After the pain escrita por Neryn


Capítulo 9
O que estás aqui a fazer?




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Quando os vejo penso Meu Deus, tanta estupidez junta!. O Andrew olhou para mim mas eu fingi que estava a olhar para outro lado, precisamente para o caixote do lixo cheio de restos de lanches e almoços entre outras coisas que eu preferia continuar a não saber o que eram que de repente tornou-se deveras interessante.

Uma semana depois

Fomos para a aula. Bah, Matemática! Odeio Matemática e por mais incrível que pareça até que me safo bem.

– Atenção! - diz a professora num tom alto que impunha respeito. A professora Sandra Miller é baixinha, magra e é daquelas professoras que quer faça chuva quer faça sol usa sempre tacões. Tem cabelos curtos castanhos, olhos da mesma cor e por baixo destes notavam-se umas salientes olheiras, tem lábios finos e uma voz estridente que acorda meio mundo. - Quero os exercícios da página 33 do manual, referentes a funções afim e módulo, resolvidos numa folha à parte para eu corrigir - levantou-se um alvoroço onde estava presente indignação e revolta - Calma! Não é para avaliação, desta vez - ouve-se um conjunto de "ufa" e "que alívio", coisas deste género. - Eu só quero saber onde têm mais dúvidas e ajudar-vos antes do teste. Melhor!? Agora, vão ficar a pares e vou ser eu a escolhê-los - novamente levanta-se um clima de indignação - Quero que sejam alunos com diferentes classificações e desempenhos. Sasha ficas com a Caroline, Lucas com o Toby, Jennifer com o Tom.

– Mas, mas professora eu podia ficar com o Andrew e assim ajudava-o! - diz Jennifer num tom suplicante.

– Pois, pois e namoravam mais que revolviam equações. O objetivo aqui é estudar Matemática e não o interior das vossas bocas. - A professora volta-se para Andrew e diz - Andrew ficas com a Riley.

– O quê!? - ouve-se Jennifer gritar. Eu estava aluada sobre tudo o que se estava a passar naquela sala até que Andrew chega até à minha beira e eu pergunto revoltada:

– O que é que estás aqui a fazer? Já não basta perseguires-me até à casa de banho FEMININO que agora vens me chatear até na aula de MATEMÁTICA!?

– Eu sou o teu par a resolver exercícios - fiquei de queixo caído. Eu não queria nada ficar com ele! Olho para Lyla que está toda babada. Ela ficou com o melhor amigo do Andrew, Josh. Ela ficou mais do que satisfeita ao contrário de mim, quer dizer só faltava andar de saltos.

Eu fiz os exercícios e nem falei para o meu "par", estava cada um para seu lado.

– Sabes que isto é a pares!? - ouço uma voz grave porém carinhosa ao meu lado.

– Sim, e depois? - respondo eu de forma ríspida sem transmitir qualquer forma de afeto - Eu faço os primeiros 5 exercícios, que são os mais difíceis, e tu fazes o resto!

– Vou tentar não me deixar ofender por esse comentário e vou ignorá-lo. É suposto fazermos todos os dois em equipa - diz ele sorrindo ao pronunciar esta última palavra e esse seu sorriso arrepiou-me toda. Era puro e inocente e não transmitia malícia alguma. Riley, recompõe-te! Não te podes deixar influenciar por uma cara bonita! repreendi-me mentalmente.

– Não me apetece!

– Desculpa, mas isto agora é por apetites?

– Nem por isso. Se fosse tu não tinhas ficado comigo - digo eu fazendo contacto visual com ele para o tentar intimidar mas o olhar dele era persistente, desafiante e parecia que ele estava a tentar ler todos os meus pensamentos.

– Ah! E depois eu é que sou o mimado - Andrew exalta-se e diz esta última parte demasiado alto chamando a atenção da professora.

– Riley e Andrew têm que trabalhar em conjunto. Não se chama trabalho de pares à toa - Andrew dá um sorriso vitorioso e venha o diabo e escolha pois eu não sei qual deles é melhor, se o vitorioso ou o puro e inocente! Riley pára!

– Parece que vais ter que me ajudar! - e recebo um piscar de olho por parte dele.

Eu tentei explicar os exercícios a Andrew de forma clara e falar o mínimo possível, o que se tornava impossível porque ele fingia não perceber para que eu lhe explicasse novamente. Ele conseguia mesmo tirar-me do sério e ele parecia ficar contente.

Acabamos por não conseguir terminar todos os exercícios e a professora estendeu o prazo de entrega para a próxima aula, ou seja, amanhã de manhã ao primeiro tempo.

– Eu termino sozinha!

– Nada disso! Eu quero ajudar, não quero ter mérito por algo que não fiz e além disso o propósito desta atividade é aprendermos, por isso...

– Pede à Jennifer que te explique - interrompo-o antes que continuasse a pedir pela minha ajuda.

– Mas tu és o meu par e não a Jenny - diz Andrew quase gritando, novamente. Eu suspiro para tentar controlar os nervos que já estavam quase a entrar em ebulição.

– Sabes que para isso teremos que ficar hoje na escola até mais tarde, certo?

– Yep! Por mim não há problema.

Ah, que raiva! Tudo o que menos me apetecia era ficar na escola com aquele idiota.

Depois da última tive que me despedir de Lyla:

– Hoje não vou contigo para a paragem.

– Porquê? - pergunta ela.

– Vou para a biblioteca acabar de resolver os exercícios de Matemática com o Andrew - digo eu num tom abatido.

– Amiga, anima-te! Vais estudar com o pão do Andrew! - Lyla estava toda sorridente. Mais do que o normal .

– Alguém está feliz! E algo me diz que tem alguma coisa a ver com a Matemática.

– Não podias estar mais correta. O Josh além de giro, é super engraçado e simpático. É assim tão óbvio? - começamos a rir e despedimo-nos. Também liguei para a minha mãe a avisá-la que ficou muito feliz por saber que ia ficar na escola com um amigo além de Lyla. Após o telefonema fui para a biblioteca e à porta encontro a perua rosa, Jenny, que não gostou muito da ideia de eu e o seu namorado ficarmos juntos na biblioteca que ao fim da tarde está vazia. Despediu-se dele com um beijo longo, onde aposto que houve muita troca de saliva não que estivesse a reparar, totalmente desnecessário e a senhora da biblioteca (que devia ter mais de 40 anos) ao reparar nesta demonstração de afeto foi enxotá-los. Após a bibliotecária sair da beira deles, Jenny despediu-se um selinho ao ir-se embora lançou-me um olhar fuzilador que era capaz de matar a cidade inteira.

– Vamos - digo eu apontando para uma mesa vazia - Quero terminar isto rápido.

– Porquê tanta pressa?

– Porque será!? - digo eu fingindo um tom pensador - Quanto menos tempo tiver que passar a olhar para a tua cara melhor. - dirijo-me até à mesa, sento-me e tiro o material.

– Já reparaste que estás sempre a atacar-me? Falas comigo com sete pedras na mão!

– E tens muita sorte se elas permanecerem na mão!

– Vês!? - diz Andrew dirigindo-se para a cadeira ao meu lado e apontando para mim.

– Não te armes em vítima! Vamos!

Vou a abrir o manual de Matemática mas a mão de Andrew sobrepõe-se à minha impedindo-me de o abrir. Aí reparei que a mão dele era maior, muito maior que a minha e era musculada. Não haverá nada nele que não será musculado!?

– Tira a tua mão de cima da minha e deixa-me abrir o livro - digo eu irritada. Levanto o olhar das nossas mãos e passo a olhar diretamente para os olhos verde-esmeralda dele, zangada e ele responde-me com um olhar enigmático, de alguém que queria saber algo.

– Não enquanto não me explicares o que eu fiz para merecer ser tratado assim por ti!

– És insuportável! - exalto-me.

– Olha quem fala, a Miss Irritante de Boston e arredores.

A bibliotecária vem ter connosco:

– Shiuu! - a mulher mandou-nos calar apesar de não haver uma alma viva na biblioteca além de nós. Mesmo sem pessoal é preciso respeitar a regra do silêncio o que não faz sentido. - Silêncio ou então terão que sair!

– Oh, desculpe por incomodá-la. Pode voltar para a leitura das suas revistas - digo eu baixinho e Andrew solta uma gargalhada abafada.

A funcionária foi-se embora e eu suspirei. Esgotaram-se as minhas forças para discutir.

– Ok, vou tentar ser mais civilizada! Vamos acabar o trabalho.

– Sim, senhora. - olho para ele lançando um olhar mortal - Não disseste que ias ser mais civilizada? - eu apenas reviro os olhos.

Ele finalmente tirou a sua mão de cima da minha e já me tinha esquecido que ela ainda estava lá. Abri o livro e acabamos de resolver os exercícios.

– Vês, não foi assim tão mau! - diz Andrew dando-me mais um sorriso.

– Pois não - Andrew dá-me um olhar esperançoso - foi péssimo!

– Pára com isso!

– Com o quê? - faço-me de mal entendida.

– Para quem disse que ia tentar ser civilizada, estamos mal. Pára de ser tão fria.

– Oh, preferias que eu fosse como as outras. Sendo assim vou começar a agir como as barbies, imitando todos os seus gestos. Ó desculpa Andrew, faço tudo o que quiseres. Vou atender a todos os teus desejos e já agora!? Já te disse o quão bonito tu és - digo eu no extremo da minha ironia. Ele apenas revira os olhos e acrescenta:

– Aposto que a última parte foi verdadeira! - diz ele com um sorriso cafajeste.

– Vai sonhando!

– Admite, aproveitaste a brincadeira para deitares algumas verdades cá para fora, escondidas aí dentro à muito tempo.

– És mesmo convencido e cheio de ti mesmo.

Olho para o relógio da biblioteca e já passa das 18:00. Nem tinha reparado no tempo a passar e provavelmente o meu autocarro já deveria ter passado. Vou até à paragem e o meu autocarro hoje tinha sido o último e tinha mesmo acabado de sair. Se correr sou capaz de o apanhar penso eu esperando estar certa.

Desatei a correr atrás do autocarro feita louca e nem reparo no que está no chão e acabo por me espetar no chão, só que não me consigo levantar.


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