Um Inquieto Amor de Apartamento escrita por Leoh Ekko


Capítulo 17
O felizes para sempre será uma boa opção




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Era uma vez dois garotos que eram vizinhos de apartamento na cidade de Buenos Aires que nunca haviam trocado uma única palavra. Mas, após um grande número de circunstâncias fortuitas, acabaram se conhecendo e desenvolvendo uma amizade que se transformou em um amor que nenhum dos dois já havia experimentado. No fim, acabaram indo para Las Vegas se casar.

A festa desse casamento foi uma loucura. Aproveitaram a maioria das diversões que aquele paraíso dos pecados tinha para oferecer. Foram em um casino jogar pôquer e roleta, fato que se mostrou um grande desastre segundo a enorme quantidade de dinheiro que perderam. Foram em um show de mágica e até em uma casa de shows de dançarinas de cancã.

Eram quatro da manhã quando voltaram para o hotel, teriam ficado festejando mais se Elena não tivesse quase entrado em um coma alcoólico depois de tomar algumas doses fatais de tequila.

— Eu nunca mais vou beber de novo! — disse ela quando Marcos e Diego a ajudavam a andar até o elevador.

Theo, que vinha logo atrás carregando os enormes sapatos plataforma dela, deu uma gargalhada.

— Claro que não!

Ele também havia bebido, mas apenas o bastante para se sentir leve sem ficar bêbado — desejava estar em seu total estado de consciência para o que viria a seguir. Sua “noite de núpcias”.

Ao chegarem no andar, Theo e Marcos se despediram de Elena e Diego e foram para o seu quarto.

Theo foi direto até a enorme janela localizada bem em frente à cama, abriu-a e se deleitou com a maravilhosa vista que se revelou. Dali dava pra ver muito bem grande parte da extensão da Avenida Strip, iluminada pelas luzes fluorescentes dos casinos e pelos faróis dos carros que passavam. E, claro, havia aquele maravilhoso céu negro pintado de estrelas, e bem no centro, a Lua cheia, que brilhava como um vagalume no breu.

Ao virar-se encontrou Marcos o encarando com seriedade. Se os olhares humanos fossem traduzidos em palavras, aquele olhar se chamaria desejo. Theo podia praticamente sentir aquele olhar tocando o seu corpo, sentia-o tão bem que um doce arrepio subiu-lhe a espinha.

E então, muito lentamente, começou a caminhar em direção a Marcos.

Quando chegou perto, beijou-lhe vorazmente. E tudo se transformou em uma sequencia coreografada de gestos e sentimentos. Seus dedos se perderam nos cabelos de Marcos e sua língua dançava junto a de Marcos, em uma sincronia surreal. Delicadamente desceu as mãos pelos braços fortes de Marcos e tirou-lhe a camiseta. Marcos fez o mesmo e logo os dois podiam se deliciar com o contato com pele um do outro.

Marcos interrompeu o beijo e olhou para o corpo de Theo, que se esforçou para não se sentir constrangido. Era a primeira vez que ficava sem camisa na frente de Marcos e apesar no quarto estar com a luz apagada, a iluminação da Lua era o suficiente para enxergarem um ao outro com clareza. Olhou para o torso musculoso de Marcos e percebeu que perto dele parecia um alfinete ao lado de um poste.

— Você é lindo — sussurrou Marcos.

— Quando se ama alguém, você para de enxergar as imperfeições desse alguém.

— Talvez isso seja verdade, mas você continua sendo lindo.

Marcos o beijou novamente e delicadamente o deitou na cama. Ele se equilibrou pelo joelho, colocando-o entre as pernas de Theo e começou a lhe dar beijos, começou pelo pescoço e foi descendo pelo seu corpo. Quando Theo sentiu os macios lábios de Marcos roçar em ponto especifico ao lado esquerdo do seu umbigo, onde possuía uma enorme sensibilidade, deu um gemido alto.

Nunca sentira tanto prazer em sua vida.

Havia algo no jeito que Marcos o olhava enquanto traçava padrões sensuais para cima e para baixo em seu ombro e peito que deixava Theo ainda mais excitado. Theo via muitas emoções naquele olhar: amor, adoração, respeito, paixão, afeto, desejo erótico... Era um olhar que dizia que, naquele momento, ele era tudo o que importava no Universo.

Então tudo aconteceu rápido e ao mesmo tempo devagar, como acostuma ocorrer nos sonhos. Marcos tirou sua calça e depois tirou a de Theo, dando uma risadinha baixa.

— O que foi? — perguntou Theo.

— Essa sua cueca samba canção do pica-pau é muito fofa... E muito sugestiva também.

Theo corou e praguejou por estar usando aquilo, logo naquela noite, podia muito bem ter escolhido algo mais... sexy. Mas não sabia como ficar sexy em uma cueca sem sentir-se ridículo. Bem, Marcos estava sexy em sua boxer da Calvin Klein, mas o caso dele era outra história.

— Não precisa sentir vergonha — disse Marcos — Na verdade, eu gostei.

— Cale a boca e continue o que estava fazendo!

— Nossa... hoje você está muito romântico.

— Estou excitado demais para me sentir romântico.

Então Theo, cansado daquela frustração toda, impulsionou o corpo em direção de Marcos, o deitou no colchão e subiu em cima dele. Beijou brevemente a boca de Marcos e começou a descer a boca pelo seu corpo...

... seu peito largo.

... seu abdômen musculoso.

... seu “caminho da felicidade”.

... Até chegar lá.

— Puta que pariu! — gemeu Marcos depois que Theo começou a realizar sua mágica oral. Theo não gostava quando seu parceiro de cama começava a falar palavrões demais, mas incrivelmente achou aquelas palavras ditas por Marcos muito eróticas.

— Theo... ai Jesus... espere um pouco... eu não quero...

Tarde demais.

Theo então se deitou ao lado de Marcos, que tentava diminuir a sua respiração. Ficaram em silencio por alguns minutos, apenas os sons do oxigênio sento inspirado e expirado era escutados.

Estava sentindo tão... bem. Havia esperado tanto tempo para aquilo acontecer, tantas barreiras quebradas e dificuldades superadas, que o ato em si ganhava um ar fantástico, quase sobrenatural. Sentia-se como Wendy no céu voando com os meninos perdidos. Sentia-se... bem.

— Você está bem? — perguntou. Marcos ainda respirava com dificuldade, seu diafragma ficaria traumatizado depois daquela noite.

E eles só estavam começando.

* * *

— Eu já te disse que te amo? — perguntou Marcos.

— Umas mil vezes só nas últimas duas horas — respondeu Theo. Ele estava com a cabeça deitada sobre o peito de Marcos, que lhe cobria com seus braços. Sentia suas pálpebras implorando para serem fechadas, mas o relógio na parede marcava seis horas e ele queria assistir o nascer do Sol dali.

Era difícil se concentrar na vista com a proximidade do calor de Marcos e do seu cheiro de grama molhada e de colônia masculina, e apesar de só isso ser suficiente para Theo se excitar novamente, a possibilidade de mais uma rodada de sexo fazia seu corpo amolecer.

Havia sido, de longe, a melhor transa da sua vida. Comparar aquela noite com as suas demais experiências sexuais era como comparar o comprimento do um corredor de um prédio com comprimento da Muralha da China. Concluiu que quando sexo é feito com amor, tudo ganha uma proporção maior. Entendeu, finalmente, porque algumas pessoas usavam a expressão “fazer amor” para chamar o que haviam feito ali naquela noite. Pois o amor entre eles tinha feito toda a diferença.

No começo, Marcos havia sido muito delicado e gentil, fazendo Theo alcançar o prazer com facilidade e não sentir nenhuma dor desconfortável. Depois, o desejo dos dois alimentados por aquelas fortes doses de prazer falou mais alto e eles começaram a tornar as coisas mais intensas. Haviam feito um bom uso da maior parte do quarto, como a poltrona vermelha perto da janela e o carpete de pele ao lado da cama. E Theo ficou relativamente surpreso pela criatividade de Marcos em realizar algumas posições, e pela primeira vez na vida ele sentiu-se grato por ser magro e flexível.

— Theo?

— Sim?

— Acho que vou aceitar aquele seu convite de ontem e tomar um banho com você. O que acha dessa ideia?

— Acho maravilhosa.

Então os dois se levantaram e foram para o banheiro de mãos dadas. Theo levou um susto quando olhou a si mesmo no espelho, estava com várias partes do corpo vermelhas e até marcadas por arranhões e mordidas.

— Isso te incomoda? — perguntou Marcos, parecendo preocupado.

— Não! Eu... acho até meio... sei lá, sexy — corou ao dizer isso.

— Fiquei com medo de ter sido bruto demais com você. Você está realmente bem? Não tá sentindo dor ou algo assim?

— Não, Marcos. Não se preocupe com isso. Você foi muito gentil comigo, eu estou bem.

— Foi bom para você?

— Foi mais do que “bom”, foi como nada que eu já tivesse experimentado antes.

Marcos sorriu e o conduziu até o chuveiro.

A água morna que caía no corpo de Theo o relaxou tanto que ele achou que desabaria ali. Depois que se ensaboaram e enxaguaram seus corpos, eles acabaram se beijando. Não foi um beijo erótico, foi um beijo de agradecimento e de celebração. Por tudo o que haviam passado para estarem ali, naquele banheiro daquele hotel em Las Vegas. E pelo futuro que teriam juntos a começar pelo amanhã.

— O que vem a seguir? — perguntou Marcos, deitado na cama enquanto Theo procurava algo para vestir em sua mala.

— Como assim?

— Sei lá, eu me sinto como um personagem de uma comédia romântica. No final da história os dois ficam juntos e depois o quê? Parece monótono.

— Monotonia é bom. Significa que não vamos ter muitos problemas daqui em diante. Amanhã vamos para Toronto, vou começar meu estágio no museu e você a vai começar a administrar a sua gravadora. Olho, eu sei que parece piegas dizer isso, mas não fique pensando muito no futuro. Aproveite o agora. Pois o agora está muito bom. Mas se quiser mesmo pensar no futuro, o felizes para sempre será uma boa opção.

Marcos sorriu.

— Você tem razão, me desculpe.

— Não há nada com o que se desculpar.

Theo vestiu um short e foi até Marcos, deitou-se na cama ao lado dele e o abraçou.

Sentia-se tão feliz que era capaz de não se importar com mais nada.

E então, o Sol finalmente nasceu agraciando-os com uma bela visão da cidade despertando para um novo dia.

Os dois amantes acabaram em torno um do outro, carne contra carne, alma contra alma, sonolentos e saciados, apaixonados e felizes, abençoados pela força do amor que sentiam um pelo outro. Marcos sussurrou um “eu te amo” uma última vez antes de cair no sono. Nunca houve palavras mais sinceras. Theo se sentia amado.


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