Decidimos passar a noite no meio do mato. Sinceramente, não me importei muito. Uma de minhas aulas preferidas era trato das criaturas mágicas, não só porque era dada por Hagrid que era um grande amigo, tanto meu, tanto do meu pai e do meu avô. Mais também porque eu gosto de animais e da natureza. 

No entanto, eu estava extremamente preocupado com a Maile. Eu mal a conheço, mas me sinto um pouco responsável por ela. E admito, eu gosto dela. Parece ser uma pessoa legal. O que me preocupa são aquelas sombras. A maneira como a protegeu... Foi estranho. E ainda tinha o fato que ela desafiou o tal do Obscurem, e os dois pareciam bem íntimos, quase como mestre e aprendiz. O feitiço que ela usou... O que era aquilo?

 - Maile... - Tentei começar a falar. Nós acendemos uma fogueira com magia. A garota estava pálida, de forma muito doentia. A luz da fogueira deixava seus olhos parecidos com um espectro.

  - Por favor... Agora não, Thomas. Eu sei do que você quer falar... Eu não queria... - A garota estava muito assustada ainda. Ela me apavorou de verdade quando se afastou de mim daquele jeito. Parecia ter medo de mim. Todos os meus amigos estavam dormindo, e eu quis ficar de guarda. Depois do que ela falou, eu não ia dormir tão cedo.

 - Maile, eu tenho que saber. A história inteira. Eu saí da minha escola para levar um recado ao ministério da magia. E caí num castelo com um cara estranho que falava de coisas estranhas. E tinha a ver comigo. Se não quiser falar daquelas sombras, me fala o que eles querem comigo pelo menos.

Maile morde os lábios como se pensasse. Então coloca sua mão no fogo. Eu levei um susto gigantesco, mas quando olhei de novo, a mão dela estava em perfeito estado. As sombras se agitavam em volta, protegendo-na do fogo. 

 - Eu descobri a pouco tempo que as sombras me protegem. Obscurem... Ele me mostrou. E também me ensinou muita coisa. Eu sou filha do irmão de Tom Marvolo Riddle. - Me assustei quando ela disse isso. Riddle é o sobrenome do maior bruxo das trevas de todos os tempos; O bruxo que meu avô derrotou. Maya continua contando, enquanto distraidamente fica brincando de fechar sua mão no fogo. - A ideia, era que caso Voldemort, O lorde das trevas falhasse, seu irmão mais novo fechasse seu legado. Mas, da primeira vez que ele perdeu para Harry Potter, quando o garoto era um bebê, seus seguidores acharam que seu irmão era novo demais para ser um líder das trevas. Então nada aconteceu. Voldemort voltou e depois de algum tempo, Harry o derrotou de novo, desta vez para sempre. Mas meu pai estava treinando, juntando forças. E ele conseguiu, infelizmente. Descobriu maldições novas, poderes novos. Ele foi mestre de um rapaz. - Ela faz uma pausa. - Esse "rapaz" tinha a habilidade de controlar as sombras. O apelido dele era Obscurem. E acho que você o conhece. Meu querido pai achou que nem Obscurem nem ele próprio eram fortes o suficiente para continuar o legado de Tom Riddle. Então... como sempre em minha vida, sobrou para mim. Meu pai colocou uns feitiços em mim quando minha mãe estava grávida. Então, sempre fui diferente. As sombras não me defendiam sempre, e eu tinha que ficar longe de confusões, porque se não perdia o controle e machucava as pessoas. O pior é que depois eu não lembrava de nada. - O olhar da garota ficou distante por muitos instantes. - E ainda tem esses nomes de maldições e feitiços que ficam passando na minha cabeça. O idiota do meu pai queria que eu fosse a bruxa perfeita, e tudo que ele fez para me "ajudar"... Tá me enlouquecendo! - A garota se encosta sobressaltada na árvore com tanta força que provavelmente devia ter quebrado o crânio.

 - O que exatamente esse Obscurem quer comigo? - Pergunto cada vez mais amedrontada.

 - Vou dizer amanhã. Quando todos estiverem acordados. Não tenho coragem de falar agora e depois. Eles me torturaram muito lá. Vocês terem caído naquele lugar foi a melhor coisa que me aconteceu.

De repente, me senti um completo idiota. Em Hogwarts todos sempre me seguiam como líder, mesmo eu não tendo nenhuma habilidade específica. Sempre só por causa do meu sobrenome Potter. E agora ouvia que todos esperavam algo dela, algo que ela não era. Exatamente como eu. 

 - Entendo.

Ela se surpreende com minha resposta.

 - Como pode entender? Você é neto do grande Harry Potter!

Eu respiro fundo. Ia ser uma longa conversa. 

 -  Acho que as pessoas pensam que eu sou como meu vô. Mais não sou tão bom como ele. Nem metade dele. 

Maile deu uma risada sincera. 

 - Não seu idiota. É diferente. Eles não acham que você é bom. Querem que você prove que é melhor. 

 - Gostei. Mas eu não posso ser melhor do que ele. Não sei como. Ele já venceu não uma, mais duas vezes o lorde Voldemort. E uma delas foi quando ele era bebê. 

Maile ficou em silêncio. Depois abaixou a cabeça e disse:

 - Mas se você me vencer, no auge do meu poder, você provará que é mais forte. Que também é um herói. E que vai terminar o legado dos Potter vencendo as sombras.