A Bastarda escrita por The Rootless


Capítulo 2
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas!
Não ia postar hoje, pois não tive nem um comentário. :( Mas eu estou praticamente sendo ameaçada de morte pela minha amiga a postar, então...

Boa Leitura...



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Bath, Inglaterra, dia 10 de agosto de 1815

Quando nosso príncipe retorna da guerra

.

Maxon só queria dormir.

Em vez disso, estava ouvindo um sermão de seu pai.

– Estou lhe dizendo, Maxon. Tem que casar-se! Em breve será o duque de Illéa, e necessitará de um herdeiro. Já não está mais tão novo. Tem o que, 29 anos?

Maxon revirou os olhos. De novo com aquelas bobagens. Sua mãe morrera fazia dois meses, e por isso ele teve de retornar dos campos de batalha. Chegara fazia duas semanas, e desde então seu pai não parava de falar de como estava velho, de como morreria logo, e de como Maxon tinha de se casar.

– Por Deus, homem, relaxe. Olhe para si mesmo. Que lástima pai, dizer que irá morrer. Minha mãe não aprovaria, aliás, ela…

– Calado - exigiu Clarkson. – , não fale, nem mesmo insinue…

– Insinuar o quê? – indagou Maxon, sorrindo divertido – Ora, pai, vamos lá! Nós dois sabemos que mamãe não era nenhuma santa e…

Foi interrompido pelo soco que Clarkson dera na mesa. Se Maxon ainda tinha dúvidas de que o pai não estava em mais perfeita forma, essas tinham se dissipado ao notar a força do soco, que fizera os copos de whisky caírem da mesa e se espatifarem no chão.

– Que pena – murmurou – era um whisky realmente bom.

Clarkson ouviu e, ao ver o olhar mortal que havia dado a ele, Maxon tratou de se levantar da cadeira onde estava sentado e sair da casa, a caminho do bar mais próximo.

Afinal, a noite era apenas uma criança.

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Belfast, Irlanda, um pouco mais cedo, naquele mesmo dia.

Quando nossa princesa toma uma decisão

.

America Singer não estava de bom humor.

Aliás, como alguém poderia estar de bom humor com um bando de crianças maltrapilhas puxando seus cabelos? Como alguém estaria de bom humor com o seu vestido preto favorito todo manchado com alguma substância desconhecida? E, principalmente, como alguém poderia estar de bom humor com uma velha detestável berrando em seus ouvidos?

– Minha filha, olhe os modos! E veja como trata Charlie! – disse sua bisavó, ao ver como America balançava a perna direita na tentativa de livrar-se do garoto, que havia se agarrado à jovem com muita força, para alguém que só tinha cinco anos, e não queria soltar-se.

A bisavó de America, Isabel Singer, estava sentada numa pequena poltrona, no salão recreativo da Casa Singer, observando enquanto America se retorcia, sofrendo, tentando cuidar de seus três primos - uns pequenos demônios -, que estavam passando o mês lá, enquanto seus pais viajaram para Londres, para pegar o fim da temporada.

Graças a Deus, só faltam quatro dias para voltarem, pensou America, que já não aguentava mais ficar bancando a babá dos pequenos.

Mas, é claro, era o que merecia, por ser bastarda. E Deus o livre se se esquecesse disso. Poderia estar em uma situação muito pior. Poderia estar na rua, poderia estar trabalhando como criada ou pior, como prostituta, para poder sobreviver. Em vez disso, graças à compaixão de sua bisavó, estava segura numa aconchegante casinha. Mas o céu sabia como a sua vidinha era medíocre.

– America, Patrick me bateu – soluçou Alice, de dez anos, era a mais velha.

– Não bati! – protestou Patrick, de oito.

– Bateu!

– Não bati!

– Bateu!

– Não bati! – e com isso, Patrick também começou a chorar, se debatendo no chão.

– Oh, pelo amor de Deus! – reclamou America.

– Minha filha, não blasfeme! Olhe os modos!

+++++

À noite, America comia em silêncio enquanto Isabel, como sempre, tagarelava sobre as futilidades que America tanto detestava. O assunto da vez era como a senhorita Marlee Tames ficava péssima de amarelo.

– Ficou muito apagada, não lhe parece? Oh, esqueci que não a viu. Pois bem. Se você saísse mais dessa casa. Aliás, está na hora de encontrar marido! Afinal, já está com 23 anos. Em breve será considerada uma solteirona. Bom, não irá ser fácil lhe arranjar um marido, por causa da sua – pigarreou – bastardia, mas não é de todo feia, então…

America parou de ouvir. Pela centésima vez naquele dia, ela se perguntou o que tinha feito de tão ruim - além ser ilegítima, claro, mas sinceramente, aquilo era mais culpa de sua mãe do que sua - para merecer aquela velha senhora. Aos 62 anos, Isabel tinha, provavelmente, melhor saúde que ela própria. Ela tinha a mais plena certeza que a bisavó iria sobreviver a todos.

– ... e chamaria mais atenção se parasse de usar essas roupas pretas. Elas não te favorecem em nada. E já faz dois anos e meio que sua mãe morreu, não é preciso ficar guardando luto por tanto tempo assim!

Na verdade, o luto era só uma desculpa para ela poder continuar usando seus tão amados vestidos pretos, mas a jovem jamais diria isso. Não gostava de cores em geral, mas gostava de preto. Achava que combinava com a sua amargura. Mas, de fato, numa coisa sua avó tinha razão: America precisava arranjar um marido. Não se casaria por amor, ela não se achava capaz de amar alguém. Mas queria sair daquela casa, e um casamento seria a única forma viável de fazer isso. Naquele instante, America decidiu-se.

Iria procurar um marido, mesmo que não estivesse tão interessada nisto.

+++++

Bath, Inglaterra, no dia seguinte.

Quando nosso príncipe é enviado para uma missão

.

Maxon acordou com batidas na porta.

Estava com uma condenada dor de cabeça. Parecia que suas ressacas aumentavam conforme ia se aproximando dos 30 anos, e ele não gostava nada disso.

As batidas na porta ficaram mais insistentes.

– Inferno, entre logo! – berrou.

Uma criada entrou timidamente no quarto.

– O que quer? – resmungou Maxon tirando o travesseiro do rosto.

– Milorde deu ordens para que lhe acordasse, senhor Schreave. Disse que quer falar com o senhor.

– E milorde não pode esperar até que acorde por mim mesmo? – perguntou em tom irônico.

– Ele disse que era urgente senhor – disse ela, sem tentar ocultar a curiosidade em seu tom de voz.

Maxon blasfemou e mandou que a criada saísse do quarto. Como já estava acordado, resolveu, pela primeira vez em algum tempo, obedecer as ordens do pai, em parte porque estava um pouco curioso. Algo lhe dizia que não seria mais uma daquelas conversas sobre matrimônio.

Tomou café da manhã e foi direto ao escritório do pai.

– Por que demorou tanto? – perguntou Clarkson.

– Ah, bom dia para você também, querido pai. Linda manhã, não?

– Não me venha com sarcasmo. Espero que esteja planejando desculpar-se pelo ocorrido ontem à noite.

– Pois pode esperar sentado.

Clarkson suspirou.

– Só não irei discutir porque há algo que quero que me faça.

Maxon soltou uma gargalhada.

– E por que diabos eu faria isso?

– Porque estou lhe pedindo um condenado favor! – impacientou-se Clarkson. Respirou fundo e continuou – Só escute o que tenho a dizer, está bem?

Maxon assentiu encostando-se à mesa do escritório e cruzando os braços.

– Veja bem, descobriu-se que há uma criança bastarda de seu tio em Belfast.

– Na Irlanda?

– Onde mais? – Clarkson respondeu, irritado. – De qualquer modo, você sabe que seu tio está padecendo de tuberculose. – Maxon assentiu de novo. – E seu último pedido é conhecer sua filha.

– Filha, é? E bastarda. Imagino como Sarah está reagindo. – comentou, fazendo menção à esposa de seu tio.

– Isso não vem ao caso. A questão é que quero que você vá à Irlanda buscar a garota.

– De jeito nenhum.

– Vamos Maxon. Faça isso, se não por mim, – Maxon soltou uma risada ao ouvir isso. Jamais faria algo por seu pai, e Clarkson sabia disso. – por seu tio, e pela pobre menina, pelo amor de Deus. Ela tem direito de conhecer o pai.

– Tudo bem, digamos que eu vá. Como iria encontrá-la? Belfast é uma cidade grande. Sabe ao menos seu nome?

– Seu tio só lembra que o sobrenome da moça começava com C, ou S. Falou também que, pelo que se lembra, é ruiva e com olhos claros, e que deve ter agora por volta de uns 20 anos. – Clarkson parou e olhou para o teto estalando os dedos tentando lembrar-se de mais alguma coisa. – Oh, e possivelmente mora nos arredores de Stormont.

– Stormont, é? Então deve ser rica.

– Não sei. Não me importa. Irá ou não?

Maxon suspirou e em seguida deu de ombros.

– Bem, já faz algum tempo que não vou à Irlanda.


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Notas finais do capítulo

Comentem! Sem comentários não posto. Eu PRECISO de opiniões.
Aceito críticas construtivas, desde que sejam feitas com educação. Bjs e até o próximo cap