After the pain escrita por Neryn


Capítulo 40
Ele não sabe esquiar


Notas iniciais do capítulo

Então pessoal como foi o vosso Natal??? Eis mais um capitulo e espero que gostem e deixem me uma prendinha.... deixem comentários!



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Pov Riley

– Então estão prontos para esta semana espectacular? - pergunta Andrew super entusiasmado.

Ouviu-se uns sim juntamente com gritos de alegria. A barafunda durou mais uns dez minutos porque passado esse tempo a maior parte já dormia. Lyla encostou a sua cabeça ao meu ombro e adormeceu quase instantaneamente. Eu encostei a minha cabeça ao vidro. Também estava cheia de sono, com aquela agitação toda e a conversa até as tantas, fizeram com que acabasse por dormir pouco. a verdade é que nem dei conta e acabei por adormecer.

Pov Andrew

Às vezes até tinha vergonha das atitudes da minha namorada. Decidiu que queria que o pai a levasse até o Camelback Mountain Resort só para não ter de acordar cedo como todos nós. Quando entrei já haviam bastantes lugares preenchidos por colegas meus que falavam animadamente. Avistei Riley à janela com Lyla ao lado. Josh estava mesmo atrás. Sentei-me ao lado dele. Tenho a certeza que a escolha daquele lugar não foi em vão, mas longe de mim queixar-me. Estava-mos todos a falar normalmente num grande círculo de conversa, mas decorrido algum tempo já todos estavam meios encostados para dormir. Lembrei-me da Jenny que muito provavelmente está chateada por eu não me ter esperado para ir com ela, mas a verdade é que preferia ficar no autocarro com Josh do que com ela. Eu sei que isto não é normal, mas o que posso eu fazer?

A viagem acabou finalmente.

A vista era simplesmente sublime: Riley no meio da neve iluminada pelo sol de Inverno. Estava vestida normalmente com um quispo castanho e umas botas castanhas também, tinha um gorro azul e o cabelo solto. Sorria para Riley. Aquele sorriso lindo que me hipnotizava parava o tempo e a gargalhada era tão divertida por ser escandalosa e ao mesmo tempo conseguia ser melodiosa. Queria recorda-la para sempre assim.

O Josh parecia um burro a olhar para um palácio, pois também encarava Lyla com um fascínio e uma admiração que se notava a quilómetros. Quem não parecia satisfeita a observar isto era a Sasha. Quando ele me disse que tinha acabado com ela mostrei-lhe todo o meu apoio e claro fiz questão de gritar um "ALELUIA" bem alto. Sasha encarava Lyla, como se quisesse que em vez de peru no Natal fosse servida a cabeça da Lyla no seu lugar com batatinhas assadas. Ela tem de se pôr a pau, porque se bem a conheço a guerra acabou de começar.

–Vai ter com ela meu! - Josh coçou a parte de trás da cabeça envergonhado por eu o ter apanhado em flagrante.

– Achas que devo mesmo ir?

– Não acho, tenho a certeza. Se não lutas por ela... qualquer dia ela arranja alguém.

– É talvez tenhas razão... - ele admite.

– E quando é que eu não tenho! - Josh vira-se para mim, pega num punhado de neve com a mão e atira-me acertando em cheio no meu peito.

Josh avançou um pouco a medo mas avançou! Avistei ao longe Michael que olhava muito atento na direção de Riley. Ao início fiquei confuso, mas logo percebi que o seu olhar era dirigido a Sarah que sussurrava algo no ouvido da Riley enquanto estas deixavam os pombinhos.

Então de repente reconheci o rapaz do café onde Lyla trabalhava e vieram-me imagens à cabeça de memórias mais antigas da escola. Ele fora o jogador mais novo a entrar na equipa, éramos da mesma idade no entanto ele conseguira passar nos testes da equipa enquanto ainda andava no 8ºano. Era um grande jogador e foi o capitão da equipa de andebol, também o mais jovem pois rapidamente impressionara todos com a sua técnica precisa e estratégias de jogo infalíveis. Ele era o elemento surpresa. Os adversários ao verem o rapaz mais novo em campo suponham logo que era o elo mais fraco... mas eram sempre enganados e levavam uma enorme sova do tal minorca. Michael podia ser o mais pequeno, mas usava isso a seu favor. Podia não ser o mais forte mas era o mais rápido. Ele conhecia as suas fraquezas e aperfeiçoava-as. Tinha assistido a alguns jogos da equipa nessa altura e fora ele que me inspirara a juntar-me ao desporto. Fora graças a ele que eu me tornara o jogador que sou! Lembro-me de ficar fascinado pelo modo de jogar dele. Michael deslizava por entre os adversários de forma graciosa, não cometia faltas e desviava-se dos adversários que as tentavam cometer sobre ele e sobre os colegas de equipa. Foram raras as vezes em que o vi ir ao chão por uma falta. Os passes dele eram precisos e feitos mesmo no momento certo, e os remates ferozes iam parar ao fundo das redes. Quando era marcado por um jogador, ele livra-se dele de forma fantástica de modo que o adversário só o voltava a ver quando ele estava a marcar um golo. A sua técnica era simples, não costumava recorrer a dribles complicados e confusos, em vez disso usava técnicas como para se desviar de um adversário quando ele era muito alto, passava-lhe por baixo das pernas. Mas ele também era capaz de peripécias arriscadas: num jogo a equipa com quem jogamos era constituída por rapazes muito altos sendo que a barreira da área do guarda redes era muito alta para os da nossa equipa, mas Michael não desistira e ele tomou impulso de um colega de equipa que o lançara no ar e aí ele rematara e marcara o golo da vitória. Ele tinha sido escolhido para ser capitão pela sua excelência enquanto jogador e estrategista pois ele arranjava sempre uma maneira de dar volta a resultados. A maneira como o estou a descrever dá a entender que ele era o jogador perfeito mas muito pelo contrário! Ele também cometia algumas falhas, alguns remates eram defendidos, um ou outro drible não dava resultado, tropeçava e caia mas daí ele ser um excelente jogador pois ele nunca desistia e dava tudo de si num jogo. O que me surpreendera mais era que enquanto jogava o sorriso nunca abandonava o seu rosto! Ele adorava o que fazia e divertia-se! O treinador mencionara-o algumas vezes e quando me nomeou capitão foi uma enorme honra para mim pois queria continuar com o legado de Michael e pôr a equipa de volta nos eixos porque a última época com o capitão anterior a mim não tinha corrido bem. Nunca soube porque é que Michael desistiu assim do andebol quando era definitivamente o melhor jogador que a escola tivera desde sempre. A seguir a ele eu fui o segundo mais novo a entrar na equipa. Candidatei-me à equipa nos inícios do meu 9º ano e no princípio ficava no banco a dar água aos meus colegas. Só tive oportunidade de jogar quando um colega se lesiona e eu era o último no banco e a partir daí passei a ser regular nos jogos.

Decidi ir falar com ele.

– Realmente é muito bonita... - diz quando me aproximo dele.

– Ah... quem? - pergunto sem entender.

– A Sarah...- esclarece. Ele pareceu desprevenido mas depois de perceber o que eu queria dizer, sorriu e olhou para o chão embaraçado - A Riley também é... - disse levantando a cabeça e encarando-me.

–Eu sei...

Começamos a caminhar e a pausa que tivéramos para admirarmos o paraíso a que tínhamos chegado acabara, alias já toda a gente tinha tirado as malas do autocarro.

De repente sinto alguém a abraçar-me o tronco.

– Amor!

– Oh...olá Jenny... - a minha voz saí sem entusiasmo. A minha paz tinha acabo e Michael ao aperceber-se diz manda-me um olhar de piedade.

– Isto vai ser espetacular!- disse tentando beijar-me mas eu virei a cara e ela acabou por me dar na bochecha.

– Andrew, eu vou ter com o resto do grupo. Vemo-nos logo! - Michael diz ignorando completamente Jennifer e acabou por se afastar.

– Que grupo amor? - pergunta ela desconfiada e apertando-me possessivamente no abraço.

– Nada. Esquece. - digo saindo do seu abraço desconfortável.

Pov Riley

Quando senti o autocarro a abrandar acordei ainda sonolenta, Lyla fez o mesmo, ao longe tudo estava branco. Eram só montanhas à nossa volta cobertas de neve.

A pousada era enorme e parecia acolhedora. Levantou-se a algazarra quando lá entramos. Eram só adolescentes a correr com as malas atrás para explorar todos os cantos.

Assim que eu e o meu "grupo" tiramos as malas, esperamos um pouco cá fora para apreciar o espaço e para o resto da gente tirar as malas e ligarem aos pais para dizer que estavam vivos. E eu tive de fazer o mesmo se não ainda lhes dava o treco. Os professores conversavam com alguns alunos também.

Lyla não parava de contar um episódio que aconteceu quando ela era pequena e foi com os pais para um sitio parecido. Eu e Sarah só nos riamos das suas parvoíces até que o Josh chega ao pé de nós.

"Vamos Riley, vamos deixar que a neve faça a sua magia" sussurrou Sarah ao meu ouvido. Então de mansinho distanciamos-nos deles. Quando entramos na pousada, tinha realmente um ar confortável e quentinho, o que contrastava com aquela neve. Tinha ar de casa de campo com um toque de modernismo. Predominavam as cores quentes, como os castanhos, os beijes e os vermelhos escuros. Tivemos que esperar que os professores distribuíssem os quartos que iriam ser partilhados.

– Meninas, vocês ficaram juntas, pode ser? - disse o professor de educação física entregando-nos a chave com um sorriso.

– Claro! - concordamos nós de imediato olhando umas para as outras como que a dizer "oh festa! Isto vai ser tão giro!". Então entramos no elevador que nos levou até aos quartos. Andamos por um corredor até encontrar o 108 que ficava ao fundo do corredor do lado esquerdo. Ao encontrarmos a nossa porta ficamos por um tempo a observá-la. Era gigante e reluzia a luxo. O som do destrancar a porta é seguido por uma voz.

– Olá de novo meninas! Querem vir juntar-se a nós lá fora? Vamos fazer ski! - diz Josh que estava acompanhado por Michael. Olhei para as minhas amigas e elas concordavam com a cabeça.

– Ok. Esperem só um pouco que vamos pousar as coisas ao quarto! - pronunciei-me já que elas estavam ocupadas a babarem-se com os rapazes. Entramos no quarto e nem temos tempo de o admirar. Atiramos as coisas para cima das camas gigantes e vamos logo ter com os rapazes. Saímos dos quartos e os dois rapazes ainda esperavam por nós...mas sem Andrew...

– Então estou a ver que ficaram as três no mesmo quarto! - diz Michael e nós concordámos - Nós também conseguimos ficar no mesmo quarto juntamente com o Andrew que deve estar lá fora. - Acho que esta última parte foi dirigida para mim pois Michael olhava para mim enquanto falava acerca de Andrew.

Quando vamos para o meio da neve os rapazes tratam de nos providenciar o material para ski. Ao início só nos rimos porque nenhum de nós consegue manter-se em pé equilibrado neles acabando sempre por aterrar na neve gelada.

Sasha vem na nossa direção nos seus skis a alta velocidade. Ela já sabe andar muito bem e ao aproximar-se de Lyla faz uma derrapagem que a cobre de neve. Josh sai dos seus skis e vai ter com ela limpando a neve de cima dela. Eles ficam a olhar um para o outro durante algum tempo e são interrompidos por um Andrew desgovernado que para se desviar dos pombinhos acaba por se desequilibrar e cai em mim enterrando-me no meio da neve.

– Desculpa, desculpa... - diz ele preocupado e sai de cima de mim. Ele estende-me a mão para me ajudar a levantar e eu aceito a ajuda. Estava a tremer de frio e ele apercebendo-se disso põe as suas mãos cobertas por luvas nos meus braços e começa a mexê-las para cima e para baixo ao longo deles que estavam bem estendidos numa tentativa de gerar calor enquanto os nossos olhares se encaravam profundamente. Sinto a sua hesitação em abraçar-me e não sei o que sinto em relação a isso. Por um lado queria ser abraçada... queria sentir o calor do seu corpo contra o meu gelado e além disso queria sentir a proteção que aqueles braços me proporcionavam, queria o conforto deles, queria estar neles. Mas por outro não queira por um simples motivo, melhor por um complicado alguém: Jennifer. Se ela visse tal ato o mundo entrava em colapso. Os calotes polares derretiam, haviam tremores de terra, tsunamis, tufões, erupções vulcânicas, queda de meteoritos e o fim da humanidade! E também não queria que ele me abraçasse enquanto tem namorada e há sentimentos conflituosos entre nós.

Não sei o que é que gerava mais calor: se as mãos dele nos meus braços ou os nossos olhares. Quase que via pequenas faíscas a sair deles e do seu toque gentil em mim. Era este seu toque que eu adorava. Fazia-me sentir segura de tão firme e forte que era mas ao mesmo tempo era carinhoso devido à gentileza. Era isso que eu admirava nele: a capacidade de ser forte e delicado, de me proteger dos perigos fortes mas continuar um cavalheiro e cortês, e a sua seriedade em assuntos delicados e estar sempre a tentar fazer-me rir. Mas ele era inatingível... por muito que eu não goste de Jennifer nunca faria tal coisa como roubar um namorado.

Uma ideia fora de mim invade-me os pensamentos e era uma forma de me vingar de Andrew pela tentativa de me gelar até à morte. Pego numa bola de neve e berro:

– Luta de bolas de neve!


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