O Grande Palco da Vida - Live escrita por Celso Innocente


Capítulo 38
A festa de agradecimento.




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Em poucos dias, Regis já passava horas no sofá da sala, ensaiando seu violão e muitas vezes cantando suas canções; mesmo em tom baixo.

Seu terceiro disco, apesar de não ter sido divulgado corretamente, acompanhado pelo segundo; durante os dias em que ele esteve no hospital, vendeu mais do que havia vendido até então, desde o primeiro; batendo recordes de vendagens. É um marketing triste, mas a tragédia que abateu sobre o menino, fez com que ele triplicasse seu número de vendagens, inclusive do primeiro disco, o qual a gravadora teve que mandar prensar outra tiragem, em caráter urgente.

Na metade do mês de Maio, ele recebeu alta definitiva do doutor Hernandes. Porém, com a recomendação de que não deveria voltar aos palcos, pelo menos até Julho.

Aproveitando uma viagem, a qual fiz sozinho a passeio, na cidade de meus pais, entrei em contato com o departamento de Cultura da prefeitura municipal e acertamos o show que fora cancelado na cidade, para o dia treze de Agosto, sábado; o qual seria o show de retorno de nosso pequeno artista aos palcos.

Quando informei a Regis sobre o mesmo, ele ficou feliz em saber, que o retorno seria na cidade em que ele mais queria ir e denominou o show, como sendo “a festa de agradecimento” e não cobraríamos nenhum centavo de cachê.

Já próximo à data do show, reunimos a equipe na casa do senhor Pedro, que decidiu:

— Só que eu não quero que Willian continue cuidando de Regis.

Todos se espantaram, inclusive o menino. Mas antes que alguém dissesse alguma coisa ele continuou:

— Willian vai continuar trabalhando conosco. Mas fará sua função, empresário artístico! Vou contratar seguranças pra cuidar de meu filho!

— Não quero seguranças! — negou o menino.

— Não estou prejudicando o Willian! — alegou ele. — Muito pelo contrário, estou tirando a responsabilidade que ele tem de cuidar de você!

— Já tenho doze anos, papai! — disse o menino. — Não preciso de babá!

— Não é babá! Todos os artistas têm seus seguranças!

— Não quero ninguém me orientando, onde posso ou não posso passar! Com quem eu posso ou não posso falar! Willian continua conosco!

— Willian não está proibido de ficar perto de você! Nada vai mudar! Só quero que tenha alguém pra lhe proteger!

— Nossa equipe somos nós, papai! Mais ninguém! A não ser que o senhor queira entrar pra equipe!

— Eu já sou da equipe! Mas fico aqui em São Paulo.

— Então nossa equipe está completa! — foi decidido o menino. — Não entra mais ninguém!

Eu e os demais continuávamos calados. A conversa girou em torno de pai e filho. Eu estava realmente magoado. Acho que o senhor Pedro queria me proibir de estar com Regis. De fato, ele continuava me acusando de ser o responsável pelo trágico acontecimento a seu filho, no Rio de Janeiro.

— Pro show de Penápolis fica do jeito que tá! — concordou o senhor Pedro. — É um local que não oferece riscos. Pra outros shows, a gente volta a falar nesse assunto!

— Papai! — insistiu o menino.

— Já que insiste — ameaçou o senhor Pedro. — É verdade que nos shows que faz por aí, você deixa o ginásio pra ir à rua brincar com outros garotos?

— O senhor se esqueceu de que também sou criança?

— Então pare de fazer shows e vire criança de verdade! Artista não tem infância!

— O senhor prefere que eu deixe de ser artista? — perguntou o menino, agora chorando.

— Não! Eu prefiro que você esteja seguro e que seja feliz!

Regis se retirou sem falar mais nada. O senhor Pedro se dirigiu a nós dizendo:

— Vocês acham que estou errado? Estou sabendo, que teve dias em que era hora de iniciar o show e Regis ainda estava na rua, sujo e suado.

— Os shows nunca saíram de nosso controle, senhor Pedro! — protestei.

— E a segurança de meu filho? Sai de dentro do ginásio e vai brincar com outras crianças! O que aconteceu no Rio de Janeiro pode acontecer em qualquer lugar! Até na sua cidade!

— O senhor tem toda razão! — concordei. — A gente conversa com Regis e corta essa regalia em que ele vinha tendo! Este é o preço que ele terá que pagar pela fama!

— Você não serve pra cuidar de meu filho! — negou o senhor Pedro. — Ele não te obedece! Pelo contrário, ele manda em você! Faz o que quer de você! Como uma marionete! Você não tem voz ativa com ele.

— Senhor Pedro — insisti quase chorando. — Tudo tem estado sobre nosso controle, sempre! Os músicos sempre me ajudaram a cuidar dele! E Regis sempre nos respeitou com dignidade!

— Como eu já disse, o show de Penápolis continua do jeito que está, depois a gente vê o que faz! Boa sorte a todos!

Ia se retirando, mas parou na porta, completando:

— Ah! Eu e minha família viajaremos também para Penápolis.

E se retirou. Eu, magoado, não tinha mesmo o que falar e só me despedi da equipe, fui até o quarto de Regis, que estava deitado de bruços e lhe disse:

— Não se preocupe, garoto! Está tudo sobre controle!

Ele continuou de bruços e calado.

— Estou indo pra casa. Depois a gente se fala!

— Tchau!— disse-me ele, sem entender o porquê dos estranhos acontecimentos.

O fato é que eu sabia que ele, sendo como era, não deixaria seu pai me tirar fora da equipe jamais.

©©©

Com toda a equipe reunida, na manhã do dia doze de agosto, inclusive com o senhor Pedro, dona Odete e Tony, seguimos apenas com o ônibus grande para Penápolis. Tony e Regis seguiam juntos, brincando e rindo muito, principalmente com seus carrinhos de fricção, na mesma poltrona a qual eu era acostumado a usar. O ônibus saiu pela marginal do Rio Tietê, cortou o Cebolão, seguindo pela rodovia Castelo Branco até próximo a Botucatu, depois adentrou à Rodovia Marechal Rondon seguindo por Bauru, Lins, Promissão e depois de quase quinhentos quilômetros, finalmente Penápolis.

Depois de passar por Bauru, Tony, resolveu ir para as poltronas de seus pais, deitando no meio deles e em poucos minutos estava dormindo. Regis permaneceu deitado, tentando ler um livro, mas parecia muito nervoso e acabou abandonando-o, antes mesmo de ter lido no máximo duas páginas. Percebendo seu jeito nervoso, sentei-me ao seu lado. Quando já estávamos próximo à Promissão, ele normalizou a poltrona do ônibus, permanecendo sentado e me perguntou:

— Ainda vai demorar pra chegarmos?

— Menos de meia hora! — respondi. — Estamos a quarenta quilômetros de distância.

Ele permaneceu pensativo, depois em voz triste me disse:

— Você nunca quis saber o que aconteceu comigo, enquanto estive prisioneiro…

Olhei para ele sério, dizendo meio que perdido:

— Eu sempre quis saber! Vivo tentando criar coragem pra lhe perguntar! Mas receio que irá lhe trazer recordações tristes e por isso não pergunto nada!

Ele baixou os olhos e continuava nervoso.

— Você está preparado pra falar sobre isso? — perguntei-lhe.

— Preparado eu não estarei nunca! Mas acho que preciso falar, pra desabafar um pouco! Não suporto carregar isto só pra mim!

Só ali eu percebi o quanto fui covarde, não compartilhando com ele seu sofrimento.

— Eles me espancaram como um traste. Como se eu fosse um... nada, me deram murro na cara ferindo meus olhos. Passei noites inteiras amarrado em uma cadeira, onde tive que dormir sentado e por tentar escapar cortei meus pulsos. Também passei noites amarrado na cama. Depois de três dias sem tomar banho, ou escovar os dentes, já deitado, disse a eles que precisava de banho, pois estava suado e fedendo; Paulo, que era o pior deles, foi na cozinha, pegou um balde com pedras de gelo e atirou em mim sobre a cama, depois não me deixou levantar pra trocar... Trocar o que, se estava pelado!? — suas lágrimas apareceram. — Permaneci a noite toda tremendo de tanto frio e ódio, sobre uma cama encharcada. Foi cruel. Eles me maltratavam e ainda tiravam fotos, muitas vezes rindo na minha cara. Parecia que meu sofrimento lhes causava prazer. Diziam que as fotos eram pra mandar a vocês pra pressionarem a pagar o resgate. Nos primeiros dias no Rio, eu não tinha roupas. Permaneci o tempo todo de sunga apertada… Por que alguém tem coragem de fazer essas coisas com uma criança? Será que não percebiam que eu era só um... bichinho fraco?

Ele estava chorando e eu também. Encostou sua cabeça sobre meus ombros e continuou:

— Tenho algo pior pra te dizer… Lembra que você me deu um tapa no hotel por causa de uma mulher?

— Perdoe-me Regis! Arrependi tanto daquele dia!

— Aquilo não foi nada! Uma mulher me usou como objeto… mas não quero falar sobre isso…

Tanto eu como sua família, fomos irresponsáveis, em não perceber que ele precisava passar por um psicólogo.

— Por que Deus permitiu que um homem enfiasse uma faca em meu coração?

Não soube responder. Ele prosseguiu:

— Sabe... Não porque eu seja o Regis Moura, nem porque sou quase uma criança e nem porque... Como você sempre diz... Seja uma pessoa boa. Mas porque eu sou um ser humano! Não se fere um ser humano!

— Não foi Deus quem permitiu, Regis!

— Sei disso! Na verdade Ele me deu a cura! É que me revolto!

— Lembra da história de “pegadas na areia”? Você que é um menino que sabe tudo! Em seu momento de dor, Ele te carregou no colo.

— Por que eles fizeram isso comigo? Sou quase uma criança! Eu preciso chorar Willian, porque lá eu quase não chorei…

Ri do jeitinho adulto dele falar aquela frase. Realmente, ele era um menino forte e não choraria fácil no cativeiro. Teria que mostrar que era valente. Mas agora, sentindo-se protegido, chorava... E eu também.

— Um pecado vou carregar pra sempre comigo— continuou ele. — Jamais vou conseguir perdoar a eles! Você me deu fama de ser um menino amoroso… e eu carrego essa responsabilidade. Mas a eles eu odeio! Serei até capaz, de um dia perdoar a Luís Marcos, que cravou uma faca em meu coração, pois aquilo foi meio acidental. Os demais não dá! Só Jesus Cristo foi capaz de perdoar a quem lhe crucificou… mas eu sou fraco…

— Regis, você é o homem mais forte que eu conheço.

— E não se preocupe porque papai não pagou o resgate. Eles não iriam me devolver assim mesmo! Eu conhecia o rosto deles! Como pode existir gente tão malvada?

Abracei-o e ele continuou chorando sentido, até chegarmos à entrada de Penápolis, onde, resolveu enxugar suas lágrimas e se acalmar.

Nossa chegada ao hotel às quinze horas foi tomada de emoção, devido o grande número de pessoas, amigas de Regis, e alguns jornalistas que nos aguardavam; inclusive da maior emissora de televisão brasileira, que gravaria a festa de seu retorno.

Toda a equipe desembarcou do ônibus, seguindo para suas acomodações; eu me aproximei de um carro escuro, que nos foi emprestado por uma grande empresa da cidade e aguardei Regis, que resolveu trocar de roupas e com isso foi o último a descer, agraciado pelo vasto número de (digo) fãs, que o cercava.

Após uns quinze minutos de carinho, abraços e autógrafos, ele conseguiu chegar até a entrada do hotel, cinco metros distante do ônibus e então, acompanhado por seus pais e Tony, subiu para um dos apartamentos e eu, usando o carro emprestado, segui para a casa de meus pais, que fica em um bairro afastado do centro, onde ficaria acomodado.

©©©

Somente às dezesseis horas do sábado é que reencontrei toda a equipe no hotel, com exceção dos engenheiros e técnicos de infraestrutura, que já estavam trabalhando desde cedo.

Seguimos juntos até o estádio municipal, onde realizamos um pequeno ensaio, do que aconteceria à noite. Depois, já começando a escurecer, com apoio dos técnicos Juan Carlos, Charles, Israel e Marcelo, orientados pelos engenheiros Samuel e Jorge Mateus, além de técnicos especialistas nestes eventos, por parte da emissora de televisão, ajustamos o som, iluminação, microfones e afinamos os instrumentos.

Às vinte horas, retornamos ao estádio, me dirigindo com Regis, direto a seu camarim, que com apoio da emissora de tevê, fora o melhor preparado entre todos os demais eventos, com cortinas, sofá para receber visitas, frigobar, televisão, banheiro completo, roupas diversas e os alimentos, os quais o menino sempre pedia em todos seus camarins: água de coco direto da fruta, água mineral fresca, isotônico, frutas básicas, como maçã, pera, abacaxi, uva rubi, Itália ou Niágara, kiwi e laranja; barras de chocolate tipo Suflair e Prestígio.

Já neste horário, comandado por um locutor de rádio local, iniciou-se as apresentações. Na primeira parte, com diversos artistas locais e regionais.

As vinte e uma horas e trinta minutos, com o final das apresentações locais. Os músicos de Regis se acomodaram junto a seus instrumentos e com a televisão gravando tudo, o locutor da rádio anunciou:

— Após cinco meses afastado dos palcos e escolhendo Penápolis para a festa de seu retorno, Rééééégis Moura…

— Boa noite Penápolis! — gritou ele, entrando no palco com microfone sem fio.

Os músicos começaram a tocar Galopeira e antes do início da música ele ainda agradeceu:

— Obrigado artistas regionais, por abrilhantarem a primeira parte desta bonita festa!

Ao final da primeira música ele voltou a cumprimentar:

— Boa noite Penápolis!…Boa noite amigos de toda região! Araçatuba... Birigui... Coroados... Promissão... Alto Alegre... Avanhandava... Barbosa... Lins... Luziânia... Braúna... Glicério… Buritama... Boa noite amigos das demais cidades… Não consigo lembrar o nome de todas… Boa noite amigos que tiveram que ficar do lado de fora do estádio e nos veem pelos telões. Desculpem-nos pelo transtorno! A polícia não permitiu a entrada de mais ninguém no estádio, pois não havia mais espaço... Boa noite Brasiiiiiil!

Devido a falta de espaço, cerca de cinco mil pessoas não conseguiram entrar no estádio. Foi falha nossa na organização e da prefeitura, na escolha do local, mas não esperávamos que viria tanta gente de outras cidades para este evento.

Regis voltou a cantar. Desta feita, Aniversário de despedida.

Estou lembrando que hoje está fazendo um ano

Quem eu amava com ternura, me deixou em desengano

E foi se embora pra voltar no outro mês

Só esta data maldita pra mim voltou outra vez.

Eu vou seguir na estrada da desilusão

Vou andar para encontrar a casa da solidão

Lá vou deixar meu coração solitário

Pra não ver e nem sofrer no dia deste aniversário.

Eu vou seguir…

Ao final desta canção voltou a comentar.

— Obrigado amigos de Penápolis e região, pela ótima recepção nesta querida cidade. Escolhemos Penápolis para esta festa de agradecimento, pois além de ser a cidade de meu amigo e parceiro, Willian Gustavo, na data em que faríamos esta festa, vinte e nove de Março, como todos sabem, eu estava entre a vida e a morte, no Instituto do Coração em São Paulo. Naquela data, graças à maravilhosa invenção da televisão, todos acompanhavam meu drama… (emocionou-se, parando de falar por um instante) e então, milhões de pessoas do Brasil inteiro e até de outros países, pediam em oração por mim... Com isto, Deus me concedeu o direito de voltar à vida… e é por isto, que esta é a nossa festa de agradecimento. Agradecimento a você, que mesmo sem eu te conhecer, chorou e pediu a Deus por mim... Agradecimento a uma equipe de grandes médicos, que lutaram dia e noite sem cessar, diante de um coração partido em dois... Agradecimento a toda minha equipe e família, que não arredaram os pés do hospital, durante todos os dias em que lá estive em estado de coma... Agradecimento à imprensa e a magia da imprensa, que sempre deixou você informado, de tudo o que acontecia comigo naquele triste leito de hospital... E principalmente, agradecimento a Deus, que ouviu a prece de todos.

Na terceira música Regis cantou Vitrine.

Ao final dessa canção, o locutor da rádio, voltou ao palco com um banquinho de dois lugares nas mãos e mesmo sem acompanhamento dos músicos, cantando:

— Senta aqui neste banco pertinho de mim, vamos conversar.

Pegou nas mãos de Regis e o colocou sentado; então continuou a canção:

— Será que você tem coragem de olhar nos meus olhos e me encarar?

— Calma Regis! — pediu o locutor. — Eu sou filho de Deus sim, mas não sou Jesus Cristo e nem vou te julgar. Mas com certeza, se eu fosse Jesus Cristo e fosse te julgar, você teria coragem de olhar em meus olhos e me encarar, porque todos sabem que você é um menino puro de coração e é exatamente por isso, que Ele lhe concedeu o direito de voltar a viver. Se perguntarmos a qualquer médico, ou cientista do mundo inteiro, qual a chance de vida, que tem um menino que teve o coração partido pela lâmina de um punhal? Com certeza eles dirão, Nenhuma! Mas pro médico dos médicos, a resposta foi à cura muito rápida que você teve e hoje compartilha conosco esse milagre de sua cura. A prefeitura municipal concede a você, Regis Moura, que já pode ser considerado um monstro sagrado da musica popular sertaneja e a seu empresário, Willian Gustavo (como raras vezes fazia, entrei no palco), em forma de gratidão, pela promoção do nome de nossa cidade por esse país (entregou-nos dois certificados e duas chaves gigantes), o título de cidadão penapolense e a chave de nossa cidade.

Regis abraçou o locutor e a mim, que fiz o mesmo.

— É de coração que agradecemos bela homenagem e dizemos a você amigo penapolense, sentimos honrados em receber a chave de simpática cidade, pra visitarmos sempre que pudermos e se a prefeitura concede a chave da cidade, a pessoas de outras localidades, como, não dizemos nós, pois Willian é penapolense, mas digamos eu, estrangeiro nesta cidade e não concede à sua própria população, não fique triste, pois a gente tem a chave e entra sempre que aqui viermos e você não a tem, porque as portas já estão sempre abertas pra você.

Regis foi aplaudido e eu, sem falar uma única palavra, saí do palco.

De onde ele tirava tanta sabedoria?

— Outra coisa — corrigiu o menino em tom de brincadeira. — Não sou nenhum monstro sagrado! Não gosto deste título! E embora não mereço, aceito ser chamado de menino sagrado... e que os anjos do Céu digam amem!

Houve risos, inclusive por ele mesmo.

Os músicos começaram a tocar “O último Julgamento” e Regis, ainda acompanhado pelo locutor, a cantou inteira, a qual, enquanto era interpretada, os dois telões nas laterais do palco e outros dois na parte externa do estádio, apresentava, intercalando cenas ao vivo de Regis no palco e um lindo vídeo clipe, com imagens muito tristes da realidade do mundo: cenas de assaltos e violência; crianças e adultos jogados pelas ruas de São Paulo; imagens da guerra do Vietnam; armas nucleares; as bombas atômicas, formando o espetacular cogumelo de fogo, que destruíram Hiroshima e Nagasaki; aviões de guerra jogando toneladas de bombas sobre as cidades e muitas outras cenas de desgraças, causadas pelo próprio homem.

Senta aqui neste banco pertinho de mim vamos conversar

Será que você tem coragem de olhar nos meus olhos e me encarar

Agora chegou sua hora chegou sua vez você vai pagar

Eu sou a própria verdade chegou o momento eu vou te julgar

Pedi pra você não matar, nem para roubar, roubou e matou.

Pedi para agasalhar a quem tinha frio você não agasalhou

Pedi para não levantar falso testemunho, você levantou.

A vida de muitos coitados, você destruiu você arrasou.

Meu pai te deu inteligência para salvar vidas você não salvou

Em vez de curar os enfermos, armas nucleares você fabricou,

Usando sua capacidade você se destruiu você se condenou

A sua ganância foi tanto que a você mesmo você exterminou

O avião que você inventou foi para levar a paz e a esperança

Não pra matar seu irmão nem para jogar bombas nas minhas crianças

Foi você que causou esta guerra destruiu a Terra de seus ancestrais

Você é chamado de homem mais é o pior dos animais

Agora que está acabado pra sempre

Vou ver se você é culpado ou inocente

Você é um monstro covarde e profano

É um grão de areia frente ao oceano

Seu ouro falou alto você tudo comprou

Pisou nos mandamentos que a lei Santa ensinou

A mim você não compra com o dinheiro seu

Eu sou Jesus Cristo, o Filho de Deus.

Ao final da música, ele voltou ao locutor e disse:

— Também não sou Jesus Cristo e não vou te julgar. Mas esta letra do amigo Léo Canhoto, que tive o privilégio de gravar em meu segundo disco, é uma verdadeira obra de arte.

— E que no final de tudo, Jesus Cristo irá realmente nos julgar, também é verdade.— concluiu o locutor.


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