After the pain escrita por Neryn


Capítulo 6
Rasteiras da vida. Ah, não das peruas!!!


Notas iniciais do capítulo

desculpem pessoal, mas o meu jeito para títulos é fraco



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Estávamos na hora de almoço e eu e Lyla fomos para a cantina onde nos sentamos numa mesa sozinha. Conversávamos sobre coisas banais, quando as barbies se sentam na mesa ao lado da nossa e começam a mandar bocas:

–Olha, olha se não as 2 retardadas da escola. Parece que já fazes parte do clube, Riley, eu sempre soube - terminou dando-nos um sorriso convencido e maldoso e revirou-nos olhos sendo imitada por Sasha e Tracy e eu encolho-me sem saber como lhes havia de responder.

– Antes retardada que ocas como vocês. Ah, espera, afina é capaz de haver alguma areia dentro disse - disse Lyla imitando o tom de voz das outras e apontando para a cabeça delas.

– Lyla, já olhas-te bem para ti? Querida és um pão sem sal!

– Claro, "querida" - responde Lyla fazendo aspas com os dedos, e enfatizando e exagerando na palavra "querida" - como é que achas que este corpinho se mantém? - acrescenta Lyla apontando para o seu corpo - Eu, se fosse a ti, tomava cuidado porque o sal a mais engorda e desculpa que te diga, hum... por acaso retiro o meu pedido de desculpas, estás a ficar inchadinha. Qualquer dia rebentas com as costuras dessas tuas roupas chiques e justas. Olha que quem te avisa teu inimigo é!

Elas apenas bufam e sentam-se pois se continuassem haveria porrada e não queriam arriscar perder uma unha.

– Hum... Lyla sabes que o provérbio não é assim, certo? É "quem te avisa teu amigo é". - Digo eu corrigindo-a.

– Eu sei o que disse. Sou desmiolada, mas nem tanto. - diz Lyla tirando os olhos de seu prato fixando-os em mim - Riley, tens que começar a defender-te delas.

– Não te preocupes, o jogo está prestes a mudar!

Acabámos de comer e eu levantei-me para ir pousar o tabuleiro e de repente sinto algo a ir de encontro aos meus pés e caio em cima de alguém derramando sumo e restos de puré borracha que de sabor deixava muito a desejar. Olhei atónica para o que tinha acontecido e vi à que estava em cima de Andrew e que o puré tinha acertado em cheio no seu casaco da equipa de andebol. Grande maneira de mudar o jogo penso para mim. Levanto-me apressadamente sendo seguida por Andrew que reclamava baixinho enquanto tentava sacudir a comida do seu casaco.

– Desculpa - digo eu timidamente, olhando para a mancha que estava no seu casaco.

– A culpa não foi tua. Eu vi o que elas te fizeram, mas é melhor nos limparmos.

Dirigimo-nos para a casa de banho que existia à frente da porta de saída da cantina, cada um para a respectiva casa de banho onde me limpei e quando acabei saí. Ao sair ouvi o Andrew a chamar-me mas não me apeteceu responder (sim, isto é por apetites caso estejam a se perguntar), por isso decidi continuar o meu caminho à procura de Lyla porque desde que caí nunca mais a vi, até que sinto algo a agarrar o meu abraço obrigando-me a parar. Olho para trás e vejo Andrew despenteado e ligeiramente vermelho.

– És surda? Vim o caminho todo a chamar por ti!

Nem me dei ao trabalho de negar ou me desculpar por isso dei um leve aceno de cabeça.

– Que queres? - perguntei de forma ríspida.

– Calma, não é preciso estares sempre na defensiva!

– Porque será? - perguntei irónica.

– Desculpa!? Primeiro de tudo, tu é que chocas contra mim nem tenho direito a um pedido de desculpa decente, depois tiras-me o lugar e ainda por cima és arrogante, caís em cima de mim sujando-me todo com puré borracha e pedes desculpa como se tivesses sido obrigada e que fazê-lo mata-te e vais embora. Agora chamo-te fazendo figuras de parvo e ignoras-me. Fiz te alguma coisa de mal?

– Já acabaste?

– OK, Já percebi! És daquelas mal criadas que está sempre mal humorada e mal com o mundo.

– Eu não sou mal criada, só não me dou ao trabalho de ser bem educada com pessoas como tu! - respondo-lhe eu já irritada com o atrevimento dele.

– És mesmo arrogante e ignorante. Nem sequer me conheces para fazeres tais juízos sobre mim.

– E nem quero, já te conheço o suficiente para saber que não me quero dar contigo.

– Com que então conheces-me!? Então, ilumina-me, diz me como é que eu sou?

Não me contive e larguei tudo:

– Mimado, convencido, gosta de usar as raparigas como se fossem T-shirts. Usa e depois põe para lavar.

Ele riu-se e eu fiquei com muita raiva. Virei-lhe costas e comecei a caminhar e encontrei Lyla à beira do cacifo, que não era afastado da cantina.

– Ia te perguntar onde te metes-te mas vejo que acabaste de sair da beira de Andrew e pelo que vejo a chapa está quente!!! - diz Lyla começando se a rir. - Estive à tua procura, depois de dizer umas quantas às peruas - Lyla pára de rir e olha para mim. - Deus, o que é que aconteceu? - pergunta pegando me no queixo para olhar diretamente nos olhos - Porque é que estás com os olhos marejados?

A pergunta dela apanhou-me completamente desprevenida. Estava já a chorar e nem dei conta. Talvez aquilo tenha mexido comigo mais do que eu julgava.

– Não, não te preocupes- disse eu soltando um soluço involuntário.

– Como é que queres que eu não me preocupe? Eu vou matar aquela gente toda. Vou esfolá-los, desmembrá-los... - antes que ela continuasse a descrever o que lhes iria fazer eu interrompo-a:

– Não, a sério. Chega de confusões e agora não quero falar sobre isso, por favor.

– Está bem, eu não insisto. Mas se precisares eu estou aqui.

– Ok. - limitei-me a responder, morrendo aqui o assunto.

Fomos para a aula. Agora iria ter História, uma das minhas disciplinas preferidas. Sentamo-nos na fila do meio cada uma na sua carteira mas uma ao lado da outra. Não me consegui concentrar na aula, vinham-me memórias más do tempo em que vivia com o meu pai e só me apetecia chorar. Lyla percebeu que algo se passava e que eu breve iria explodir em lágrimas.

Ganho coragem e pedi ao professor para sair porque não me estava a sentir bem e ele autorizou. Nem sequer dei tempo a Lyla para dizer algo ou até mesmo me seguir. Corri pelo corredor e quando cheguei à casa de banho, fechei a porta sem me preocupar com o barulho e encostei-me na parede escorregando lentamente até me sentar no chão com as pernas enculhidas e escondi a cara no meio das pernas e finalmente me permiti chorar e chorar como já não chorava à muito tempo.

O meu peito foi invadido por uma dor à muito escondida e acumulada deixando-me quase sem respirar. Perguntam-se porque é que eu escondi e acumulei a dor!? Bem, é simples. Após a sentença do meu pai ter sido declarada, a minha mãe ficou aliviada porém muito triste pois por muito mau que ele fosse a minha mãe amava-o verdadeiramente. É contraditório mas quando já se amou uma pessoa verdadeiramente, por muito mal que ela te faça é difícil abandonar esse sentimento por várias razões, como o medo de não ser amada novamente e de poder amar alguém com a mesma intensidade. Como a minha mãe estava em parte mal, eu senti como sendo minha obrigação ser forte por ela neste momento de maior fraqueza já que foi ela a forte e eu a cobarde durante aqueles anos com o meu pai e então esconder os meus sentimentos em relação ao meu pai o que resultou numa bomba relógio podendo esta ser acionada por qualquer coisa desde uma foto antiga a uma discussão com alguém, o que foi comprovado momentos atrás após a mini discussão com Andrew.

Não percebia porque é que é que tinha sido a discussão com ele que tinha causado isto pois desde o início do ano, provocações não faltam e verdade seja dita, eu neste momento mal me conseguia aguentar.

Levanto-me a custo e agarro-me ao lavatório olhando-me ao espelho. Estava um farrapo, tinha os olhos inchados e mortos de tanto ter chorado e o nariz e bochechas vermelhas. Não podia voltar assim para a aula pois assim as pessoas reparariam no meu estado emocional frágil e tirariam vantagens disso de maneira que nem Lyla me poderia defender.

De repente ouço o ranger da porta e esta abre, vejo uma sombra a aparecer na parede da casa de banho e ouço uma voz perguntar:
– Estás bem?


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