"Aquela era a décima vez que Stella levantava da cadeira para olhar pela janela. Há uns dois anos, as estrelas passaram a incomodá-la, talvez por não ter mais com quer partilhar o momento de admira-las. A constelação da Ursa Maior parecia brilhar mais apenas para tentar instigar a detetive a olha-la mais uma vez.

– Você venceu! - Ela largou o robe em cima do braço do sofá e pegou o celular e o computador de cima da mesinha a sua frente.

Primeiro tentou o número do celular, como previu, estava bloqueado.

– Você está longe, mas consegue me deixar com raiva, Mac Taylor. - Ligou o computador e abriu uma das várias redes sociais com chamada de vídeo.

– Vamos, você não é louco de não me atender! - Ela tamborilava nervosamente.

Um sinal sonoro irritante e a tela ficou azul: Ele atendeu a ligação.

Alguns milésimos de segundo depois e os olhos se encontraram no vídeo.

– Oi. - O homem e a mulher falaram lentamente e ao mesmo tempo.

– Como você está? - Mac interrompeu o silêncio que pairou quando a saudação foi feita.

– Bem e você?

– Bem.

O silêncio, mais uma vez, intrometeu-se entre eles.

– Então, tchau?! - Stella pode ver Mac mover o mouse, encaminhando o cursor até o "x" para desligar.

– Não! - Ela gritou, fazendo-o pular da cadeira do escritório. Stella começou a rir da cara dele e ele a acompanhou. Os sorrisos que nenhum dos dois ousava dar sem a presença um do outro, apareceu nas faces.

– E então, como está em New Orleans? - Ele suspirou, recuperando-se da crise de risos.

– Está mais tranquilo do que eu gostaria.

– Ora, ora, Stella Bonasera reclamando que não tem trabalho? Eu tinha que estar vivo para presenciar esse momento. - A risada dela invadiu a sala do detetive através das caixas de som conectadas ao computador.

– Eu poderia jurar que sua casa era diferente. - Ele olhou ao redor de si e voltou-se novamente para a tela. - Gostei da foto. - Ele olhou novamente, tinha tanta foto naquela sala que era impossível saber de qual ela falava. - Atrás de você, bobo.

Mac girou a cadeira e encontrou um porta retrato com uma foto especial: A última deles dois. A despedida dela em um bar, os dois estavam abraçados e os sorrisos eram enormes, apesar da tristeza do momento.

– Você não faz ideia do quanto eu chorei quando cheguei em casa depois disso. - Ela secou uma lágrima que caiu por sua bochecha.

– Eu não queria ter deixado você ir, mas não podia te impedir. Você tinha que seguir o seu coração. Eu deixei você, não foi você que me deixou, Stella. - As palavras presas em sua garganta saíram feito uma navalha afiada.

Eles não sabiam como chegaram aquele momento, mas nenhum deles queria olhar para a tela do computador.

– Eu preciso desligar, alguém resolveu cometer um homicídio nessa cidade. - Ela balançou o celular na frente da câmera e levantou do sofá. Essa atitude dela deixou a mostra seu corpo coberto apenas pelo pijama minúsculo. Ele suspirou do outro lado do país.

– Tudo bem. Fique bem, Stell. - Ela sorriu.

– Você também, Mac. - Ela ia desligar, mas lembrou do real motivo da ligação. - Eu admito, você estava certo. - Ele fez uma careta por não entender o porquê daquela última frase. Stella não se importou, assim seria melhor, talvez ele lembrasse de quando a disse para nunca sair sem uma arma. Ou não. Encerrou a chamada.

***

Mac apoiou a cabeça em uma das mãos e sorriu. Ele havia lembrado, mesmo depois de treze anos, ela ainda lembrava daquilo e obviamente ele também.

– Você finalmente admitiu que não pode sair sem uma arma, Stella. E ainda para me confundir, fala isso em enigmas. - Ele segurava uma foto dela. - Esse é um dos motivos pelos quais eu te amo."