After the pain escrita por Neryn


Capítulo 8
Bando de palermas!




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– Olha, olha se não é a Riley e a sua fiel companheira Lyla, as duas tristes mais tristes desta escola! - disse Jennifer quando entramos no ginásio.

– Cala-te perua de meia tigela, porque sim, tu nem davas para encher meia travessa com isso a que chamas de corpo - responde Lyla perdendo as estribeiras.

– Calma, calma, não nos façam mal! Por favor Riley, não contes ao teu pai - continuou num tom em que fingia ter medo. Tanto eu como Lyla percebemos o que ela queria dizer com isso o que não me deixou nada confortável com o facto de ela saber sobre ele. - pensando melhor, ele agora não pode afinal, ele está preso! - termina ela com um sorriso vitorioso nos lábios e com uma gargalhada.

As pessoas estavam agora todas à nossa volta assistindo a esta pequena discussão e soltaram sons de admiração e focaram os seus olhares em mim.

– Já que estamos entre amigos e conhecidos Riley, aproveita e diz o que é que ele fez. Será que matou alguém? Roubou - vai ela dizendo enquanto que anda aos círculos à minha volta e de Lyla - É sempre a mesma coisa, os pobres sonham com aquilo que nunca poderão ter.

Já ouvi o suficiente! penso para mim enquanto me contenho para não lhe espetar um par de estalos à frente daquela gente toda.

– Cala-te! Tu não sabes nada - gritei e virei costas.

Corri a toda a velocidade pelo corredor vazio.

– Riley, espera! - ouvi Andrew chamar, já reconhecia aquela voz em qualquer lugar mas continuei a correr mas ele foi mais rápido e num abrir e fechar de olhos já estava à minha frente. - Pára! - simplesmente contorneio e continuei a andar - Ei! Riley Collins espera - mas porque é que ele não desiste e me deixa de uma vez por todas em paz?

Sinto-me a ser puxada com algum cuidado mas num toque firme e fico de frente para Andrew.

– Que foi? Vieste acrescentar alguma coisa ao que a tua namoradinha disse? - disse evitando contacto visual com ele e assim fitando o chão tentando prender uma lágrima que insistia em se formar e soltar dos meus olhos.

– Desculpa.

– Esquece - viro-lhe costas e continuo a andar até começar a correr e fugir. Só queria sair daquela escola. Como ainda era cedo para o autocarro, fui a pé para a casa e até que foi uma longa caminhada. Cheguei a casa e foi como se desabasse. Tomei banho e enfiei-me debaixo dos lençóis da cama tentando arranjar uma explicação para dar à minha mãe por ter faltado às aulas mas não me apetecia pensar muito nisso. A minha mãe chega e vem até ao meu quarto:

– O que se passa, querida? A Lyla ligou-me muito aflita e preocupada que tu saíste da escola sem a avisar!

Eu comecei a chorar e a ela acolheu-me num abraço - Não te preocupes vai ficar tudo bem! - consola me ela. Ultimamente tenho chorado muito.

– Não, não vai! - disse eu no meio de soluços e lágrimas.

– Eu convidei a Lyla para vir cá dormir. Ela aceitou e disse que ia a casa para preparar as suas coisas e depois a mãe dela trazia-a cá, ok?

– Ok - tentei dar um sorriso mas este saiu fraco. A ideia de ter Lyla aqui era reconfortante, ao menos teria companhia da minha idade.

– Dorme um pouco enquanto eu preparo algo para vós comerdes - eu assenti e afundei a minha cabeça na almofada. Não dei conta de nada mas acabei por adormecer e acordei com alguém acariciando o meu cabelo.

– E eu aqui a pensar que a Bela Adormecida só acordava com um beijo do amor verdadeiro - ao abrir os olhos deparo-me com Lyla sentada ao meu lado e olhando para mim com o seu habitual sorriso aberto. Ela tinha um livro no seu colo, provavelmente estivera a ler enquanto esperava que eu acordasse.

– Olá! - digo eu sentido-me ligeiramente mais bem disposta devido ao facto de ter tido um sono calmo.

– Olá! Como te sentes? - diz Lyla com um semblante preocupado - Oh, desculpa, que pergunta tola. Deixa-me reformular: porque é que te vistes embora sem dizer nada nada? Riley, quase que me dava um enfarte agudo do miocárdio e olha que o meu músculo cardíaco é fraco. E é que nem ficaste para ver o valente estalo que eu dei à Jenny deixando-a de bico calado!

– O quê? - pergunto eu sentando-me da cama com aquela revelação - Tu bateste-lhe?

– Yap! E nunca me senti tão contente e orgulhosa por ter feito a coisa acertada!

– Tu és maluca! Ainda és suspensa, ou pior, ainda és expulsa! - o meu tom de preocupação era evidente.

– Não te preocupes. Ah, continuando, depois desse meu show e momento de glória, tentei ir atrás de ti correndo pelo corredor e encontrei o Andrew. Ele disse que tinhas fugido e andamos os dois à tua procura feitos cães de caça.

O facto do Andrew andar à minha procura despoletou uma sensação estranha e ao mesmo tempo aconchegante em mim. Porque é que será que ele estava tão preocupado? interroguei-me a mim própria porém tentei não demonstrar esta curiosidade a ela.

– Ei! Estás a ouvir-me?

– Sim, claro. Desculpa? - ela olhou para mim e revirou os olhos e continuou.

– Depois tive que ir para a aula de inglês e disse ao professor que estavas a faltar porque estavas a sentir-te mal. Assim que acabou a escola tive que ir à secretaria pedir o número da tua mãe porque vossa excelência ainda não providenciou todos os contactos necessários em caso de emergência e falei com uma quase completa desconhecida, ou seja, a tua mãe e ela disse que estava a trabalhar e que tu não a tinhas avisado. Liguei-te milhões de vezes e nada. A tua mãe chegou a casa e assim que viu que já tinhas chegado ligou-me a avisar-me e convidou-me para cá vir e aqui estou eu. Resumindo e concluindo, tu dás muito trabalho!

Eu ri com aquele comentário dela.

– Nunca mais quero voltar àquela escola!

– Riley - Lyla diz tornando a sua expressão mais séria porém ainda carinhosa - tu não tens culpa do que o teu pai fez. O criminoso da história é ele e não tu. Não ligues àquelas palermas. Eu acho que todos compreenderam e que não seriam capazes de gozar contigo.

– Mas eu não quero que olhem para mim com pena e que pensem que eu sou uma coitadinha. E principalmente não quero que eles passem a ter medo de mim!

– Ninguém fará isso! E se eu vir alguém com a tacha arreganhada, bem podes crer que os dentistas vão ter muitos mais clientes.

Ri-me com a ideia. Às vezes Lyla conseguia ser muito louca, mas eu acho que a adorava por isso...

Fomos jantar e como sempre a comida estava perfeita e Lyla não poupou aos elogios, mas foi um jantar governado pela tristeza e a minha família já sabiam de tudo pois eu contei-lhes com a ajuda de Lyla. Após comermos, dirigimo-nos para o meu quarto onde vimos o filme "If I stay". Eu preferia ver um género de terror mas a minha mãe e Lyla não o permitiram, logo optamos por um romance, escolha feita por Lyla que chorou feita Maria Madalena arrependida. Admira-me que não tenha desidratado de tanto chorar.

De manhã, ao acordar sentia-me sem vontade de enfrentar o mundo. Fomos tomar o pequeno almoço e Lyla deliciou-se com a enorme mesa cheia de comida posta pela minha tia e fomos para a paragem do autocarro. Soube bem entrar na escola com Lyla ao meu lado que entrelaçou o seu braço no meu.

Fomos até ao cacifo buscar o dicionário de inglês, disciplina que tinha quase todos os dias, e como faltava algum tempo até ao toque ficamos a conversar com Caroline uma rapariga da nossa turma. Quer dizer Lyla conversava com Caroline, eu limitava-me a rir e a fingir que estava a acompanhar a conversa, quando na verdade estava a mil noutro mundo, onde não existiam problemas e sobretudo, tinha um pai que me amava e respeitava.

Nisto, de repente regresso à Terra e deparo-me com os "problemas": as barbies e Andrew.


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