Zodíaco: O 13º Signo escrita por Rodrigo Fregnani


Capítulo 5
Os 12 Signos




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O dia já estava dando seu sorriso, iluminando Zodíaco com um Sol vívido e resplandecente.

Sentia-me estranha com roupas masculinas e um medo invadia minha alma, pois temia que alguém descobrisse meu disfarce. Porém, para meu alívio, as pessoas passavam por mim como se eu fosse apenas mais um garoto vagando pelas ruas, despreocupado e cheio de energia. Às vezes recebia cumprimentos de cavalheiros, outras, flertes das prostitutas que estavam prestes a fechar o expediente para descansarem e voltarem à atividade no período noturno.

Caminhei por longas horas até a Montanha que abriga a Academia do Zodíaco. Um amontoado de meninos já se formava, deixando-me mais tensa e apreensiva.

Observei àquela movimentação de testosterona, todos alegres com seus dezesseis anos e o momento que esta idade proporciona.

Eu mesma estava muito feliz, até um pequeno problema surgir.

─ Onde está seu emblema dos dezesseis anos? ─ perguntou um cavalheiro que fazia a segurança dos portões da Academia.

─ Aqui está, senhor. ─ Um jovem roliço tirou de seu bolso um pequeno amuleto dourado, mostrando ao homem narigudo e de dentes podres.

─ Muito bem! ─ disse após avaliar a peça. ─ Pode entrar.

Engoli em seco. De repente, os deuses começaram a colocar obstáculos em meu caminho. Estariam eles castigando-me por meus atos?

Um suor frio começou a descer de minha nuca, escorrendo pela minha coluna, dando-me arrepios. Pensei em roubar um amuleto de alguém, mas sabia que não conseguiria tal feito e muito menos estragar os sonhos de outrem.

Quando achei que já deveria preparar-me para juntar às cinzentas ou às damas de negro, uma luz no final do túnel brilhara para mim. Não muito longe da Academia, havia um ferreiro. Pensei que, com as moedas de Thotin, conseguiria pagar pelos serviços do homem musculoso. Há muitos órfãos em Zodíaco, portanto, como eles não conseguem os amuletos com seus pais, provavelmente, pensei, devem pedir o auxílio de um ferreiro.

A esperança ainda reinava em meu coração, então direcionei ao homem de expressão carrancuda e molhado de suor por conta do esforço braçal. Vestia-se de marrom, a cor do signo de Sagitário.

─ Com licença, senhor. ─ Fiz o primeiro contato com minha voz rouca.

─ O que quer? ─ perguntou com rispidez.

Era muito bom encarar um homem nos olhos e dirigir-lhe a palavra sem receber uma bofetada na cara.

─ O senhor poderia, por favor, fazer-me um emblema dos dezesseis anos para que eu possa entrar na Academia?

Ele fitou-me com desprezo, cuspiu sua mucosa esverdeada no chão e limpou o suor da face com o braço.

─ Você tem dezesseis anos? ─ questionou.

─ Claro que sim. Completei há poucos dias.

─ Parece muito mirrado para um rapaz de dezesseis.

─ Pois digo que tenho dezesseis! ─ rebati com certa impaciência. ─ Então, vai ou não fazer o amuleto?

─ Tudo bem ─ deu de ombros. ─ Custarão cinco constelações.

Mexi em minha sacola e peguei as moedas de Thotin. Havia seis delas, restando-me uma para casos de emergência.

─ Aqui estão ─ falei, estendendo-as ao homem.

Ele contou uma por uma e, quando, por fim, deu-se por satisfeito, começou a trabalhar em meu amuleto. Consegui respirar aliviada. Não estava tudo perdido!

Não demorou muito para o emblema dos dezesseis anos ficasse pronto. O fortão deu-a a mim, e eu pude contemplá-la por um tempo.

─ Agora dê um fora daqui, mariquinha! ─ disse para mim. ─ Se não vai querer mais nada, então chispa daqui!

─ Tenha um bom dia o senhor também ─ resmunguei.

Saí com meu amuleto e mais nada me impediria de entrar na Academia do Zodíaco. Minha única preocupação era encontrar-me com Thotin. Com certeza meu irmão me reconheceria, podendo estragar com meus planos.

Rumei ao portão, onde o homem narigudo e de dentes podres recepcionava os calouros. Peguei uma fila enorme e, quando minha vez chegara, o homem observou-me de cima a baixo com uma expressão de incredulidade.

─ Você tem dezesseis anos? ─ perguntou.

─ Sim, senhor, aqui está meu emblema ─ disse, mostrando o amuleto que há pouco fabricara.

Ele pegou o objeto com desdém, rodou-o no ar e devolve-me.

─ Este emblema foi feito recentemente. ─ Engoli em seco. ─ Seu pai não lhe deu o amuleto dele?

─ Sou órfão, senhor ─ pus-me a responder com firmeza. ─ Não conheci meus pais.

─ E quem te instruiu?

─ Um amigo que veio a falecer.

─ Sei... E qual o seu nome?

─ Er... Eu...

─ Não sabe seu nome? ─ ralhou.

─ Claro que sei! ─ rebati com raiva. ─ Meu nome é... Meu nome é... Shorin!

─ Shorin? ─ repetiu com nojo. ─ Que droga de nome é esse?

─ O nome que recebi de meus pais.

─ Não disse que não conhecera seus pais? ─ Arqueou uma das sobrancelhas.

─ Sim, mas alguém deve ter me dado esse nome, então deduzo que tenha sido meus pais.

Fitou-me por mais um tempo, depois devolveu meu emblema.

─ Tudo bem, Shorin, pode entrar.

Deuses! Naquele momento todo o ar que eu segurava fora expulso de meus pulmões. Consegui tirar os pesos de meus ombros e minha alma ficara mais leve.

Quando estava passando pelos portões da Academia, escutei o narigudo falar com outro segurança.

Viu que garoto mais magricela?

Vi sim ─ concordou o outro. ─ Esse não servirá para as guerras.

Servirá sim ─ zombou o narigudo. ─ Servirá para descascar as batatas na cozinha.

Os dois começaram a gargalhar loucamente, dando-me ímpetos de ir até eles e dar-lhes um bom chute em seus traseiros. Como ousavam rir às minhas custas? Claro que não o fiz. Não podia colocar tudo a perder.

─ Ah, não ligue para eles ─ escutei uma voz ao meu lado.

Olhei e me deparei com um garoto de pele negra e longos cabelos trançados.

─ Prazer em conhecê-lo ─ estendeu-me a mão direita. ─ Sou Klikiton.

─ Prazer ─ cumprimentei-o meio ressabiada, dando-lhe a mão para a unificação da primeira saudação. ─ Sou Shorin.

─ Shorin? ─ repetiu. ─ Que droga de nome é esse?

Será que eu passaria o resto de minha vida escutando aquele comentário acerca de meu nome masculino? Não tenho culpa se fora o primeiro que viera à mente.

─ Bem, Shorin ─ continuou Klikiton. ─, seria legal se ficássemos no mesmo quarto, não acha? Eu não sei quanto a você, mas você foi o primeiro cara com quem falei aqui hoje.

─ Eu também só falei com você até agora. E sim, seria legal dividirmos o mesmo dormitório.

Não, não seria nada legal! Eu não podia dormir no mesmo leito com um rapaz, porquanto meu disfarce poderia ir por água a baixo. Eu não podia, definitivamente, ter um colega de quarto. Como iria dormir sossegada e sem o medo de ser descoberta?

─ Bem, vamos à orientação? ─ sugeriu o jovem. ─ Teremos nossa aula de recepção agora. Você aceita ir comigo?

─ Claro, tudo bem ─ sorri, acompanhando meu novo amigo.

Estava achando bárbaro olhar para todos aqueles rapazes sem levar um tapa sequer no rosto. Era tão bom ter a liberdade de conversar o que eu quisesse. Sentia-me como um pássaro!

Kikliton e eu acompanhamos o resto dos novatos até o enorme e belíssimo anfiteatro da Academia do Zodíaco. Afrescos eram espalhados pelo teto, mostrando a grandeza dos doze signos e suas conquistas heroicas.

Vários garotos se espalhavam pelas cadeiras magníficas do anfiteatro. Todos ansiosos para o começo do ano letivo.

─ Ei, Shorin! ─ chamou-me Kikliton. ─ Podemos sentar aqui?

Assenti e juntei-me ao meu novo amigo.

─ Podemos nos sentar aqui? ─ perguntou para três rapazes que ali estavam.

─ Sim, claro ─ afirmou o ruivo de enormes óculos redondos, deixando seus olhos verdes em destaque com a grossa lente. ─ Eu sou o Jaron.

─ Eu sou o Milkt ─ apresentou-se um loiro.

─ E eu sou o Aspin ─ falou o terceiro de pele negra, mas não com os cabelos estilosos de meu amigo Kikliton.

─ Prazer em conhecê-los ─ respondi. ─ Este é Kikliton e eu sou Shorin.

─ Shorin? ─ repetiram os três em uníssono.

─ Cara, que droga de nome é esse? ─ questionou Milkt.

Definitivamente, eu deveria ter escolhido outro nome.

O anfiteatro ficara em silêncio, pois doze figuras imponentes foram materializadas e alinhadas no palco. Meu coração começara a tamborilar em meu peito, dançando freneticamente a música da felicidade e do entusiasmo. Passei os olhos pelo auditório, mas nenhum sinal de Thotin. Eram tantas cabeças masculinas naquele lugar, que ficava difícil encontrar alguém específico. Eram muitos novatos que fizeram seus dezesseis anos; muitos jovens diversificados em um único lugar.

─ Sejam bem-vindos! ─ uma voz estrondosa espalhou-se pelo ambiente. ─ Eu sou o signo de Áries. Minha pedra é a ametista e minha cor é o roxo. Sou o signo da ação, da impetuosidade e da impulsividade, e rejo pela cabeça. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Hamal sua guia. Marte é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Touro ─ apresentou-se o segundo. ─ Minha pedra é a esmeralda e minha cor é o verde. Sou o signo da calma, da possessividade e da inércia, e rejo pelo pescoço e pela garganta. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Aldebaran sua guia. Vênus é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Gêmeos. Minha pedra é a olivina e minha cor é o verde musgo. Sou o signo da dúvida, da dispersão e da movimentação, e rejo pelos pulmões, braços e ombros. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Beta Geminorum sua guia. Mercúrio é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Câncer. Minha pedra é pérola e minha cor é o creme. Sou o signo do sentimento, do acolhimento e da intuição, e rejo pelo peito, seios e estômago. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Al Tarf sua guia. Lua é o nosso astro!

─ Eu sou o signo de Leão. ─ Neste momento, olhei para os que urravam. Todos os signos que se apresentavam havia um alvoroço daqueles a quem o pai pertencia. Observei os eufóricos de Leão na tentativa vã de avistar meu irmão naquela confusão. ─ Minha pedra é o rubi e minha cor é o vermelho. Sou o signo da honra, do egocentrismo e da coragem, e rejo pelo coração e pela parte superior das costas. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Regulus sua guia. Sol é o nosso astro!

─ Eu sou o signo de Virgem. Minha pedra é a safira e minha cor é o azul. Sou o signo da razão, da exigência, da crítica e do perfeccionismo, e rejo pelo abdômen e pelo aparelho digestivo. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Spica sua guia. Mercúrio é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Libra. Minha pedra é o quartzo rosa e minha cor é o rosa. Sou o signo do equilíbrio, da diplomacia e do diálogo, e rejo pelos rins, pela região lombar e pela pele. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Zubeneschamali sua guia. Vênus é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Escorpião. Minha pedra é o opala e minha cor é o preto. Não é à toa que é mesma cor das prostitutas, pois nós adoramos sexo. ─ Neste momento todos riram, exceto os outros onze signos do Zodíaco, os quais se limitaram a revirar os olhos. ─ Sou o signo da intensidade e da sexualidade, e rejo pelas genitais. ─ Escorpião fez uma expressão cômica, apontando as mãos para a parte inferior entre as pernas, recebendo mais risadas dos calouros. ─ Eu disse, só pensamos em sexo. O tempo todo! Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Antares sua guia, e ─ sussurrou para nós. ─ muita orgia.

─ Já chega, Escorpião! ─ repreendeu Virgem.

─ Olha só! ─ zombou o oitavo signo do Zodíaco. ─ Virgem está bravo porque ele não executa atos luxuriosos. ─ Começou a rir, sendo imitado pelos novos alunos. ─ Tudo bem, continuando! Plutão é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Sagitário ─ disse o outro, repreendendo Escorpião com o olhar. ─ Minha pedra é o zircão e minha cor é o marrom. Sou o signo da objetividade e da individualidade, e rejo pelos quadris e pela coxa. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Kaus Australis sua guia. Júpiter é nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Capricórnio. Minha pedra é o olho-de-tigre e minha cor é o amarelo. Sou o signo da persistência, do trabalho e da resistência, e rejo pelos joelhos, ossos e pele. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Deneb Algebi sua guia. Saturno é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Aquário. Minha pedra é o ônix e minha cor é o laranja. Sou o signo da originalidade, da criatividade e da eloquência, e rejo pelas pernas e pelos tornozelos. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Sadalsuud sua guia. Urano é o nosso planeta!

─ Eu sou o signo de Peixes. Minha pedra é a água-marinha e minha cor é o azul claro. Sou o signo da sensibilidade, da sensitividade e do idealismo, e rejo pelos pés. Aqueles que a mim pertencerem, terão a estrela Eta Piscium sua guia. Netuno é o nosso planeta!

Todos aplaudimos maravilhados com a apresentação dos doze signos do Zodíaco. Eu estava tão empolgada para saber logo a qual casa eu pertencia, e não via a hora das aulas começarem.

─ A qual casa seu pai pertence, Shorin? ─ perguntou Kikliton.

─ Eu soube que era de Leão ─ falei, sem deixar desmentir o fato de que Shorin ser órfão.

Acho que Soriah também era. Sempre fora.

─ Legal! O meu pertence a Capricórnio, espero fazer jus ao nome da família, pois somos de Capricórnio há trezentos e vinte e três anos.

Fadir, meu pai, honrava o signo de Leão há quatrocentos e dezenove anos. Depositara toda sua esperança em meu irmão, Thotin. Caso ele não correspondesse ao mesmo signo de papai, este ficaria um tanto decepcionado, porém, não completamente. Por mais que haja uma grande expectativa, os pais sempre serão compreensíveis com os filhos varões, independentes do que eles façam ou, neste caso, a qual signo seguirão.

─ Vamos! ─ chamou Jaron. ─ Os testes serão realizados em outra sala.

O tão esperado teste da compatibilidade dos signos começaria.

Eu seria a primeira mulher a ter meu próprio signo, e estava muito feliz com isso.


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Notas finais do capítulo

E aí, galera? Espero que estejam curtindo a fic.
Deixem seus comentários, escrevendo o que estão achando.
E se vocês estiverem gostando muito mesmo, que tal colocar essa fic em seus favoritos, hein? Isso incentivaria muito esse pobre autor iniciante a continuar a escrever.
Abraços.



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