O sol batia fervoroso na janela do apartamento, o vento inebriava o local com um suave aroma de outono.  Os dois jovens entre enrolados no sofá central do apartamento, sorrisos e olheiras fundas se espalhavam pelos rostos de ambos. O celular da pequena garota-fada, escondia-se em sua bolsa, e para a surpresa de ambos tocou em alerta.

 A pequena garota acordou como se levasse um choque de imediato, e correu para atender o telefone em seu quarto.

 - Alô? – ela atendeu o celular com sua mesma voz de sono e escárnio.

 - Ei pequena canguru! – disse Mercii do outro lado da linha – O que houve com sua voz?

E finalmente Alice tomou consciência do  que acara de fazer. Bebera a noite passada, e a seguir deixou que um impulso tomasse conta de toda a sua realidade habitual, e perdeu sua virgindade com o garoto que mais desejara matar na vida, em seguida acordara nua na sala de um apartamento, e atendera um celular sem a menor consciência do que realmente fazia.

 - pequena canguru? Está aín?

 - Mercii... – ela sussurrou – estou poupando minha voz, entende? Tenho o dia todo para cumprimentar convidados e afins... não posso gastar minha voz com uma ligação estúpida... – arremeteu ela.

 - Bem... espero que não peguem um longo transito... o casamento não pode se atrasar pela dama de honra, beiin!

 - Sei o que quer dizer. E antes de pergunte: não matei Jasper... – ela sentiu sua garganta arder ao pronunciar seu nome.

 - Isso é um estranho sinal, pequena canguruzitah!

 - Você não faz idéia... – murmurou Alie.

 - Bem... O bofe diliiçiinha ta pedindo pra ajeitar a gravata dele! Então bejocas amoureka!

Alice não conseguiu responder, o gay-amigo já havia desligado.

 Alice caminhou até seu armário e procurou desesperada por um hobbie ou um roupão qualquer. Tudo o que fosse capaz de cobrir seu corpo nu.

 - Alice? – perguntou uma voz embromada e sonolenta atrás dela.

Alice se virou assustada e se deparou com Jasper, de cabelos espantados, lábios com um pouco de batom borrado, os olhos pegajosamente apaixonados, e o corpo igualmente nú.

 - VOCÊ! – ela gritou tapando os olhos. – TIRE SEUS OLHOS TARADOS DE CIMA DE MIM!

 - Alice o que...?  -Jasper perguntou confuso ainda meio dormindo.

 - CALA A BOCA TARADO! E FECHA SEUS MALDITOS OLHOS! – bradou ela atacando Jasper, o derrubando em cima de sua cama.

 - Ei... já vi tudo o que tinha que ver, não acha? – ele riu.

ELE RIU – pensou Alice quase explodindo.

 - Seu grande FDP!

 - O que deu em você?  - Jasper girou e pôs Alice Abaixo de seu corpo.

 - O que deu em mim? – Alice retruca – E você ainda pergunta?

 - Vai ficar nesse momento “mamãe-perdi-minha-virgindade-OMG!” por quanto tempo mais? – perguntou ele bocejando – pois eu estou levando numa boa...

 - Ora seu...! – Alice berrou forçando seus punhos presos na cama, pelas mãos de um ex-capitão de futebol.

 - Tudo bem... acho que me excedi em comentar tão explicitamente... – riu o garoto, de maneira divertida.

 - Seria mais racional de nossa parte, se nos vestíssemos antes de eu te matar... – comentou Alice vencida.

 - É discutível... – Jasper a soltou com um sorriso superior.

 - Caso esteja se esquecendo... temos um casamento para presenciar. E não podemos demorar mais que a noiva. Sejamos racionais e nos matemos depois que nossos pais forem para a lua de mel. – anunciou Alice expulsando Jasper “nu” de seu quarto.

 Trancou a porta, respirando fundo e apoiando-se imediatamente nela. Suas mãos recuaram em seus olhos e ela sentiu as lágrimas correndo contra suas mãos fixas em seu rosto.

 - Eu sou MESMO uma idiota... – resmungou ela.

Firmou seus pés no chão, e pegou uma toalha em seu armário e seguiu correndo para o banheiro.

 Enfim, apoiou seus braços sobre a bancada e olhou-se no espelho e parecia decepcionada consigo mesmo. Como eu me descontrolei tanto?  - perguntava a ela mesma.

Fitou um longo tempo, seu pescoço com marcas roxas, e seus lábios inchados. Olhou e analisou as marcas de unhas em seus braços e peito. 

 - Isso não pode estar acontecendo... – ela repetiu.

Sem pensar duas vezes, colocou seu corpo debaixo da corrente de água que descia por seu enorme chuveiro.

 Suas mãos transpassaram pelos cabelos e os lavaram, passou creme em todo seu corpo e tentou esconder as marcas da noite.

~~*~~

 Alice estava com seu vestido roxo escuro com um tecido liso e sem mangas. Olhou para seus braços e analisou os arranhões agravados neles.

 - Odeio desfazer o “look”... – ela resmungou de mau humor. Buscou em seu armário por uma fita roxa e a encontrou finalmente. A fita era rústica e despojada. Alice enfim, a dividiu em duas, e recobriu os braços com arranhões, e pois uma luva ¾ preta com detalhes de cristais em seus botões. Arrepiou seus cabelos negros e assou laquê. Sua aparência punk estava se formando. Botou uma gargantilha com espinhos em suas orbitas e pintou rápida e demasiadamente suas unhas com um  esmalte preto qualquer. Colocou anéis pratas com caveiras e cifrões. Pois uma meia arrastão frisada, e enfim calcou uma bota de couro, negra e de cano mega longo. A bota tinha detalhes de diamantes em seu zíper e plataforma alta.

 Finalmente chegou a seu rosto, respirou fundo e cobriu-o com base clara. Deixando seu rosto com um aspecto de porcelana. Passou lápis de olho negro e curvou os cílios com a maquiagem pesada. Os olhos pareceram dois faróis verdes-esmeralda e encantaram-na realmente. Passou um batom vermelho sangue, que fez-se os olhos perderem o principal foco. E finalmente ela estava pronta.

 Vasculhou seu armário a procura de uma bolsa cravejada de diamantes, cristais, ou qualquer coisa que surtisse esse efeito. Enfim encontrou. Colocou todos seus objetos que seriam necessários para seu dia-a-dia, e se viu pronta. Destrancou a porta de seu quarto e seguiu para a sala a procura de Jasper, que estava sentado acariciando seu gato psicótico.

 - Vamos. – ela mandou, olhando em volta a procura de Cécilys.

 - Hey... – Jasper olhou torto pra ela. – essa sua roupa parece que está gritando: “Estou de luto por meu hímen!”

 - IDIOTA! – ela estapeou a cara de Jasper que a fez virar de lado.

 - Então... as regras devem ser claras não é? – ele perguntou colocando sua mandíbula no lugar.

 - Regra número um: Você tem que esquecer o que houve ontem a noite. Qualquer coisa, menos aquilo. – adiantou a baixinha.

 - Ok. – ele assentiu.

 - Regra número dois: Nunca, ouça bem. NUNCA. Ficamos juntos. – ele assentiu novamente – Regra número três: odeio você. Você me odeia, e nada mais rola aqui, entendeu?

 - Claramente.

 - Estamos bem entendidos, então. – concluiu Alice, tirando uma almofada de cima de Cécilys.

Alice a colocou em sua caixa, e Jasper fez o mesmo com Honey.

Jasper e Alice desceram de elevador, e pegaram o jipe de Jasper e seguiram pela cidade de L.A.

 Alice não queria olhar para como Jasper se vestiu, não quis saber se ele estava bem, nem coisa parecida. Apenas queria estar sozinha, quieta e distante dele e de suas maluquices do dia anterior. 

 Queria que eu não tivesse bebido ontem nem feito tantas bobagens – pensou Alice, segurando as lágrimas que insistiam em descer.

 - Vou me lembrar de ontem. Pra sempre. – Jasper sorriu, e estacionou em frente á casa ornamentada e jardins recheado de mesas.