"Stella ouviu a voz abafada do piloto pelo alto-falante do avião. Sentiu seu corpo arrepiar por inteiro. Estava de volta a New York, mas seria por apenas um final de semana. O corredor de passagem era longo e entediante demais para ela.

– Senhorita, posso? - Uma das mulheres da equipe de seguranças parou de frente para ela, mostrando um detector de metais para a detetive.

Stella pensou como a segurança havia aumentado desde o 11 de Setembro e concluiu que era o melhor para a população. Ela deixou suas malas de lado e abriu os braços.

– Claro! - A mulher deu um sorriso. - Ah! Antes, preciso te mostrar isso...

A detetive tirou a carteira do bolso do casaco, abrindo-a para mostrar suas credenciais.

– Certo! Detetive Bonasera, preciso saber se trouxe a sua arma. - Ela assentiu e bateu a mão na pequena bolsa ao seu lado. - Tudo bem. Bem vinda de volta.

Por incrível que pareça, Stella era bem conhecida na cidade. O trabalho fizera seu nome crescer e ela agradecia por isso.

Em alguns segundos, estava pelas ruas movimentadas da cidade. Apesar do movimento dos carros, a sensação do luto do triste dia, há 14 anos, estava evidentemente presente. Um dia que ela desejava esquecer, mas que o mundo não deixava.

***

– Achei que encontraria você aqui. - Ela pôs uma rosa em um dos apoios específicos para aquilo e fez um prece silenciosa.

O fato de nunca terem encontrado - ou apenas conseguido identificar - o corpo de Claire, incomodava as duas pessoas paradas diante do túmulo.

– Deixei isso tão na cara?

Mac segurou a mão de Stella. Mesmo não admitindo, ele ainda precisava da força dela para suportar aquele dia. Ela não precisava que ele admitisse, pois já sabia.

– Bem, as últimas doze vezes foram assim. Não, acho que não. - Ele pensou que apenas Stella poderia fazê-lo sorrir, mas depois disso passou a pensar no porquê dela ter dito 'doze vezes'. Imediatamente lembrou que no ano anterior a detetive estava em um caso complicadíssimo e não pudera voltar a New York.

– Podemos sair daqui? - A mulher de cabelos cacheados entendeu o olhar de súplica.

– Vamos.

Ainda de mãos dadas, os dois caminharam para longe das lápides.

– Sabe, minha única vontade, hoje, é ficar perto de quem eu amo. - Stella sentiu as bochechas queimarem quando ouviu as palavras escaparem da boca dele. Desviou o olhar, tentando evitar algum constrangimento. - Não olhe para o chão, o concreto não merece esse seu lindo olhar, ele já machucou muito o seu joelho.

Os dois não contiveram a risada que veio depois daquela frase ridícula.

Talvez fosse apenas pela data, mas eles precisavam um do outro. Ou talvez eles sempre precisassem."