Blue Jeans escrita por LuhCarneiro


Capítulo 6
Sirius




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No fundo do seu pensamento, Ana Lua tinha sentimentos profundos por Daniel. Mas ela os ignorava. Sua aula de lógica IV estava muito mais interessante que seus pensamentos confusos. Estava fascinada com cada palavra dita. Cada dia ela se apaixonava mais pela filosofia. Arrependeu-se de ter trancado a matricula por tanto tempo. Era quinta-feira. O dia estava abafado. Havia muito movimento na rua. Boa parte das pessoas não aguentavam ficar dentro de casa. Lua fez seu caminho lentamente, pensando na vida. Olhou seu reflexo no vidro de um carro. Estava enjoada dos cabelos ruivos. Gostava mais deles agora que estavam cacheados, mas ainda estava enjoada da cor. Atravessou a rua, saindo do seu trajeto e passou um uma farmácia. Pegou uma cesta pequena a qual colocou água oxigenada, uma tesoura, pó descolorante, um creme de hidratação pra cabelos e uma tinta cor de lua. Aproveitou e pegou um esmalte vermelho que estava na promoção. Antes de pagar, encarou a prateleira de camisinhas. Tinha de vários sabores, tamanhos e grossuras. Acabou resolvendo pegar um pacote das camisinhas de morango e chocolate. Pagou seus itens no caixa e foi andando até sua casa. Estávamos no inicio do mês de novembro. O aniversário de Ana Lua estava chegando. Seria seu primeiro aniversário longe de seu pai. Ela tentou não se prender nesses pensamentos. Entrou em seu prédio feio e foi ler os avisos no quadro. Murmurou um palavrão quando leu que seria adicionado uma cota extra no preço para uma reforma no prédio. Respirou fundo e entrou no elevador de aparência desprezível que logo não seria tão desprezível assim. Ela entrou em seu apartamento e começou a mudar seu cabelo. Descoloriu, hidratou, pintou e cortou as pontas. Agora ela se parecia a Lua mais do que nunca. Gostou do resultado. No dia seguinte, ela não teria trabalho. Os alunos iriam num passeio colegial. Preparou uma janta rápida pra ela e sentou em frente a TV, resolveu ver um filme francês lésbico que passa num canal da TV à cabo. Uma das personagens principais tinha o cabelo a azul. A outra era um tanto ingênua e tinha um jeito esquisito. Mas acabou gostando da história. Porém ficou frustrada com o fim do filme. Lavou a louça do seu jantar e pegou seus vinis pra escutar. Colocou o The Runaways de 1976. Queria comprar alguns novos. Decidiu que faria isso amanhã em sua folga. Pegou seu bloco e começou a escrever algumas coisas enquanto fumava seu cigarro de cravo. Ficou assim por mais ou menos meia hora. Até seu telefone tocar e ver o nome de Pedro na chamada.
— Fala, Pedroca.
— E aí, "mina" do satélite.
— Qual é o motivo da sua digníssima ligação?
— Queria dizer pra que se você estiver só de calcinha em casa, coloque uma roupa pois eu estarei aí em 10 minutos.
— Eita! Mas o que foi? Quem morreu?
— Quero lhe dar seu presente de aniversário.
— Mas falta uma semana pro meu aniversário ainda.
— O presente que eu vou te dar não tem uma certa validade. Enfim, estou chegando!
Pedro desligou antes que ela pudesse responder. Colocou uma roupa simples e abriu a janela pra tirar o cheiro de cigarro. Uns quinze minutos depois, ouviu baterem em sua porta. Quando ela abriu viu Pedro com um filhotinho de gato angorá branco na mão. Tinha uma fitinha vermelha em seu pescoço com um guizo. Era tão meigo e fofo. Tão pequeno que podia se segurar na palma da mão.
— Nossa! Você platinou o cabelo.
— Vênus e a Lua estão em Leão. Momento de mudanças na vida.
— Você parece a Lua agora.
— Obrigada pelo elogio.
— Aqui está seu presente — ele deu o gatinho nas mãos dela. Assim que foi pras suas mãos, ele se aconchegou e ronronou.
— Ele é lindo! Eu não sei o que dizer, Pedro.
— Pensei em comprar uma calopsita. Eu sabia que você gostava mais delas. Só que não achei mansas.
— O gato está ótimo. Ele é uma graça! — Ana Lua abraçou Pedro, morrendo de cuidado com o gatinho em sua mão.
— Feliz aniversário adiantado, Lua — Pedro sussurrou próximo dela.
— Muito obrigada! — Eles se afastaram — Você quer entrar?
— Hoje não vai rolar. Já está meio tarde e eu ainda tenho que fazer umas coisas.
— O que você vai fazer essa hora da noite?
— Hmmm. Vou fazer "missão".
— Vai ir comprar maconha essa hora?
— É. Não vai dar pra ir lá amanhã, então eu vou hoje.
— Pedro, Pedro, Pedro...
— O que foi? — Ele olhou com um sorriso de canto.
Ela balançou a cabeça negativamente. Ele andou até o elevador e apertou o botão.
— Promete que vai tomar cuidado?
Pedro foi andando e abriu um belo sorriso.
— Eu sempre tomo cuidado, menina com nome de satélite.
Ana Lua sorriu de volta. Na hora que o elevador abriu, ela viu Daniel dentro dele. Pedro entrou e o Daniel saiu. Para a sorte dela, as portas fecharam depressa. Ela olhou pro Daniel e sorriu de canto. Ela estava um pouco sem graça.
— Você tá ouvindo música boa. E olha, seus cabelos estão com cor de lua.
— Boa noite pra você também, Daniel.
— Boa noite, Lua. Eu gosto de The Runaways.
— Parece que eu também — Ana Lua e Daniel sorriram de forma debochada.
— Você tava com visita em casa, é?
— Era um amigo. Ele me deu esse gatinho de presente de aniversário.
— Interessante. Vou começar a usar essa tática pra conquistar gurias.
— Talvez dê certo.
— Deu certo com você?
— Tão espontânea essa sua pergunta.
— Responde, Ana Lua.
— Isso não é sobre você, Daniel...
— Será?
— Por que faz perguntas que você sabe a resposta?
— É divertido te ver corar. Eu gosto — ele abriu um pequeno sorriso. Ana Lua percebeu que estava corando mesmo. Tentou segurar o sorriso e permanecer séria — Nunca disse que não sentia nada por você, Ana Lua — ela ficou em silêncio e mordeu os lábios. Daniel, como sempre, estalou seus dedos e a encarou. Seu olhar era misterioso e tirava o fôlego de Ana Lua.
— Você me lembra várias músicas, sabia?
— Lembro?
— Sim. Acabou de me lembrar uma da Lana Del Rey.
— Qual delas e em que parte?
— Backfire. Tem uma parte que diz assim: "Meu homem é louco e não está com a cabeça no lugar mas eu gosto dele, na verdade, o amo. Não consigo ter o suficiente dele."
— Até que faz sentido. Eu.. só queria ser alguém com mais qualidades. Você é encantadora, moleca, carinhosa, doce, geniosa e curiosa. Você tem tantas qualidades... E eu sou tão podre. Eu tenho nojo de mim. Não é justo com você.
— Nunca foi justo pra mim, Daniel. Eu não vejo você assim. Você pode ter o passado mais negro do mundo. Ter feito coisas absurdas, nojentas e erradas. Mas o que me interessa é você agora. Eu vejo você como um corvo de penas pretas graciosas. Você voa de forma torta e diferente mas é isso que justamente me encanta.
— É melhor a gente ir dormir — Daniel respondeu depois de um tempo. Sorriu para ela e abriu sua porta — Boa noite, Ana Lua.
— É. Boa noite, Daniel.

O sol já estava nascendo quando Lua acordou, jogada no sofá. Os raios dele acabaram despertando-a. Estava muito cedo e ela não trabalharia hoje. Então, resolveu se arrastar até a cama e dormir mais um pouco. Seu gatinho dormiu próximo dela. Ela mal se mexia com medo de machucá-lo.
— Vou precisar arrumar uma caminha pra você depois, né? Alias, ainda não te coloquei um nome. Você é tão branquinho que parece um floco de neve. Mas, Snow é um nome tão normal. Eu colocaria seu nome de Lua, mas já é meu nome. Hmmm — Ana Lua encarou o gato por uns minutos. E ele a encarou de volta — Que tal, Niko? — O gatinho miou em forma de aprovação. Ana Lua sorriu e voltou a se deitar — Ótimo, então! Seu nome será Niko. Boa noite, Niko.

A sexta-feira havia chegado. E como sempre, Ana Lua foi se encontrar no banco com Pedro. Quando ela chegou lá, ele estava em pé. Parecia ansioso para algo.
— E aí, garoto. Cadê o desenho?
— Já fiz.
— Já? Tão rápido e cedo? Nem me esperou? — Ana Lua pestanejou e arqueou as sobrancelhas.
— É que hoje temos um compromisso.
— Temos? — Ela arregalou os olhos e Pedro riu. Ele entregou um papel amassado na mão dela com um endereço escrito com letras de mão — O que é isso?
— Endereço da casa de um amigo. Vai rolar uma festa. Vai ser muito legal. Espero você lá — Pedro saiu correndo, sem esperar a resposta de Ana Lua. Ela bateu os pés e ele já estava na moto. Tentou gritar o nome dele sem sucesso. Ela respirou fundo e caminhou até sua casa. Comprou ração e leite pro Niko. De inicio ela considerou a possibilidade de não ir. Fazia um tempo que não ia a festas. Chegou em casa decidida que ia pra festa. Se divertir um pouco não faz mal. Ela separou um vestido com altura um pouco acima do joelho de estampa meio indiana de tom azul escuro e detalhes brancos, pretos e marrons. Tomou uma ducha rápida. Fez uma maquiagem simples combinando com o vestido com um batom vermelho. Arrumou os cabelos com um babyliss, definindo os cachos. Colocou o vestido e brincos prateados grandes. Para completar, um salto não muito alto nos pés e uma bolsa preta. Se olhou no espelho, satisfeita com o resultado. Se despediu de Niko depois de ter o alimentado. Ela saiu de casa e trancou a porta. Enquanto ela estava de costas, ouviu um assobio. Ela se virou pronta pra xingar o retardado que tivesse assobiado e viu Daniel. Ficou muda. Olhou de volta sem saber o que dizer.
— Tá bonita — Ele disse sorrindo pra ela — Vai fazer algum programa? Ou strip-teaser?
— Vou sim. Vou fazer pra sua mãe — Ana Lua passou reto por ele. Daniel segurou o braço dela e riu. Puxou-a pra perto dele. Ela podia sentir a respiração dele e segurou a sua com a intenção dele não perceber que estava ofegante. Ela gostava da sensação. Quis beijá-lo, mas não podia.
— Irritada tão cedo? — Ele sorriu novamente. Ana Lua se soltou dele e foi até o elevador que ainda estava lá — Boa noite e boa festa, Lua — Ana Lua entrou no elevador e sorriu de forma debochada. Levou o dedo indicador a boca, o chupou e mostrou pra Daniel enquanto a porta do elevador fechava.

Ana Lua, raivosa, chegou na festa. Estava um pouco cheia. As pessoas pareciam ser agradáveis. Muitas estavam com copos de bebidas na mão. Quando ela chegou tocava um remix de Summertime Sadness da Lana del Rey. Ela olhou ao redor e procurava pelo Pedro. O encontrou jogando numa mesa de sinuca. Quando ela a viu, veio abraçá-la e deu um beijo em sua bochecha. Ele fez um sinal pra que ela esperasse e foi andando. Uns três minutos depois ele voltou com um copo de bebida pra ela e entregou. Se aproximou dela e sussurrou em seu ouvido.
— Se você não está bebendo, então não está jogando.
— West Coast.
— Exatamente, mina feita de satélite.
Ana Lua nunca tinha reparado de verdade em Pedro. Ele tinha um corpo magro, meio definido com alguns pelos na barriga. Tinha nascido uma barba rala em seu rosto. Era bem alto e era atraente. Não era bonito igual aos galãs de novela, mas tinha um charme conquistador que fazia qualquer garota babar por ele. Seus cabelos estavam selvagens hoje. Estavam totalmente fora do lugar e cheio de cachos negros. Seu sorriso e seu nariz eram compridos. E a pele sempre branca papel. Ele quase sempre estava sorrindo. Ela pegou o copo de bebida e tomou em dois goles. E logo depois pegou outro. Lua, Pedro e alguns amigos ficaram jogando sinuca até enjoar. Depois Pedro apresentou mais amigos pra ela. E acabaram todos dançando junto, bêbados. Todos prontos pra esquecer seu nome e seus problemas. Querendo aproveitar o melhor que há na festa: juventude. Ana Lua e Pedro dançavam juntos, rindo. Dentro de Lua havia uma mistura de raiva, vingança e carinho ao mesmo tempo. Estava sendo torturada pela mente até o quinto drinque. Começou a não dar importância pra nada. Algum lugar profundo da sua mente lutava contra o efeito. Ela estava esquecendo-se de tudo. Esquecendo do pai, da solidão, da antiga vida, do nome, do Daniel. Sua mente estava fazendo pouco caso do mundo. Pedro também tinha passado dos seus limites. Os dois decidiram se sentar em um sofá, num canto da sala.
— Quero te apresentar uma pessoa.
— Mais uma pessoa que você quis dizer, né. Eu... só não tô nas melhores condições.
Pedro riu e se levantou. Algum tempo depois voltou com um cara negro ônix. Ele era mais baixo que Pedro. Tinha barba e estava bem aparada. Usava uma calça jeans e uma blusa larga de basquete americano.
— Lua, esse aqui é um velho amigo. Ele se chama Fernando. Ele tem uma editora de livros.
Lua se levantou e sorriu. Estendeu a mão e Fernando a apertou, sorrindo de volta.
— É um prazer conhecer você, dona Ana Lua. Pedro me fala muito sobre você e o que escreve.
— Ah, é um prazer também. Ele fala de mim é? — ela se sentiu corar.
— Fala às vezes. Queria ler seus escritos, se você quiser, é claro. Estou procurando novos autores nacionais. Anda difícil achar algo de qualidade.
— Ah, nossa! Será uma honra te mostrar o que escrevo. Não é dos melhores escritos.. mas acho que pode gostar — ela respondeu com ainda mais entusiasmo, ainda em efeito do álcool.
— Ah, duvido muito, Ana Lua! Pedro falou muito bem do que escreve. Estou ansioso para ler.
— Muito obrigada... Não sei o que dizer. Escrever sempre foi um sonho pra mim — Ana Lua corou de novo.
— Gosto de autores sonhadores, como você. Costumam ser os melhores — Fernando deu um sorriso amável — A conversa tá boa, mas preciso ir pra casa. Infelizmente, trabalho amanhã.
— Ah, que droga, Fernando! — Pedro resmungou e o abraçou de forma desengonçada — Então, até logo amigo.
— Até logo, cara — Fernando depois se aproximou de Lua e deu dois beijos em seu rosto, cada um de um lado e a entregou um cartão — Aqui está meu contato. Até logo, Ana Lua.
— Até logo! — ela pegou o cartão e respondeu os beijos no rosto.
Depois que Fernando se foi, Ana Lua deu um tapa caprichado no ombro do Pedro.
— Ai! O que foi, guria? — Pedro esfregava a área do ombro atingida.
— Você merece um tapa e um abraço ao mesmo tempo! Eu.. não tava preparada pra conhecer um cara importante... ainda mais assim! Mas estou feliz de ter conhecido.
— Era uma oportunidade única. Você merece, mina-satélite-natural.
— Você inventa tantos apelidos pra mim que estou ficando confusa.
— Meus apelidos não te deixam confusa, o álcool que deixa — ambos gargalharam da piada — Tá afim de dar uma volta pela casa? Conheço um lugar incrível.
— Bora! — Ana Lua respondeu sem se importar. Pedro pegou a mão dela e começou a puxá-la. Eles subiram duas escadas e passaram por alguns corredores. Chegaram no fim de um corredor, onde havia uma janela bem grande. Pedro abriu a janela e passou por ela com facilidade. Fez um sinal para ela vir com as mãos.
— Você pirou de vez?
— Para de falar e vem, Ana Lua!
Lua respirou fundo e cambaleou até a janela. Passou por ela com a ajuda do Pedro. Quase escorregou, mas ele conseguiu segurá-la.
— Péssima idéia levar uma bêbada pro telhado.
Pedro riu e a puxou pela mão. Ele andava devagar. Ela posicionava seus pés nos mesmos lugares que ele tinha passado. Não quis olhar pra baixo. Ela não tinha medo de altura mas estava bêbada demais pra se lembrar disso. As coisas giravam um pouco ao seu redor. Pedro se sentou numa área pequena sem telhas, como se estivesse inacabada. Lua se sentou ao lado dele. Ele fez um sinal pra que ela se deitasse. Ana Lua cabia perfeitamente deitava naquela área, porém Pedro era mais alto e ficou com os pés de fora. Ela olhou pro céu e se surpreendeu a ver estrelas. A Lua brilhava de forma tímida no fundo do céu. Ela parecia iluminar apenas o rosto de Ana Lua. Ela fechou os olhos e sorriu, gostando da sensação. Ana Lua estava se perdendo em seus pensamentos. Isso era perigoso.
— É o ápice da primavera — Pedro murmurou.
— Significa que meu aniversário está chegando.
— Pronta pra se tornar idosa? — Os dois riram.
— Nunca... Tenho a síndrome do Peter Pan. Não quero crescer mais. Ser adulta é muito complicado. Tenho que lidar com dinheiro, trabalho e pessoas. Quando eu era criança podia mandar a língua pra qualquer um que não gostasse e todos encarariam como uma pirraça. Agora não posso fazer isso sem ser xingada ou até mesmo agredida. E olha, eu prezo pelo meu estado físico.
— Seus pensamentos me divertem, Lua.
— Não são dos pensamentos mais comuns. Não se encontra um desses em cada esquina.
— Crescer faz parte da vida, Lua. Vivemos um ciclo finito.
— Não vejo ele como um ciclo finito, e sim como infinito. Acredito que realmente voltamos pra cá quando morremos.
— Mas as almas ruins não merecem ser punidas?
— E tem punição maior do que viver pra sempre sem conseguir limpar seus erros? Nem mesmo saber quais foram?
— Tem razão — Pedro assentiu.
— Tá vendo aquelas estrelas ali? — Lua apontou pra direção leste.
— Tem várias estrelas...
— Junte os pontinhos! Aquela constelação é Sirius. Uma das minhas favoritas.
Ana Lua voltou a olhar pro resto céu mas depois fechou os olhos. Queria registrar em sua mente aquelas estrelas. Pedro se levantou, sentando-se. Ele se aproximou dela. Ela não sentiu e nem viu ele. Quando sentiu a respiração dele era tarde demais. Ela abriu os olhos e viu ele muito próximo dela. Ele estava a beijando. E ela não sabia como reagir. Ela tentou morder seus lábios, mas eles estavam na boca de Pedro. Ela fechou os olhos e retribuiu. O beijo dele era diferente.. Era gentil. Era doce e lento. Uma sensação gostosa percorria pelo corpo dela. Pedro acariciava os cabelos dela. O toque dele a deixou arrepiada. Os cabelos dele caiam em seu rosto. O beijo dele era totalmente diferente do beijo de Daniel. "Meus deus!!!!! Daniel!!!!!!!" Ana lua pensou. Empurrou Pedro de leve ao se lembrar dele.
— O que foi? — Ele perguntou com o rosto curioso.
— O que foi isso? — Ana Lua arregalou seus olhos — Você... me beijou!
— Beijei, ué.
— Pedro, por que você fez isso?
— Ana Lua... Você sabe.
— Pedro! Você é que sabe! Sabe o quanto eu estou confusa e tipo.. você é a única pessoa que eu confio! Isso não pode acontecer!
— Ana Lua! Para! Não acredito que você ainda pensa nesse cara! — Pedro começou a ficar vermelho de raiva. Lua nunca tinha o visto assim — ELE SÓ PISA EM VOCÊ! ELE TE FAZ DE BRINQUEDO!
— Mas eu gosto dele, Pedro... Você sabe disso. Você sabe que eu não sei reagir ao que sinto.
— E por mim, você não sente nada?
— Nunca disse que não sentia nada... Eu só não sei reagir. Não é certo com você. Não posso estar com você, sendo que passo todo dia no 505 e penso nele.
— Lua... Você precisa se libertar dele.
— Eu ainda não consigo...
— Você tem que tentar!
— Vamos esquecer o que rolou. Vamos continuar amigos. Estamos muito bêbados pra brigar. Mas no dia em que eu me libertar você vai ser o primeiro a saber. No dia que eu me libertar, eu te entrego meu coração. Mas eu não sei quando vai chegar esse dia. Basta você saber se vai esperar — Ana Lua se levantou e voltou o mais rápido possível. Tomou cuidado pra não cair. Usou o máximo da sua concentração pra passar. Pedro continuou lá, sentado. Quando ela estava chegando na janela, ouviu ele dizer.
— Vou esperar você, Ana Lua.
Ela se jogou janela adentro praticamente. Aquelas palavras haviam a partido em mil pedaços e no momento, ela não tinha cola pra se colar. Algumas lagrimas escorregaram pelo seu rosto quando ela descia as escadas. Passou por todas as pessoas como uma ventania. Quando saiu da casa, não se atreveu a olhar pro telhado. Não queria ver Pedro olhando pra ela. E era exatamente o que ele estava fazendo. Observando ela ir embora. Ana Lua correu pela rua com pressa. Pegou o primeiro taxi que viu na rua. Ela fechou os olhos e lamentou pela verdade. Respirou fundo e pensou: "Sinto muito, Pedro... mas eu nunca vou me libertar do que sinto por Daniel".


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