After the pain escrita por Neryn


Capítulo 10
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"Desatei a correr atrás do autocarro feita louca e nem reparo no que está no chão e acabo por me espetar no chão, só que não me consigo levantar."

Insisto em levantar-me, mas as dores fortes no meu pé não me deixam.

– Olhem só tanta sorte! Qualquer dia ainda ganho o euro milhões e depois morro atingida por um relâmpago mesmo antes de gastar um cêntimo. - resmungo eu no chão. Quem me visse naquele estado até que era cómico - uma rapariga no chão a fazer caretas de dor e a barafustar sozinha!

Olho para a entrada da escola para ver se saia alguém que me pudesse ajudar e vejo Andrew a correr até mim.

– Estás bem? - pergunta ele enquanto se baixa ficando ao meu nível e demasiado próximo de mim.

– Não - neste momento não estava com paciência para ironias e rodeios por isso fui direta - acabei de perder o autocarro e acho que acabei de torcer o meu pé. - viro a cara ficando de frente para ele. Ele olhava para mim preocupado e conseguia sentir a sua respiração quente na minha bochecha.

– Anda - diz ele levantando-se e estendeu-me a mão - vou levar-te ao centro de saúde.

– Mas fica a kilometros.

– Eu sei - continua ele dando-me novamente aquele sorriso - vamos de carro. - com a outra mão aponta para um carro estacionado ao fundo do parque de estacionamento da escola.

– Ah, pois - lembrei-me que de manhã ele tinha chegado num carro novo juntamente com a namorada e o melhor amigo.

– Não é preciso - recuso a mão que ele me estendia - eu ligo à minha mãe.

– Deixa de ser teimosa e aceita a ajuda de um amigo. Além disso a tua mãe está a trabalhar - de repente ele pega em mim ao colo e ao sentir-me a ser levantada solto um berro. Não dei muita importância ao facto de Andrew já se considerar meu amigo já que estava a fazer um esforço para ser menos ríspida.

–Ei, solta-me. Eu posso andar - e além disso quero preservar o pouco que resta da minha dignidade.

– É claro que podes! - diz Andrew irónico e revirando os olhos.

Não consigo especificar o que sentia. Era uma mistura de raiva e vergonha acompanhada por umas mini fatias de felicidade. Já tinha estado a poucos centímetros do corpo de Andrew visto que ele desconhece o espaço pessoal de cada um, mas nunca tinha estado tão próxima dele como agora. Ele carregava-me ao colo com uma enorme facilidade, como se carrega-se o saco com o seu equipamento de andebol. Os nossos corpos estavam colados e eu conseguia sentir os seus músculos abdominais e dos braços e estes eram bem definidos.

Chegamos ao carro e ele abre a porta do passageiro pousando-me com cuidado como se eu fosse uma boneca de porcelana que se parte facilmente e passa-me o cinto.

– Segurança primeiro - e sorriu brincalhão.

– Sabes que os meus braços ainda funcionam perfeitamente.

– Pára de reclamar.

– Não até tu parares de ser estúpido!

– Estúpido!? - repete ele incrédulo - desculpa se ser uma boa pessoa e ajudar-te é ser "estúpido" - diz ele fazendo aspas com os dedos. Não respondi. As dores agora atacavam com força e eu desisti mais uma vez de continuar com aquela batalha, mas da guerra nunca!

Nunca tinha estado num carro como aquele. Estava num BMW dos recentes, não sei qual o modelo pois não prestei atenção a esses pormenores, preto. Deveria ser muito caro.

Dentro do automóvel reinava o silêncio, de vez em quando lá se ouvia uma mosca a passar, mas este silêncio foi quebrado quando Andrew pergunta:

– Dói-te muito?

– Não. - viro-me para o lugar do condutor e vejo que Andrew está com os olhos fixados no meu pé.

– Mentir não é o teu forte! - diz ele voltando o seu olhar novamente para a estrada.

Voltei o meu olhar para a janela. Vejo a paisagem a passar rapidamente diante dos meus olhos Ele não deve respeitar limites de velocidade penso eu.

Ouço o meu telemóvel a tocar freneticamente e atendo:

Ligação ON

– Riley, graças a Deus! O que é que aconteceu? Já devias estar em casa. - pergunta a minha mãe passando de um tom de stress total para outro mais calmo mas ainda preocupado.

– Eu sei! Eu...eu estou com a Lyla e uns amigos - minto eu mordendo a língua - está tudo bem. Daqui a pouco estou em casa, não te preocupes.

– AMIGOS!!! Estás a divertir-te? - pergunta a minha mãe toda contente. Eu detestava mentir-lhe mas não a queria preocupar com a minha ida ao hospital.

Olho para o meu lado e encontro Andrew divertido, devia estar a ouvir a conversa. - Sim, muito! Xau, adoro-te! - respondo objetivamente, de forma curta e seca sem espaço para perguntas, dúvidas ou questões.

Ligação OFF

– Como eu disse, tu não sabes mentir.

– Oh, cala-te! - encolho os braços sobre o meu peito direcionando o meu olhar para a estrada.

Passado algum tempo o silêncio é novamente quebrado por Andrew:

– Já chegamos - anunciou. Ele sai e dirige-se até mim voltando a pegar em mim ao colo. Desta vez nem barafustei por duas razões: porque já sabia que não valia a pena e que iria gastar o meu latim e porque as dores eram fortes.

– Então, como te sentes? - pergunta ele enquanto caminhava.

– Além das dores!? Uma privilegiada por ter vindo contigo no teu colo e de agora estar no teu colo.

– Tu não dás a mínima!

– Desculpa, mas é mais forte do que eu - digo eu de forma dramática nos seus braços.

Entramos nas urgências e quando entramos todos os que estavam lá dentro (que eram principalmente idosos e enfermeiras) voltam os seus olhos para nós e sorriem como se fosse a cena mais bonita que já tivessem visto. É apenas um rapaz a carregar uma rapariga pelas urgências, por insistência dele, pois ela não consegue andar. Não é nada do outro mundo pelo amor de Deus! Eles que arranjem uma vida!

Sentámo-nos na sala de espera:

– Desculpa mas vou ter que me retirar por um bocado. Tenho que fazer um telefonema. Tenta não morrer sem mim ou então tenta não destruir o hospital - ele afasta-se sem me dar tempo de responder e pisca-me o olho.

– Que fizeste? - pergunto eu quando ele regressa e se senta na cadeira à frente da minha, ficando assim de frente para mim. E de fundo ouvi um "OH" dos velhinhos mas optei por ignorar.

– Estava a arranjar uma maneira de seres atendida primeiro! - diz ele orgulhoso.

– Não, eu não quero. Não é justo - digo eu destruindo o seu semblante contente.

– Queres ficar aqui uma eternidade? Além disso tens que ser vista por um médico o quanto antes!

Ao meu lado estava uma criança com a perna estendida e em cima de uma cadeira. Na perna encontrava-se uma grande ferida aberta e em sangue. A criança estava a tentar não chorar mas notava-se nas suas expressões faciais que a dor era muita e já haviam lágrimas a formar-se nos seus pequenos olhos tristes.

– Riley Collins - chama uma funcionária - o doutor Logan já está disponível e encontra-se à sua espera.

Andrew levanta-se, já pronto para pegar em mim mas eu adianto-me.

– Nem penses - tento agarra-lo pelo braço mas a minha mão é demasiado pequena cobrindo apenas metade do braço e ele ri-se com esta situação.

– O quê? Agora queres ir sozinha? Nem sequer consegues andar!

– Não é isso. Quero que o menino vá primeiro. Não é justo, ele já está à espera há mais tempo e o seu ferimento é mais grave que o meu. - Viro-me para uma senhora que estava à beira do menino que devia ser a sua mãe e disse-lhe para levar o seu rapaz e recebi um sorriso aberto por parte do rapaz que me deixou satisfeita.

– Tu estás louca? Agora vamos ter que esperar um século e meio para sair daqui! - diz Andrew zangado.

– Olha, ninguém te obriga a estar aqui. Podes ir embora quando quiseres que eu não me importo.

– E como voltas para casa?

– Olha, antes de tu apareceres na minha vida eu sabia desenrascar-me. Existem táxis, sabes? Tu não és o meu único recurso.

– Mas sou o melhor! - diz ele convencido.

– Sim, sim. Continua a acreditar nisso. - ele bufou e eu sorrio com esta atitude por parte dele.

Passou cerca de meia hora e o menino voltou com uma perna ligada, um peluche e um sorriso estampado nos lábios. Ele veio até mim e estendeu-me a sua pequena mão em sinal de cumprimento ao qual eu respondo.

– Olá! Como é que te chamas? - pergunto passando a mão pelo seus cabelos pretos e macios despenteando-o.

Ele respondeu-me com gestos com as mãos e eu não percebi o que ele queria dizer.

– Ben. - respondeu a senhora que devia ser a sua mãe. Era uma senhora mais baixa do que eu e magra. Notava-se que estivera a chorar mas agora os seus olhos já tinham um brilho de felicidade e já havia um sorriso a se querer formar - Ele é surdo por isso comunica através de gestos.

– Eu chamo-me Riley - a mãe traduziu o que eu disse para o filho - prazer - e fiz-lhe cocegas no pescoço e ele ri.

– Vamos Ben, agora é a vez da Riley receber cuidados - enquanto ela falava para mim, ao mesmo tempo traduzia para o filho - A menina e aquele rapaz fazem um belo par. Espero que tratem bem um do outro. - Ben pareceu ficar triste e deu-me um beijo na bochecha. O comentário da mãe deixou-me de queixo caído e eu apressei-me a responder:

– Não senhora. Nós só somos amigos e nem sei se já chegamos a esse nível.

– Olha, é uma pena. Bem, foi bom conhecer-te e obrigado por ajudar o meu menino. Até qualquer dia! - a senhora cujo nome nem cheguei a saber despediu-se de mim com um aceno de mão e saiu do hospital com o seu filho que já tentava dar pequenos saltos.

Andrew observava-me de longe com um sorriso estampado no rosto e eu tinha-me esquecido que ele ainda estava lá. Ele vem até mim e pega em mim ao colo dizendo:

– Vamos ou queres deixar mais alguém passar à frente?


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Notas finais do capítulo

k tal?
deixem os vossos reviwes!



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