A prometida das sombras escrita por Katy Tonnel, Katy Chin


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=SckNwPX6Cf8
(Ada Szulc - Big Love)



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Capítulo 3

Kate olhava para o nada de seu antigo quintal, pensando para onde iria sem dinheiro e rumo. Ela não tinha nada, nem mesmo seus documentos. Seria difícil sair da cidade daquela maneira. Ela não ligava, mas tinha que pensar; pensar rápido e sair da cidade antes que algo ou alguém a impedisse.

Então se lembrou de quando era uma simples garota de cidade pequena, que ouvia rumores sobre os reis e que desde pequenas eram treinadas para que quando os rumores virassem verdade, elas estivessem prontas para ser aquilo que lhes foram imposto.

No fundo Kate sentia raiva por ter perdido tudo e ter se apaixonado pelo vilão. Ela sentia raiva por fazer parte de algo que ela não sabia e que todos ao seu redor fizeram questão de esconder dela. Tudo a consumia aos poucos, ela era fraca, sozinha, frágil demais em sentimentos. Ela não se sentia boa o suficiente para tudo aquilo, nem para o que a espera. Nada daquilo fazia parte dos seus planos. Os poderes, o amor que sentia por Matt e o sentimento que também sentia por Seth, um sentimento igualado ao que ela sente e sentia por Emma, sua irmã. Nada fazia parte do plano.

Kate resolveu ir para onde o destino lhe mandasse. Ela iria seguir caminho para o porto, onde navios que exportavam alimentos e artefatos para as lojas da cidade, chegavam. Talvez se tivesse sorte conseguisse entrar em um destes navios e sumir pelos mares e quem sabe recomeçar sua vida. Ela não tinha uma casa para voltar e nem poderia mais ir para o castelo.

Ela perdeu sua ancora. Ela não podia se despedir e tudo o que ela tinha naquele momento era a tristeza junto à vontade de ficar sozinha. Era tudo demais para ser processados em sua mente. "O que eu faço agora de minha vida?" Pensou.

Ela entrou em casa tocando as paredes pela última vez deixando as lágrimas descerem mais uma vez. Era tristeza demais, solidão e dor que chegavam a serem devastadoras. Ela sentia vontade de gritar. Ela parou em frente ao corredor e sorriu entre lágrimas lembrando-se de quando soube que sua irmã teria que ir para o castelo.

— Emma, logo eles vão chegar... – Falou Kate tristinha.

— Está bem! – Emma carregou sua mala até a porta do quarto.

— Deixe que eu leve! – Falou Kate tentando pegar a mala das mãos de Emma.

— Não! Eu levo! – Falou Emma puxando sua mala das mãos da irmã e a olhando com repreensão.

Kate acompanhava sua irmã que aparentava coragem, no entanto ela sabia que lá no fundo Emma estava deprimida por tudo aquilo estar acontecendo. Emma jogou a mala no chão e sentou no mesmo com os pés encostados na parede e desabou em chorar, ela soluçava de chorar. Emma não queria deixar suas amigas, sua família e muito menos o carinha no qual ela estava começando a se apaixonar. Kate andou até ela e se sentou ao seu lado.

— Emma... – Disse com dor em sua voz. – Por favor... Não faz assim! – Falou Kate murmurando e chorando.

— Por favor... Kate, deixe-me sozinha! – Disse Emma ríspida ainda chorando.

— Não, Emma! Você é minha irmãzinha, você está indo embora e eu quebrei a promessa que fiz ao meu pai, ao nosso pai! – Disse chorando e gritando com a irmã. – Em todos os anos eu fiz tudo o que você queria, deixe de ser egoísta! Você está sofrendo? Ótimo! Eu também estou... Mas não me torture, por favor. – Disse chorando abraçando a si mesma com seus braços envolvidos em sua cintura.

— Desculpe Kate... Desculpe! – Disse chorando mais ainda.

Kate fechou os olhos e tentou espantar todas as dores. Era sua irmã mais nova. Mesmo com todos os seus egoísmos, brigas, desavenças, uma dizendo sim e a outra não, era impossível não chorar no meio de tantas lembranças boas e dolorosas. Era difícil não chorar pela morte de Emma. Ela tentou protege-la, mas de nada adiantou. "De nada adiantou. Sinto-me tão impotente, incapaz... Eu preciso disso, preciso desmoronar por tudo... preciso desmoronar por um amor impossível e por tudo o que venho passando. Doí, doí tanto que chega a matar-me aos poucos. Minha alma é sugada pela escuridão e meu corpo está tomado de dor e vazio. Me sinto oca." Pensava Kate enquanto fechava sua mão e a socando com raiva. "Essa casa sempre vai ser minha desgraça. Nasci na desgraça e também morrerei na desgraça." Ela estava invadida por esses sentimentos. Ela ainda não estava preparada, nem pronta para enfrentar todos os sentimentos perante ela.

Kate começou a caminhar encolhendo-se dentro de seu casaco e a capa preso ao seu pescoço. Ela saiu por onde havia entrado e olhou pela última vez para sua casa aos pedaços. Limpou seu rosto molhada e percebeu que havia passado bastante tempo dentro da casa. Não havia mais polícia, guarda real ou as pessoas paradas no meio da rua para ver a casa destruída. Tudo havia sumido.

Ela olhou para um lado e para o outro sentindo a neve tal qual frio lhe atingia seu rosto aos poucos. Seu corpo se arrepiou, não pelo frio, nem mesmo pela neve, mas sim por que sentiu algo, como se alguém a observasse e esse alguém estivesse a chamando e aos poucos seu corpo respondia aos seus comandos. Ela balançou a cabeça para retirar aqueles sentimentos infortúnios de sua mente e começou a caminhar pela rua deserta de WestWood. [1]

*  *  *

Parada em frente ao porto, segurando firme em seu casaco quentinho respirou fundo olhando para os grandes navios. Tão altos quanto os prédios de cinco andares, outros tão pequenos quando uma casa simples e normal.

"Uma nova vida. Nada mais vai me atrapalhar, nem lhe atormentar. Agora somos só eu e eu mesma, tudo vai ter que ser diferente." – Pensou segurando no colar.

Há alguns metros, ela avistou alguns homens e uma mulher anotando algo em uma prancheta. Eles retiravam algumas caixas e estavam vestidos como pescadores. Ali ela viu sua chance de partida. Ela caminhava em passos largos e cheia de determinação até àquelas pessoas na ponte de madeira, era um caminho um pouco longo, mas ela estava mesmo disposta a chegar até aquele pessoal e ver se conseguia partir junto aos outros.

Uma voz a tirou de seus devaneios e determinação. A voz grave fez suas pernas falharem. Sua garganta formar um nó e o medo lhe afligir. Ela sentia todo o seu corpo se arrepiar e tremer um pouco. Era ele. Ele estava ali para busca-la ou para castiga-la e depois a exilar?

"Já perdi tudo, se morar na rua fosse minha maldição para poder ganhar tudo o que eu tinha, não me importaria de dormir na rua, passando fome, frio ou sendo humilhada publicamente." Pensou deixando ás lágrimas saírem. "Não me importaria."

— Onde pensa que vai, mulher? Pensa que pode fugir assim de mim? Me fazer de bobo, mentir, me fazer ama-la e depois partir sem se despedir? O que pensa que está fazendo? – Sua voz esnobe, rouca e cheia de posse, atingiu seu corpo a fazendo se arrepiar mais uma vez.

Ela ainda não havia se virado para encarar o indivíduo, ela ainda mantinha seus olhos fechados com os punhos cerrados e lágrimas que caíam aos poucos de seus olhos avermelhados e um pouco inchados de tanta chorar.


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Notas finais do capítulo

[1] WestWood: Cidade fictícia criada pela a escritora para descrever a cidade dos sobrenaturais, onde os demais personagens residem.

Cometem, recomendem e favoritem!

A T E N Ç Ã O: ESTE CAPÍTULO ESTÁ BETADO. CASO ENCONTRE ALGUM ERRO DE ORTOGRAFIA AVISE FAZENDO O FAVOR, OBRIGADA!