Nico estava se sentindo pesado, como se não cumprisse algo importante, se sentiu mais vazio ainda, incapaz de realizar algo.

Cabisbaixo Nico senta na cama e enterra a cabeça nas mãos com vontade de chorar. Absinto surge no meio das pernas dele esfregando a cabeça em suas coxas querendo recompensa pelo que fez.

– Obrigado amigo. Só faz mais forte da próxima vez. - Nico ri.

O gato senta no meio das pernas dele e apóia a cabeça em sua coxa, Nico faz carinho e Absinto ronrona.

Sonolento Nico se encosta na cama e fecha os olhos pensando nos minutos anteriores, como deixou aquele deslize de sentimentos acontecer? "Porque fui tirar o capuz dela?" Nico cerra os dentes pensando.

Leo tira sua camisa e se joga na cama. Ainda era cedo para Nico, onze horas mais ou menos.O quarto dos meninos estava ficando uma zona. Como Nico teve coragem de levar Thalia para lá? Teve que arranjar espaço na cama afastando roupas e cadernos para os dois sentarem.

Tinha roupa no chão e latinhas de energético por todo o lugar, e estava cheirando pizza da semana passada.

Nico estava com os olhos entre abertos, quando estava quase dormindo ele sentiu algo roçando na pele, e não era seu gato, era uma mão quente e macia.

Era a sua primeira alucinação depois de bastante tempo, na mente dele o ar estava ficando abafado e úmido.

Nico se viu num lugar escuro, e a única coisa nítida era a mão em seu rosto.

O clarão na mão foi se arrastando pelo braço da pessoa, logo Nico viu sua mãe com o sorriso caloroso que ainda se lembrava, ela estava mexendo no seu cabelo como sempre fazia. A imagem de Maria di Angelo, mãe de Nico, foi substituída pela de Thalia Grace, com seu cabelo curto, ela estava radiante, sorrindo mostrando os dentes, com seu capuz caido e a touca na outra mão, mas a mão ficou gelada.

Thalia vai para trás e a escuridão era a única coisa que Nico podia ver além dela. Ele se levantou e tentou correr atrás dela, chamando seu nome. Ele da um passo em falso e cai num buraco, estava numa queda livre gritando por Thalia.

Quando se da por si estava jogado no chão com Leo segurando seu rosto com força com as duas mãos e sua expressão estava apavorada.

– Nico! Nico! - Leo balança ele.Nico demorou para sair do transe, ainda estava assustado e tremendo. Ficou murmurando o nome de Thalia.

– Essa paixão... - Leo se levanta não sabendo que o que Nico acabou de ter foi uma alucinação forte. - Você esta bem? - Nico apenas balança a cabeça meio tonto. - Acho melhor você gritar o nome da Thalia mais baixo

.- Tive uma alucinação - Nico fala depois de algum tempo.

– O que você viu?

– Minha mãe e depois a Thalia e ela foi se afastando e eu fui atrás dela, cai em um buraco e não chegava no chão.

– Não lido bem com essas coisas. Espero que melhore, boa noite.

– Os dois se deitam em suas camas e dormem .

*** No dia seguinte ***

Nico levanta da cama com dor de cabeça e ainda se recuperando da noite anterior. Já tinha perdido um pouco da vergonha do colega de quarto. Antes Nico se trancava no banheiro para se trocar, agora estava pouco se fodendo para isso. Trocou de roupa e quando Nico colocou o casaco Leo parou de fazer o que estava fazendo e fez um "o" com a boca.

– Nico você ta... DOURADO! - Falou ele abanando as mãos.

– Que? - Nico ligeiramente vira a cabeça com expressão de confuso.

– Que cor você vê aqui? - Leo pergunta mostrando a foto de um vestido no celular. Nico olhou para a foto e franziu as sobrancelhas.

– Ta achando que eu sou daltônico? É branco e dourado ué. - Leo logo cai na gargalhada.

– Mano aonde você vê dourado nisso? É preto e azul!

– Claro que não! - Nico toma o celular das mãos dele. - Isso é branco e dourado. - retrucou olhando mais de perto.

Leo continuou rindo e deixou o quarto para almoçar.

Nico arqueou uma sobrancelha sem entender nada. Deu de ombros, pegou sua mochila e saiu para encontrar Thalia no refeitório. Ele não sabia o que falar com ela depois do acontecido de ontem. Só de olhar para ela o fez corar.

Ele não comeu nada dessa vez, só tomou coca cola. Ao olhar para Thalia ele gelou lembrando-se do "sonho" da noite anterior. Ignorou isso e foi sentar-se com ela que estava com os braços jogados na mesa e com a cabeça baixa no meio dos dois. Por um momento Nico pensou que ela estivesse desmaiada, mas quando chegou ao seu lado ela virou a cabeça com os olhos mais vermelhos que o normal, estava com o rosto meio úmido. Ele se sentou no lado dela e pegou em seu braço.

– Thalia. - Nico tenta chamar a atenção. Ela lentamente vira para Nico e seca o rosto úmido.

– Ah... Oi. - Ela fala meio cabisbaixa.Num momento ele viu ela passando a mão em seu rosto. Nico queria saber o motivo do choro, mas não se atreveria, não ali. A vontade dela era contar. Contar que odiava sua vida, que era imprestável, que sentia falta da mãe, e do seu irmão que estava distanciado.

Nico meio hesitante coloca a mão no ombro dela. Tentando fazer algo que nunca tinha feito, fazer alguém parar de chorar, depois de fazer tantas outras pessoas chorarem.

Thalia enterra o rosto no ombro do amigo. Ele fica parado. Se fosse qualquer outra pessoa teria jogado longe, mas era Thalia, ela era uma exceção para Nico.

Colocou a mão nas costas dela, mas logo tirou. Ela agarrou o casaco dele e o apertou mais. Nico coloca a cabeça dela em seu peito e a abraça firmemente. Eles ficaram ali o almoço inteiro, enquanto Nico tomava sua coca, Thalia se acalmava sem nem se quer olhar para Nico.

Nico de alguma forma sentia que poderia ajuda-la. Infelizmente tocou o barulho mais irritante para o ouvido dos alunos. Nico esperou que todos saíssem, se levantou e pegou Thalia pelos cotovelos e a levou para a sala de química, e depois foi para a sala de filosofia.

Nico apenas ficava com Thalia em duas aulas, que era sociologia e matemática, que ficava com a insuportável Clarisse também. Na aula de Matemática Leo e Hazel sentavam perto de Nico e Thalia no outro lado da sala e na de sociologia Nico sentava perto de Thalia e Clarisse.

Nico foi para a piscina depois da aula e esperou Thalia, que logo chegou.

– Ei trouxe uma coisa. - Thalia disse mais alegre do que estava no almoço.

– O que? - Nico pergunta. Thalia encara Nico com um sorriso e mostra alguns cigarros de maconha.

– Mas vão nos pegar, o cheiro é muito forte.

– Vamos no seu banheiro então. - Nico se arrependeu eternamente por dizer isso. Thalia olha maliciosamente para ele.

– Drew vai encher o saco. - Nico se calou por um momento.

– No meu banheiro. Digo para Leo que ele pode pegar alguma coisa minha, talvez uma garrafa.

– De que? - Ela faz um olhar arqueador.

– Vodka. - Nico revira os olhos.

– Claro. - Thalia ri. - Ele aprendeu a gostar mesmo.

– Vamos logo. - Nico gesticula rindo.

Thalia vai tagarelando no caminho como conseguiu aquela maconha. Chegaram no quarto e Leo estava saindo do banheiro com apenas uma calça de pijama perigosamente baixa, e logo Thalia e Nico entraram.

– Eita. - Leo arregala os olhos.

– Então... Cala a boca e pega uma vodka ali. Eu e ela vamos entrar aqui pra fumar enquanto você fica bebendo ai bem de boa.

– Ta né. - Ele pega a garrafa e deixa os dois seguirem para o banheiro.

Os dois entram e Nico fecha a porta com o pé, Thalia senta no chão e fica olhando atentamente os movimentos de Nico.

– Vamos logo com isso. - Nico fala. - Thalia para de me olhar assim! - Nico acena pra ela.

Ela desvia o olhar e tira do bolso, ascende e da para Nico.

Thalia tinha uma mania, na primeira tragada ela sempre prendia a respiração e fechava os olhos, só depois soltava lentamente a fumaça de sua boca e nariz, ela dizia que o efeito era mais rápido. Nico fez igual. Passaram-se alguns minutos e Nico estava fumando mais rápido, logo fica mais bobão e com os olhos mais vermelhos do que Thalia.

Leo ficando meio afetado pela bebida já coloca o ouvido na porta.

– Thalia você ta... tão... linda. - Ele fala colocando a mão no rosto dela e sorrindo abobadamente. Ela o encara com a testa franzida.

– Acho que você já está chapado o suficiente. - Thalia ri e tira a mão dele de seu rosto.

"Queria tanto dar uma volta" Leo pensa no outro lado da porta.

*** depois de fumar ***

– Acho que já vou então. - Thalia diz se levantando e Nico sai do banheiro cambaleando até a porta do quarto.

– Não vai não. - Nico diz trancando a porta do quarto. Thalia se assusta. - Durma aqui hoje.

– Não tenho roupas.

– Dorme sem mesmo. - Leo diz jogado na cama.

– Cala a boca Valdez. - Nico e Thalia falam em uníssono.

– Toma. - Nico fala tirando a camiseta e entregando para Thalia que pega e se vira indo para o banheiro se trocar, Nico joga uma calça de pijama também.

Ela demora um pouco tentando tirar toda a maquiagem. Nico arruma a cama tirando todo o lixo e jogando no chão.

Uma Thalia totalmente diferente surge do banheiro, muito pálida com algumas olheiras, totalmente sem maquiagem e levemente vermelha naturalmente nas bochechas, seus olhos azuis estavam mais clareados com as pupilas dilatadas e a parte branca meio vermelha, seu cabelo curto repicado estava preso parcialmente.

Nico levanta a cabeça do travesseiro e a encara profundamente, apreciando. Leo olha para ela e diz:

– Eu já achava você bonita mas não sabia que era tanto assim. - Thalia cora muito e Nico se vira bruscamente para o amigo e o lança um olhar mortal e lhe mostra o dedo do meio enciumado.

– Volta pra sua garrafa Leo.

– Já acabou. - Leo responde sorrindo. - Thalia deita aqui. - ele aponta para o espaço ao lado dele.

– Não, prefiro aqui. - Thalia se joga ao lado de Nico, ela deita sobre o peito nu dele, que brinca com o cabelo dela. Nico se joga no chão levando um travesseiro consigo.

– Vou ficar aqui, dorme você ai. - Nico diz. Thalia se vira para a parede e dorme.