After the pain escrita por Neryn


Capítulo 4
Chegada a casa




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O resto do dia ocorreu sem percalços cheio de apresentações chatas onde conheci novos professores cujos nomes não me lembro. À hora de almoço sentei-me com Lyla num canto isolado na cantina de maneira que ninguém nos chateasse e vice-versa. Conversamos mais do que comemos, quer dizer a Lyla falou mais do que comeu e eu praticamente só a ouvia falar sobre o rapaz da aula de inglês e que ela tinha que descobrir quem ele era e que era pecado ser tão giro, coisas desse género. Ela até que não fez muitas perguntas sobre o meu passado o que eu agradeci mentalmente porque ainda não me sentia preparada para falar sobre o que aconteceu em Boston com alguém e acho que Lyla se apercebeu disso e não quis abusar da confiança provavelmente por ter medo de perder a minha amizade.

Depois da escola dirigi-me para a paragem juntamente com Lyla.Enquanto caminhávamos reparei que alguns alunos faziam comentários sobre mim e sobre Lyla e sobre estarmos juntas mas simplesmente ignorei-os porque a mim não me interessa o que eles pensam ou deixam de pensar sobre mim. O seu autocarro chegou primeiro que o meu e despedimo-nos mas sem antes ela pedir o meu número de telemóvel e me dar o seu para lhe "dar sinais de vida" como ela intitulou mandar-lhe uma mensagem. O meu chegou nem cinco minutos após Lyla ter ido embora. Entrei em último e sentei-me no mesmo lugar em que vim de manhã para a escola só que agora o motorista era diferente, este era mais magro, não tinha bigode e tinha cabelos pretos e curtos. Novamente ninguém se sentou ao meu lado, reparando bem, ninguém se sentou na primeira fila a não ser eu, preferem ir para a parte de trás para o meio da balbúrdia mas por mim tudo bem. Coloco os meus auscultadores e ligo a música e assim desligo-me do mundo.

Quando chego a casa, tento não dar muito nas vistas para evitar que a minha mãe e tia me bombardeassem com perguntas sobre o meu dia. Fecho a porta de entrada devagar, tiro as sapatilhas e subo as escadas devagar e dirijo-me para o meu quarto. Pouso as minhas coisas, pego no livro que a minha tia me deu quando me mudei porque viu a publicidade do filme e disse que parecia muito interessante e então deu-me o livro "Divergente" e como não tenho mais nada para fazer e para a deixar contente tenho estado a lê-lo. Se a sociedade de fações existisse no mundo real eu faria parte dos sem-fação porque eu não me enquadraria nas outras, coragem nunca a tive, estudar e adquirir conhecimentos não é comigo, altruísta e amigável são duas qualidades que não possuo e logo eu que evito contacto com outro ser humano e sinceridade fala a moça que acabou de se escapulir para o seu quarto só para evitar ter que responder às perguntas da sua mãe e tia.

Sento-me no móvel encostado à janela, abro o livro e coloco novamente os fones nos ouvidos, não sei quanto tempo passa até que a minha mãe entra no quarto e chama:

– Riley, querida já chegaste a casa e não avisas? Já estava a ficar preocupada!

– Cheguei à pouco tempo, mãe - digo e tiro os fones dos ouvidos pousando-os juntamente com o telemóvel em cima do móvel.

– É muito bom que estejas a ler o livro que a tua tia te ofereceu, mas é melhor vires lanchar qualquer coisa pois deves estar com fome e antes que desfaleças por fraqueza - diz a minha mãe dando-me um sorriso que transmitia todo o amor e preocupação que ela nutria por mim se bem que eu não ia desmaiar só por passar algumas horas sem comer porém apenas assenti e pus o marcador no livro e fechei-o pousando-o no móvel ao lado do telemóvel. Levanto-me e vou até à beira da minha mãe e dou-lhe um beijo na bochecha. Já estava mais alta que ela e por isso tinha que me baixar um bocadinho para fazer tal ato de carinho.

– A minha menina está tão grande que já tem que se baixar para dar um beijo à sua mãe! - agora sou eu que recebo um beijo na face mas para isso a minha mãe teve que esticar e bem o seu pescoço. Ela põe o seu braço em volta da minha cintura e saímos do meu quarto e vamos para a cozinha.

Quando chegamos à cozinha encontro a minha tia já enfiada no meio dos panelos a adiar o jantar.

– Credo, a mulher deve gostar mesmo de cozinhar! Mal passa das cinco e meia da tarde e a mulher já está a adiantar o jantar - digo baixinho ao ouvido da minha mãe fazendo-a soltar uma gargalhada sonora, assustando assim a sua irmã que deu um salto.

– Ai meu Deus! Que se passa? - pergunta a minha tia em um tom assustado e preocupado.

– Nada! - responde a minha mãe tentando conter a gargalhada mas falhando.

– Já sabeis que não me devem assustar porque eu sou CARDÍACA - diz Gloria Davis dando ênfase na última palavra proferida.

– Desculpa tia - digo eu com ar de inocente - não volta a acontecer... tão cedo– esta última parte digo só para os meus botões Ainda nem um dia inteiro passei com a Lyla e ela já me está a começar a pegar o seu jeito de ser !

– Acho bem minha menina - diz a minha tia enquanto caminha na minha direção e plantou um beijo na minha face - Uau, a minha pirralha está grande!

– Bem, vamos lá comer que este corpinho não se mantém a elogios! – digo eu em tom de brincadeira impressionando assim os presentes.

– Quem és tu e o que é que fizeste com a minha filha!? - pergunta a minha mãe entrando na brincadeira - a minha filha nunca faria uma piada!

Eu apenas reviro os olhos e começo a comer a tigela de leite com cereais que a minha tia preparou enquanto a minha mãe falava. Afinal a Mary Collins tinha razão, eu estava com fome e ela não passou despercebida:

– Vês querida, quando é que vais começar a dar ouvidos à tua mãe? - a minha mãe dá-me uma pancada leve no braço provocando-me mas eu não lhe dou corda.

– Visto que temos que arrancar informação de ti a saca rolhas, como foi o teu dia?

– Até que foi melhor do que eu pensava - repondo-lhe esboçando um pequeno sorriso.

– Sério!? Olha que bom, docinho - diz a minha tia provando a comida - Fizeste muitos amigos?

– Fiz uma amiga. Chama-se Lyla e é do mesmo ano e turma que eu e passamos o dia inteiro juntas.

– Boa! - berra a minha mãe e ela e a minha tia trocam um High-Five deixando-me de queixo caído enquanto comia os meus Lucky Charms.

– Eu ter feito uma amiga é motivo de tanta algazarra!? Se eu tivesse feito uma dúzia deles ainda que compreendia mas fiz uma se bem que escolhi a pessoa certa para ocupar o cargo de minha amiga. E antes que perguntem, não ela não faz parte do grupo dos populares.

– Querida, não importa o seu grau de popularidade desde que vocês se dêem bem e que sejam amiga uma da outra por mim tudo bem - diz a minha mãe orgulhosa de mim por ter feito uma amiga e vindo até mim e dando-me um abraço tão apertado que por pouco não cuspi para cima da mesa de jantar os cereais semi mastigados que tinha na boca e a ela apercebendo-se disso largou-me e deixou-me engolir os Lucky Charms para me voltar a abraçar juntamente com a minha tia.

– OK... já chega de demonstrações de afeto. Vou voltar para o quarto e vou continuar com o livro que me deste tia. - saio da cozinha sem hipótese de elas me responderem e sequer de me impedirem.

– Gloria, deves-me 20 dólares. Paga lá sua caloteira de meia tigela - ouço a minha mãe festejar enquanto subia as escadas. Pensei em voltar atrás e fingir-me de indignada por elas andarem a fazer apostas nas minhas costas mas achei melhor deixar a minha mãe ter este momento e aliás posso usar isto como trunfo ou chantagem numa situação futura em que precise! Há que ver o lado positivo em tudo.

Retorno para o meu cantinho e continuo a ler até a hora de jantar. Quando este fica pronto a minha mãe vem me chamar e volto a deslocar-me para a cozinha. O jantar estava delicioso, era a famosa lasanha da Gloria Davis, todos os direitos reservados. Falei sobre alguns acontecimentos na escola como as apresentações, matérias que vou dar mas não mencionei o assunto do Andrew ou das barbies/peruas porque não queria desde já preocupá-las e porque não tenciono voltar a dirigir a palavra a esta gente para me manter longe de problemas. Elas ficaram muito contentes comigo e já sei que amanhã nem vale a pena tentar esquivar-me para o meu quarto porque sei que elas vão vigiar as entradas na casa para quando eu chegar me bombardearem-me com as suas perguntas.

Quando termino de jantar despeço-me delas com um beijo na bochecha de cada uma e com um "Boa noite" e subo para o meu quarto e começo-me a preparar para o dia seguinte. Deito-me e passa um flash back do dia de hoje pela minha cabeça e até que não foi assim tão mau quanto isso. Ao menos tinha Lyla, tinha uma amiga de verdade como não tinha à muito tempo...


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