Portas do Coelho escrita por Dédalum Samigina


Capítulo 2
Chuva e Bosque




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/608658/chapter/2

“Que deprimente, não é? Um dia tão lindo ser estragado por uma chuva assim...”, Alice acorda com a voz seguida do barulho de abrir de cortinas, mas não abre os olhos, apenas fica escutando o barulho da chuva. Fazia tempo que não chovia. “Bosque deve estar feliz”, sorriu com o pensamento, satisfeita.

“Levante e se vista, menina! Teremos visita!”, diz a voz enquanto sai do quarto e Alice levanta de súbito. O Bosque devia tê-la acordado!... ou talvez ela só não pudesse escutar com o barulho da chuva. Bem, não importava, ela iria logo de volta para ele e discutiriam sobre isso.

Andou uns cinco passos até seu roupeiro, vestiu-se de uma saia negra, uma camisa vermelha como maduras maçãs e calçou seus sapatos igualmente vermelhos. Seu quarto era ocupado em maior parte por prateleiras e caixas lotadas de brinquedos: ursos, quebra-cabeças, caixinhas de musica, bonecas, livros para colorir...

Em frente a sua cama havia um baú e, à frente deste, seu roupeiro. A janela estava alinhada entre o baú e o roupeiro; dela Alice via o bosque. As cortinas eram verde-escuras e no espaço entre elas se via um céu desagradável.

Alice desceu para a cozinha, cumprimentou Agar e fez seu lanche da manhã, logo em seguida dando seu jeito de pegar sua capa de chuva e escapulir da visão do avô.

O Bosque estava quieto, parecia que sua alma havia se perdido. Alice decidiu procurar para ver se havia se escondido ou apenas deixado de existir – ela conhecia lendas de outros bosques que tiveram a alma morta.

Andou por dentre o bosque por um longo tempo, vez ou outra parecia ter visto um coelho de relógio. Que ridículo! Deveria estar começando a ter alucinações. Sempre comentavam sobre como era perigoso sair na chuva; falta de aviso que não foi.

Finalizada a horda de xingamentos e lamurias, Alice estava decidida a voltar para casa mesmo sem ter encontrado o Bosque quando avista uma porta e um feixe de luz saindo por sua fechadura. “Curioso...”, e logo muda de opinião sobre retornar.

A porta anda estava a uns bons vinte e cinco metros quando Alice vê um coelho branco de relógio entrar por ela. Começa a correr na tentativa de alcançar o coelho e após poucos segundos chega em frente a porta.

A luz ainda estava saindo pela fresta. De onde estaria vindo a luz? Mais importante que isso, por que do outro lado da porta não havia luz?

A menina decide entrar e então... queda.

Uma longa, longa queda.

Isto era uma porta para um buraco ou o quê?

Após o que pareceu várias dezenas de metros, ela desistiu de sentir pânico. Apenas cruzou os braços e esperou, e esperou, e esperou, e esperou, e esperou, e esperou, e esperou, e esperou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Portas do Coelho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.