Blue Jeans escrita por LuhCarneiro


Capítulo 5
Nome de satélite




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Estava frio e o céu parecia mal humorado. Ana Lua foi pra sua casa e arrumou-se. Colocou uma saia longa cinza com triângulos pretos, uma regata preta e um casaco bem quente de couro. Ousou em colocar um biquíni por baixo sem a menor esperança de usá-lo. Pegou seus cigarros, uma canguá e sua carteira. Foi caminhando devagar até a praça, devagar. Quando chegou na praça, sentou no banco e o esperou. Depois de alguns minutos, ouviu o som de uma moto vindo. A moto parou perto dela e o motoqueiro subiu o capacete. Pra surpresa dela, era Pedro.
— Vamos? — Ele estendeu outro capacete pra ela. Ana Lua deu uma risadinha e pegou o capacete. Subiu na garupa da moto e segurou na barriga de Pedro.
— Só lembrando que eu não quero morrer agora, ok?
Pedro deu uma risada alta e acelerou a moto. Foi seguindo o caminho com rapidez. Atravessava as ruas com vontade e virava nas curvas.
— Não precisa ter medo. Sou bom motorista.
— Defina bom.
Novamente, Pedro gargalhou.
— Quer descer da moto?
— Gosto de brincar com fogo. E eu não quero ser queimada.
— The Runaways.
— Conhece?
— Prefiro Bikini Kill.
Dessa vez, Ana Lua soltou um sorriso. E lembrou de um tempo passado na sua vida. O tempo passa tão depressa, que esquecemos de tantos detalhes ao longo dele. Um dia, ela já foi do grêmio estudantil do colégio. Era militante. Mas teve que largar tudo de lado pra ajudar e cuidar do seu pai.
— Já ouvi muito Bikini Kill quando era mais nova e militante. Lá pros 15/16 anos.
— E porque parou?
— Tive que resolver muitos problemas. Não tinha mais tempo pra brincar de revolucionaria.
— Você realmente acha isso uma brincadeira?
— Não. Era muito importante pra mim. Eu lutava com unhas e dentes pra defender minha opinião. Mas agora não acho isso tão importante. Afinal, todas minhas lutas foram praticamente em vão. Todas as lutas. Tanto as pessoais como as de militante.
— Nenhuma luta em vão. Elas te tornam o que você é hoje.
— Ando tentando descobrir quem eu me tornei.
— Talvez eu possa te ajudar a conhecer sua estrela em um grande universo — Ana Lua ficou em silêncio. Respirou fundo e quis sentir o vento no corpo. Depois de um tempo, ela se atreveu a falar novamente.
— Se sentir viva é muito bom.
Alguns minutos depois, eles chegaram na praia. Pedro deixou a moto próxima da areia. Ana Lua foi andando em direção ao mar. Batia uma brisa gelada em seu rosto. Ela abriu os braços e desejou voar como um pássaro. Pedro andou devagar até ela. E abriu os braços por trás dela e sussurrou em seu ouvido.
— Vamos fazer a cena do titanic?
Ana Lua deu uma risada. Uma daquelas que não dava muito tempo. Ficaram cantarolando My Heart Will Go On por alguns minutos. Depois caminharam um pouco pra trás na areia, ela pegou sua canguá e a estendeu na areia. Eles conversaram um tempo sobre quase todas as coisas existentes do mundo. O Sol começava a se pôr, ainda mal humorado atrás de nuvens raivosas.
— Espera! Não se mova, preciso tirar uma foto de você assim.
— O que? Tirar uma foto?
— Fique quieta! — ele tirou a câmera da bolsa transversal e tirou duas fotos dela — Pode se mexer agora.
— Porque tirou fotos minhas? — ela olhava desconfiada.
— Gosto de tirar fotos pra desenhá-las depois — ele apontou a câmera pra Ana Lua — Quer ver as fotos?
Ela ficou sem resposta. Pegou a câmera e viu as duas fotos. Realmente haviam ficado lindas. Ela raramente tirava fotos. Estava perdida em seus pensamentos. Porém voltou a Terra quando Pedro mexeu em uma mecha dos seus cabelos.
— Por que os alisa? Acho que ficam mais bonitos cacheados.
— Acho que se tornou um hábito.
Pedro deu um sorriso de canto e franziu as sobrancelhas. Ele começou a pegar algumas coisas da bolsa, Ana Lua o observava com atenção. Logo percebeu o que era. Ele pegou um dichavador e colocou maconha dentro. Depois foi terminando o processo. Quando terminou, o acendeu e ofereceu a Ana Lua.
— Não, obrigada. Estou tentando me manter afastada disso.
— Eu já tentei me manter afastado por muito tempo. Mas aprendi a gostar invés de necessitar. Então, quando estou afim eu dou uns tapinhas.
— Entendo. Ainda não é das minhas coisas favoritas do mundo.
— Por que?
— Porque me faz feliz. E eu não quero ser dependente de algo pra ter felicidade. Quero despertar felicidade em pequenas coisas.
— Tipo voltar a faculdade?
— Tipo isso. Eu espero que um dia eu possa ser uma professora. Ter o dom de ensinar e mudar a vida de crianças.
— É um desejo muito bonito. Eu também espero que se torne realidade.
— Por que me chamou pra vir até aqui? — Ana Lua mordia os lábios, curiosa.
— Porque você sempre me parece muito solitária. E também triste. Eu estou sempre desenhando o cenário da praça. E toda vez que eu vejo você, nunca está sorrindo ou caminhando com alguém. Sempre sozinha, imutável e triste.
— O mundo me fez assim. Uma vez, um cara me disse que a alma dele era preta como o café que ele tomava. E que sua alma tinha sido carbonizada pelas pessoas. Acho que comecei a entende-lo. É difícil demais estar vivo. É difícil viver fingindo que nada te abala ou que tudo é um conto de fadas. E eu só consegui enxergar isso depois de um tempo quando perdi coisas preciosas pra mim. Eu sempre imaginei que tudo daria certo, que eu era inabalável e indestrutível. Sempre achei que nenhuma fagulha passaria por mim e que eu sempre poderia proteger as pessoas que amo mas eu falhei. Não consegui proteger ninguém. Não consegui realizar sonhos ou vencer minhas lutas. Eu fracassei — Ana Lua dizia isso olhando pro mar, enquanto suas lagrimas escorregavam pelo rosto — Agora eu fugi. Fugi de tudo que me lembrava o passado. Vivo aqui escondida do presente. E com medo do futuro.
— Não tenha medo, moça com nome de satélite. Quanto mais você foge, seu medo te persegue. Viver sozinha não é a solução. Sua alma não é preta como um café de bar. Você é encantadora e curiosa. E nem sempre vai conseguir proteger aqueles que ama. Nem se tiver uma armadura.
— Eu tenho consciência disso. Só não consigo aceitar agora.
Pedro deu um abraço apertado em Ana Lua. Daqueles que não davam pra fugir. Ela respirou fundo em seus braços e limpou as lágrimas nas mãos. Nunca pensou que o seu passado ainda mexesse tanto com ela. Começou a escurecer o céu e a noite estava pronta pra tomar seu lugar. Pedro e Ana Lua começaram a caminhar pela praia sob o caminho das estrelas que estavam escondidas no céu atrás das nuvens que pareciam mais gentis agora. Quase como se comovessem com a Lua, tanto a verdadeira como aquela moça que caminhava na praia.

Alguns meses haviam se passado. Ana Lua havia conhecido Daniel no dezembro do ano passado. Já se aproximava do dezembro desse ano e conforme chegava mais perto, mais calor fazia. Por ter vindo do Rio de Janeiro, Ana Lua estava acostumada ao clima infernal. Mas boa parte das pessoas de Porto Alegre, não estavam acostumados com esse clima. O tempo lá era fresco e estava nublado com frequência. As poucas praias costumavam lotar nessa época mais quente. E muitos passavam até mal por culpa do clima. Ana Lua conseguiu resolver a papelada e tinha voltado a faculdade. Agora, ela usava os cabelos mais cacheados e um pouco mais curtos. Tinha aparência mais jovem e viva. Ela encontrava Pedro todas as sextas-feiras na praça e tomavam um sorvete. Ela de cereja e ele de chocolate. Conversavam por bastante tempo até quase a madrugada. Ele a levava em casa e depois ia pra sua. Eles se tornaram amigos mas ambos tinham um certo interesse. Gostavam de estar juntos e a sensação disso os fazia bem. Mas não tinham coragem de assumir quaisquer sentimento pelo outro fora amizade. E no fundo, sabiam que era melhor assim. Era uma sexta-feira como todas as outras. Eles caminhavam de volta pra casa, conversando.
— Eu me dei muito mal na prova de Ética IV. Devo ter errado quase tudo sobre a teoria da liberdade de Kant. É vergonhoso.
— Não estudou?
— Eu esqueci que a prova era hoje. Pra mim era sexta que vem. Acabei nem estudando. E você? Foi bem na prova de Musicologia?
— Poderia ter sido melhor. Mas acho que consigo ser aprovado.
— Então, lhe desejo sorte. Espero que você não termine tocando viola no sinal.
— Obrigada pelo apoio. Você é ótima amiga.
— Disponha.
Ambos gargalharam. Ana Lua chegou em seu prédio e eles se despediram. Ela cumprimentou o porteiro que já não era tão ranzinza. Apertou a seta subindo do elevador e guardou. Quando chegou ao quinto andar, passou direto até a porta do seu apartamento. Ela ia entrar em casa, quando reparou que o poodle do Daniel não parava de latir. Ele parecia desesperado. Talvez Daniel não estivesse em casa. Mas ele raramente deixava seu poodle sozinho. Ou talvez estava transando com alguma guria. Mas ele adorava aquele cachorro. Ela entrou em seu apartamento. Foi até a varanda, ainda com a mochila nas costas, e viu que a luz do 505 estava acesa. Saiu de seu apartamento e começou a bater na porta do apartamento de Daniel. Ele não atendia. Ela começou a ficar nervosa. Notou que a porta estava aberta, mas não sabia se entrava. Ela respirou fundo e resolveu entrar. O poodle dele latia sem parar na porta da cozinha. Ela passou pelo portal da sala e foi até a cozinha. Se desesperou. Seu coração acelerou quando viu Daniel caído perto do fogão. Ao seu redor tinha uma seringa usada. Ela ajoelhou-se ao lado dele com rapidez e começou a balançar seu corpo. E começou a gritar seu nome.
— DANIEL? DANIEL? DANIEL ME RESPONDE! ACORDA, ACORDA. VAI! ACORDA LOGO, DANIEL. POR FAVOR, ACORDA. DANIEL? O QUE VOCÊ TEM? DANIEL? DANIEL!
Ela não obteve resposta. Pegou seu celular na mochila e ligou pra ambulância. Ela se levantou e puxou ele até a sala. Depois começou a mexer na carteira dele procurando alguns documentos, desesperada. Achou a identidade dele e jogou a carteira na mesa. Após uns 15 minutos, a ambulância chegou. Ela foi junto com ele no carro. Sua respiração estava ofegante. Os médicos faziam alguns exames rápidos nele.
— Qual é seu nome?
— Meu nome é Ana Lua.
— E o nome dele?
— É Daniel.
— Então, Ana Lua, o que aconteceu com ele?
— Eu não sei! Eu sou vizinha dele. Não nos falamos a meses. Mas, hoje quando cheguei da faculdade, estranhei o cachorro dele latindo. O latido parecia desesperado. Entrei na minha casa e vi que a luz do apartamento dele estava acesa. Bati na porta e não tive resposta. Por sorte, ele costuma deixar a porta aberta quando ele está em casa. Eu entrei e o vi, jogado na cozinha perto do fogão.
— Sabe se ele tem alguma doença que causa desmaios ou quedas de pressão? Sabe se ele bebe ou se droga?
— Ele bebe às vezes. E se droga com... algumas coisas... meio pesadas.
— Que coisas pesadas são essas? Preciso que me diga, Ana Lua. Senão, não poderemos ajudá-lo.
— Ele costuma usar cocaína. Acido às vezes.
— Entendi. Obrigada pelas informações.
A médica continuou o procedimento. Ana Lua ficava cada vez mais nervosa e apertava a mão de Daniel. Não queria perde-lo. Ela ainda não tinha o superado. Ele ainda era importante demais pra ela. Quando chegaram no hospital, ela não pode ir pra sala de atendimento com ele. Levaram-no pra emergência e ela devia ficar na sala de espera. Ela estava agoniada. Cada minuto parecia uma eternidade. Ela deu a identidade dele pra atendente e ela fez uma ficha pra ele. Depois ela se sentou num banco da sala. Mas ficou sentada por pouco tempo. Ele chorava de nervoso. Começou a andar de um lado para o outro. Ela não sabia o que fazer. Estava perdendo o controle. Até que um médico apareceu.
— Ana Lua?
— Sou eu!
— Você está com o paciente Daniel?
— Sim, eu estou! Como ele está?
— Então, Ana Lua. Boa noite. Sou o médico que está de plantão na emergência hoje. Daniel teve um caso de overdose. Por sorte, você o encontrou rápido. Então, conseguimos reverter os efeitos. Ele injetou muita dose muito alta em sua veia. Eu não descarto a hipótese de suicídio. Vou receitar um remédio de sete dias pra regularizar o corpo dele. E também vou receitar que ele visite e vá nele com frequência um psicólogo. A medica que os acompanhou na ambulância me informou que ele costuma usar esse tipo de droga. Ele é um rapaz jovem, tem possibilidade de recuperar. No momento, ele está instável. Pode ir vê-lo, se quiser.
— Eu quero vê-lo.
— Está certo. Parece que entraram em contato com um outro amigo dele que disse que estava a caminho. Alessandro, conhece?
— Conheço só de nome.
— Me acompanhe, vou levá-la até o quarto.
Ana Lua seguiu o médico até um quarto quase no fim do corredor. Ele abriu a porta e Lua deu de cara com Daniel no leito. Ele usava uma mascara pra respirar e tinha soro sendo injetado em sua veia. Seu rosto parecia perturbado. Ela passou a mão em seu rosto. Sentou no canto da cama e segurou sua mão. Ele ainda estava inconsciente.
— Você me assustou hoje, Daniel. Não faça isso de novo. Por favor... — Ana Lua falou bem baixinho. Respirou fundo e continuou apertando a mão dele. Ficou ali mais alguns minutos, esperando que ele reagisse. Mas ele não reagiu. Ela pulou da cama quando ouviu a porta abrindo. Se levantou imediatamente e soltou a mão de Daniel. Olhou pra trás e viu um cara de cabelo nos ombros, num tom castanho claro quase loiro. Ela a olhou de forma desconfiada. Era alto, porém mais baixo que Daniel e magro.
— Oi?
— É, oi. Você deve ser o Alessandro.
— Sim, eu sou. E quem é você?
— Ah, desculpa — ela estendeu a mão e Alessandro a apertou — Sou Ana Lua. Vizinha do Daniel.
— Ele já me falou sobre você.
— Ah, falou? Que bom então.
— O que rolou com ele?
— Ele teve um caso de overdose.
— Esse cara tem que se controlar. Já é a segunda vez do ano — Alessandro se aproximou dele e o observou.
— Segunda vez do ano? Nossa.
— É. As coisas andam meio difícil pra ele. Discussões com mãe e com a irmã. O fato da mãe dele odiar ele. Tudo isso é foda pra ele lidar.
— Eu imagino. A gente não se falava a meses. Então, eu nem sabia o que tava rolando.
— Ele comentou sobre.
— Acho melhor eu ir pra casa. Você vai ficar com ele?
— Vou sim. Valeu pela ajuda, Ana Lua.
— Não foi nada.
— Eu mando noticias se der.
— Tá bem, boa noite.
Ana Lua saiu por aquela porta. Mas seu coração ficou naquele quarto.

Já era domingo, Ana Lua ainda não tinha noticias. Ela tomava café em sua varanda. Até que viu Daniel chegando ao prédio. Ela não conseguiu se segurar e gritou.
— Daniel!?
— Oi, Ana Lua! — ele gritou de volta e entrou no prédio. Ana Lua trocou de roupa rápido e prendeu os cabelos desarrumados. Abriu sua porta e esperou alguns segundos até Daniel sair do elevador.
— E ai, como você tá?
— Estou vivo.
— Percebi que você está vivo.
— Pois é. Dessa vez eu não fui.
— Seu poodle vai ficar feliz por isso.
— Com certeza ele vai ficar. É uma das poucas coisas que me prendem aqui.
— Fico feliz de saber que está bem, Daniel — Ana Lua ia voltar pro seu apartamento até ouvir.
— Graças a você, né?
— Como assim?
— Alessandro me disse que foi você que me levou pro hospital.
— Ah, foi. O seu cachorro não parava de latir e fiquei preocupada.
— Entendi. Obrigado, Ana Lua. Não que eu queria ser salvo, mas obrigado mesmo assim.
— Tentou se matar mesmo? O médico falou sobre isso.
— É, ele me recomendou ir num psicólogo.
— Ele também me falou disso. Por que tentou se matar?
— Tive uma crise. Eu tô cansado desse mundo. Cansado das pessoas que carbonizaram minha alma. Não quero existir num lugar desses.
— Sua família também está envolvida, não é?
— Tem sim. Alessandro deve ter te falado.
— Sim, falou. Mas isso é decisão sua, Daniel.
— Ana Lua?
— Diga.
— Você é encantadora.
— Não acredito. Nem compreendo. Se estiver tentando arrumar uma forma de agradecer me elogiando, não precisa.
— Não estou tentando fazer isso. Meus elogios são clichês. Mas são honestos.
— Obrigada, então.
— Eu tenho medo, Ana Lua. Eu sou tão nojento e imprevisível. Já fiz coisas tão horríveis que não tenho coragem nem de te contar. Tenho medo de machucar você. Acabar te fazendo me amar e não amar você.
— Já machucou, Daniel. Mas graças a isso, pude ver o quão penetrável eu sou. E agora eu estou diferente. Voltei pra faculdade, fiz amigos, sai do meu casulo.
— Isso é bom, Ana Lua.
— É sim, Daniel. Então, Boa noite.
— Boa noite, Lua.
Ana Lua voltou para seu apartamento. Respirou fundo e se jogou no sofá. Não quis pensar em nada. Nem no que Daniel atinha acabado de dizer. Terminou seu café e rezou pra que o dia esfriasse como seu café. Do futuro ela não esperava nada, mas ainda o temia. Então, ela resolveu aproveitar o domingo e deixar tudo isso passar. Ela ainda gostava de Daniel, mas não deixaria aquele sentimento dominá-la. Ela decidiu que ele viria devagar, com calma e sem rótulos. Mas ela aprendeu que a vida sempre brincava conosco. Então preferiu não fazer planos mas sim, sonhos. Essa era Ana Lua, a menina com nome de satélite.


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