Blue Jeans escrita por LuhCarneiro


Capítulo 4
Vicio em ser feliz




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Como sempre, hoje também estava nublado. Ana Lua acordou cedo de uma noite que mal havia dormido. Era feriado e a rua estava vazia na manhã. Ela ficou observando o pouco movimento, fumando seu cigarro, da varanda. Respirou fundo e foi trocar de roupa. Com muito sacrifício, resolveu fazer uma caminhada. Ela ainda não sabia como reagir à descoberta. Estava confusa e amedrontada. Ela não queria sofrer. Ela negava a dor. Mas não queria abandoná-lo, nem ter que dizer adeus. Ana Lua acabou se viciando na pior droga: O Daniel. E era incapacitada de esquecer suas lembranças, seu toque, suas palhaçadas, seu jeito egocêntrico. Ela estava apaixonada e sentia muito por isso. Se apaixonar era como veneno, cada gole mais próximo da morte. Uma morte individual. Caminhou por bastante tempo no parque em que tinha vivenciado loucuras com Daniel. Acabou parando numa lan house que havia aberto as portas. Mandou alguns currículos por email, junto com uma notificação de problemas em sua internet residencial. Pagou ao cara ainda sonolento e voltou a sua caminhada. Na praça, percebeu uma movimentação diferente e se aproximou. Viu uma pequena roda de dança e tirou seus fones de ouvido. Ficou observando até o ultimo dançarino e voltou pro caminho de tarde. Sentia sua barriga roncar e comprou alguns pães no caminho. Parou em frente ao prédio de aparência cada vez mais desprezível. A janela de Daniel ainda estava fechada. Mas provavelmente ele devia estar acordado. Ele não conseguia dormir muito bem. Eles haviam se conhecido em dezembro e já havia passado três meses. Ana Lua voltou a seu apartamento e tomou seu café da manhã. Seu telefone tocou e com ele surgiu um convite.

Já estava escuro, Ana Lua não fazia noção das horas. Ela e um grupo de amigos pagavam a contar do bar. Ela trocava as pernas e não parava de rir. Entrou num taxi e foi pra sua casa. Preferiu subir as escadas já que não se lembrava como usar o elevador. Sua visão estava turva e rodopiava. Ela começou a praticamente socar a porta do 505. Daniel abriu com uma face mau humorada que mudou ao ver Ana Lua.
— O que é isso, Ana Lua? Ficou maluca?
— Sim! Eu estou maluuuuuuca! — Ana Lua gritou em meio de risos.
— Mas o que? Tá chapada? — Ana Lua o respondeu com uma risada, vendo graça em cada palavra. Daniel começou a rir junto da situação — Vem, entra aqui.
Ana Lua entrou pela porta e se jogou no sofá, quase caindo em cima do poodle. Ela jogou os cabelos pra trás e observou a janela de forma curiosa. Daniel se próximo dela, após fechar a porta e sentou no outro sofá.
— Você foi embora cedo hoje.
— Pois é, fui embora sim — ela disse de forma embolada.
— Por que foi embora?
— Por que eu deveria te responder?
— Porque eu perguntei primeiro.
— Eu.. eu.. Não quero te responder — ela falava repetindo palavras.
— Fiz algo de errado?
— Fez! Você fez algo muito errado. Mas com você mesmo. E não digo mais nada! — Ana Lua esperneou. Se levantou e deu voltas na sala. Começou a se sentir enjoada e com ânsia de vomito — Acho que preciso ir embora.
— Ficou enjoada?
— É e não quero vomitar na sua casa — Ana Lua caminhou tremula até a porta e a abriu — Daniel?
— Fala — ele respondeu se aproximando da porta. Ela o puxou pra ele e o beijou com vontade. Segurou em seus cabelos de leve e o apertou contra ela. Cravou suas unhas em seus braços e os arranhou. Respirou entre o beijo e sorriu. Se afastou de Daniel.
— Prometa que não se esquecerá de mim. Nem quando você for — Ana Lua sussurrou. E foi pro seu apartamento. Ficou parada encostada na porta por alguns instantes. Mas logo depois correu pro banheiro.

Já fazia dois dias que Ana Lua não falava com Daniel. Ainda não acreditava na loucura que tinha cometido. Ela tinha vergonha. Sempre foi do tipo de garota perdida. Era impulsiva, curiosa incorrigível , confusa e piorava com bebida. Era mística, criativa, esotérica e astrológica. Tinha mais curiosidade sobre mundo do que o mundo tinha sobre ela. Sua essência era intensa. E naquele momento, ela sentia-se dividida em duas. Uma parte dela estava viciada, apaixonada e encantada por Daniel. E a outra repugnava, abominava e temia. Aquele cara de alma preta era um de seus enigmas favoritos, como um romance policial. Ele entorpecia sentidos que ela desconhecia. Ela voltava de mais um dia de trabalho, passou em frente a uma universidade, que era filial da mesma que ela cursava antes de trancar a matricula. Estava no terceiro período de Filosofia quando largou. Ele precisava de tempo pro pai. Nunca esteve tão distante de si mesma como estava agora. Resolveu sentar num banco da praça e fumar um cigarro mentolado. No banco ao lado, um rapaz de cabelos desarrumados, cacheados provavelmente até o ombro, pretos e mesmo presos num coque, ainda caiam no rosto. Ele tinha pele branca papel de nariz comprido, olhos pequenos e alguns cravos no rosto. Estava curvado sobre um caderno, bastante concentrado. Parecia desenhar. Quis saber o que ele desenhava assim, tão concentrado. Ela se levantou e passou por trás do banco, tentando ver. Viu alguns traços mas não conseguiu ver o desenho. Acabou desistindo e pegou o caminho pra casa. Estava mais do que na hora dela recomeçar a vida. De voltar a estudar, a arrumar um emprego legal e voltar a ser livre. Estar livre era seu sonho. Ela subiu o velho elevador. Comprou um vinho no caminho e tocou no 505.
— Já voltou? — disse Daniel com deboche ao abrir a porta. Ana Lua não se importou muito, o puxou pra ela e o beijou da mesma forma. Um beijo ardente e apaixonado. Agarrou em seu cabelo sem medo, quase deixando a garrafa cair. Ele respondeu de forma ofegante da mesma forma. Ela cravava as unhas em suas costas e foi o empurrando pra dentro do apartamento. Fechou a porta com as costas e continuou o beijando. Enquanto o beijava, abriu o vinho e deu alguns goles. Depois ofereceu pra ele.
— Precisa de vinho pra me beijar agora?
— Nunca precisei de nada pra beijar você.
E voltou a beijá-lo. Sorria entre o beijo. O jogou no sofá e subiu por cima. Não tinha medo. Não existia abominação. Não existia nada no mundo que valesse essa sensação. A sensação de estar livre. De fazer o que quer, sem medo de consequências, sem pensar no futuro. Ela só queria ele. Agora. Beijava seu pescoço, o mordia e o arranhava. Ele retribuía com apertões em seu corpo, com arranhões. Ela rebolava em seu colo e bebia vinho. Enquanto ele tirou as suas e as roupas dela superiores. Ana Lua jogou vinho em seus seios e Daniel se lambuzou neles. Não demorou muito e ele a levou pro quarto. Continuaram a trocar caricias e ficaram vestidos de céu. Ela não se importava com as marcas. Não se importava com nada. Se forçou contra ele e sentiu seu membro deslizar dentro, a preenchendo. Sentia seu pudor sumir. Seu libido por ele estava chegando ao ápice. Ela rebolava com vontade em cima dele, de forma selvagem. Estavam chegando ao seu ápice juntos. Até transbordarem de seu prazer, juntos. Ambos se inundando de si mesmos. Estavam na sintonia. Naquele instante, nada fazia diferença. Os dois eram livres. E não existe nada melhor do que estar livre.

Dessa vez o Daniel havia acordado primeiro. Ela levantou da cama e olhou ao redor do quarto todo bagunçado. Vestiu suas roupas e caminhou até a sala, prendendo os cabelos. Viu Daniel jogado no sofá, tomando seu café amargo.
— Acordou primeiro dessa vez.
— Quis acordar antes de você ir embora dessa vez.
— Isso é sério? — Ela cerrou os olhos.
— Não. Só tenho insônia mesmo — Ana Lua jogou uma almofada nele e riu.
— Então, decidiu o que fazer com a arma?
— Ainda não.
— Eu tive uma idéia sobre o que fazer com ela. Espera um minuto — Ana Lua foi até sua casa e voltou uns 5 minutos depois com uma caixa de madeira com cadeado e chave na mão — Bem, lembro que me disse que ainda tinha um pouco de cimento e tinta que havia sobrado da ultima obra. Eu pensei em abrir um buraco na parede e colocar sua arma nessa caixa, trancada, dentro do buraco em algum lugar que você não sabia.
— É uma boa idéia.
— Então, vou colocar as mãos na massa.
Ana Lua começou o trabalho. Era cuidadosa. O Sol estava em seu ápice quando estava terminando. Deixou a tinta secando em cima do cimento que tampava o buraco. Guardou a chave em seu bolso da calça e trancou a porta. No final, ela lavou as mãos e se jogou no sofá ao lado de Daniel.
— Que tal se rolar mesma coisa daquele dia no parque hoje?
— Não, valeu.
— Por que?
— Porque aquilo me deixou contente.
— O que foi? Tá com medo de se viciar em drogas?
— To com medo de me viciar em ser feliz.
Ambos ficaram em silencio por um tempo. Ana Lua se encostou na parede do corredor e encarou Daniel. Ela respirou fundo e tomou uma dose de coragem.
— Daniel?
— Diz.
— Por que você faz isso?
— Isso o que, Ana Lua? — ele respondeu de forma debochada.
— Por que você se droga?
— Acha que eu sou algum viciado?
— Sinceramente? Acho sim! Olha a quantidade de droga que você tem em casa!
— Como você sabe a quantidade? Anda fuxicando as coisas?
— Sim. Eu vi sua caixinha do "paraíso", a sua arca do tesouro.
— Você não tem esse direito de mexer nas minhas coisas.
— Eu estou preocupada com você..
— Para de se meter na minha vida, Ana Lua! — ele disse a interrompendo — Eu disse pra você não se apaixonar por mim. Agora você se sente no direito de se intrometer.
— Eu me apaixonei sim, desculpa! Não consigo ter um coração de pedra como o teu, nem essa alma preta que você diz ter. Desculpa se eu sou toda errada e se meto na sua vida! Eu só não quero ficar fingindo que nada está acontecendo enquanto eu te vejo morrer! — Ana Lua gritava no apartamento. Ela pegou sua bolsa e saiu do lugar, batendo a porta com força. Entrou em seu apartamento e jogou a bolsa no chão. Trancou a porta e foi jogando algumas coisas pela casa de raiva enquanto xingava os céus e os ventos.

Dessa vez, Ana Lua não quis contar quanto tempo não falava com Daniel. Ela estava determinada a esquecê-lo. Simplesmente estava cansada de se importar. Ela havia conseguindo um emprego melhor. Agora ela era assistente de uma pedagoga escolar. Ganhava melhor e não trabalhava aos fins de semana. Ela estava voltando pra casa numa sexta-feira um tanto abafada, diferente das de costume. Resolveu pegar o caminho pela praça da faculdade e para sua surpresa, o cara do outro dia estava lá exatamente no mesmo lugar. Estava dessa vez com um rabo de cavalo nos cabelos mas debruçado no mesmo caderno. Ana Lua se sentou ao lado dele no banco e ele não esboçou nenhuma reação, nem fez nenhum movimento. Ela olhou pro caderno e viu alguns rabiscos, mas ainda não via o desenho. Ela estava quase encima dele. Ele olhou pra ela. Apressadamente ela disfarçou e se afastou.
— Quer ver o desenho? — ele perguntou, estendendo o caderno pra ela.
— Sim... — ela respondeu muito envergonhada. Pegou o caderno em suas mãos e observou, finalmente o desenho. Era um desenho da praça. Era fascinante. Tinha um traço muito firme e leve ao mesmo tempo. Era muito perfeccionista e interessante. Repleto de cores, sombras e tons — Eu posso olhar os outros?
— Pode.
Ela começou a folhear o caderno. Percebeu que todos os desenhos eram da praça, no mesmo horário, no mesmo dia da semana.
— Mas... eles são todos iguais.
— Não, não são. Esse aqui por exemplo, não tem a barraca de pipoca que sempre está ali. E esse, aquela muda já está bem maior.
— Por que você desenha isso aqui? — ela olhou pra ele e ficou envergonhada — Desculpa a pergunta, eu sou muito curiosa.. Se não quiser responder, tudo bem..
Ele deu uma risada e jogou o cabelo pra trás das orelhas.
— Eu respondo sem problemas. É que eu gosto de reparar em cada detalhe e mudança. Então, nesse caderno eu percebo cada mudança nesse pedaço da praça.
— Mas porque nesse pedaço?
— Eu me sinto bem aqui. É meu canto da paz. Se tornou especial pra mim.
— Entendo. Você tem outro caderno de desenhos?
— Sim, eu tenho. Mas as sextas eu deixo ele em casa.
— Pode me mostrar um dia?
— Quem sabe numa quinta.
Ela esboçou um sorriso.
— E você? Por que toda semana passa em frente a faculdade, encara e depois continua a caminhar?
— Como você sabe disso?
— Eu observo os detalhes, lembra?
— Tinha me esquecido disso. Eu espero pelo dia que eu vou ter coragem e voltar.
— Deveria agir invés de esperar.
— Eu sou impulsiva. Tenho medo de dar um passo errado.
— Mas são os passos errados que justamente nos tornam quem somos.
— Já dei muitos passos errados.
— Não duvido disso.
— Eu preciso ir. Dia de trabalho difícil.
Ele fez um aceno com a mão e apontou pro caminho. Ana Lua se levantou e começou a caminhar.
— Qual é o seu nome? — ele disse num tom mais alto.
— Ana Lua.
Ela continuou a andar pelo mesmo caminho de todas as sextas-feiras.

Ana Lua entrou no velho prédio de sempre e foi até o elevador. Ficou aguardando ele descer com impaciência. Quando ele abriu, ela deu de cara com Daniel. Ambos ficaram sem reação. Segurou a porta do elevador para que não fechasse. Sua boca abriu mas não saia som. Se esforçou bastante e depois de alguns segundos conseguiu soltar algumas palavras gaguejadas.
— Bo-bo-boa noite, Dan-daniel.
— Boa noite, Ana Lua.
Eles se encararam por mais um tempo, Ana Lua saiu do caminho ainda segurando a porta do elevador. Daniel andou apressado por ela até a saída do prédio. Ela entrou no elevador. E seus olhares se encontraram de novo. A porta do elevador fechou e Daniel começou a andar. Ana Lua se encostou na parede do elevador e respirou fundo. Fechou os olhos e começou a gargalhar de nervoso. Ela pensou alto.
— Só você mesmo, Daniel. Por que eu ainda dou atenção pra geminianos? — E voltou a rir.
Ela saiu do elevador e fez seu ritual diário ao chegar em casa. Tomou seu banho e jantou. Depois se sentou no chão da varanda e começou a fumar seu cigarro de canela. Recordou de alguns momentos com Daniel e algumas lagrimas correram pelo seu rosto. Ela se perguntava porquê. Por que Daniel era tão complicado e simples ao mesmo tempo? Ele era um típico geminiano. Bipolar, confuso, inconstante, atraente, profundo, inesperado. Era difícil conviver com ele. Sentiu uma ponta de saudade quando se encontraram. Mas ela não deu espaço para esses pensamentos. Amanhã entregaria o resto do dinheiro pro cara que a ameaçou. Aquele problema estaria resolvido de uma vez por todas.

O dia amanheceu estranho, o céu tinha um tom diferente. Às vezes, o céu se parecia com os sentimentos de Ana Lua. Seu estomago estava embrulhado. Ela se levantou mais cedo e foi até o mesmo beco daquele dia. O cara já estava a esperando. Seu corpo estremeceu. Aquele rosto que ela nunca mais queria ver lhe dava nojo.
— Bom dia, Ana Lua — o homem disse com um sorriso sarcástico — Trouxe o combinado?
Ela entregou um envelope pardo pra ele. O encarava com nojo e desprezo.
— Hmmm, como uma boa menina. Você sabe que se não tiver os três mil aqui, eu vou voltar, né?
— Pode ficar tranquilo, os três mil estão aí. Não vai precisar ter esse trabalho.
— Bom saber disso. Não leve pro lado pessoal, Ana Lua. Mas seu coroa aprontou com o cara errado. E você sabe disso.
— Pois é. Uma divida que não quitou nem com a morte dele.
— Não tínhamos a intenção de matá-lo, Ana Lua. Só queríamos dar um susto nele.
— Um susto que matou ele.
— Você sabe que não foi só o tiro. Ele já estava todo complicado com bebidas.
— Ele estava fazendo tratamento. Ele ia melhorar.
— A quem quer enganar, Ana Lua? Sabíamos que ele não ia mudar e acabaria criando mais dividas.
— Enfim, a divida está quitada.
— Espero que sim. Adeus, Ana Lua.
O homem de barba cerrada passou por ela correndo, bateu no ombro dela tão forte que ela desequilibrou. Ela respirou fundo e caminhou novamente até sua casa. Aquele inferno havia acabado. Agora seu pai estava em paz. Ela podia ficar tranquila agora e seguir sua vida. Resolveu fazer uma caminhada na praça da faculdade. Observava as pessoas com seus cachorros passeando na rua. Algumas se exercitando. Até que viu o banco em que sempre vê o desenhista. Se sentou lá e tentou ver as coisas do mesmo ângulo que ele. Realmente, a praça sempre mudava. Nem que por simples detalhes.
— Parece que você adotou meu banco hoje, Ana Lua.
Ana Lua quase pulou do banco de tão assustada. Virou o rosto e viu o desenhista.
— Você anda me perseguindo?
— Não é você que senta nesse banco todo dia.
Ele deu uma risada. Seu sorriso era bonito. Ela nunca havia reparado bem em seu rosto. Ele tinha um rosto muito bonito, mesmo com as espinhas. Ela chegou um pouco pro canto e ele se sentou.
— Qual é o motivo da sua presença?
— Parei pra pensar um pouco.
— Anda pensando demais, Ana Lua.
— Me chame de Lua. Eu prefiro.
— Certo, Lua.
— Eu não sei seu nome.
— Eu também não sabia o seu. Mas agora sei.
— Qual é seu nome?
— Pedro.
— Nome bonito.
— Obrigado — ele abriu um sorriso amistoso — Ainda não me disse porque pensa tanto.
— Sempre pensei demais. Às vezes, é uma benção. Mas na boa parte das vezes é uma tortura.
— Não devia se torturar tanto assim. Ninguém gosta de sofrer — Ela respirou fundo, não sabia o que responder. Antes mesmo de pensar em algo pra responde-lo, ele diz — Quer ir na praia comigo mais tarde? Quando o sol estiver se pondo.
— Mas está nublado. E a gente mal se conhece.
— Essa é a graça. Explorar algo desconhecido. Entrar no mar com chuva. Pintar uma maçã de azul. A mesmice é chata e sempre esperada. Bom mesmo é viver no inesperado.
— Então está certo — Ana Lua se levantou e começou a dar alguns passos. Olhou pra trás e disse — Te encontro aqui mais tarde, Pedro.
— Até logo, Lua.


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