A primeira coisa que eu pensei foi “Fudeu!”

- Me esperando pra quê? – perguntei insegura

- Confie em mim garota, vamos nos divertir bastante em nossa visita. – o homem disse sorrindo sarcástico

Meus amigos já estavam atrás de mim, eu olhei para ele e concordamos que não ia acontecer nada de tão grave, porque a profecia só começa a se realizar na Grécia, e estamos em uma estrada perto de Miami.

Fomos atrás do homem pela mata, tudo aqui estava sombrio, as árvores eram pinheiros escuros e pareciam nos observar, o que me deixou muito desconfortável, o chão tinha muito lodo, o que garantiu diversos escorregões ao longo do caminho, principalmente da Cristina.

- Você acha que é perigoso? – perguntou Nico ficando do meu lado

- Não sei – eu disse sussurrando – acho que talvez seja alguma coisa importante, nada de ruim que foi previsto acontecerá nos EUA.

- Isso é verdade – ele disse passando o braço pela minha cintura – talvez isso seja até para nosso bem. Mas eu não entendo uma coisa Maggie.

- O que?

- Por que alguém mataria Fionna? Ela foi uma mortal possuída, matá-la seria uma crueldade, podemos estar na linha de alguém cruel. – ele disse nervoso

Eu pensei no que ele disse e raciocinei, é verdade, podíamos estar seguindo alguém maligno e sem coração, mas já estamos nessa, não tem mais como desistir. Olhei para os outros e pareciam pensar na mesma coisa, isso é tão complicado! Minha vida é complicada!

Cristina e Jane estavam conversando sobre alguma coisa na nossa frente, elas pareciam estar discutindo, o que não entendo, elas são grandes amigas. Nico também se interessou pela conversa. Tony e Joe pareciam tão absortos em pensamentos que nem perceberam,

- Qual é? Você desgraçou sua vida! – disse a Cristina de uma forma que eu consegui ouvir, e acho que metade do país também.

- Eu não! Você é que está sendo ridícula! – disse a Jane, pronto, agora o país inteiro ouviu

- Gente calma! – gritou o Joe acordando – o que está rolando aqui?

- Ela fica me dizendo que foi um erro ter me juntado às caçadoras – disse a Jane – ela não entende que o mundo não é feito de garotas bobas e apaixonadas.

- Ah, por favor! – gritou a Cris – Você sabe que desgraçou sua vida! Isso é triste Jane! Não conhecer o homem de sua vida e construir uma família, você vai ser uma eterna solteirona que tem cara de uma garota de 15 anos!

Elas quase iam pra cima da outra mas conseguimos contê-las. Como eu não imaginei antes? Cristina é uma filha de Afrodite, deve odiar caçadoras, porque elas desafiam a mãe dela, caramba. Isso é muito complicado pra mim.

- Vocês parem com essa palhaçada – disse o homem de preto – Meu senhor e minha senhora não querem ver um bando de crianças brigando por coisas estúpidas.

- Crianças? – perguntei incrédula

- Palhaçada? – perguntou Cristina

- Estúpidas? – perguntou Jane

- Senhor e senhora? – perguntou Nico

- Sim! Parem com isso! – berrou o homem

- Isso? – perguntou Joe brincando

- Calem a boca seus moleques insolentes! – o cara berrou ficando nervoso

- Moleques? – provoquei ainda mais

- Insolentes – Nico entrou na minha

- Já chega! – berrou o homem

Nos calamos, mas a brincadeira acalmou o clima entre as meninas. Olhei para Tony e Nico que riam da coisa toda, graças aos deuses eles estão se dando bem! Eu fui conversar com o Joe, uma coisa me deixava curiosa naquela história do presente dele.

- Por que Afrodite te deu um presente? – perguntei

- Porque eu pedi ajuda pra ela. – ele disse simplesmente

- Você está apaixonado por alguém? – perguntei e vi ele corar – Ai que fofo! É a Cristina, né?

- Bem... – ele olhou para os lados para ver se ninguém estava nos ouvindo – É!

Eu ri boba e olhei para minha amiga que andava com raiva da Jane, ela não estaria assim se soubesse que acabou de ganhar um homem que está louquinho por ela, tão louco que teve a coragem de pedir ajuda para a futura sogra, isso parece até novela.

O amor é uma coisa engraçada, assim que eu ouvi que o Joe tava afim da Cris eu me senti tão parecida com ele, eu era super afim do Nico quando tinha 13 anos, mas era tão infantil comparado ao que eu sinto hoje.

De repente me deu saudade do meu filhinho de Hades preferido, eu fui até ele e o beijei. Já fazia algum tempo desde que nos beijamos, eu sentia falta de seus lábios, ele correspondeu e ficamos nos beijando até ouvirmos alguém pigarreando.

- Não temos tempo para suas demonstrações públicas de afeto – o homem de preto falou, to cansada de chamar de homem de preto, é melhor saber o nome do cara.

- Vem cá – o chamei – qual é seu nome mesmo?

- Matheus – ele respondeu - me chame de Matt

Eu congelei até a espinha ao ouvir o nome dele, é o mesmo nome do meu filho em meu sonho, como eu dei o nome dele para meu filho no futuro? Até agora ele não fez nada para merecer essa honra.

- Interessante – eu disse – você pode nos dizer onde está nos levando?

- Você saberá filha de Hera – Matt respondeu – espere um pouco, tenha paciência.

- Por que me chama de filha de Hera? – perguntei indignada – meu nome é Maggie

- Você pergunta demais garota! – ele grunhiu – fique quieta pelo menos um instante para que eu me concentre no caminho.

Calei minha boca mesmo tendo um monte de perguntas não respondidas. Eu odeio quando as pessoas me mandam calar a boca! Acho um saco! Mas dessa vez eu não vou arrumar barraco, porque estou louca para saber onde diabos nós estamos indo.

Quando o cara parou eu percebi que não tinha mais como continuar, já que bem na nossa frente tem um rio enorme, tão grande que nem dá para ver onde ele acaba. Matt parou em frente e olhou o lago, depois ele mudou o rumo e andou pela borda do rio.

Ficando andando ao redor do rio até que eu percebi que perto de nós tinha uma trilha no meio da mata, Matt entrou e nós fomos atrás. Mas se o outro caminho era escuro, imagine isso aqui, eu só consigo ver as coisas porque alguém ligou uma lanterna.

- Está anoitecendo – murmurou Tony

- Tem razão – concordou Matt – e quando anoitece essa floresta fica infestada de monstros, por isso que essa floresta é conhecida como “Bosques dos Gigantes”.

 Minha garganta ficou seca depois de ouvir isso, no que estamos nos metendo? Porque nós não seguimos nosso caminho até Miami e cuidamos da nossa missão? Olhei para meus amigos e não vi nada, no escuro, né? Óbvio!

Foi quando avistamos uma luz vindo lá na frente, mas parece que chegar até lá não vai ser a coisa mais fácil do mundo, parece que aquele riozinho tem uma continuação, vamos ter que nadar, só que tem um probleminha...

- Olhem criança! – começou o Matt, será que esse cara não vê que o mais novo daqui tem 15 anos? – Nós vamos ter que descer um pouco e vamos ter que nadar um pouquinho, e eu já aviso que o rio é fundo!

Fudeu!

- Tudo bem, e quando chegarmos lá podemos passar a noite? – perguntou Cristina – Minha beleza não agüenta mais esforço do que ela já fez.

- Claro! – assentiu Matt – meus senhores irão adorar que vocês passem a noite com eles em sua casa.

- E se – comecei com meu dilema – hipoteticamente falando, alguém aqui não souber nadar, o que fazemos?

- Você não sabe nadar? – perguntou o Joe segurando o riso

- Claro que sei! – eu berrei – estou preocupada com a Jane, coitada, não sabe nadar.

- Eu sei nadar – disse a Jane erguendo as sobrancelhas

Os outros reviraram os olhos e começamos a descer até o rio, eu de imediato senti um frio na barriga, digamos que eu nunca fui muito boa em natação, para ser mais sincero eu quase morri mais vezes nas aulas de aula do que desde que eu virei meio-sangue, eu não sei nadar porra nenhuma.

Eles entraram na água e fiquei morrendo de vergonha, digamos que perto deles eu era um passarinho com as azas cortadas perto de um bando de pombas bonitas. Os meninos pareciam ter treinado o nado a vida inteira e as garotas pareciam verdadeiros cisnes. O Matt parecia fazer isso umas 5 vezes por dia.

Comecei a entrar na água, no começo até que eu consigo ir andando, mas depois foi ficando fundo e eu comecei a sentir meus pés fora do chão, e eu comecei a ir pulando, até que tava dando um pouquinho certo, mas chegou em um ponto...

Eu não consigo mais colocar os pés no chão, eu estou na metade do rio e todos já atravessaram, eu consegui avistar eles olhando pra mim com o boca aberta, mas depois eu só via água. Entrou um turrão de água na minha boca e eu comecei a engasgar e perder ar.

Eu comecei a entrar em estado de desespero, eu vou morrer! Eu não conseguia ir pra cima, eu só afundava e chegou um momento que eu quase não tinha mais oxigênio, ah meus deuses! Eu to morrendo!

PDV Jane ( gente, eu acho que vou começar a botar o ponto de vista de outras pessoas)

Olhei pasma para a Maggie ainda no começo do rio, ficamos fitando ela e esperando e começamos a jogar baralho, ela nada muito mal! Ta demorando demais! Olhei para a água e só vi um arco prateado com um pavão gravado flutuando! A meus deuses!

- Gente! – berrei desesperada – Olhem! – apontei para o arco

A reação do povo foi quase imediata! A Cris começou a gritar e botou as mãos na cabeça, o Matt olhou como se não acreditasse na merda que ta acontecendo, Joe foi acalmar a Cris, é o amor... Nico e Tony nem avaliaram a situação, pularam na água.

Ah meus deuses! Ah Apolo! Isso não pode estar acontecendo! Estávamos quase chegando! Não acredito na nossa falta de sorte! E aquela louca não sabia nadar? Por que a jumenta não nos disse?

Observei aflita os dois nadando, Nico parecia desesperado ao extremo, me senti mal por ele, se o Lion estivesse em uma situação dessas eu teria um treco, peraí? Eu disse isso mesmo? Apaguem de suas memórias! Já!

Foi quando o Nico não ficou mais a vista e só vi o Tony se sustentar praticamente boiando, ele é gatíssimo, eles dois são maravilhosos! Eu só observei super nervosa até que o Nico apareceu com um borrão prateado de longe, a Maggie!

É a Maggie! Como eu sei? Porque é isso que a Maggie parece de longe um grande borrão prateado, porque como o cabelo dela é gigante e todo prateado dá pra a gente perceber ela só por causa disso.

Eu fiquei olhando para o pessoal e a Cris estava trêmula nos braços do Joe, que a abraçava mais forte do que devia, hum, acho que alguém devia cuidar da própria vida amorosa, e não da minha!

Eu vi o Tony correndo para a margem com o arco do Maggie na mão e o Nico estava com a Maggie nos braços, ele corria como um louco para colocá-la aqui. Sempre os achei dois uma graça, mas eu tenho que parar de pensar neles dois juntos, sou uma caçadora!

Ele a colocou na areia e fez respiração boca-boca nela fez aquela coisa que eu não sei o nome para tirar a água do peito dela, mas ela nem se movia, meus olhos se encheram d’água. Será que minha amiga irá morrer?

De repente vi Nico se abaixar sobre ele e murmurar alguma coisa em grego antigo, ele repetia a mesma coisa direto, parecia estar desesperado.

POV Maggie

Eu pude sentir a morte chegar, ela parecia vir a toda velocidade, como se eu não tivesse mais nada para fazer nesse mundo. Não é para eu morrer agora, ainda tenho uma profecia enorme para cumprir, meus deuses! O que vai ser de mim?

Eu senti alguma coisa me puxando, eu senti como se estivesse caindo por um profundo abismo quando de repente uma luz aparece e me puxa de volta, o abismo a luz lutam e de repente a luz fica tão forte que me puxa de volta para a terra.

Eu abri rapidamente os olhos e senti muita água sair pela minha boca, comecei a tossir e observei Nico encharcado olhando para mim, ele estava pálido, mais pálido do que o normal, parecia tão fraco quanto eu, ele estava muito mal mesmo.

- Nico – comecei a chorar – você era aquela luz que me trouxe de volta, foi você Nico, que me puxou daquele abismo, eu te amo tanto!

- Foi a coisa mais difícil que eu já fiz – ele disse – eu tive que fazer uma força além de mim, eu queria ter você de volta, só isso. Acho que ser filho de Hades tem suas vantagens de vez em quando.

Eu o beijei e depois de alguns minutos conseguimos nos levantar e continuar a trajetória, olhei para a casa, passei por muita coisa para chegar até ali, é melhor ter valido a pena.