A Retribuição escrita por BadWolf


Capítulo 29
Quando Mortos Podem Falar


Notas iniciais do capítulo

Olá!

E quem estava querendo saber sobre o "outras coisas a fazer", eis que vem o cap.
Holmes está muito obstinado em derrotar o Duque. Vejamos até onde ele poderá ir.

Um grande abraço, obrigada por acompanharem, e boa leitura!



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Mycroft estava sentado em seu sofá, fumando um charuto, quando foi pego de surpresa com o bater da porta.

–Sherlock? – ele estranhou. – Mal acabamos de nos ver... O que lhe traz aqui?

–Novidades. – ele disse, simplesmente, adentro à sala e tomando assento. – Você disse, meu irmão, que nada poderia fazer por aquele pobre coitado que salvou a minha vida e a de meu irmão Sherringford.

–Sherlock... – Mycroft o advertiu. – Se eu pudesse fazer algo, eu o faria, mas não posso. Já expliquei: será difícil protege-lo em solo estrangeiro. O Duque é um homem implacável e rancoroso, cheio de contatos da pior espécie...

–Que seja, meu irmão. A questão é: por meio deste russo, cheguei à localização do homem responsável pela explosão no Clube Diógenes.

Os olhos de Mycroft se arregalaram.

–Co-como assim?! Quem fez isto?!

–Um outro russo, contratado do Duque Ivanov, chamado Sputzniev. Os Irregulares já descobriram seu endereço, não foi difícil de achar. Ele tem uma identidade falsa e costuma trabalhar com encanamentos de gás, mas sua especialidade na Rússia era fazer atentados contra políticos. Lembra-se da morte do embaixador francês, uns dois anos atrás?

–Lembro. A incompetente polícia russa não achou os culpados. Parecem que estão mais preocupados em perseguir judeus e intelectuais.

–O responsável por esse atentado veio para cá. Ele mora em Londres desde então. Está radicado. Estou apenas esperando a confirmação do Clube quanto à sua presença na lista de empregados de manutenção. O fato é, meu irmão, que este homem quase lhe matou.

Mycroft estava furioso.

–E matou muitos outros! – disse. – Sherlock, se você conseguir uma confissão deste sujeito, ligando o Duque Ivanov, ou mesmo qualquer prova, eu tenho certeza que ele não escapará da pena capital, nem mesmo se o Czar em pessoa intervir! Um homem que comete atentados contra membros do Governo não pode escapar impune!

Holmes parecia satisfeito.

–Ele está sendo interrogado agora. E devo dizer: Lestrade está muito furioso. Não sei se nosso tenaz inspetor se conterá enquanto não arrancar-lhe algo importante.

Do outro lado da cidade, Lestrade observava, ainda com incredulidade, o que havia no cubículo denunciado por Holmes como sendo a morada do terrorista.

–Tarde demais.

Um corpo, pendurado sobre uma corda, de um homem.

–Vasculhem tudo! Precisamos de depoimentos, evidências... Nada pode escapar! – ordenava Lestrade aos uniformizados, que reviravam com pouco cuidado o local do crime.

–Ao que tudo indica, ele está morto há pelo menos uns dois dias. – disse o inspetor Lestrade, não resistindo e tapando seu nariz, devido ao odor do local.

–Parece que o mandante foi mais rápido, mas algo me diz que um homem como esse Sputzniev é capaz de fazer barulho ainda depois de morto...

Era a voz do inspetor Bradley, que era responsável pelo policiamento daquela área. – Acaso costuma ler “Popullar News”, Lestrade?

–Aquele jornal mequetrefe? Não. Prefiro o Times.

–Deveria ler. Ele é muito popular entre os imigrantes russos. Mas ainda assim, acontece que o jornal de hoje parece interessante.

O inspetor estendeu a ele um jornal, que estampava em primeira página:


“EU EXPLODI O CLUBE DIÓGENES À MANDO DO DUQUE IVANOV”, CONFESSOU SPUTZNIEV EM CARTA EXCLUSIVA


–Mas... O quê...? – o inspetor estava incrédulo.

–Eu conheço o autor da reportagem. Chama-se Marcus Ferguson. Ele e Sputzniev costumavam beber no pub, eram amigos. Nada melhor que um jornalista para confidenciar um segredo de morte, não?

–Então... Sputzniev deixou algum tipo de carta com seu amigo, contando tudo, caso viesse a falecer...

– Ele trabalhou a serviço de um nobre, portanto sabia que seria uma carta facilmente descartada. Uma ameaça como “façam alguma coisa comigo e todos saberão da verdade” deve ter lhe dado alguma sobrevida, mas não o bastante. – disse o inspetor Bradley, olhando o corpo de Sputzniev. – Eu investigava Sputzniev há anos, por crimes menores. Ele era muito bom, não deixava rastros, mas jamais imaginei que estivesse metido com algo poderoso.

–Sem dúvida, inspetor. Agora, precisamos procurar por esse Ferguson, e rápido. Se chegaram a Sputzniev, também chegarão à ele. Essa carta tem significado, pois é uma confissão escrita e pode colocar esse Duque em maus lençóis.

Lestrade e Bradley chegaram à pequena redação do jornal. Para surpresa de ambos, o local parecia uma total desordem.

–Chegamos atrasados de novo? – murmurou o inspetor, decepcionado.

–Um pouco.

Lestrade se virou, encontrando Sherlock Holmes com um ar jovial.

–Mr. Holmes?! Não me diga que...?!

–Sim, eu soube da morte de Sputzniev pelo jornal. Tive de procurar, portanto, pelo jornalista responsável pela divulgação da carta-testamento dele. Não foi nada surpreendente saber que outros também tiveram a mesma idéia, mas felizmente, eu pude chegar a tempo e impedir que Mr. Ferguson realizasse uma “tentativa” de voar janela abaixo.

Ao lado de Holmes, estava um franzino e assustado jornalista, ainda em estado de choque.

–Maldito Sputzniev! Maldito seja ele! Apenas bebíamos cerveja juntos, jogávamos bridge às vezes e ele sempre ganhava de mim! – dizia o jornalista, aos prantos. – Ele me entregou a carta há uma semana. Disse que eu só deveria ler se ele estivesse morto.

–E você não leu antes?

–Claro que sim, e não acreditei muito nela! Não publiquei, mas quando soube por seus vizinhos que ele não tinha voltado para casa, comecei a desconfiar. Repensei, e decidi publicar. Aquele russo falastrão deveria estar certo... Estava trabalhando para gente poderosa. Eu pesquisei sobre esse Duque Ivanov... Homem rico, que adora uma boa festa inclusive. Está na lista dos convidados do Mr. Cown-Lethbridge.

–E o homem que atentou contra a vida dele, Mr. Holmes? O que aconteceu? – perguntou Lestrade, ignorando as fofocas do jornalista.

–Está amarrado. Temos sorte: ele é um inglês. Do tipo que, se apertarmos, pode dizer alguma coisa.

–E é o que faremos. Mas aliás, Mr. Holmes, devo confessar que estou surpreso. Não sabia que esse tipo de jornal fazia parte de sua leitura.

Holmes suspirou designado.

–Minha senhoria, Mrs. Hudson. Como eu não a deixo se desfazer do New Star ou o Times, ela compra esse jornal para embrulhar restos de comida e outros tipos de lixo.

O jornalista redator do jornal, Mr. Ferguson, olhou ofendido em saber o destino que seu jornal e seus escritos levavam em Baker Street.

–Mas então, você ainda tem a carta original?

Ainda ressabiado, Mr. Ferguson entregou a Lestrade a carta.

–Está em Inglês. Ótimo. Isso será de boa ajuda para prendermos esse facínora. Creio que um mandato de prisão pode ser providenciado pelo menos até amanhã de manhã.

Holmes parecia aliviado.

–Então, vocês vão prender esse Duque Ivanov mesmo? – perguntou Ferguson, curioso.

–Não é da sua conta, jornalista. Isso é uma maldita investigação policial, e caso eu encontre esse tipo de informação estampando-o amanhã, eu te prendo por atrapalhar o curso de uma investigação, compreendeu?

Ferguson encolheu-se. – Tudo bem.

Distanciando-se da pequena redação, Holmes e Lestrade trocaram algumas palavras.

–Acha que o Duque pode fugir?

–A divulgação da carta de Sputzniev causou alvoroço. Ele pode estar a esta hora providenciando fuga. Infelizmente, ainda não tenho nada de concreto e oficial para apresenta-lo, mas assim que obter o testemunho do sujeito que tentou matar Mr. Ferguson, eu pedirei um mandato de prisão. Temo que será tarde demais, entretanto. – lamentou o inspetor.

–Esse Ferguson disse que ele tem uma festa com esse Mr. Cown-Lethbridge.

–Sir. Cown-Lethbridge. Um magnata, dono de minas de diamante na África do Sul. Aliás, ele é um admirador de suas histórias.

–Como pode saber que um homem deste tipo é admirador de minhas histórias, Mr. Lestrade? – perguntou Holmes, sem entender a relação.

–Watson, uma vez, fez-lhe uma dedicatória no Strand. “Ao estimado Sir. Mr. Cown-Lethbridge, sempre fiel leitor”... Acho que foi “A Coroa de Berilos”, não tenho certeza... Um nome como o dele não é de se esquecer.

– Não fico impressionado mesmo. Watson tem tantos leitores... Dos pobres aos mais abastados do reino.

Lestrade concordou. – Se me permite, Mr. Holmes, eu tenho bastante trabalho a fazer. Até mais.


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Notas finais do capítulo

É, me parece que o destino está a favor do Holmes...
Realmente, Duque, tem coisas que o dinheiro não compra...

E agora, temos um mandado a caminho...
Finalmente, o Duque está ficando encurralado... Mas não sosseguem, ele ainda é perigoso.

Um forte abraço, pessoal, e até sábado!



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