao lado de Derek, ele parece ter chorado, e parece mais abatido do que na última vez que nos vimos, mas continua sério e frio.

Abraço as meninas, primeiro Alison e depois Lydia.

— Fico feliz que esteja bem. — Scott diz.

— Acho que posso dizer o mesmo. — Sorrio para ele.

— Tudo muito bom, mas vamos direto ao assunto? — Diz Deaton entrando na sala.

— Claro! — Diz Stiles. — Descobriu algo sobre eles?

— Nada, apenas algumas lendas. Eu preciso fazer mais algumas pesquisas.

— Okay, mas que tipo de lendas? — Stiles diz, impaciente.

— Acho melhor eu ter certeza ainda, mas se eu estiver certo, o que eles fazem não é nada bom.

Abaixo a cabeça receosa. O que será que eles são?

— E você, Anne? O que queria falar conosco? — Lydia, pela primeira vez desde que cheguei aqui, fala.

— Não é que... — Por um momento pondero antes de falar. — Soube que o Max foi capturado e....

— Eu não acredito nisso. — Stiles me corta. — Você quer resgata-lo?

— Sim.... Qual o problema com isso?

— Anne, nós não podemos confiar nele, okay? Ele estava com eles, ele é um inimigo.

— Não, você não sabe de nada. Ele me ajudou, okay? Ele me contou o tudo o que estava acontecendo, ele me protegeu, todo esse tempo, do meu pai e desse bando! —Digo já exaltada e percebo um sorriso discreto de Isaac. Mas não um sorriso de quem achou graça, mas sim um sorriso irônico. Olho para Scott.

— Stiles tá certo, Anne.

—Esses caras podem ser perigosos, Anne. — Diz Stiles, calmamente.

— Ninguém vai me ajudar, é isso?

A sala, de repente torna-se um silêncio.

— Mary? — Ela balança a cabeça singelamente, não acredito que nem mesmo ela me ajudará. — Liam? Pelo menos você, vocês já foram amigos, lembra?

— Desculpa, Anne, mas não. Eu matei Zack e... — Sinto por um momento sua voz tremer. — Não acho que Max me receberia bem, eles eram melhores amigos. Acho melhor não.

— Tudo bem! Eu não preciso de vocês, okay? Nenhum de vocês! Eu vou nessa.

Pego minha bolsa e vou em direção a porta, quando estou próxima a ela, escuto a voz que queria tanto ter escutado, todo o dia.

— Anne. — Isaac diz, sua voz suplica para que eu fique.

Pelo visto, mesmo sei lá o que eu tenha feito, ele me quer aqui.

Saio pela porta com o coração despedaçado, olho para trás e vejo Isaac ainda sentado, com aquele mesmo olhar sombrio, mas mesmo assim parecendo-me preocupado. Parece estar arrependido de me chamar. Mas que diabos está acontecendo com ele? Isso não importa, tenho que encontrar Max.

E pelo visto, entrarei nessa sozinha.