A Bastarda escrita por The Rootless


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Eu já expliquei o motivo da minha pequena - e foi pequena mesmo-, demora, certo? Okay.
Queria agradecer as leitoras que comentaram, amei ler seus comentários e amo respondê-las, só acho que os comentários estão fracos... É sempre assim? Enfim, chega de lenga-lenga

Boa Leitura...



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America engasgou-se com a própria saliva. Começou a tossir desesperadamente, sentindo o rosto ficar vermelho por causa do esforço. O senhor Schreave, que estava branco como talco - coisa que a jovem achou fascinante, já que ele era bem bronzeado -, imediatamente começou a dar tapinhas em suas costas. Isabel voltou a se abanar com o leque, a expressão em um misto de impaciência e um pouco de frustração. Ao voltar a si, America - com o rosto ainda vermelho, porém, dessa vez, de vergonha - só conseguiu formular uma única palavra:

– O quê?

– Ora, é muito simples. O caríssimo senhor Schreave aqui – ela deu um tapinha no joelho do dito cujo, que ainda tentava se recuperar do choque – simplesmente destruiu sua reputação ao se jogar em cima de você no meio, oh, Deus, de uma rua movimentada.

– O quê? – foi a vez do senhor Schreave, com as grossas sobrancelhas franzidas, indagar – Mas eu só fiz aquilo para salvar a vida de sua bisneta! Não é possível que deseje que nós dois nos casemos por causa disso.

– Não só é possível, meu ilustríssimo senhor Schreave, como é exatamente isso que está acontecendo. Aposto que fez seu dever de casa direitinho para saber que não pode simplesmente pular em cima de uma moça de família no meio da rua.

A “moça de família tapou o rosto com as mãos. Isabel já a tinha feito passar vergonha antes, mas aquilo era o cúmulo. Abriu a boca para falar, mas o senhor Schreave, que já havia perdido a paciência, foi mais rápido:

– E eu aposto que você, senhora Singer, também fez seu dever de casa direitinho para saber que não pode me forçar a casar com alguém desse jeito.

America, além de estar sendo totalmente ignorada, acabou ficando meio ofendida com toda a situação. Por que o senhor Schreave resistia tanto assim em se casar com ela? Sabia que não era a mulher mais maravilhosa do mundo, mas também não era um sapo!

Resolveu então pagar na mesma moeda. Levantou-se, colocou as mãos na cintura e disse:

– Bom, também não estou muito satisfeita em ser forçada a me casar, meu ilustríssimo senhor Schreave.

Os outros dois olharam para ela, paralisados, como se só naquele momento tivessem percebido que ela ainda se encontrava ali. Maxon, se recompondo, percebeu duas coisas: a primeira era que a senhorita Singer ficava encantadora quando brava. Xingou-se logo após ter esse pensamento; não existia nada mais clichê do que aquilo.

A segunda coisa era que queria se casar com ela. Não estava apaixonado, claro, mas nunca tinha visto nenhuma moça levantar a voz para ele, muito menos o rejeitar daquele jeito. Se fosse sempre assim, tê-la como esposa seria, no mínimo, divertido. Além disso, ninguém merecia morar por mais um segundo com aquela detestável senhora Singer. Completamente decidido, virou-se para a velha e disse:

– Tudo bem, eu aceito. E, senhorita Singer, agora é Maxon para você.

+++++

America realmente desejava não ter aceitado se casar com o senhor Schreave, mas a razão falou mais alto. Não era nenhuma tola: sabia que, se um duque estivesse disposto a se casar com ela - mesmo que estivesse sendo obrigado a isso -, concordava e ponto final. Além disso, ele era muito bonito e bem rico, também. Provavelmente a trairia sim, mas não dizem que todos os homens traem suas mulheres? Pois bem, então preferia ser traída vivendo luxuosamente.

Era por isso que, naquele momento, encontrava-se passeando de braços dados com ele no pequeno, mas bem cuidado, jardim da casa Singer.

– Então, acho que também deveria começar a chamá-la por seu nome, certo, America? – começou Maxon mexendo distraído, numa bela rosa branca com a mão desocupada.

Ela bufou. As sobrancelhas franziram-se numa expressão de frustração. Maxon observou-a de novo, admirando pela vigésima vez naquele dia os cabelos ruivos presos, os lábios delicados beijáveis, e aqueles olhos grandes e azuis, que naquele momento lhe pareciam tão hipnotizantes. Agora ele gostaria de bufar. Já a havia analisado tanto que provavelmente veria seu rosto quando fechasse os olhos.

O que, refletiu, não ser algo tão ruim. Embora não fosse extremamente formosa, havia algo inegavelmente atraente nas feições da moça que o fazia não querer parar de olhá-la e de desejá-la. Bom, de qualquer maneira iria casar-se com ela. Tinha que tirar algum proveito disso.

– Acho que prefiro que continue me chamando de senhorita Singer – murmurou ela, tirando Maxon de seus devaneios.

– Por que quer isso? Se me permite perguntar, claro. – falou, com um sorriso já brincando em seus lábios.

– Porque, bem, não gosto do meu nome. – ao perceber a expressão de interrogação do rapaz, ela continuou explicando – America é francês, sabe? Significa “a que governa a casa”. Bem, nunca trouxe nada além de problemas e vergonha para minha família. America só me torna ainda mais deslocada do que já sou.

Assim que acabou de falar, America repreendeu-se. O que diabos estava pensando, se abrindo desse jeito para um estranho, ou quase isso? Tudo bem que este aparentemente era seu futuro marido, mas isso não o fazia mais próximo dela, nem ela dele. Provavelmente seriam um daqueles casais que mal se viam, exceto quando… Amaldiçoou-se ao sentir as bochechas ficando quentes.

Amaldiçoou-se mais um pouco quando o viu sorrindo abertamente.

– Meri. – disse ele de repente.

– Perdão?

– Meri. É um apelido. Eu gostei. Combina com você.

– Um apelido? – indagou, franzindo o cenho.

– Exatamente. Um apelido é uma designação informal para uma pessoa. Pode indicar uma característica, podendo esta ser até mesmo pejorativa, ou uma espécie de abreviação, como é o seu caso. – discursou ele. America pensou que talvez ele engolisse um dicionário todas as noites antes de ir dormir.

– Eu sei o que é um apelido, – respondeu. Queria dizê-lo em tom de desprezo, porém falhou e os lábios se abriram em um relutante sorriso – mas ninguém nunca tinha se dado ao trabalho de pensar em um para mim antes.

Ele soltou o braço do dela e se aproximou, ficando a apenas poucos centímetros de America. Por um momento, ela se esqueceu de como respirar.

– Bom, então talvez não seja tão desagradável casar-se comigo, não é mesmo? – murmurou ele, seus lábios agora tão próximos que, se Maxon se inclinasse apenas um pouco, poderia beijá-la.

America corou. Não estava gostando nem um pouco daquilo. Ela nunca corava, e agora esse… esse homem chega como se houvesse brotado no chão - tecnicamente, pulado, mas quem se importava com esses pequenos detalhes? - e ela sentia seu rosto pegar fogo a cada cinco minutos. A pouca distância entre seus lábios também a incomodava.

Ora, não se considerava nenhuma inocente. Sabia muito bem o que significava aquele olhar confiante que Maxon estava dando a ela naquele exato momento. Aliás, tudo nele, desde os cabelos curtos e claros até as botas claramente velhas e ainda sim elegantes, exalava confiança. Um sentimento de inveja cresceu dentro de si. Desejou que fosse como ele. Desejou que não se importasse com o que pensavam dela, de sua origem.

Infelizmente, se importava. E se amaldiçoava por isso todos os dias.

+++++

Uma hora depois

Quando ela resolve aparecer

.

Quando Maxon finalmente saiu da casa Singer, se acomodou na carruagem e respirou fundo. Sentia como se tivesse tirado um sapato desconfortável depois de um dia longo. Não havia percebido o quão tenso estava. Não era por causa de Mari, claro, e sim por causa de sua bisavó. A velha com certeza poderia fazer com que o homem mais paciente do mundo quisesse matá-la.

Quanto à senhorita America Singer, sentia curiosidade. Geralmente, tinha extrema facilidade em seduzir qualquer mulher, mas aquela era diferente. Quando tentou beijá-la, a moça rapidamente se afastou com uma risada nervosa e disse que deveriam voltar para dentro, porque já estava tarde. Ele parecia, por alguma razão, assustá-la. Talvez fosse apenas anormalmente insegura, mas Maxon sentia que não era isso. Curioso como sempre fora, prometeu a si mesmo que descobriria o que a fazia tão… imune ao charme dele. E ainda havia aquela história de "eu só trouxe vergonha para minha família", o que também estava o intrigando bastante.

Mal percebeu quando a carruagem se aproximou da estalagem e, distraído, andou até a entrada.

Foi quando uma moça bonita, com cabelos ruivos levemente cacheados e redondos olhos azuis, com cílios compridos e escuros parou na frente dele. Maxon levantou uma sobrancelha, indagando-a silenciosamente. Então ela disse claramente inquieta:

– Boa noite, senhor Schreave. Acredito que estava procurando por mim.


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Notas finais do capítulo

COMENTEM! COMENTEM! COMENTEM!
Favoritem a fic isso vai me deixar muuuuuuuuuito feliz. Bjs e até o próximo cap.