O Grande Palco da Vida - Live escrita por Celso Innocente


Capítulo 23
Pequena prova de amor.




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Em doze de Janeiro de oitenta e dois, terça feira, estávamos na cidade de Ourinhos, estado de São Paulo, onde faríamos apresentação no Ginásio municipal de esportes. Regis, de short, camiseta e tênis surrado, se tornando comum como qualquer garoto, fugiu de minha segurança e acabou se concentrando na frente do ginásio, acompanhando de perto o vasto número de público que adquiriam ingressos para assistirem ao show.

Pouco depois, ele parou diante da portaria de entrada e ficou acompanhando as pessoas, que em fila indiana, entravam, sem imaginar que aquele curioso era o dono do espetáculo.

De repente, dois outros garotos, aparentando entre oito e dez anos de idade, aproveitando um descuido do porteiro, quase atropelaram o próprio Regis, tentando varar a entrada sem apresentar ingresso. Mas o porteiro, porém, acabou sendo mais esperto e os agarrou, arrastando-os para fora com brutalidade e ameaçando-os:

— Tornem a voltar aqui seus pestinhas que vou mandar a polícia prenderem vocês.

Os meninos se afastaram e Regis em silêncio os acompanhou, alcançando-os e perguntando-lhes:

— Vocês estão indo embora?

— Claro! — exclamou o menino menor. — Aquele homem besta pensa que é o bom! Nós nem queremos assistir aquele show besta não! Aquele moleque também é muito exibido!

— Vocês o conhecem? — perguntou Regis fingindo indiferença.

— Não! Mas é exibido mesmo! — exclamou o menino menor. — Já vi seu jeitinho metido na televisão.

— Se vocês não gostam de Regis por que então tentaram varar a entrada?

— A toa! — alegou o menor.

— Gayzão, isso é o que ele é! — emendou o menino maior.

— Por que você acha que ele é gayzão? — entristeceu-se Regis.

— Aquele jeito todo arrumadinho! Cabelo penteadinho, andando como mariquinha... — começou a andar requebrando, imitando uma menina.

— Regis não anda assim! — negou Regis, de certa forma revoltado.

— Ta defendendo ele por quê? — gracejou o menino. — Acha que ele é bonitinho?!

— Não é porque o homem é bonito que ele é gay!

— Você acha homem bonito? Regis é bonito?

— Você é bonito!

— Sai de mim oh! Gayzinho!

— Não sou gay! — retrucou Regis. — As coisas podem ser bonitas e ninguém tem que ser gay por achar isso! Uma árvore é bonita, uma flor é bonita, um rio é bonito, uma menina é bonita, um menino também pode ser bonito!

— Homem que é homem não acha homem bonito e pronto!

— Deixa pra lá! Querem assistir ao show? — perguntou Regis.

— Você consegue varar a entrada? — perguntou o mais velho.

— Não! Ninguém precisa varar a entrada!

— Então como entrar? — quis saber o menino menor. — A gente não tem dinheiro!

— Nem um pouquinho?

— Se tivéssemos dinheiro não teríamos tentado varar a entrada! — negou o mais velho.

— Vocês disseram que não gostam de Regis. Então como iriam pagar pra ver o show dele?

— Ah, porque iríamos ver o movimento! — insinuou o menor. — Não o show do... Regis!

— Seus pais não dão dinheiro a vocês?

— Coitado de meu pai! O dinheiro que ele ganha não dá nem pra comprar comida! — afirmou o menor.

— Vocês são pobres?

— Claro que somos! — exclamou o menor. — Você é rico?

— Deixa pra lá! — constrangeu-se Regis, lembrando-se de que já fora pobre durante muitos anos. — Vamos assistir ao show?

Calados os dois garotos acompanharam Regis. O porteiro resolveu barrar a entrada dos três. Regis, porém insinuou:

— Eles estão me acompanhando.

— E o que eu tenho a ver com isto? — insinuou carrancudo o porteiro.

— Nada! — negou Regis. — Apenas nos deixar entrar!

— Onde está o ingresso de vocês?

— Eu não tenho ingresso! Saí por aqui!

— Pra sair não precisa ingresso, mas pra entrar precisa.

— Se eu saí, preciso voltar! Meus pais estão lá dentro.

— Sem ingresso ninguém entra aqui!

— O senhor me conhece?

— Nunca o vi mais novo! Circulando, circulando...

— Por que o senhor é tão mal educado com crianças?

— Se eu gostasse de moleque, andava com o bolso cheio de balas.

— Pois eu gosto de adultos — alegou Regis. — Todos eles. Gosto de animais… gosto de crianças… Mas monstro eu detesto.

— Espere aí seu moleque malcriado! — gritou o homem tentando segurá-lo, que fugiu rapidamente.

— Hei garoto! — chamou-lhe outro homem, que estava próximo à comprar ingressos. — Não adianta insistir. Você não conseguirá nada com ele. Venha aqui que vou comprar ingressos pra vocês três.

Regis se aproximou e disse:

— Obrigado moço. Você é muito bom, mas eu não preciso de ingressos!

— Não?! Por quê?

— Meus pais estão lá dentro. A gente entra pelos fundos.

— Você é Regis? — o reconheceu aquele homem.

Fez sinal de sim e com os dois meninos, se afastou correndo pelos fundos do ginásio, onde na entrada de convidados, pediu permissão ao segurança, que também quis saber:

— Quem são vocês?

— Eu sou Regis! É que eu saí pela entrada do ginásio e tive problemas pra retornar.

— E como posso saber que você realmente é Regis?

— Boa pergunta? — disse Regis em leve sorriso. — Se eu lhe desse a minha palavra o senhor acreditaria?

— Não sei! — riu o homem. — Troquemos de lugar. Você acreditaria?

— É pra se pensar! — concordou Regis em novo sorriso. — Acha que estou bem disfarçado?

— Acho que está disfarçado de ser criança! Vou acreditar em você. Só que temos outro problema! E os outros dois meninos?

— São meus amigos! — salientou o pequeno.

— Não podem entrar por aqui.

— Nem que eu pedisse por favor?

— Você traria problemas pra mim! Mas você entra, conversa com o Paulo Cesar e os recepciona lá na portaria.

— Não tem outro jeito?

— Vá por mim! Paulo Cesar é gente muito boa.

— Onde posso encontrá-lo?

— Provavelmente na sala ao lado da bilheteria.

— Estou indo lá! Vocês esperam na portaria de entrada.

Regis seguiu até o camarim, onde me encontrou.

— Willian, quem é o gerente desse treco?

— Não sei! — neguei. — Deve ser o homem que fica ao lado da bilheteria. Por quê?

— Nada importante! Tchau!

E se afastou indo ao encontro do gerente. Bateu na porta e um homem de uns trinta e cinco anos, moreno, o atendeu surpreso:

— Regis Moura?! Quanta honra sua visita!

O abraçou com respeito.

— O que desejas meu rapaz?

— O senhor é Paulo Cesar?

— Sou eu!

— O senhor é o gerente do show?

— É! Eu tomo conta! Por quê?

— Sabe o que é, eu tenho lá fora dois amigos que são muito pobres, mas que gostariam de assistir ao show. Será que o senhor pode permitir que eles entrem sem pagar o ingresso?

— Claro! Se forem seus amigos têm mais é que entrar! Diga ao porteiro pra os deixar entrarem!

— Eu já pedi a ele, mas não teve jeito!

— Vamos lá comigo.

Os dois seguiram para a entrada do ginásio, saindo para a rua, onde pegaram nas mãos dos dois garotinhos pobres e sem dar satisfação ao porteiro, retornaram às suas dependências.

Pouco depois das vinte e uma horas, Regis Moura iniciou seu descontraído show, para o ginásio de esportes lotado.

O público aplaudia de pé aquele jovem artista, que na simplicidade de seus dez anos de vida, sabia dar valor aos seres humanos, seus fãs e amigos.

E ele era assim mesmo: praticamente em todos os espetáculos, se vestia com roupas bem simples e fugia do alcance de nossos olhos, para se infiltrar entre seu público que entrava para o show, a fim de observar a reação das pessoas, que praticamente nunca o reconhecia entre eles. E era aí que sempre fazia amizade com crianças diferentes e geralmente pobres.

“Crianças ricas ou pobres são muito semelhantes: Geralmente são educadas e gostam de se aventurar em brincadeiras e novas amizades. A principal diferença, é que normalmente os pais das crianças ricas, às trazem sempre debaixo de suas asas...” Em suma, crianças ricas não brincam no meio da rua.

Poucos minutos após as vinte e três horas, no encerramento do show, Regis convidou os dois garotos pobres na plateia, para que o acompanhasse até seu camarim, onde fora trocar de roupa, perguntando-lhes enquanto se despia:

— Como vocês se chamam?

— Eu sou Ricardo — disse o mais jovem. — E meu irmão é Rodrigo.

— Gostaram do espetáculo?

— Foi muito bom! — afirmou Ricardo. — Você canta legal à beça! Os moços também tocam muito bem!

— Eu sei! — riu Regis, nada modesto.

— Desculpe tê-lo chamado de metido.

— Não tem problemas! Sou metido mesmo! Sou muito convencido!

— É?! — estranhou Ricardo.

— Mas não sou gayzão coisa nenhuma! — negou Regis em tom forte, defendendo sua masculinidade infantil. — Sou muito macho!

— Desculpe — pediu Rodrigo. — Podemos ser amigos?

— Como é a família de vocês?

— É bem diferente da sua — afirmou Rodrigo. — Nós somos muito pobres. Meu pai ganha muito pouco e ainda tem que pagar aluguel. Minha mãe também trabalha, mas também ganha muito pouco.

— E quem cuida de sua casa pra que sua mãe trabalhe? Uma empregada?

— Rico é uma coisa mesmo, Hem! — riu Rodrigo. — Acha que meu pai pode pagar empregada?

— Quem cuida de casa somos nós dois — afirmou Ricardo.

— E vocês não vão à escola?

— Claro! No período da tarde.

— Vou conversar com Willian. Ele ajudará vocês. Querem comer ou beber alguma coisa? Podem pegar!

— Quem é Willian? — perguntou Rodrigo, apanhando uma das barras de chocolates, das que eram servidas no camarim do artista.

— Meu empresário!

— De que maneira ele vai nos ajudar?

— Não sei! Arrumando algum dinheiro. Mas só amanhã cedo! Agora está muito tarde e a gente precisa ir pro hotel.

— Acha que ele ajudará a gente?

— Claro que sim! Ele gosta de crianças!

— Nós também precisamos ir embora — lembrou Rodrigo.

— Calma! Vou pedir ao Willian pra levar vocês até sua casa.

— Posso pegar uma maçã? — pediu o menino.

— Pode levar tudo pra vocês!

A narrativa apresentada neste capítulo, Regis só me contou após findar o espetáculo, quando levou os dois garotos ao seu camarim.

Com isto, ele me pediu para levar os garotos em suas casa, o que não me atrevi a negar. Fui com ele, Daniel e os dois garotos na Caravam, levando as guloseimas do camarim, enquanto os demais músicos seguiram com a Kombi para o hotel.

Orientado pelos dois garotos, segui para um bairro pobre afastado da cidade. Pouco depois, freei o carro à frente de um casebre de três cômodos.

— Seus pais sabem que estão na rua sozinhos até a esta hora? — perguntei-lhes, deveras preocupado.

— Eu pedi a ele pra ir ao show! — alegou Ricardo.

— E ele deixou?

Deu de ombros o menino mais velho.

— Deixou? — Insistiu Regis.

— Claro que deixou!

— Mas não lhes deu dinheiro pra pagarem o ingresso? — questionou-lhes Daniel.

Os dois irmãos entreolharam-se e desceram do carro. Nos despedimos rapidamente e retornamos ao centro da cidade, em direção ao hotel.

No caminho, Regis me disse:

— Viu Willian como eles são pobres?

— É! Eu vi! Onde você os conheceu?

— Na entrada do ginásio. Eles queriam muito assistir ao show!

— E assistiram? — perguntou-lhe Daniel.

— Assistiram! Eu pedi ao gerente pra deixar eles entrarem sem pagar entrada.

— É triste, mas existem seres humanos em condições bem piores do que as deles — afirmei.

— Trabalha o pai e a mãe deles. Ganham uma mixaria, que quase nem dá pra pagarem o aluguel e comprarem alimentos — confirmou Regis.

— E quem cuida da casa são os dois garotos — concluí.

— Como você sabe? — perguntou-me Regis.

— Simples, quando eu era garoto, meu pai e minha mãe trabalhavam. Eu cuidava da casa, dos irmãos menores e ainda ia à escola.

— Eles também vão à escola! — confirmou Regis.

— Falando em estudar, é o que você vai fazer este ano, Regis! — informei-lhe.

— Como assim? — perguntou-me Daniel. — Vai abandonar os shows?

— De jeito nenhum! — neguei. — Mas ele está muito atrasado na escola. Nós iremos contratar um professor particular pra viajar com a gente.

— Deixe isso pra falar depois, Willian! — pediu Regis. — Agora prefiro falar sobre meus dois amigos.

— Que legal isso, Regis! — emocionou-se Daniel. — Você os conheceu agora a pouco e já os considera como amigos, apesar de suas diferenças de classe social, de suas vidas bem opostas…

— Se o senhor quer dizer minha riqueza, saiba que também já fui muito pobre e se hoje sou rico, é graças a muita gente, inclusive aos pobres que compram meus discos.

Chegamos ao hotel, onde rapidamente segui para o quarto, onde como sempre, iria dormir na companhia do menino. Ele, naturalmente me acompanhou, sentou-se em sua cama e me pediu:

— Willian, você não pode ajudar a família daqueles dois meninos?

— De que jeito?

— Doando a eles algum dinheiro. Por exemplo, você pode dar a eles a minha parte do show de hoje. Prometo que não vai me fazer falta.

— Garoto, você ficou doido?

— Por quê? Só porque quero ajudar os meninos? Coitados, Willian! Eles passam necessidades!

— Regis, mesmo que a gente ajude a eles, existem outros! São milhares! Mesmo que a gente queira os ajudar, é impossível!

— Uma vez tinha um menininho caminhando pela praia repleta de estrelinhas do mar, que a água trouxe pela alta da maré e que estavam morrendo na areia, O menininho, comovido com aquela tragédia, apanhava as estrelinhas e às atirava de volta na água. Um homem que também caminhava por ali, vendo a cena, chamou a atenção do menininho dizendo “De que adianta você jogá-las de volta? Não está vendo que são milhares delas na areia por toda a praia e você não conseguirá salvá-las. Que diferença poderá fazer isto?” Então o menininho tornou a se abaixar, apanhou outra estrelinha e a atirou no mar dizendo “Fez diferença pra esta!”

— Você e suas parábolas! — senti lágrimas.

— O que é Pará...bola? — deu de ombros.

— Estórias como estas que você acabou de contar.

— Não poderemos ajudar a todos eu sei! Mas poderemos ajudar a eles. Pelo menos um pouquinho. Lembre-se o que Jesus disse “Quem ajudar a meu irmão que estás faminto, é a mim que estás ajudando”. “Quem dá aos pobres empresta a Deus”. E olha que Deus paga direitinho! — brincou Ele.

— Por isso que me sinto feliz e recompensado — afirmei rindo. — Tenho um excelente garoto como amigo! Um garoto, que acima de tudo sabe amar e não me deixa ser mau.

— E então, você vai ajudar os meninos?

— Você tem certeza de que seu pai não vai ficar bravo?

— Não se preocupe com papai! O que a gente resolver entre nós papai concordará.

— Muito bem, meninão…

— Menininho! — exigiu ele.

— Menininho! Iremos doar em seu nome, a metade de seu lucro livre pra família daqueles dois garotos.

— Ótimo! E quanto dá?

— Calma! Tem mais, vou doar a metade do o meu lucro livre a uma casa assistencial.

— E quanto é nosso lucro livre?

— Amanhã cedo faremos as contas. Agora você já deve estar contente, então, rumo ao banho e depois dormir.

Realmente, Regis estava muito feliz e eu também. Ele, talvez por ter sido muito pobre, agora queria resolver o problema de todo mundo. E eu, por saber que tinha um amiguinho muito bom de coração, onde, apesar de meus já vinte e três anos de idade, o amava, como se ele fosse meu filho. Um filho que me fazia ser bom, quer eu queira, quer não.

Na manhã seguinte, nós dois visitamos uma entidade assistencial, deixando setenta e cinco mil cruzeiros de ajuda e depois seguimos à casa dos dois irmãos, onde deixamos quarenta mil cruzeiros. Nós dois sabíamos que aquela quantia não resolveria os problemas de nenhum dos dois locais, mas ajudaria muito.

Na entidade assistencial, recebidos pelas crianças em uma sala de aulas, Regis teve que voltar ao carro para apanhar seu violão e se juntando ao meio delas, cantar por mais de meia hora, imitado por um coro especial que parecia nos agradecer com um sentimento tão puro no coração. Puxa como me senti feliz e emocionado! E de pensar que aquele dinheiro sequer faria falta para nós e, no entanto, ajudaria bastante, não apenas uma estrelinha do mar, mas dezenas delas, em forma de crianças palpitantes de amor sincero.

Na casa dos dois garotos, eles estavam sozinhos e quando falamos em deixar tal quantia, eles riam e não sabiam o que fazer para nos agradecer. Suas simplicidades de oito e dez anos eram muito importantes para mim. Nunca, em toda minha vida tinha me sentido mais feliz e nunca havia percebido Regis, assim tão feliz também. Era engraçado como, a gente não se sente feliz somente quando ganha presentes. A gente pode se sentir ainda mais feliz quando dá presentes.

Deixamos o dinheiro prometido e um número de telefone, para o caso dos pais das crianças desconfiarem dos filhos e quererem descobrir de onde veio tal quantia, razoavelmente alta.

A partir daquela data, ficara decidido que em cada show, ajudaríamos pelo menos uma entidade assistencial da cidade em que estivéssemos visitando. Só que o nosso dinheiro não parecia acabar com aquilo, pelo contrário, parecia aumentar cada vez mais.

Agora o senhor Pedro também comprara um carro Passat e então, colocamos em cada carro e no escritório montado junto ao apartamento, um rádio PX para nossa comunicação, o que foi uma grande ideia, pois assim, durante nossas viagens, Regis, agora viajando no banco dianteiro, passava horas falando com os pais e principalmente, rindo muito, ao falar com o irmãozinho Tony.

Em seus shows sempre lotados, ou em emissoras de rádio e televisão, que visitávamos com muita frequência, cantava músicas de seu primeiro e segundo disco, os quais, principalmente o segundo, estavam batendo recorde de vendas.

Se no princípio, contratar shows era difícil, agora precisávamos recusar muitos deles. Geralmente contratávamos quatro ou cinco shows seguidos. Normalmente iniciando numa quarta ou quinta feira, sendo que ao final desta sequência, retornávamos à São Paulo e estes shows, geralmente eram sempre no mesmo estado.

Um exemplo:

Apresentações de Regis Moura por Santa Catarina.

De vinte e cinco a vinte e oito de Fevereiro.

25 quinta-feira Blumenau

26 sexta-feira Florianópolis

27 sábado Canoinhas

28 domingo Itajaí

Procurávamos viajar de tal forma, que chegássemos à cidade do primeiro show, no período da manhã, seguindo para um hotel, onde descansávamos das longas viagens, até próximo ao horário do show e só seguíamos para a outra cidade na manhã seguinte e geralmente retornávamos para São Paulo na segunda feira.

Normalmente, eu visitava o local do evento no período da tarde, onde conferia os detalhes de som, microfones, luzes, cortinas... Já que todos estes itens eram locados na cidade e montado pela empresa responsável, fazendo com que, muitas vezes nos deparássemos com equipamentos de péssima qualidade, comprometendo consideravelmente a apresentação, o que deixava nosso mini astro revoltado.

Uma hora antes do evento, todos os músicos se posicionavam no palco, a fim de conferirem novamente a qualidade do som em cada instrumento e principalmente o do cantor, pois o menino detestava quando se deparava com o som de qualquer dos instrumentos mais alto do que sua própria voz.

Embora esta turnê tenha sido em uma região de lindas praias, não conseguimos reservar nem um curto período para entrarmos na água; o máximo que conseguimos foi tirarmos fotos sobre as pedras e caminharmos próximo à praia das Toninhas, uma entre as quarenta e duas de Florianópolis, logo depois das dunas, onde Regis, também conseguiu se divertir, deslizando sobre as grandes formações de areia, como se estivesse surfando, ao lado de dezenas de outras crianças e jovens.

A partir de então, viajava conosco o professor João Alberto Chagas, que agora, dava aulas particulares a nosso pequeno artista.

Em vinte de abril de oitenta e dois, data do décimo primeiro aniversário de Regis, ele recebeu na cidade do Rio de Janeiro, na festa dos melhores do ano, o seu primeiro “disco de ouro”, por ter vendido mais de cem mil cópias de seu segundo long-play. Em vinte e quatro de Junho, em São João da Boa Vista, nas comemorações do centésimo sexagésimo primeiro aniversário da cidade, recebeu o título de honra de “Cidadão sanjoanense” e a “Chave da Cidade”, por divulgar o nome de sua cidade pelo Brasil. Além de outros inúmeros prêmios já recebidos, entre troféus, medalhas, placas de prata, diplomas…

Treze de Setembro, segunda feira, estivemos na gravadora para acertarmos gravação de seu terceiro disco, apesar de que o primeiro e segundo ainda vendiam muito bem.

Vinte e oito do mesmo mês, terça-feira, com os próprios músicos de sua banda, acompanhados por outros da gravadora, estávamos nos estúdios WSA de São Paulo, aonde, das nove às dezesseis horas, criamos o playback do terceiro long-play de Regis Moura.

As músicas, por ordem de gravação eram as seguintes:

° A guerra dos homens Arthur Moreira e Sebastião F.Silva

° Casa vazia - Celso Innocente

° O que os olhos não veem o coração não sente.- José Generoso.

° Por que não me deixaste nascer - Regis Moura e Tony Moura

° Lágrimas de um artista - Willian Gustavo

° Linda Goiana - João Baptista

° Noite cheia de estrelas - Vicente Celestino

° O olhar de Deus - Cido Malta

° Mineirinha - Pedro Moura

°Caminhos do amor - José Generoso

° Família - Cido Malta

° Vida de boiadeiro - M. Zanini

Em treze de outubro, novamente nos estúdios WSA, Regis gravou a voz sobre o playback, de onde sairia o disco matriz para criação do terceiro elepê.

Dia quatorze, quinta-feira de manhã, estivemos na academia militar do Exército Brasileiro em São Paulo, aonde, à frente do pelotão de soldados sem armamentos, criamos diversas fotos. Sendo:

° Regis uniformizado de soldado, marchando à frente do pelotão.

° Regis uniformizado de soldado, em posição de sentido, junto ao pelotão,

° Regis com roupa de passeio, em posição de sentido, junto ao pelotão,

° Regis com roupa de passeio, marchando à frente do pelotão,

° Regis com roupa de dormir, marchando à frente do pelotão.

º Regis com roupa de passeio, sentado na entrada da academia.

Neste mesmo dia, apesar de cansativo, em viagens desconfortáveis de carro, iniciamos mais uma jornada de quatro shows, pelo estado de Mato Grosso do Sul, começando por campo Grande, onde aproveitei para tirar mais algumas fotos. Sendo:

° Regis, preparado para show, sentado no camarim,

° Regis, durante o show, à frente dos músicos, no palco do ginásio de esportes,

° Regis, em pleno show, à frente do público, no palco do ginásio de esportes.


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