Por Trás da Voz escrita por Neko Kodokuna


Capítulo 5
Fim de Luta


Notas iniciais do capítulo

Nossaaaa~
Que nostalgia kkk
Fazia tanto tempo que eu não trabalhava nessa história que até me perdi na narrativa... ~Ahaha
Só espero não ter mudado a personalidade da Miku kk'
Descobri que não importa quanto tempo passe, minhas ideias sobre essa fic não mudam. Espero conseguir terminá-la um dia...



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— Todo o meu corpo dói, até dormir tá difícil...

— Não se preocupe, logo você se acostuma.

— Mas e se... eu não quiser me acostumar?

O silêncio após essas palavras parece durar uma eternidade. O céu é tão azul que ao olhá-lo tenho a sensação de que engolirá qualquer problema ou existência abaixo dele. Mas isso não acontece, continuamos ali, e os problemas também.

— Infelizmente sair daqui não é uma opção, mas quanto ao seu corpo, com todo esse treinamento pesado ele vai se desenvolver rapidinho... Logo logo você não sentirá mais dor nenhuma.

— Hum... Obrigada pela comida, vou voltar para o meu quarto agora... – Me levanto.

— Miku... – Ele segura meu antebraço me impedindo de continuar a caminhar. Isso dói, mas a dor já se tornou minha companheira mais próxima. O espio entre as mechas da minha franja azul que agora cobre quase metade do meu rosto.

Seus olhos refletem as nuvens esbranquiçadas e fofas. Posso ver duas brilhantes janelas, abertas para o vasto céu, em um rosto pálido de expressão ilegível. Pelo menos para mim.

Permanecemos assim por uns segundos até que ele se levanta e me puxa contra seu corpo, me envolvendo em um abraço inesperado. Meu sangue gela, mesmo meu coração estando a mil por hora. Posso sentir seu calor e cada músculo que define seus braços e abdome.

“Mas o quê?!” “Como as coisas chegaram aqui?” penso comigo mesma.

Tento me livrar, mas meus membros falham.

— Desculpe, esse é só o começo. Mas eu acredito em você! Você vai conseguir. Por favor, seja forte. – As palavras vão perdendo o vigor aos poucos até quase sumirem no fim da frase.

Eu estou sentindo muita dor agora, mas tenho a impressão de que é ele quem mais está sofrendo.

— Kaito...?

Sem resposta.

— Kaito?

Mais silêncio, e de repente:

— Por favor, me desculpe.

— Te desculpar? Mas por quê?

O azulado me segura pelos ombros me afastando um pouco. Ele me encara com um rosto triste e confuso. Não parece estar olhando para mim.

— Kaito?!

— Miku, não desista antes de tentar. Eu estarei aqui para o que você precisar, ok?!

Ele está me consolando? Essas palavras são mesmo destinadas a mim? Posso confiar nelas? Como ele estará aqui para mim quando tem que estar lá para Meiko?! Talvez eu esteja interpretando as coisas da maneira errada, mas eu não posso aceitar essas palavras. Ele é gentil demais para uma pessoa que mal me conhece. Seus olhos não exitam nem tem traço algum de falsidade, o que pode ser fruto de um bom treinamento. Como posso saber?

— Obrigada, mas você não precisa se preocupar comigo. Tá tudo bem – consegui dizer enquanto desprendia suas mãos de mim, e assim, me afastei devagar, caminhando até o banheiro mais próximo, onde desabei sobre o mármore da pia e deixei minhas dúvidas escoarem um pouco e descerem pelos ralos prateados.

Por que estou chorando? A verdade é que quero acreditar nas palavras de Kaito, e quero pensar que elas estão carregadas de outros significados... Sou uma pessoa tão suja. Eu sei que tipo de sentimentos Meiko tem por Kaito, e mesmo assim... mesmo assim...

De qualquer forma, o que acabou de acontecer foi, no mínimo, estranho.

Decido desligar meus pensamentos e voltar mesmo para meu quarto, tentarei aproveitar o intervalo pós-almoço para esfriar a cabeça. Cada segundo de descanso é muito precioso.

Chegando ao corredor, encontro minha colega de quarto dançado frente a porta. Ela age como se estivesse sozinha no lugar. Com o grande headphone florescente bem aconchegado entre seus bagunçados fios verdes, ela balança o corpo em movimentos engraçados. Quando me vê, manda beijos, me fazendo de plateia. Que cena cômica. Impossível segurar o riso, mas antes eu o tivesse feito, quando sorrio, Gumi me puxa e me toma como parceira. Sem perceber, estou dançando sem música em um ritmo sem ritmo. Essa menina pode ser tudo, mas nunca vi uma garota tão animada a ponto de conseguir me animar. Na verdade, nunca tinha visto antes alguém com esse tipo de animação. Onde eu vivia as pessoas não eram muito de festas. Talvez nunca tenha sido uma garota animada por não ter a oportunidade, eu não faço a mínima ideia, tudo que sei é que meu corpo dolorido está se mexendo espontaneamente no mesmo compasso dessa louca a minha frente.

— Mas o que diabos é isso? – Meiko surge no corredor me fazendo perder o equilíbrio e a integridade, quem sabe...

— Venha Titia, você também pode se juntar a nós – Gumi grita estendendo uma das mãos para Meiko que a olha perplexa, antes de recusar com um tapa.

A esverdeada faz um drama segurando a mão como se estivesse ofendida, mas logo depois dá muitas risadas.

— Vou poupar minhas memórias e fingir que nunca vi isso, mas vou logo avisando que a Ia não é tão boazinha – diz a estraga prazeres antes de seguir pelo corredor sem olhar para trás.

Não sei o que ela considera ser “boazinha”, mas acho que é um conceito muito equivocado já que conseguiu associar a palavra a si mesma.

— Não ligue pra essa Bobona.

E ela não é a única a não entender o sentido das palavras por aqui, eu suponho...

“Se ela é bobona, o que você é, Gume?” penso por um instante. Até que o sinal que indica o término do intervalo explode meu raciocínio. Sinceramente, odeio esse som...

 

Me forço a caminhar de volta para a sala de treino, mas meu corpo grita que não descansou o suficiente, suplicando por uma pausa. Sei que não posso parar, a mestra Ia não suporta atrasos, então continuo movendo meus pés até não aguentar mais meu peso e desabar em direção ao chão de ferro. Antes que eu pudesse sentir o gelo do metal em meu rosto, alguém me envolve com dificuldade, me impedindo de cair.

— Nossa, como você é gorda. Estava preparado para algo leve, quase te deixo cair.

Mas que rude! Quem ajuda uma pessoa dizendo uma coisa dessas? Ah, espera, essa voz...

— Você é mesmo patética afinal – consigo ver o rosto debochado do loiro ao olhar para cima.

— Me solta, eu não preciso da sua ajuda – resmungo me livrando de seus braços.

— Não é o que parece – continua ele em seu tom irônico, se recostando na parede mais próxima.

— Me deixe em paz – digo voltando a caminhar lentamente pelo corredor.

— Tem certeza que consegue sozinha – começou a me seguir.

— Apenas vá embora, por favor. Eu sou fraca, é isso que quer ouvir? – cuspo as palavras com amargura – Eu não chego aos pés de suas habilidades! Sou uma fracassada! Não sei lutar e nem quero... – Minha voz falha – Só me deixe em paz...

Não vejo mais um sorriso em seu rosto. Ele me olha fixamente.

— Que foi? – pergunto com raiva.

— Beba isso – Ele me joga um frasco de vidro com um líquido amarelo cintilante dentro, que quase deixo cair, antes de sair caminhando na direção oposta a que eu seguia.

Não permitindo que eu tenha tempo para questionar o que seria aquilo, a mestra Ia aparece no fim do corredor.

— Ah, então aqui está a fugitiva – diz ela cruzando os braços.

— Me desculpe mestra, eu estava indo para o treino, mas senti uma tontura e...

— Sem desculpas esfarrapadas, por favor – ela pega o vidro em minha mão e sem aviso prévio me enfia ele goela abaixo – Se está se sentindo mal tome logo seu remédio e venha – resmunga me puxando pelos corredores.

O líquido é azedo e viscoso. Começo a tossir sem parar, mas isso não parece ser motivo o bastante para Ia para de me arrastar por aí.

Quando chegamos a sala de treino, Ia me joga um bracelete. Obviamente, não o consigo pegar e ele atinge meu braço em um impacto incrível. Fico me perguntando de onde essa baixinha tira uma força descomunal como esta. Mas pensando bem, parece que a única fraca por aqui sou eu.

— É isso aí, meu corpo tá queimando! Quem vai vir hoje? – Grita uma garota loira que eu nem havia notado que estava presente.

— Ela! – Afirma Ia, me empurrando na direção dela.

— O quê? – É a única coisa que consigo dizer diante da surpresa.

Primeiro, eu costumo treinar sozinha nas aulas da baixinha. Segundo, quem é essa garota?

— Hã? Então essa é a novata que muitos tem comentado?! – muitos? – Não parece grande coisa, então Len estava falando a verdade?!

— Aquela miniatura de garoto louro se acha demais! Quem liga pra o que ele diz?! Quero que você tire suas próprias conclusões, Lily – diz a mestra.

A quem ela está chamando de miniatura, já se olhou no espelho?

— Tudo bem mestra – A loira se vira para mim – Não me decepcione novata.

Seus olhos são tão firmes, mas ao mesmo tempo gentis. Ela parece ser uma lutadora impressionante. Vai ser minha adversária?! Devo ficar feliz ou apavorada por isso?

Lily tira o bracelete com um sorriso desenhado no rosto. Quando me movo para tirar o meu também, ela me impede.

— Não me entenda errado, não tirei isso porque quero uma luta sem armas, só não seria justo – Pisca para mim e entra em posição de combate.

Ia se afasta rapidamente, nos deixando a sós na pequena quadra que havia na sala de treino.

Minha pulsação começa a aumentar. Lily me olha como se esperasse uma investida minha. Não sei como começar. Já faz alguns dias que treino, mas nunca tive uma luta de verdade. O mais perto que cheguei disso foi a surra que Len me deu, é vergonho, eu sei. A realidade nem sempre é muito satisfatória. Lily parece uma oponente de honra, acabo de perceber que não quero mesmo decepcioná-la, como se isso fosse possível.

Ela pende a cabeça um pouco para a direita me lançado um olhar desafiador, parece que cansou de esperar. Sem mais cerimônia, ela parte para cima com um ataque rápido. Me disfere um chute alto de esquerda, consigo defender com meu bracelete, mas sinto todo o meu corpo estremecer como um objeto de metal oco depois de receber uma pancada. Apesar da força e velocidade que ela atingiu o bracelete, seu pé não parece estar ferido. E então seu cotovelo decide cumprimentar meu rosto.

Bem, fim de luta...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^
Luta espetacular, não é mesmo? ~foge



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