When the Snow Starts to Fall escrita por TsunChan


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Olaaaar!!! Desculpem a demora, mas quem me acompanha pelo spirit viu que eu já tinha postado lá faz um tempo. O site aqui estava em manutenção.
De qualquer forma e sem mais delongas, aproveitem esse capitulo com pitadinhas de terror ♥



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Era quase duas da tarde quando o almoço foi servido. Era um churrasco que os alunos e professores ajudaram a preparar. O bom tempo deixava o momento ainda mais apropriado para o evento.

— Wow! Me contaram que você cozinhava bem e eu não acreditei. — Piper espiou pelo ombro de Alex, que picava habilidosamente os vegetais.

— Eu aprendi a me virar. Se dependesse do meu irmão, morreria de intoxicação.

— Eu não duvido disso. — A garota se encolheu quando lembrou do que vira na semana passada, quando Alex estava doente.

Colin apareceu com uma travessa cheia de vegetais picados.

— Já posso levar esses, Alex?

— Claro. — entregou a tigela com os vegetais para ele — E como vai Alice? Ainda emburrada?

— Você sabe o quanto ela queria ganhar.— ele deu de ombros — Vai demorar para ela se animar de novo.

Alex suspirou e Colin seguiu deu caminho. No canto oposto ao deles, Jules ajudava os professores a assar carne. A oportunidade de ver essa cena máscula, atraiu várias garotas que hora ou outra soltavam suspiros apaixonados. Cansados de tanta plateia, não demorou para os professores dispensarem Jules de suas tarefas. Logo pode se juntar aos outros na mesa. Alguns garotos ajudaram a servir o churrasco e, em pouco tempo, todos possuíam pelo menos um pedaço de carne.

— Foi você que assou, Jules? — Alex perguntou enquanto batalhava para cortar a carne com a faca de plástico

— Sim, a maior parte.

— Hum. Bem que eu tava achando a carne meio crua — Colin comentou. O sorriso de Jules murchou e virou uma cara de desdenho.

— Acho que ninguém perguntou sua opini-

— Ué, você também notou, Colin? — Alice o interrompeu no meio da frase.

— Eu achei meio sem sal — Piper apareceu e se sentou junto com eles. Jules revirou os olhos.

— Vocês estão claramente me avacalhando...

Todos riram, menos Alex que continuava concentrado em cortar o pedaço de carne, que no momento estava desfiado e deformado.

Isabel empurrou o caixote com o pé, enquanto ligava o megafone. Sempre fora seu sonho falar num treco daqueles. Quando estava 30cm mais alta, olhou para os alunos terminando de comer e apertou o botão.

— Galera, vocês terão a partir de agora 4 horas livres pra vocês limparem aqui e arrumarem suas coisas antes do evento obrigatório final. Todos devem estar prontos as 18:15, se não quiserem passar uma noite com o professor Xavez e seu problema estomacal. — houve uma onda de risadas e um olhar de desaprovação do roliço professor Xavez em sua direção. Ela mexeu nos cachos e continuou:

— Falando sério, todos devem estar na clareira na hora de sortear as duplas pra nao correr o risco de fazer o teste de coragem sozinh-

Um dos monitores se aproximou e falou algo no ouvido da jovem professora. Ela franziu o cenho. — Q-quê? Era segredo? B-bom, repetindo: nao se atrasem!

***

— Ah, um banho é sempre bom! — Alex se espreguiçou. Havia saído do banheiro com seus cabelos ainda úmidos, pingando no seu pescoço e nuca.

Foi o último a tomar banho — os garotos do quarto tinham feito um sorteio — e quarto estava vazio. Algumas cama estavam arrumadas e contrastavam com as várias cheias de pilhas de roupas emboladas.
Alex se deitou em alguma cama vazia, a sua estava cheia de roupas também, olhando para o teto. "O que Jules está fazendo agora?"

A risada do garoto soou em sua mente, quase como resposta a sua pergunta. Ele se levantou rápido. A risada não estava em sua mente. Olhou para os lados e avistou a janela aberta a poucos passos de onde estava sentado e caminhou até lá. Alice e Jules conversavam sentados em um tronco caído. Riam alto, atraindo olhares incomodados de funcionários que passavam.

O peito de Alex se apertou e doeu.

Eles esfregou o rosto com as mãos, se sentindo um tolo. Era Alice ali, não uma garota qualquer. E ele confiava em Alice mais do que em qualquer um. Se apoiou no parapeito da janela, observando os dois de longe ao som suave das gotas do seu cabelo úmido batendo na madeira.

— No que está pensando? — Colin falou baixinho, assustando o moreno.

— Se eu fosse você, não perguntaria. Costumo ter muitos pensamentos pecaminosos a essa hora do dia.

— E você sempre faz essa cara de melancolia?- Alex fez um bico. Era quase injusto o quanto ele podia enxergar através de Alex. Colin apontou o queixo para o casal longe deles. — São eles que estão te incomodando?

Alex nao respondeu, as palavras pareciam ficar trancadas na sua garganta. Colin, que até o momento esteve encostado na parede externa ao lado da janela, se pôs em frente ao parapeito, bloqueando sua visão. Alguns centímetros separavam os garotos. Colin esticou a mão em direção a Alex, fazendo o garoto imaginar milhões de possibilidades de acontecimentos.

Mas Colin apenas o deu um peteleco em sua testa.

— Seu cabelo está pingando, idiota. Quer pegar um resfriado de novo?

— Eu não consigo secar direito — Alex desviou o olhar. Estava sentindo uma vergonha extrema por ter pensado que o amigo faria qualquer outra coisa. Ele era apenas seu amigo.

— Deixa que seco então — ele alcançou a toalha esquecida nos ombros de Alex e pôs por cima dos cabelos úmidos dele.

O moreno abaixou a cabeça de modo para ficar mais fácil e no momento seguinte sentiu as mãos de Colin trabalhando. Se moviam com o cuidado de alguém que tocava uma boneca de porcelana. Alex sentiu seu pulso acelerar, talvez pela possibilidade de alguém vê-los daquele modo. O tronco de Colin estava tão perto que, se o rosto do moreno se inclinasse mais alguns centímetros, encostaria no tecido macio de sua camiseta. Portanto, era biologicamente impossível não sentir o perfume do Colin naquela posição. Ao contrário de Jules, aquele aroma lhe passava uma sensação diferente, algo como segurança.
Demorou um pouco, mas quando o cabelo de Alex estava seco e minimamente aceitável, ambos estavam atrasados para o sorteio na clareira.

(***)

Todos já tinham seus pares e agora se sentavam em volta de uma pequena fogueira, a espera da atividade começar.

— Realmente, uma palhaçada. Ou será Deus brincando comigo?— Colin resmungava no canto. Jules não parecia mais satisfeitos. Ambos eram um par e não tinham gostado nada disso.
Alex e Alice riam das reclamações dos dois. Eram outro par e quase soltaram fogos quando anunciaram.

— Sorte é sorte! — Alice passou o braço pelos ombros do outro que sorria.
Piper ficou uma conhecida, mas sentou com eles ao invés de Anna, que se sentou com sua dupla um pouco mais afastada do grupo.

— Bom, todos quietos para eu contar uma história! — Isabel sorriu sombriamente. Estava vestida dos pés a cabeça de preto, parecendo algum personagem de filme de terror de segunda mão.

— Urgh. Não vejo o porquê disso. Já esta escuro e assustador o suficiente — Piper se sentou ao lado de Alice, na ponta de um dos bancos de madeira.

— Não é tão ruim assim...

— Claro, falou a senhorita Alice que não me largou um minuto vendo "Acontecimento Anormal"

— C-cale a boca! —algumas garotas sentadas a frente viraram para fazer caretas ao grupo.

— Aconteceu a muito tempo, nessa mesma floresta, perto da clareira. Nunca foi um local muito movimentado e por isso era constantemente usado para fazer coisas que não deviam ser feitas.

"E haviam alguns garotos que sabiam exatamente disso. Em uma noite de inverno como essa, eles trouxeram um garoto que não se destacava muito, alguém que ninguém iria ligar se desaparecesse. Vendaram-no para que não descobrisse os autores e nem o caminho de volta. Os dois chutaram o garoto enquanto riam, vendo-o gemer de dor. Não demorou muito para a vítima perder a consciência e a dupla o deixar na floresta."

Um brisa assoviou pelo grupo, agora completamente em silêncio, atento as palavras baixas e lentas da professora. Piper não pode deixar de conter um arrepio.

— Passou semanas sem ninguém notar o sumiço do garoto. Ninguém o notara antes, não iriam faze-lo agora. Tampouco os autores do atentado sentiam culpa; se convenceram de que ele havia fugido de medo.

"Um ano se passou. Muitas coisas mudaram e a floresta que antes era vazia, estava repleta de estudantes animados. Iriam acampar, uma antiga tradição antiga que fora posta em prática novamente.Na primeira noite, não aconteceu nada grave. Algumas garotas achavam ter visto um vulto, mas estavam convencidas de ser um cervo. Pena que o vulto nao era tão inofensivo quanto um cervo.

E foi na manhã seguinte que se deram conta disto.

Grandes letras escritas a sangue no chão: EU DESCOBRIREI OS CULPADOS. Ao se derem conta de onde veio todo aquele sangue, os rostos, antes alegres e risonhos, empalideceram. O sangue pertencia a uma das meninas que vira o vulto antes e que agora jazia no chão, sem vida.

O pânico se instaurou no acampamento e não haviam modo de fugir da floresta: os celulares não tinham sinal e o próximo ônibus passaria daqui a 3 dias. Só lhes restava esperar. Nada que fizessem evitava seu destino. O que havia sido um pobre garoto abandonado e esquecido havia retornado para sua vingança. Não importava o que fizessem, alguém sempre sumia. Ao fim do terceiro dia, restavam apenas três. Não dormiam e tentavam não piscar.

Os dois últimos garotos eram justamente os culpados por tudo aquilo e haviam se dado conta tarde de mais. Passos suaves fizeram os três pularem. Os olhares de pânico se cruzaram e o suor parecia escorrer em sincronia. Os garotos se olharam e trocaram um breve sussurro. Tinham uma ideia, mas para isso era necessário um sacrifício. Um deles ficou para trás, enquanto o casal corria entre as árvores. Correram até os raios do sol se tornarem alaranjados e sombrios.

A garota não conseguia mais conter as lágrimas e seu corpo tremia com os soluços. O outro apenas permanecia quieto, sua respiração normalizando aos poucos com os pensamentos no amigo que deixara para trás. Nunca quis que nada disso acontecesse. O casal elaborou um plano: ele ficaria para distrair o fantasma, enquanto ela iria onde eles deixaram o corpo e faria um enterro digno. Esta seria a última esperança.

Quando ouviram passos novamente, a garota correu sozinha até o local indicado pelo garoto. Estava ali, atrás de um arbusto cheio de espinhos, o corpo há muito esquecido. Ela juntou-as mãos e rezou. Ignorou o grito que ecoou pela floresta e barulho que parecia se aproximar enquanto cavava com as unhas a terra dura e escura. Pegou o corpo para enterra-lo, quando ouviu um galho atrás de si.
Ela se virou lentamente, com a mão na boca para evitar gritar, mas..."

Quase em sincronia, um grito interrompeu a fala da professora, que fez uma careta. "Nem estava tão assustador"murmurou baixinho. Os monitores se aproximaram da garota que gritara que no momento tremia e abraçava o próprio corpo. Gesticulou para os monitores, explicando o motivo da interrupção. Alex estava perto o suficiente para tentar descobrir o que era, mas o barulho dos alunos não deixava concentrar-se. Sentiu um beliscão no braço, trazendo o de volta ao lado de Alice.

— A-Alex, a Piper...— seu rosto estava pálido e seus lábios tremiam de leve. O garoto franziu a testa.

— O que houve?

— Ela sumiu — ela disse com a voz beirando o pânico. A essa altura, Jules e Colin também estavam prestando atenção — Será que foi o f-fantasma?

— Claro que não! — Jules franziu a testa — Ela pode ter somente ido ao banheiro.

— E foi pega pelo fantasma no caminho! — Alex riu, mas Alice começou a tremer, falando baixinho " a culpa é minha"

— Alex! — Colin deu um peteleco na testa dele —Olhe o estado da garota. Você não tem senso comum?

— Vai ficar tudo bem, ela já vai voltar.— Jules pôs sua mão no ombro da garota, reconfortando-a

—Bom, acho que Xavez já resolveu o problema, então vamos começar! — Isabel se levantou e se pôs na frente de um portal que indicava o inicio do percurso — Vamos! Todas as duplas façam uma fila!

Alice se levantou mecanicamente; já não estava achando isso tão divertido. Alex se levantou logo em seguida, procurando com os olhos uma rota segura até o portal.

— O que a fez gritar assim? — o garoto ouviu alguém perguntar. Como também estava curioso, prestou atenção a conversa.

— Ela disse que sentiu alguém por trás dela e quando viu a amiga dela tinha sumido. Era uma Anna da sala A, eu acho.

Alex mordeu o lábio. A única Anna que conhecia da sala A era a garota que momentos antes estava com eles, rindo e conversando. Não pode deixar de se sentir preocupado. Onde ela estava agora? O que a havia levado? Ela voltaria? Ele não gostava de pensar nessas coisas, mas não conseguia evitar.

— Alex, v-vamos. - Alice o puxou pela manga.

A espera para entrar na trilha não foi longa. Jules e Colin que estavam a frente deles tinham saído há menos de cinco minutos quando Isabel os chamou e entregou a Alice uma lanterna. Deu explicações simples e rápidas, e os empurrou logo em seguida para o breu da floresta. Caminharam com passos lentos e viram o céu ficar claro várias vezes com trovoadas, anunciando a tempestade que viria em seguida. Alex continuava pensando em Anna, mas resolveu não compartilhar seus pensamentos com Alice. Não faria bem algum assustar ela ainda mais.

— Temos que andar rápido. Acho que daqui a pouco vai começar a chov- — um relâmpago iluminou a trilha, surpreendendo os dois com o barulho. Aproveitando o momento, um vulto salta de trás de uma árvore assustando Alex e Alice, que pulou sem fazer cerimônia no colo do garoto despreparado. Resultado: ambos caíram na grama macia e úmida.

— Ah, meu deus! Vocês estão bem? — o "fantasma" se aproximou. Onde diabos fantasmas se preocupam com as suas próprias vitimas?, Alex se perguntou. "Alias, essa voz..."

— Anna? — Alice gritou, enquanto saia de cima de Alex e tentava se equilibrar nas pernas bambas — O que você está fazendo aqui?

— Bom, eu...— ela mordeu a ponta do polegar, pensando rapidamente em alguma desculpa. "Vai perder a graça se eu falar o que estou fazendo" — Fui no banheiro e na hora de voltar peguei um atalho qualquer. Vocês já estão fazendo o teste? Me ignorem e continuem.

Alex se pôs de pé e reprimiu um grito com a pontada de dor que sentiu no tornozelo. Constatou que deveria tê-lo torcido durante a queda. Não teve tempo para comentar sobre dor, pois Anna os empurrou para frente, praticamente os expulsando do local, sem nenhum pingo da sua típica delicadeza. O garoto mancou, o pé latejando como o inferno e a boca cheia de palavrões. Alice, que parecia andar mais rápido depois de se encontrar com Anna, nem sequer se importou em olhar para trás. Apenas o fez quando ele começou a reclamar:

— Meu pé está doendo e adivinha de quem é a culpa? Toda sua — Alex falou alto, acima do som das cigarras que persistiam no frio outono — Você é muito gorda para alguém tão baixinha. Que ideia de girico foi essa, de se jogar no meu colo? Por acaso é alguma princes-

— Cala a boca, Alex. Eu já entendi. — ela parou e esperou ele chegar perto. — Venha, eu vou te ajudar. Se apoie no meu ombro.

— Liz, você é muito baixinh- — ele se interrompeu diante do olhar que a garota o lançara. Se não quisesse acabar numa vala, era bom fazer o que ela mandava.

Ele se apoiou nela (apesar de ficar um pouco torto com a diferença de altura) e assim os dois andaram em um ritmo mortalmente lento. A lanterna deles piscava perigosamente, ameaçando se apagar a qualquer instante e deixá-los no breu.

Alice parecia querer falar algo; seus lábios tremiam de leve e de minuto em minuto ela abria e fechava a boca como um peixe.

— Alex, eu preciso te falar... — o garoto voltou sua atenção para a menina ao seu lado — Acho que eu...

A lanterna falhou momentaneamente e um galho quebrou-se atrás deles. Ela ficou rigída debaixo de seu braço

— Você ouviu isso?

Passos. Era isso que ouviam. Eles eram abafados pelas folhas caídas do outono, mas os galhos se partindo faziam um barulho terrivelmente alto na floresta vazia. Alice pareceu congelar em seu lugar, olhando para todos os lados com as pupilas dilatadas de medo. O som se aproximava cada vez mais e quando um raio iluminou os dois, puderam ver um vulto de vestido branco e cabelos bagunçados, atrás deles. O rosto era pálido como leite e parecia sorrir ao ver os dois, como se esperasse o final de alguma história engraçada.

Muitas coisas aconteceram neste momento. A lanterna voltou a ligar, na mesma hora que o barulho do trovão soou como um grande estrondo. Alice se soltou de Alex e saiu correndo, deixando o garoto desamparado e em direção do chão novamente. Dessa vez pelo menos, caiu sentado, poupando-se de mais alguma contusão.

— Porra! Estou tão feia assim? — Piper tirou a peruca preta e se aproximou de Alex — E pensar que vocês nem pareciam preocupados com o meu sumiço. Estou meio chateada.

— Piper...— Alex soltou a respiração que até o momento não percebera que prendia — Você é um dos fantasmas?

Ela acenou com a cabeça, fazendo os cabelos presos se mexerem.

— Os professores tiveram a ideia de "Sequestrar alunos" durante historia para ajudar no teste. Parando pra pensar foi uma boa ideia e...— Alex recobrou os pensamentos, uma vez que o susto inicial havia passado. Segurou os braços de Piper e fez ela olhar para ele

— Alice... Ela vai se perder — ele apontou para onde a garota tinha corrido — Vá atrás dela. Não posso correr por causa do tornozelo, então esperarei aqui.

— Mas...— a expressão do garoto a impediu de fazer objeções. Estava cheia de dor pelo tornozelo, mas seus olhos denunciavam a preocupação pela amiga e ele punha aquilo acima de si próprio. Ela assentiu e correu em direção às arvores escuras onde Alice tinha se enfiado.

Não pode deixar de pensar que Colin realmente tinha bom gosto.

(...)

Tudo estava borrado. As lágrimas que enchiam seus olhos a faziam tropeçar em raízes e escorregar nas folhas. Ela chorava de medo, mas principalmente de raiva. Saíra correndo, suas pernas se mexeram sozinhas, e deixou Alex para trás sem pensar duas vezes. Agora, só lhe restava chorar e culpar-se a si mesmo, como uma idiota que era. Parte dela acreditava que tudo aquilo era apenas uma brincadeira, um teste. Mas quando viu aquele vulto, o medo falou mais alto.

Luzes. Mais à frente. Ela correu um mais pouco, apesar de suas pernas queimarem pelo esforço excessivo e as lágrimas a impedirem de calcular um caminho sem obstáculos.Saiu da floresta e trombou em alguém alto.

— Alice? O que aconteceu? — Colin a amparou pelos ombros, a expressão tranquila se tornado sombria — Por que está toda arranhada? Onde está Alex?

— Floresta... Vulto — ela respirava pesadamente entre soluços. "Pareço patética" — Ele está machucado e eu... o deixei.

— Onde? — Jules apareceu atrás dos dois e pareceu ter ouvido a conversa.

Ela apontou para o local de onde havia saído. Jules avançou para frente, mas foi impedido de continuar pela garota que segurava sua manga. Bastou apenas um olhar trocado entre ele e Alice para entender a mensagem transmitida por aquele olhar machucado e úmido. O garoto pegou a lanterna da mão dela e se dirigisse a floresta.

— Jules, o que diabos você está fazendo? — um dos professores gritou, mas ele já havia entrado na escuridão das árvores.

Alice não olhou para trás, como gostaria. Suas mãos apertaram o tecido da camisa de Colin, mais lágrimas brotando de seus olhos. Sem conseguir mais se segurar, caiu de joelhos enquanto os professores se aproximavam. Colin a olhou preocupado e se agachou, colocando seu casaco sobre seus ombros que tremiam.

— Colin — ela olhou para ele, os olhos inchados e vermelhos — Eu preciso-

Ele balançou a cabeça e passou os olhos para as feridas da garota.

— Primeiro vamos tratar esses machucados. Depois vou ouvir tudo o que você queira me falar, está bem?

Ela assentiu, as lágrimas agora escorrendo silenciosamente pelo seu rosto. Quase em sincronia com a garoa que começou a cair. No momento em que os professores se aproximaram, Colin respondeu da maneira que pôde o bombardeio de perguntas. Assim que terminou, levantou Alice e a levou a um lugar seco. A garota nem parecia a Alice animada do inicio do dia; se encolhia como um animal frágil e em perigo. Quando ficaram a sós, suas mãos agarraram novamente o tecido da camisa de Coli, os olhos ávidos para desabafar.

— Pode falar agora, Liz. O que você está sentindo?

A garota trincou os dentes e apertou mais ainda o tecido em suas mãos.

—Muita raiva.


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Notas finais do capítulo

Mereço comentários? Sintam-se livres, chuchus



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