After the pain escrita por Neryn


Capítulo 39
Neve aqui vamos nós!


Notas iniciais do capítulo

Mais um!
Feliz Natal para todos!



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"- Sabes... estamos mesmo debaixo de azevinho. E tu sabes o que isso significa? - nego com a cabeça - Significa que tens que me beijar!"

Maldito Andrew arruinador de momentos e maldito Charles pela decoração de Natal! A sério que ele tinha que reparar no azevinho por cima das nossas cabeças! Aproximo o meu rosto do seu por cima do balcão sentindo a sua respiração quente e regular contra a minha pele.

– Querias! Só nos teus sonhos e nem aí! - respondo à provocação dele. Mas o que é que se passa comigo para lhe responder?

– Nos meus sonhos não és tão má comigo! - provoca Andrew.

– Então meu caro... é porque não sou realmente eu! É que mesmo nos teus sonhos eu arranjo sempre algum motivo para resmungar contigo... nem que seja só porque não gosto da tua camisola! - volto a responder deixando-o literalmente de queixo caído.

– Touché! Muito bem respondido! A gata afinal tem garras!

– Eu sempre as tive querido. Mantenho-as escondidas dos olhares curiosos e revelo-as no momento certo!

– Jesus! Estás on fire com essas respostas! - estou sempre assim... só que quente como és nem reparas! O que é que se passa comigo? Preciso de ser internada e de terapia intensiva porque ele está a começar a mexer comigo mais do que o costume! É melhor ir ali até à neve para ver se a língua arrefece porque isto está a ficar perigoso.

– Vamos diretos ao assunto! O que é que estás a fazer aqui?

– Bem... vim comprar uma prenda de Natal para a Kelly.

– Hum... tenho o livro perfeito. Ela esteve aqui no outro dia e perdemo-nos na conversa de tal modo que ela esqueceu-se do que veio cá fazer! - digo enquanto vou buscar o livro que tinha encontrado para ela por baixo do balcão.

– Obrigada! Já sei que ela vai adorar! - agradece empolgado com um enorme sorriso nos lábios. E que sorriso! Riley, pára! Não comeces a vaguear e concentra-te! - Vais à viagem que a escola está a organizar?

– Talvez...

– Hum... eu se calhar também vou. Depende da companhia! - diz piscando-me o olho que provocou-me calafrios pelo corpo inteiro - Já que tenho tudo o que preciso e que tu quebraste as regras do azevinho e recusas-te a dar-me um beijo... vou-me embora! - provoca-me um enorme sorriso malandro.

– Adeus!

– Até breve Riley!

O resto do dia correu normal. Caleb chegou e Charles obrigou o neto a ajudar-me devido à grande movimentação na livraria e também o obrigou a vestir-se de duende! Foi hilariante! Enquanto ele estava desprevenido a atender uma criança eu aproveitei e tirei uma foto do momento mandando-a logo à Lyla que desmanchou-se a rir.

Falei com a minha mãe acerca da viagem e ela ficou super entusiasmada com a ideia. Deixou-me logo ir e até deu-me algum dinheiro para comprar os materiais necessários.

Pov Josh

Eu não sei bem o que se passa comigo! Só de saber que aquele demónio do Valentine andava à procura dela ficava furioso e com medo que algo lhe acontecesse e que eu não a pudesse proteger.

Andava a evitar Sasha à dias. Simplesmente não aguentava os seus toques e as suas palavras de carinho. Não vindas dela. Não quando eu queria outra rapariga.

– Joshy! - ouço Sasha chamar pela alcunha horrível que ela me tinha dado - Querido, tenho saudades! - tinha mesmo que por fim a esta relação. Não podia namorar ela quando outra ocupa os meus pensamentos a toda a hora.

– Sasha...precisamos de falar.

– Agora não Joshy! Depois de matar a saudade de ti falamos... - disse agarrando o meu colarinho e tenta beijar-me com voracidade só que eu não correspondo - Que se passa Josh? - diz com um tom zangado. Quando ela me chamava pelo meu nome a coisa estava preta.

– Como eu disse... temos que conversar.

– Que foi Joshy? Esta roupa não te agrada?

– Não é isso. Tu sabes que eu não quero saber da aparência exterior da pessoa.

– Então o que é? Tu não me digas que me andas a trair?!

– Claro que não Sasha! Por quem é que tu me tomas?

– É com aquela tonta da Lyla não é? Eu sabia! Nem sequer te devia ter deixado com aquela gente!

– Deixado?! Deves estar a brincar! Tu não mandas em mim e muito menos controlas o que eu faço! Eu falo com quem quiser e quando me apetecer! E eu era teu namorado, nunca te trairia!

– Era? Tu és o meu namorado Josh!

– Não. Sasha eu não consigo continuar a namorar contigo sabendo que não te amo. Tu mereces alguém que goste de ti tal como tu gostas dele. E eu também sei que tu não me amas.

– Joshy... - diz Sasha com as lágrimas nos olhos - Tu não podes acabar comigo... somos um casal de elite! Ficamos mesmo bem juntos!

– Desculpa Sasha mas não dá mais para mim. Eu não quero mais enganar-me com alguém que eu sei que não me fará feliz. Adeus. - digo despedindo-me e afastando-me dela.

– Tu só estás a fazer isto para poderes ir a correr atrás daquela magricela! - berra Sasha completamente alterada.

– Eu não vou atrás de ninguém! Eu estou a fazer isto por mim! Estou a pensar em mim numa vez da vida!

– Eu vou dar cabo daquela ladra de namorados!

– Tu nem te atrevas a encostar um dedo nela. - Sasha faz menção de se mover - E tu nem venhas atrás de mim!

– Também nem sei o que estava a fazer com um betinho como tu quando podia arranjar rapazes a sério como o Valentine ou alguém do grupo dele. Eles sim me fariam sentir viva e não como sono como tu nestes últimos dias.

– Então diverte-te a ir buscar o teu namoradinho à prisão. E tenta beijá-lo entre as grades! - termino assim a discussão. Sentia-me aliviado.

Pov Riley

Os dias passaram a correr e quando fomos a ver já era a véspera da viagem. Tinha tudo pronto para a viagem. Lyla e eu estávamos super entusiasmadas. O lado negativo é que teríamos de acordar super cedo para chegar lá às 9horas pois era uma viagem de 1hora e 40minutos aproximadamente.

Tínhamos que marcar presença na escola às 7horas da manhã. Lyla tinha passado a noite em minha casa, assim iríamos juntas e quando entramos no autocarro ele já estava quase cheio. Sentamo-nos na fila do meio, eu do lado da janela.

Estávamos entretidas a conversar e Josh entra sentando-se no banco atrás de nós.

– Bom dia meninas! - cumprimenta-nos.

– Bom dia! - cumprimentamos de volta.

Entram cada vez mais e mais alunos. Sarah chega com Michael e sentam-se os dois no banco da frente. São seguidos por Sasha que faz uma entrada escandalosa dando passos pesados marcados pelos seus tacões e ela ao passar por nós dá-nos um olhar mortal e nem se senta ao lado de Josh. Estranho. Será que havia problemas no paraíso? Nem tive muito tempo para pensar pois Andrew já vinha na nossa direção. Josh estava do lado da janela e Andrew sentando-se ao lado dele. Através do pequeno buraco que existia entre o meu banco e o da Lyla conseguia observar Andrew e ele a mim. O mesmo se passava com Josh e Lyla que não paravam de olhar um para o outro. Michael e Sarah estavam no seu próprio universo. Conversavam como se fossem os únicos no autocarro e os sorrisos eram dirigidos apenas para eles. Estavam na sua própria bolha. Os dois eram completamente fofos e notava-se que haviam sentimentos no meio deles. Lyla e eu estávamos a observar a sua interação enquanto também conversávamos até que os moços atrás de mim resolvem chamar o resto do grupo para envolver-nos na sua discussão de onde é que se vendiam as melhores pizzas em Nova Iorque. Quem nos visse a falar diria que éramos amigos de longa data e que não tínhamos uma única preocupação na vida a não ser as notas... quem me dera que tivessem razão!

– Então estão prontos para esta semana espetacular? - pergunta Andrew super entusiasmado.

Pov Gloria

A minha menina tinha ido passear com os amigos! Estou tão orgulhosa dela! Apesar do que já passou ela tornou-se uma jovem e bela mulher que me orgulho de chamar sobrinha. Agora era só eu e Mary em casa. Essa também já passou por muito. Nós duas nunca tivemos grande sorte com os nossos amores... acabamos sempre de coração partido e a procurar refúgio uma na outra. Precisava de ir às compras porque o meu stock de alimentos já estava baixo. Vou até ao mini-mercado que ficava mesmo no virar da esquina de minha casa.

– Hum... preciso de farinha. - digo para mim própria quando entro lá. Vou até ao lugar onde ela costuma estar. Bolas! Tinha que estar na última prateleira para eu não conseguir chegar-lhe! Hum... vou buscar um daqueles bancos que estão ali expostos. Se tirar um ninguém repara e é para uma boa causa: o meu bolo depende disso! Coloco-me em cimo do banco e estico-me para chegar ao pacote só que desiquilibro-me e caio desamparada no ar e o pacote rebenta espalhando farinha pelo ar só que em vez de embater no chão, sou amparada por algo que também cai ao chão. Desde a queda mantive os olhos fechados devido ao medo mas agora obrigo-me a abri-los a encarar o meu salvador que se encontra debaixo de mim. Olho então para a frente e deparo-me com um homem charmoso, barba por desfazer mas não muito comprida, profundos olhos azuis claros e cabelos escuros ondulados mas a cara coberta por farinha. Trazia vestido uma camisola branca justa demonstrando o seu porte atlético e por cima um casaco de malha preto carvão. Estávamos com os rostos muito próximos e eu tinha as mãos apoiadas no seu peito.

– Sabe... costuma ser arroz e não farinha para não falar que é só depois do casamento! - diz ele revelando uma voz grave e com um sotaque que me pareceu de italiano. Eu simplesmente estava sem palavras - Quer um empurrãozinho para cima?

– Não obrigada! - digo tentando não gaguejar enquanto me levantava. E ele continua no mesmo sítio - Peço imensa desculpa pelo acidente! Quer ajuda? - digo estendendo-lhe as duas mãos.

– Eu aceito uma mãozinha... ou duas! - responde pegando nas minhas e impulsiona-se para cima e faz-nos cair quase novamente só que agora seria por cima de mim - Agora quem pede desculpa sou eu, minha senhora! - diz fazendo-me soltar uma das minhas gargalhadas hilariantes -Gosto do som do seu riso... é tão melodioso como a sua voz. Só não gosto de uma coisa. - arqueio uma sobrancelha. Não estava a perceber - Não gosto desta farinha a tapar a sua bela cara. - agarra a minha face de um dos lados com uma mão e com a outra começa a limpar-me. Memórias do meu passado vêm à tona e o medo apoderasse de mim e ele repara que algo mudou em mim - O que é que lhe perturba a alma?

– Desculpe... eu não posso! - tento recolher o máximo de coisas minhas que se encontravam espelhados no chão e fujo daquele lugar.

– Eu vou encontrá-la meu anjo! Sempre a encontrarei! - ouço o homem desconhecido a dizer. Nem me atrevo a olhar para trás. Não chego a fazer compras por isso tento mandar uma mensagem a pedir a Mary que as fizesse só que não tinha saldo. Tinha os cartões todos espalhados na minha carteira e não consigo encontrar o multibanco que usaria para carregar o telemóvel. Será que ele ficou para trás? Será que ele o encontrou? Meu Deus tenho que o ir cancelar ao banco e foi isso que eu fiz.

Cheguei a casa completamente cansada. O passado atingiu-me de forma violenta e eu não esperava tal coisa. Qual o porquê de ter fugido daquele homem tão charmoso? Falta de confiança. Não quero ser traída mais uma vez porque da primeira foi demasiado doloroso e não quero suportar tal dor novamente. Mergulho nas minhas próprias memórias.

Fui abandonada por quem mais gostava. Abandonada pela pessoa em quem mais confiava e apenas me pergunto o porquê? Será que eu não era suficiente? Será que eu não o fazia feliz? Eu era capaz de mover mundos só para ver um sorriso no seu rosto, mas mesmo assim ele deixou-me do nada. Fazia tudo o que podia por ele, mas mesmo assim ao sinal de um menor problema ele escolhera abandonar-me, deixar-me sozinha na grande cidade sem emprego e sem dinheiro.

Parece que o amor me deixou vulnerável. Vulnerável ao ponto de não ver os sinais que estavam à minha frente como a ingratidão dele perante os meus atos e esforços, perante o meu carinho, perante todo o meu ser.

Fui mais uma das vítimas deste grande sentimento chamado amor que parte corações por todo o mundo.

Será que as minhas refeições não eram saborosas o suficiente? Será que ele tinha vergonha de mim? São coisas que eu me pergunto diariamente para tentar arranjar uma justificação por estar sozinha. Desde que ele partiu eu nunca mais abri o meu coração a outra pessoa. Nunca mais amei alguém. Demorara muito tempo a apanhar todos os pedacinhos partidos do meu coração e juntá-los novamente num órgão mais ou menos estável.

Amar para mim agora parece uma emoção impossível.

Não quero voltar a ser abandonada, a ser destroçada. Não quero que o meu coração quebre novamente pois não sei se conseguirei voltar a juntar os pedaços.


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Notas finais do capítulo

Então que acharam pessoal?
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até ao próximo



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