Uma esposa para Itachi Uchiha escrita por Anny Taisho


Capítulo 25
O terror de uma mente com lembranças


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, aqui é um cap no tempo presente, entretanto vai ser focado em Mikoto e Fugaku, os acontecimentos que geraram a atual conjuntura serão abordados no Spinoff de maneira mais detalhada. E como vocês amam tanto esse casal nada mais justo que dar espaço a eles. Sakura e Itachi vão ter momentos nos próximos capítulos para deixar todos felizes também. Espero que gostem.



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Itachi caminhou tranquilamente com Sakura até perto do velho lago, ele quase conseguia apalpar a culpa dela, sinceramente, se fosse um homem mais extrovertido iria se aproveitar daquilo, só que para sorte dela ele não era esse tipo de pessoa. Pararam de caminhar no final do deck de madeira e ela estava ainda mexendo nas mãos ansiosa. Olhou para cima e nunca tinha associado tanto aqueles olhos com os olhos de um filhote pidão.

— Então... – esperou ela começar.

— Eu não fiz certo em bater em você, mereceu por gritar comigo, mas ainda sim não posso sair por ai batendo nas pessoas. Me desculpe, mas tudo estava uma bagunça, tá? Eu não estava conseguindo pensar direito.

— Vamos esquecer esse lamentável episódio e acordar em resolver nossas diferenças mais diplomaticamente.

O Uchiha sabia que nada seria tão simples, Sakura não deixaria de ter uma personalidade explosiva, esperava realmente que não chegasse a agressão física novamente, mas sabia que gritos e móveis voando eram perfeitamente possíveis.

— Mesmo? Não vai me dar um sermão ou me fazer sentir mais culpada? Ou se aproveitar disso?

— Você é uma adulta e sabe que errou, isso me basta. E deveria saber que não faço o tipo de homem que se aproveita das pessoas, não quero nada de você que previamente não seja sua vontade me dar.

Aquilo só a fez se sentir mais mal. Itachi era tão adulto e correto, se sentia frequentemente uma criança boba perto dele. Deu um passo a frente o abraçando. Sakura era uma pessoa muito física e visceral, precisava extravasar a raiva que lhe subia tanto quanto precisar demonstrar seu afeto as pessoas que amava.

Sentiu os braços dele ao seu redor num carinho agradável.

— Nós ainda temos muitas coisas a conversar...

— Hunru.

Eles se sentaram com as pernas penduradas acima da água e o moreno começou a falar todas as coisas que tinha planejado. Sobre quais eram as intenções dele, como aquilo era importante e que não gostaria de pressioná-la a respeito de nada, o relacionamento deles aconteceria no tempo deles.

Não queria que já houvesse aquela pressão sobre um casamento marcado, pretendia que se casassem, mas queria que isso fosse uma consequência natural da relação deles. Ficou longos minutos discursando eloquentemente sobre o assunto e a fitou.

— Está me ouvindo, Sakura?

— Hunru.

— E não vai falar nada?

— Hm... Bem, de todas as coisas que disse eu acho que podemos traduzir em: Vamos começar a sair e ver como as coisas acontecem.

Juntou as sobrancelhas, ele tinha feito um longo discurso que ela apenas colocou numa frase simples. Viu o riso leve dela seguido da mão pequena em seu rosto.

— Não faça essa cara, vamos apenas aproveitar os momentos e ver como as coisas vão indo. Desde que não peça em casamento nos próximos seis meses eu acho que podemos lidar bem com tudo.

Sorriu para ela, Sakura era o que ele precisava para vida depois de tanto tempo sozinho. Estava meio perdido em pensamentos que nem notou antes de ser tarde que ela o estava beijando. Ela estava dando o primeiro beijo nele com a tranquilidade de quem faz isso há anos. Desceu as mãos pela cintura dela e encaixou a outra na nuca entranhando os dedos nos cabelos róseos.

Ela tinha uma boca macia e lábios doces, os dedos leves e ligeiros o puxavam mais para perto pelo ombro. Bom, muito bom. Tudo era muito tranquilo e aconchegante, sentia-se envolvido pela aura de aconchego que Sakura tinha. Tudo isso no primeiro minuto, porque no seguinte ela já o havia jogado contra a madeira do deck e o estava beijando calorosamente.

Aquela garota tinha uma intensidade de viver que era completamente nova no mundo de estabilidade que Itachi procurava viver.

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Mikoto não podia estar mais feliz com o agora oficial namoro do filho. Sakura ia entrar para família e esperava que tivesse um monte de netinhos, mas não ia colocar o carro na frente dos bois. O filho parecia muito feliz e isso era mais que o suficiente. Voltando atenção a sua própria vida decidiu que não queria fazer uma festa de bodas.

Fugaku nunca de fato gostou dessas coisas, tudo acontecia porque ela fazia acontecer e andava se sentindo perdida. Parecia as vezes que tinham vivido toda aquela vida porque ele simplesmente foi obrigado a aceitar que era a melhor escolha para ele. Suspirou sentindo a cabeça doer, se foi realmente isso era tarde demais para se arrepender. Fazia quase quarenta anos e teriam de viver o resto da vida juntos.

Decidiu que falaria com ele no outro dia, mas não acordou bem, na verdade se sentiu tão doente que precisou sentar no chão do banheiro. Conhecia aquele sentimento e fechou os olhos afastando aquelas memórias dolorosas. Já fazia tantos anos que achou que nunca mais teria de lidar com aquilo novamente.

Levantou ouvindo os passos de Fugaku e se apoiou na pia fitando o reflexo.

— Você não vai ceder, Uchiha Mikoto. – repetiu isso baixinho e levantou o rosto assim que o marido entrou – Bom dia! – disse sorrindo.

— Bom dia. – a fitou alguns segundos, ouviu os passos dela arrastados saindo da cama, mas ela parecia bem.

Entrou no chuveiro e Mikoto saiu para o quarto fechando os olhos e engolindo a saliva grossa, precisava ocupar a mente contra aqueles pensamentos. Mente vazia oficina do demônio. Olhou para o lado e se assustou vendo o corredor longo, quase conseguia sentir aquele cheiro de óleo que iluminava as lamparinas.

— Não é real, Mikoto, está em casa... Não é real... – virou para o outro lado indo terminar de se vestir, não passava de um jogo de sua própria mente.

O dia estava escuro e nebuloso a fazendo sentir-se pior. Tudo o que não precisava era de um dia sombrio, passou a mão pelo rosto indo fazer o café, não ia se dar ao luxo de ficar um minuto quieta. Não estava em tempo de sofrer outra crise. Cumprimentou os filhos e foi falando com eles ignorando os sons que sabiam estar só em sua mente.

Os sete piores dias de sua vida iwagaguke reverberando em sua mente, devia ter deixado terem selado essas memórias. Trinta e seis anos depois e era como se tivesse acontecido ontem. Quase podia sentir a dor física novamente. Por que aquelas memórias tinham voltado? Respirou fundo fazendo seus afazeres e lutando contra o mundo de ilusões que se tecia ao seu redor.

Estava tudo bem.

Tinha sido resgatada a tempo, Itachi tinha nascido com saúde e muito mais, tinha tido outro filho e sido imensamente feliz. Muito feliz.

— Mãe?

Olhou por cima do ombro sorrindo.

— Sim?

— Você me ouviu? Parece distraída...

— Desculpe, Sasuke, eu me perdi em pensamentos. Pode repetir?

Ouviu o filho falando sobre a última missão com atenção, tudo estava dentro da sua mente. Viu cada de deles sair para suas obrigações e  chuva forte do lado de fora. Segurou a beirada da pia tentando encontrar um pouco de realidade naquela loucura.

Os pensamentos os obsessivos. Não foi sua culpa. Nada daquilo foi culpa de alguém, foi uma emboscada e naquele estado não teve nada que pudesse fazer. Não era sua culpa. Olhou ao redor se encostando nos armários.

— Não é real... Não é real... Não é... – abraçou o próprio corpo.

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Fugaku estava em sua sala terminando de revisar alguns relatórios quando a porta da sua sala se abriu, levantou a cabeça pronto para ralhar com quem estava entrando sem bater, mas não teve tempo. Um oficial novato começou a falar muito rápido.

— Fugaku-sama!! Aconteceu alguma coisa na mansão, Lady Mikoto nocauteou dois oficiais da patrulha.

O Uchiha levantou empurrando a mesa, mil infernos!! Ele sabia que alguma coisa estava errada assim que ouviu aqueles passos arrastados de manhã. Depois de tantos anos não acreditava que aquilo tinha acontecido de novo.

— Não quero ninguém aos arredores da mansão.

E assim o homem desapareceu rapidamente, aquela discussão havia trazido lembranças de volta, e agora... Mil infernos, tinha que chegar nela antes que ela saísse do distrito. Entrou em casa e viu uma bandeja repleta de copos estilhaçados no chão junto com um dos oficiais da patrulha. Foi por isso que ela reagiu tão mal...

— O que aconteceu aqui? – Itachi e Sasuke entraram vendo a cozinha toda molhada.

— Não é da conta de vocês, saiam. – disse saindo para rastrear a esposa, mas rapidamente a sentiu perto do lago.

36 anos atrás quando estava grávida de Itachi, entre o quinto e sexto mês, ninjas de Iwagagure entraram no distrito Uchiha e conseguiram sequestrar Mikoto. Naquela noite ela não deveria estar sozinha em casa, mas naqueles dias o clima entre eles estava horrível, ela só estava ali porque estava grávida e o conselho não permitiria que ela saísse do distrito. Fugaku estava quase enlouquecendo naquela realidade, a esposa estava tão dolorosamente deprimida, foi um momento que foi a casa do irmão. Havia toda uma rede de patrulha, nunca imaginaria que algo assim aconteceria.

Entretanto aconteceu e durante sete dias ela esteve refém.

Nunca realmente soube o que aconteceu a ela naquele tempo, a trouxeram de volta a vila muito machucada e sinceramente chegaram muito perto de perder o primeiro filho. Foi um trauma que afetou a vida deles durante longos anos. E segundo a melhor explicação que teve de Tsunade quando conseguiu que ela visse a esposa foi de que apesar do Sharingan não desenvolvido, a esposa tinha genes Uchiha e toda a genética associada a genjutsu, o que fez com que a mente dela convertesse a experiência traumática numa espécie de genjutso lançado contra ela mesma.

Era como uma doença autoimune, ela era atacada pelas próprias memórias. Isso terminou em vários surtos que com o tempo foram sumindo. Ele cuidou para que ela tivesse a melhor vida possível, afinal foi culpa dele, se não tivesse tido aquela situação com Mirai e Mikoto ficado tão ressentida eles estariam bem e naquela noite estaria em casa cuidando dela e do filho deles.

Se a esposa estava no meio de um surto quando um oficial da ronda entrou provavelmente depois de ouvir algo estranho como a bandeja caindo ela voltou no tempo. Tinham invadido a casa e a sequestrado enquanto estava na cozinha. Saiu na chuva e olhou em direção ao lago, se ela estava no meio de um surto tinha que tomar muito cuidado.

— Mikoto. – disse se aproximando pela ponte de madeira – Sou eu, Fugaku... Não está acontecendo nada...

Antes que pudesse continuar ela estava a milímetros de acertar um hit nele. Não podia saber o que ela estava de fato vendo e tirá-la do surto era muito difícil. Se esquivava dos ataques dela e via a fúria estampada no rosto.

— Mikoto... – segurou um ombro dela e o pulso onde ela tinha uma kunai.

— Eu sei que é você e a culpa é toda sua!! Todas essas memórias,  tudo o que fizeram comigo é sua culpa, maldito seja você!!!

— Você está fora de controle!

Ela virou o corpo e subiu um chute com a perna direita que o jogou para trás, a esposa dele era uma jounin apesar de tudo. Sentiu o ar fugir dos pulmões e a chuva forte em cima deles. Ela nunca contou a ninguém o que aconteceu, mas ele sabia que coisas aconteciam com prisioneiros. Nos meio das crises via como isso doeu nela física e emocionalmente.

— Eu só quero que pare! Não consigo mais... você... se você sumir! Eu odeio você e ter sido obrigada a passar toda minha vida ao seu lado!

Ele sabia que as palavras dela vinham do surto, era o inconsciente dela lutando contra um trauma que destruiu parte de quem ela era, mas ainda sim machucavam até porque realmente uma parte dela deveria odiá-lo.

— Não aguento mais!!

Conseguiu uma brecha para imobilizá-la pelas costas e a fez ajoelhar se abaixando junto enquanto a sentia tentando se soltar. Não queria machucar ela, só que fora de controle assim poderia acabar se machucando.

— Me largue, maldito!! Eu vou arrancar...

E logo a morena estava chorando, mas não era um choro baixo ou leve, era um choro doloroso de quem estava tão quebrada e machucada. Podia quase tocar na dor que ela estava sentindo e era tudo culpa dele por não ter protegido ela, por não ter sido um marido bom o suficiente para mantê-la longe de qualquer instabilidade emocional que a deixasse as portas de uma crise.

Faria qualquer coisa para aliviar a dor dela, qualquer coisa. Ficou segurando ela no chão durante muito tempo até todo aquele turbilhão passar e então a sentiu amolecer e cair. O cérebro dela desligando numa tentativa de proteção. Se levantou a pegando no colo e olhou os filhos que tinham assistido aquela cena.

Nenhum dos dois sabia daquilo, qualquer informação sobre o acontecido foi devidamente reprimida como se nunca houvesse acontecido.


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