Por Trás da Voz escrita por Neko Kodokuna


Capítulo 6
Mistérios


Notas iniciais do capítulo

Uhull, voltei!!!
Mas já?!
Pois é! Consegui fazer essa proeza! Ahaha, estão orgulhosos? *apanha*
Consegui ser mais rápida dessa vez, mas infelizmente não posso prometer que será assim sempre...
Me desculpo mais uma vez pelos meus atrasos... dá vida toda... kkk'
Aqui está mais um capítulo, achei curto, mas ok. Espero que gostem!
Boa leitura!



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O cenário a minha frente se embaça por completo, de uma forma pulsante que me deixa tonta. Permito que um gemido abafado escape de meus lábios quando encontro o chão. E então meus olhos se fecham. Posso sentir o líquido quente escorrer pelo meu rosto, fazendo o caminho do nariz até a ponta do meu queixo.

— Você está bem? – A voz de Lily me atinge.

Estou me sentindo tão idiota agora. Contraio as pálpebras e levo as mãos à cabeça. Queria pelo menos ter ficado de pé. Só mais um pouco...

— Ei, por quanto tempo pretende ficar fazendo drama? – Vejo a Mestra Ia, com os braços cruzados, diante de mim quando abro um dos olhos.

— Me desculpe – digo antes de levantar.

Limpo o sangue com a mão esperando que mais descesse, porém o sangramento cessa. Pisco algumas vezes testando meus sentidos. Parece estar tudo ok.

— Até que você é resistente, novata. Pensei que fosse sangrar mais um pouco, tenho certeza de ter estourado alguns vasos – Lily sorri sem jeito.

Ela está certa. Não foi uma pancada nada fraca. Foi como se tivesse cicatrizado imediatamente. Nem dor mais eu sinto. Dor?! Onde está a dor?

— Não precisa fazer essa cara. Você vai enfrentar coisas muito piores daqui pra frente – Ia cantarola como se para me consolar.

— Não é isso, é que... Não está doendo.

— Ora ora, então você quer mais?

— Hã? N-não... Eu só... só...

— Dê uma folga a ela, Mestra. Parece que precisa de um descanso – Lily pisca para mim.

Na verdade, eu precisava a uns instantes atrás. Mas toda a minha exaustão parece ter sumido por algum motivo. Vamos Miku, pense. Quando foi que as dores pararam. Eu ainda estava um caco quando Ia me encontrou. Quando ela me encontrou?! É isso! Aquele frasco, o que será que tinha dentro?

— Tudo bem, eu tinha ordens de te liberar mais cedo hoje, de qualquer jeito – diz Ia malcriadamente – Está dispensada.

— Obrigada, Mestra – digo fazendo uma reverência.

— Se eu fosse você não agradeceria ainda – Ela dá um sorriso malicioso e se retira do ambiente sendo seguida por Lily que também sorri.

Fico sem saber o que esperar. O melhor é ir para o quarto, ao menos por agora. Nada mais me surpreende a essa altura do campeonato. Seja o que for, pode vir!

Abro a porta devagar espiando pela pequena fresta. Sem sinal de fios verdes, parece que Gumi não está no quarto. Libero um suspiro aliviado. Quero ficar sozinha um pouco, quietinha no meu canto. Me jogo na cama e deixo meu corpo afunda no colchão macio. Que sensação maravilhosa, a quanto tempo não sei o que é não sentir dor?!

Descubro que, seja o que for aquele líquido, ele não tira a fadiga. Meu corpo está melhor, sem dúvida, mas ainda me sinto cansada no fim. Acho que estou cansada desse lugar...

Um som oco me tira de meus devaneios. Tem alguém à porta. Me forço a levantar, mas paro com a mão na maçaneta. O que será que me aguarda do outro lado?

— Miku, sou eu – a voz de Kaito gela até o nível mais profundo da minha alma.

O que ele está fazendo aqui? Ele tem um cargo alto, certo?! Deve ter vindo me dar alguma ordem, ou fazer um anúncio. Com certeza é isso.

— Eu sei que está aí. Esse é o dormitório feminino, sabe?! Gostaria muito de não ser pego aqui, caras são proibidos.

Proibidos?!

— Então, por que veio?

— Eu... Precisava falar contigo...

Por que será que eu abro a porta?

— Obrigado – diz ele se esquivando para dentro e fechando a porta às suas costas.

— O que houve?

— É sobre hoje mais cedo – ele volta os olhos ao chão antes de continuar – Eu acho que agi de uma forma estranha – dá uma pausa – Eu só queria te dizer que os momentos ruins vão passar... Mas não é verdade, eles não vão – de repente sua cabeça se ergue, seus olhos perfuram os meus – Mas não desista. Só... não desista. Nada vai melhorar se você for por esse caminho – E é nessa parte que Gume aparece.

O estranho é que ela não estourou a porta como de costume. Simplesmente entrou, civilizadamente. Poderia até ser comparada a uma princesa, arrisco dizer. E então fez uma cara de surpresa, muito fofa, devo admitir.

— Opa, estou atrapalhando algo? Me desculpem.

— Não, de maneira nenhuma, Gumi. Eu que peço desculpas por invadir seus aposentos. Devo me retirar. Com licença – Kaito faz uma reverencia e segue até a porta, onde para e me lança um último olhar antes de sair.

— Miku!!! Sua safadinha, não traga garotos para o quarto – diz a esverdeada se pendurando em meu pescoço. Parece que voltou ao normal.

— O que está dizendo?!Eu não trouxe ninguém, ele veio por conta própria.

— Uhum, sei!

— Dá um tempo... – exito antes de continuar – O que acontece com quem desiste, Gumi?

Seu rosto fica sério lentamente.

— Não me faça perguntas difíceis – ela força um sorriso.

— Você já está aqui a bastante tempo, então...

— Não dê ouvidos a tudo que te dizem – Gume me corta bruscamente – Se eu fosse você, me afastava desse Kaito.

— Hã? Mas por quê?

— Apenas se afaste dele.

— O que? – sinto a raiva me subir à garganta – Eu to cansada! Cansada desse lugar e de vocês! “Só não desista”, “beba isso”, “não agradeça ainda”, “apenas se afaste”! Por que ninguém me diz nada diretamente? Eu odeio todo esse mistério! Odeio!

— Olha Miku, eu não quis te deixar com raiva. Mas eu prefiro não te contar coisas que você não precisa saber. Esse cara... Ele tem experiências as quais ninguém quer compartilhar.

— Nós nascemos na mesma incubadora, você sabia?

— Dá pra notar pelo seu cabelo.

— O doutor disse que somos ligados de alguma forma.

— Eu sei Miku, mas isso não significa que vocês tem que manter relações.

— O que ele fez de tão ruim?

— Não é bem o que ele fez... Digamos que ele só não teve um destino de muita sorte... Isso é tudo que você vai conseguir de mim. Existem certas coisas sobre o passado de uma pessoa que devem ser enterradas com ela.

Gumi caminha até a porta do meu guarda-roupas e o abre. Ela tira de lá um uniforme leve e o joga sobre a cama.

— Vista isso e me siga. Minhas ordens eram de apenas te buscar, estamos atrasadas.

— Mas já está próximo de anoitecer.

— E daí?

Decido ficar calada e vestir logo o uniforme. Ele é quase que totalmente preto, com detalhes dourados, como todos os outros uniformes que me deram nesse lugar. Parece que para cada tipo de aula se tem um diferente. O que visto agora é simples, uma blusa de mangas curtas, solta, que mais me parece um vestido, e uma calça justa que desce até meus tornozelos. Penso em calçar as botas de sempre, mas Gumi me entrega um par de tênis. Prefiro não fazer mais perguntas, então os calço de pressa.

Andamos pelos corredores por alguns instantes até entrarmos numa ala que eu nunca tinha visitado até o momento. Passamos por mais algumas portas de metal até chegarmos a um amplo salão. Nele haviam muitas cadeiras de madeira, todas alinhadas e descendo como degraus circulares até um palco que ficava lá embaixo, no fim. Cortinas aveludadas enfeitavam o local, que tinha um visual rustico. Pude reconhecer de imediato, era um auditório, parecido com aqueles grandes teatros dos livros antigos. Então quer dizer que no fim tem mesmo um desses por aqui.

No centro do palco, surge uma figura chamativa. Uma menina ao que me parece. Ela usa um vestido de boneca com teclas de piano nas bordas e alguns laços vermelhos. Seu cabelo longo e quase branco faz ondas e se tinge com as cores do arco iris nas pontas. Logo me vê e aponta o microfone que tem nas mãos em minha direção.

Então eu paro de caminhar. Gumi me dá um empurrão que me faz descer alguns degraus, que não são nada baixos, pude perceber. Me viro para fitá-la sem entender o motivo de sua ação e descubro uma Gume sorridente que balança a mão esquerda como se dissesse: “pode ir”

Continuo a olhá-la meio sem reação, ainda sem entender nada.

— Vamos garota, não foi pra isso que você veio aqui?

Pra isso?! Eu vim... Pra quê eu vim? Eu queria... cantar?!

— Ora novata, não vire as costas para sua professora. Não é assim que se comporta uma estrela. Desça aqui e eu vou te ensinar uma lição. Você quer cantar não quer, então venha aos meus cuidados – vibra a voz anasalada da garota por todo o lugar através dos alto-falantes.

— Vá Miku, a Professora Mayu está te esperando.





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Notas finais do capítulo

Só eu achei que tem diálogos demais nesse capítulo? kkk



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