Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 6
Infância e Escolha


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mas chegou! Eu sei que prometi postar semana passada, mas o capítulo ficou maior do que eu esperava e eu simplesmente não tive tempo para ele no outro fim de semana. Por favor me perdoem pela demora. Eu dei o meu melhor nesse capítulo pra tentar compensar. Boa leitura^^
Mas eu gostaria de agradecer a duas pessoas que estão sempre presentes e me incentivam muito a continuar escrevendo. Um obrigada especial para Kira Jones e Lobo Alado. Se não fosse por vocês essa fic não existiria. Muito obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/595963/chapter/6

Eragon estacou no batente da porta, tentando entender o que via diante de si. Ele tinha imaginado algo completamente diferente, mas o que sua opinião valia naquele momento? Parecia que o mundo simplesmente se movia e as coisas aconteciam sem que ele pudesse ter o mínimo de controle sobre elas. Na maioria das vezes eram coisas tão extraordinárias que seriam impossíveis. Quem era ele para dizer que algo era impossível? Não havia sido ele, um pobre camponês, que acabara encontrando um ovo de dragão nas florestas da Espinha durante uma caçada? E depois disso seu mundo virara de cabeça para baixo?

Não, Eragon não tinha o direito de dizer se algo era estranho ou não. Ele não era um bom exemplo de pessoa com vida normal e preocupações normais.

Mas, afinal, o que é algo normal? Quando vivia com meu tio o normal era recolher o máximo que conseguíssemos antes de o inverno chegar, ordenhar as vacas, ir caçar, vender seus bens quando nos faltava dinheiro... E agora? O que é normal para mim? Talvez deter guerras? Proteger as pessoas? Buscar conselho com velhos dragões? Sair para sempre de meu lar com a certeza de jamais retornar? Falar com uma pessoa que simplesmente não existe mais? Talvez descobrir que os mortos vivem? Ele riu amargamente por um momento. Em minha vida coisas inesperadas são as coisas mais normais do mundo. Não sei por que ainda me surpreendo.

Ele finalmente moveu-se para além da porta, seus pés flutuavam a alguns centímetros do chão. Era como se ele não possuísse peso, nem matéria. Eragon sentia-se leve como uma pena, suas mãos e seu corpo estavam levemente transparentes e era estranho para o cavaleiro ver o chão de madeira gasta através de suas mãos levantadas até a altura do peito para que fossem mais bem examinadas.

Ao virar-se para trás para falar com Brom sobre o fato estranho, ele não encontrou porta alguma. Tudo o que viu foi o resto do lugar estranho em que ele se encontrava e as pessoas que ali estavam.

Nem sinal de porta, nem sinal de Brom. Ele estava sozinho de novo, mas em vez de estar em um lugar escuro e silencioso, estava em um lugar claro e excessivamente barulhento.

Eragon suspirou nada satisfeito com a nova situação, mas constatou que não poderia fazer nada. Tinha certeza de que estava no passado de Svider, como Brom havia dito, mas isso não o consolava muito ao pensar nos horrores que aquele passado continha. Para piorar, como se houvesse qualquer coisa a mais que fosse possível piorar, ele não poderia voltar ao Talíta até sua missão ali estar cumprida. Brom havia dito que ele estaria ali para observar, e foi isso que Eragon decidiu fazer.

Ele estava em uma taverna extremamente apertada e quente. Pelo menos quarenta pessoas suadas e cansadas estavam ali. O cheiro de bebida e tabaco era quase sufocante e as vozes altas e exaltadas não ajudavam a melhorar o clima. A maioria dos presentes eram homens, alguns portavam armaduras, embora não houvesse símbolos em nenhum lugar visível. Eles estavam visivelmente embriagados, mas repetiam as doses de cerveja com entusiasmo. Eragon viu algumas mulheres por ali. Não deviam passar de quinze, a maioria delas servia os clientes, provavelmente trabalhavam na estalagem, mas outras se portavam de modo impróprio e vestiam roupas provocantes, bebendo tanto quanto os homens.

Eragon não foi notado, era como se não existisse. Algumas vezes as pessoas o atravessavam, provocando um repentino choque, mas este logo passava, Eragon nunca ficara tão incomodado em uma taverna antes, prometeu a sim mesmo que ficaria o mais longe possível daqueles locais no futuro.

O cavaleiro ergueu uma sobrancelha ao ver um garoto com menos de dez anos em pé no meio da confusão, ele estava sujo e parecia exausto. Era visivelmente mais magro do que o normal, mas seus olhos mostravam uma determinação impressionante.

Ele tinha olhos azuis e o cabelo era louro como o ouro, mesmo em um estado maltratado, Eragon reconheceu imediatamente a pessoa de cujo passado havia vindo presenciar.

Svider.

–Mais alguma coisa, senhor? – perguntou o menino erguendo a voz, quase gritando para ser ouvido por um homem barbado que já tinha bebido muito mais do que a conta.

O homem inclinou-se sobre o menino e segurou-lhe o cangote, olhando-o com os olhos vidrados e vermelhos. As bochechas gordas e rosadas pelo álcool balançaram quando o homem quase caiu da cadeira. Svider se manteve firme, olhando fixamente para o outro, sem nem piscar.

–Traga... Mais uma doche, garotho! Mais uma dose! – ele disse com a voz enrolada, soltou o cangote de Svider e ergueu a caneca vazia de cerveja acima da cabeça, quase caindo ao chão novamente – Traga mais uma para a senhoritha ali! – o homem disse apontando para uma mulher que usava as vestes provocantes e bebia uma grande caneca de cerveja, talvez a quinta ou sexta da noite.

–Claro, senhor – Svider disse anotando o pedido em um caderno e seguindo por entre os corpos sujos e suados até uma porta de madeira com uma janelinha redonda em cima.

O garoto entrou apressadamente por ela e gritou lá dentro alguma coisa, logo saía com dois copos grandes de cerveja e os levava ao homem, a mulher estava agora estava sentada no colo do mesmo, acariciando lhe a barba enquanto ria ao tomar mais um grande gole da bebida.

Eragon franziu as sobrancelhas com a visão. Crianças não deviam trabalhar em locais como aquele, mesmo em Carvahall isso nunca havia acontecido. Os filhos ajudavam os pais nas tarefas diárias, mas o que estava sendo proposto ao jovem Svider era um abuso. Era claro que os frequentadores da estalagem insistiam em importunar o menino o tanto quanto podiam, dirigindo-lhe palavras agressivas ou fazendo insinuações.

–Eu sei. É deplorável, não? Eu odiava este lugar, preferia ir para a forca a ficar trabalhando aqui – uma voz forte soou ao lado de Eragon.

O cavaleiro virou rapidamente a cabeça para ver que ao seu lado estava parado uma versão mais velha de Svider, um pouco mais velha do que no sonho do cavaleiro. Ele usava roupas escuras, mas sem uma capa e seu cabelo estava solto, caindo em cachos por sobre os ombros. Uma bainha marrom sem espada estava presa em sua cintura e ele estava envolto na mesma luz prateada que Brom.

–... Svider – Eragon murmurou, espantado pela presença do cavaleiro, se ele estava ali, era porquê...

–Olá, Eragon – disse ele calmamente com um sorriso no rosto, mas se encolheu com uma nova onda de gritos vinda dos bêbados da estalagem – Vamos para outro lugar? Este aqui não é um dos mais silenciosos.

Eragon não teve tempo de responder, pois o cavaleiro castanho agitou a mão direita em dois círculos e seu mundo se dissolveu, a última coisa que Eragon viu foi uma expressão de raiva no rosto do garoto que continuava a servir os bêbados do bar, ele pôde jurar que ouviu os pensamentos do menino.

Eu vou sair daqui. Logo serei livre!

Em menos de meio segundo Eragon se encontrava em um lugar completamente diferente. Ele já estava cansado de viagens sem lógica alguma e de ver seu mundo se dissolver diante de seus olhos, mas infelizmente ninguém parecia se importar com seu incômodo.

Estavam em um grande campo ensolarado. A grama alta repleta de flores brancas e amarelas estava espalhada por todos os lados, uma brisa as agitava levemente, produzindo uma suave melodia e uma única árvore, um carvalho grande e frondoso, estava no meio da grande clareira, embora ele não fosse tão grande quanto a árvore Menoa, tinha um tamanho considerável, lançando grandes sombras no chão ao seu redor. O sol se punha lentamente no oeste e a temperatura estava agradável.

Svider sorriu para ele, revelando dentes brancos e bem alinhados. O homem sentou-se em uma das muitas raízes da grande árvore e apoiou a cabeça em seu tronco. Sorrindo com a leve brisa que acariciava seu rosto. Ele continuava envolto em uma áurea prateada, mas parecia muito mais... real.

Eragon ficou parado olhando de Svider para a grande campo aberto, o sol poente deixava tudo mais bonito e irreal, porque aquele lugar parecia de fato belo demais para existir.

O cavaleiro esperou pacientemente uma pronunciação de Svider sobre que faziam ali, mas o cavaleiro castanho não parecia muito disposto a falar naquele momento. Eragon decidiu sentar-se em uma das raízes do grande carvalho e ficou a olhar o sol descer lentamente em direção ao horizonte e as estrelas brilhantes começarem a aparecer no céu que escurecia, com seu contínuo e interrupto piscar.

–Eu costumava vir aqui quando queria ficar sozinho, quando as pessoas me irritavam com seus insultos ou quando eu estava triste. Pensando bem, eu praticamente morava aqui. Bonito, não? – Svider perguntou repentinamente com a voz sonhadora e alegre, como se não se importasse com o sofrimento que havia passado. Eragon só conseguiu fazer um sim com a cabeça, incapaz de articular as palavras por causa da bela visão – Ora, vamos! Parece que o gato comeu sua língua! Ou será que se esqueceu de como se fala? Bom, primeiro você abre a boca, depois...

–Ainda não me esqueci de como se fala – Eragon respondeu um tanto irritado, mas não pôde evitar um sorriso ao ouvir a sonora gargalhada do outro cavaleiro, que achava muita graça na irritação de Eragon.

–Que bom! Seria muito difícil falar com um mudo – Svider disse sorrindo mais ainda, os olhos azuis refletiam os últimos raios de sol que brilhavam no horizonte – O que achou do meu feitiço?

–É... É simplesmente incrível! Nunca pensaria em algo assim, mas como você fez isso? Como teve essa ideia? Para que precisava voltar no passado?

–Pelos deuses! Quando você quer perguntar alguma coisa pergunta mesmo, não? – ele riu de novo ao ver a expressão envergonhada de Eragon, mas continuou sorrindo ao falar de novo – Você é idêntico ao Brom. Ele fica com aquela pose de malvado, mas sempre teve a curiosidade afiada.

Eragon sorriu um pouco, levemente surpreso com a mudança de assunto.

–Mas suas perguntas serão respondidas no devido tempo. Você verá, mas tenha paciência – o sorriso dele se apagou lentamente, deixando seu semblante sério e determinado – Entenda, eu fui um renegado. Meu passado me envergonha todos os dias, não suporto ver o quanto fui estúpido, egoísta e ganancioso. Eu era fraco e Galbatorix se aproveitou disso. Tentei reparar meu erro, mas o dano já estava feito – Svider calou-se momentaneamente, como se fosse difícil demais continuar a falar – Eu matei, Eragon. Destruí milhares de vidas com isto – ele apontou para a bainha marrom preza a sua cintura – Mirovir tirou muitas vidas, causou terror e pânico.

–Mirovir é a sua espada, não? – perguntou Eragon lembrando-se da arma cravejada de joias estranhas e que lhe causara um grande transtorno.

–Ah sim. Sinto muito pelo que Mirovir causou-lhe no barco élfico, mas eu tinha que garantir que meus segredos não caíssem em mãos erradas, entende? Há muita coisa que poderia condenar o mundo todo se as pessoas erradas se apossassem de meu passado.

–E o que acontece agora?

–Vamos para a forca, claro – Svider disse apontando para o norte, onde era possível ver uma fraca iluminação proveniente de tochas.

O sol já havia se posto e as estrelas cobriam o manto noturno com seu brilho fraco. Eragon franziu as sobrancelhas com a palavra forca.

–Que forca?

–Não te falei, não é? – Svider disse com uma expressão suave no rosto, mas ele mostrava uma leve perturbação enquanto se levantava e começava a se encaminhar para o brilho das tochas, provavelmente era uma cidade – Um bandido de minha aldeia estará sendo enforcado daqui a alguns minutos.

–E qual é, ou era, a sua aldeia? – Eragon perguntou andando ao lado do cavaleiro.

–Uma das poucas que teve paz, pelo menos em parte, durante o reinado de Galbatorix. Você já esteve lá, embora a cidade tenha mudado muito desde que eu era menino – Svider sorriu tristemente para Eragon – Eu vivia em Teirm.

**

Pela primeira vez ele havia se dado conta do quão perto estava do mar. O cheiro de maresia era forte e extremamente calmante ao ver de Eragon, as ondas quebravam no pequeno e modesto porto da, até então, pequena vila. Pouco mais de três barcos a vela estavam atracados ali, balançando suavemente ao sabor das ondas.

Teirm não era quase nada parecida com a cidade fortificada que Eragon visitara com Brom em sua caça desenfreada aos Ra’zacs. Os grandes muros não estavam ali. As casas eram desordenadas, mas algumas já estavam sendo construídas da forma como Eragon as conhecera: com telhados planos que dificultariam as invasões e onde arqueiros poderiam se posicionar. O cavaleiro viu que uma parte do muro estava sendo erguida e pôde reconhecer algumas das ruas pelas quais havia passado em sua estadia pela cidade.

As pessoas saiam de suas casas e iam para o centro, com tochas nas mãos. A grande construção em que Eragon, Brom e Jeod tinham visto os registros das atividades do império estava lá, as rochas que o compunham tinham a aparência mais jovem, mas fora isso nada havia mudado. Na praça em frente à construção estava um palco feito de madeira. Com um grosso poste a sair quase em cima de um alçapão. Uma corda estava amarrada a ele.

E ali estava um homem loiro e sujo. Um homem prestes a ser enforcado.

Eragon olhou para as pessoas ao redor que gritavam a favor da morte do homem. No meio da bagunça estava o jovem Svider. Ele olhava fixamente para o condenado, mas seus olhos azuis mostravam uma raiva quase irracional, uma raiva selvagem.

–Quem é o homem que vai ser enforcado? Ou melhor, o que foi enforcado? Quem era ele? – Eragon perguntou um pouco confuso com os tempos verbais.

–Ele? – Svider disse com desprezo, apontando para o homem que tentava desesperadamente se soltar da corda que prendia seu pescoço – Ninguém importante. Só o idiota do meu pai.

Eragon engasgou. Svider era filho de um bandido? E não se importava com a morte do pai?

–Mas...

–Ele traiu minha mãe. Era um ladrão procurado, um aproveitador, altamente perigoso, mas acho que a amou de verdade... E a mim. Claro, ele não soube aproveitar o que tinha, sempre se metia em problemas ou roubava ao cair da noite e depois levava seus “tesouros” para nossa casa. Minha mãe tentou muda-lo, alerta-lo para o que ele estava fazendo, mas ele não deu ouvidos e a traiu com muitas outras mulheres, como se minha mãe não fosse importante para ele. Meu pai, apesar de tudo, sempre foi gentil comigo. Mesmo assim eu nunca fui capaz de perdoa-lo. Eu tentei, de verdade, mas não consigo vê-lo como meu pai. Ele sempre foi... o homem que eu me envergonhei de ser parente – Svider disse apontando do pai para a criança loira em raivosa que estava a alguns metros de distância.

–Sinto muito – Eragon murmurou, logo se encolhendo pelo repentino grito coletivo das pessoas ali reunidas.

–Sabe, eu nunca achei que essa cidade fosse meu verdadeiro lar – Svider disse distraidamente, como se só estivesse pensando alto – Tenho certeza de que você ouviu meus pensamentos lá na taverna, não?

–Você disse que logo estaria livre, que sairia dali – Eragon disse, lembrando-se dos estranhos pensamentos do jovem garoto.

–Isso porque eu tentei fugir várias vezes – ele disse alegremente – Eu achava que encontraria um paraíso feito para mim além das fronteiras da cidade. Sonhava que seria adotado por uma família boa e feliz e que poderia viver em paz. Por algum motivo, eu não via futuro para mim aqui.

–E você conseguiu fugir?

–Não, mas acho que devo agradecer por isso, seu eu tivesse fugido, nunca teria conhecido Deloi – Svider sorriu amigavelmente e depois continuou – Meus tios tinham alguns amigos na cidade que ficavam de olho em mim. Quando eu tentava fugir eles vinham atrás e me pegavam antes que eu tivesse andado por dois quarteirões, chegou um momento que desisti e acabei aceitando que era um cervo em minha própria casa.

Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, esperando a execução. Eragon foi atravessado por várias tochas e uns dois ou três forcados quando o povo aplaudiu delirantemente a execução. O alçapão foi baixado enquanto o homem gritava para se libertar. Murmurando pedidos de desculpas e chamando pelo nome do filho, mas logo seu sofrimento acabou e a vida do infeliz ladrão foi embora em meio aos aplausos dos espectadores.

Eragon viu o jovem Svider se encolher um pouco e secar uma lágrima, mas ele logo ele se recompôs e ergueu a cabeça, desafiando com o olhar qualquer um que se aproximasse.

–Lamentável – disse uma voz conhecida a direita de Eragon – O pobre rapaz não deveria ver isso, mas os tios malucos dele não têm capacidade para cuidar de uma criança. Não é mesmo Solembum?

Eragon arregalou os olhos e abriu a boca em um círculo perfeito ao reconhecer a mulher baixinha de cabelos encaracolados de pé a pouco mais de três metros dele. Solembum, o menino-gato, estava aos pés dela e ronronou para a dona, amiga, ou seja lá o que Angela fosse para ele.

Por um momento os olhos, naquela hora extremamente azuis, do menino-gato voltaram-se para Eragon ele arreganhou as presas.

–O que é? – Angela perguntou para Solembum e virou a cabeça para ver o que o menino-gato estava olhando. O rosto da bruxa, curandeira, vidente ou qualquer outra coisa que ela fosse, sorriu para eles.

O espírito de Svider ao lado esquerdo de Eragon fez um tchau com a mão, ao que Angela respondeu.

–Parabéns, meu jovem. Conseguiu fazer uma grande façanha – ela murmurou aprovando – Os dois na verdade, embora eu ache que ainda vou te conhecer – a mulher disse apontando um dedo pequeno para Eragon.

–Ele ainda não nasceu, minha cara – Svider respondeu dando de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.

–Oh! Então bom nascimento para você! Até mais, tenho que brigar com um certo homem descuidado que deixa o sobrinho ver a execução do próprio pai. Até mais ver, garoto. Vamos nos ver daqui a algum tempo – Angela acenou e saiu correndo no meio da multidão, indo em direção a Svider que estava perto de uma estalagem. Solembum olhou para Eragon e Svider por mais um momento e então seguiu a pequena mulher.

–Svider! – Angela gritou com o pequeno garoto, que olhou para ela assustado – Me leve logo até o idiota do seu tio para eu falar umas boas verdades na cara dele. Agora!

Os dois sumiram do ponto de vista de Eragon e este olhou pasmo para Svider.

–Ela visitava a cidade de vez em quando para vender suas mercadorias exóticas. Sempre acompanhada do menino-gato – explicou Svider pacientemente – Ela foi muito importante no meu crescimento em Teirm, era a única que me apoiava por completo. Com o pai morto a mãe desaparecida...

–Mãe desaparecida?

–É. Ela saiu para comprar mantimentos uma vez e nunca mais voltou – cavaleiro castanho disse causalmente – Enfim, sem pai e sem mãe, só me restavam meus tios e eles não cuidavam nada de mim. Abusavam de minha força e energia, na verdade. Como você deve ter visto quando chegou. Angela era a única com quem eu podia contar quando eu tinha essa idade.

Eragon olhou em volta, para as pessoas que voltavam para casa após a execução. As palavras de Svider o atingiram em cheio. Angela e Solembum já perambulavam por aí antes de Glabatorix tomar o trono. Nunca achei que eles fossem tão velhos.

–Vamos – Svider chamou com um aceno de cabeça – Temos outras coisas para ver.

Uma outra porta de madeira apareceu atrás deles. Svider fez um gesto para que Eragon seguisse na frente. Respirando fundo o cavaleiro deu dois passos em direção à porta e a abriu, entrando logo em seguida com Svider em seu encalço.

**

Atrás da porta o dia estava ensolarado. A temperatura, como sempre acontece quando se está perto do mar, estava abafada e quente, mas as pessoas riam e celebravam na cidade portuária de Teirm. Bandeiras coloridas estavam presas às janelas e atravessavam as ruas. Havia barracas de jogos e comida por todos os lados e uma boa parte das pessoas estava se reunindo na parte central da cidade para ver alguma coisa.

–Onde estamos? Ou melhor, quando estamos? – Eragon perguntou olhando curioso ao redor. A porta pela qual haviam entrado havia sumido, assim como as lembranças por trás dela.

–Essa foi, sem dúvida alguma, a época mais feliz da minha vida. Pensando bem, foi a primeira lembrança feliz de que eu consigo me lembrar. Claro, eu tive alguns momentos felizes, mas nenhuma nuca se comparou a este – Svider disse com um grande sorriso estampado no rosto.

Eragon olhou-o com curiosidade assim que o outro cavaleiro começou a andar calmamente pelo meio da multidão, sem se preocupar se era atravessado pelas pessoas.

–Vamos, Eragon! Vai ficar aí parado? Porque eu vou aproveitar a vista, mas se quiser ficar nessa confusão eu entendo! – Svider gritou por cima do ombro ao ver que Eragon continuava parado no mesmo lugar.

–Que tipo de festividade é essa? Nunca vi Teirm tão alegre – Eragon perguntou quando conseguiu alcançar Svider, mesmo que ele tivesse sido atravessado por umas dez pessoas durante o trajeto. Era uma sensação estranha, como se ele fosse congelado momentaneamente e depois o calor voltasse para seu corpo.

–Esta é a Celebração do Dragão. Era assim que nós a chamávamos em Teirm. Todos ficavam animados pesando que teriam a chance de serem cavaleiros. Eu mesmo ansiava por isso, quando meus tios me davam uma folga do trabalho idiota da estalagem eu ficava me imaginando longe dali, voando nas costas de um poderoso dragão, mas nunca alimentei esperanças de que seria escolhido, para mim essa era uma realidade distante e impossível. Eu era O Filho do Bandido. Como um dragão poderia me escolher? – Eragon conseguiu ouvir a amargura nas palavras o filho do bandido e entendeu completamente como o outro se sentia.

–Mas você foi escolhido.

–É. Fui sim. Engraçado, não? Até hoje eu me pergunto o que Deloi viu em mim. Acho que eu era tão digno de pena que ele decidiu nascer para mim – Svider riu sonoramente com aquela declaração.

–Também não sei o que Saphira viu em mim. O mais pobre dos camponeses em uma pequena aldeia ao norte da Espinha. Nunca achei ser digno do título de cavaleiro de dragão. Eu me acostumei, claro, mas ainda estranho isso de vez em quando – Eragon ponderou lembrando-se do que havia perguntado a Saphira a tanto tempo: Por que eu?

Svider parou de andar e olhou-o por longos minutos antes de dizer uma única frase.

–Você não sabe o que diz.

–Mas você mesmo disse que...

–Sim, eu disse. Mas eu sou eu. Você é você. Será que é o único que não vê o porquê de ter sido escolhido? Sério? – Svider ergueu uma sobrancelha e assim ficou, esperando uma resposta.

–O que quer dizer?

– Por que você acha que seu nome é Eragon? – Svider mudou de assunto.

–... Bom, eu sei que o primeiro cavaleiro de dragão se chamava Eragon e eu sou o primeiro cavaleiro da nova ordem...

–Sim, sim – interrompeu Svider impacientemente – Mas por que você o recebeu? Como sua mãe teve a ideia de dar esse nome a você? Como ela poderia saber?

Eragon não respondeu. Nunca tinha pensado nisso, então ficou parado olhando para o chão de pedras próximo a seus pés.

–Você é muito lerdo – Svider reclamou jogando as mãos para o alto – Nada é por acaso, Eragon. Nada – ele disse essas palavras olhando fixamente para o outro cavaleiro, para garantir que fosse ouvido – Há muito mais em você do que pode imaginar. Nunca se esqueça disso.

Depois de olhar atentamente para Eragon por mais alguns momentos, Svider se virou e começou a caminhar em direção à estalagem de seu tio, afastando-se da multidão barulhenta e alegre que celebrava animada.

Lá dentro estava tudo extremamente calmo. Alguns poucos homens estavam sentados sozinhos nas mesas do fundo, bebendo algumas doses de cerveja, mas fora isso não havia nada fora do comum. Eragon observou quando uma criança de cabelos dourados saiu da cozinha da estalagem e serviu um dos homens com uma porção generosa de carne e legumes.

Aquele Svider parecia alguns anos mais velho do que na outra visão, mas seu estado estava igualmente desesperador. As roupas estavam sujas e curtas demais para ele. Seu cabelo caia desordenadamente ao redor dos ombros e olheiras profundas sob os olhos mostravam que o garoto não andava dormindo direito.

–Mais alguma coisa, senhor? – perguntou ele num tom entediado.

–Não se preocupe, rapaz. Já estou satisfeito, mas sente-se comigo, quero bater um papinho com você – o homem indicou a cadeira a sua frente e Svider se jogou nela, parecendo completamente esgotado.

–O que quer falar comigo, senhor?

–Primeiro, pare de me chamar de senhor, não sou tão velho. Segundo, quero que me chame por meu nome.

–Sim, senh... – Svider começou automaticamente, mas logo se corrigiu – Sim, Jasper.

–Ótimo! Bem melhor. Agora – o homem olhou profundamente para Svider antes de continuar – Por que não está na celebração? É obrigatório que todos os jovens entre dez e quinze anos participem.

–Meus tios dizem que tenho que trabalhar para ajuda-los a pagar as despesas.

–Eles gastam todo o dinheiro com quinquilharias! Não conseguem aproveitar um tostão! Olhe, Svider, você tem que ir para a celebração. Não importa o que seus tios digam.

–Para que eu iria lá? Sou O Filho do Bandido. Que tipo de dragão iria me escolher? Não quero passar vergonha.

–Ele tem toda a razão – disse uma voz feminina suave. Eragon virou-se para ver uma bela mulher de cabelos castanhos na altura dos quadris e olhos esverdeados sair da cozinha e se dirigir à mesa em que estavam Svider e o tal de Jasper – Ele é o filho do bandido. Nenhum dragão vai escolhê-lo, é melhor ele ficar aqui trabalhando onde é mais útil.

–Jenny, por favor. Ele é um garoto! Deve viver como um! Não pode ficar enfurnado aqui a vida toda. Deixe-o ir dessa vez – Jasper disse em tom reconciliador, tentando convencer a mulher carrancuda que o olhava furiosamente com os braços cruzados à frente do corpo.

–Tia, por favor, eu... – Svider tentou dizer alguma coisa, mas foi interrompido.

–Quieto! Você não tem o direito de dizer nada aqui – a mulher disse cada vez mais furiosa.

–O que está havendo, querida? – veio uma voz da cozinha da estalagem. Um homem grande e forte de cabelos castanhos e olhos da mesma cor veio andando até onde estava acontecendo a pequena discussão.

–Esse idiota está tentando convencer O Filho do Bandido a ir na celebração – a mulher disse friamente, enfatizando as palavras O Filho do Bandido o máximo que pôde – Depois de tudo o que fizemos por ele, esse moleque insiste em ser humilhado e trazer mais desonra para a família!

–Tio, eu...

–Não, Svider! Você não vai a essa celebração idiota e ponto final! Agora volte ao trabalho antes que eu o force a voltar – ameaçou o homem grande que deveria ser o tio de Svider.

O menino já começava a se levantar cabisbaixo, lançando um sorriso triste para Jasper, quando outra voz soou, desta vez da entrada da estalagem.

–Não podem impedi-lo de ir à celebração. Vocês estarão descumprido a lei e isso é um crime hediondo – a voz era moderada e feminina, mas um ar de autoridade estava presente nela, deixando todos subitamente surpresos com a interrupção.

Eragon olhou para a porta e viu uma mulher de no máximo vinte e cinco anos postada ali com os pés espaçados e os braços atrás do corpo. Os olhos azul anil estavam cerrados e ela exibia uma expressão de desagrado. Seu cabelo castanho estava preso em uma trança que caia ao seu lado e uma espada esverdeada estava em sua cintura.

–Quem você pensa que é para se meter em nossos assuntos? – perguntou o tio de Svider com raiva.

–Sou Miwin, cavaleira de dragão responsável por esta celebração. É minha responsabilidade que todos os jovens com idade entre dez e quinze anos sejam apresentados aos ovos de dragão – disse ela com a voz enganosamente calma.

Miwin... A cavaleira de Aiedail! Eragon pensou abismado olhando de Svider para a cavaleira e dela para Svider, sem saber o que dizer naquela situação.

–Você... Você é cavaleira? – perguntou Svider completamente encantado. Os olhos azuis brilhavam ao olhar para a mulher à porta.

–Sou sim. Talvez você se torne um também, mas terá que me acompanhar para descobrir – Miwin sorriu e abriu espaço na porta para que Svider passasse.

–Mas... – Jenny tentou argumentar, mas parou rapidamente ao ver o olhar gélido que a cavaleira lhe lançou.

–Conversamos mais tarde – Miwin disse secamente – Vamos, garoto. A celebração de escolha está para começar. Só estão esperando por nós.

Svider saiu pela porta sem olhar para os tios, mas não viu o sorriso de triunfo que estava estampado no rosto do homem chamado Jasper e nem as expressões furiosas de seus tios. Assim que a porta se fechou atrás dele, Svider sorriu abertamente. Um sorriso verdadeiro e de pura felicidade.

**

–Seus tios são sempre tão ranzinzas? – perguntou Miwin enquanto eles abriam caminho por entre a multidão.

–Não sabe nem da metade – Svider murmurou. Eragon seguia os dois de perto e reparou que o garoto estava nervoso.

–Por que você estava tão nervoso? – Eragon murmurou para o espírito ao seu lado.

–Bom, vejamos... – Svider murmurou fingindo tentar se lembrar e coçando o queixo – Será que era porque eu temia pagar o maior mico do século? Eu estava vestido como um mendigo e tinha má fama na cidade. Era óbvio que não iria conseguir nada com aquilo, só seria mais alvo de preconceito e ficaria marcado pelo resto da vida.

–Mas isso não aconteceu.

–Não – Svider sorriu – Felizmente.

–Não fique nervoso – Miwin disse ao pequeno Svider ao ver a insegurança do rapaz – Vai dar tudo certo.

–Se você diz...

–Sim, eu digo – ela sorriu para ele e depois anunciou assim que estavam na praça central – Chegamos. Fique no final da fila e espere ser chamado. Boa sorte.

Ela saiu de perto do garoto para subir em uma plataforma de madeira que fora colocada ali, onde estavam uma comitiva de nobres, que pelo que parecia eram os governantes da aldeia. Um jovem dragão esverdeado estava postado atrás da plataforma, ela era linda, as escamas eram verde clara e os espinhos eram de um branco marfim, seus olhos eram impressionantes, dourados meio alaranjados no centro, de modo que parecia que ela possuía fogo no olhar. Miwin acariciou as escamas de seu dragão e depois voltou-se para a multidão.

–Aiedail – Eragon murmurou encantado pela beleza da dragão.

–É – Svider murmurou tristemente – As duas tinham acabado de se formar, essa era a primeira missão delas como cavaleira e dragão, devo dizer que elas se saíram estrondosamente bem, tinham grande potencial.

Eragon não sabia o que dizer ao se lembrar do que o Eldunarí de Aiedail lhe mostrara. Svider e Deloi as mataram, por causa deles Miwin havia partido e Aiedail havia sido condenada a obedecer Galbatorix.

–Olá para os dois, de novo – disse uma voz conhecida atrás deles.

Eragon pulou de susto e virou-se para ver que a pequena bruxa estava atrás deles, novamente.

–Oi Angela. Como vai? – Svider perguntou sorridente.

–Muito bem. Está mostrando para esse elfo ou humano, que seja, quando foi escolhido? – a bruxa tricotava o que parecia ser um cachecol, seus dedos se mexiam tão rápido que era quase impossível vê-los, mas ela olhava fixamente para Eragon. Solembum estava a seus pés e ronronava pacificamente, mexendo o rabo felpudo de um lado para o outro.

–Claro. Tenho muita coisa para mostrar para ele.

–Imagino que ele ainda não tenha nascido, certo? – Angela não esperou por uma resposta – Você deve ser muito importante, hein rapaz? Aproveite a sua visita ao passado, é fascinante – dizendo isso ela se afastou para algum lugar perto da plataforma, cumprimentado Miwin com um aceno de cabeça.

Nos veremos em breve, Matador de Espectros. O menino-gato disse na mente do cavaleiro e depois seguiu Angela para onde quer que ela tivesse ido.

Eragon não pôde deixar de notar que, tanto Angela, como Solembum haviam dito coisas do futuro, como se já soubessem exatamente o que iria acontecer. Estranho, mas com eles tudo era estranho.

–Por que falar com esses dois é sempre tão diferente? – Eragon perguntou coçando a cabeça.

–Você nem abriu a boca – replicou Svider com um sorriso – Mas é sempre divertido conversar com eles, eu sempre gostei de coisas estranhas.

Eragon revirou os olhos e voltou sua atenção para a celebração. Os jovens que tocariam nos ovos tinham formado uma fila irregular na frente de duas pequenas caixas marrons que estavam colocadas em dois pilares de madeira. Svider era o último deles e remexia os pés, nervoso. As pessoas o insultavam, se perguntando por que o filho do bandido estava ali.

–Muito bem – Miwin disse erguendo a voz. Aiedail rosnou brevemente fazendo com que todos se calassem – Essa realmente foi uma celebração maravilhosa, muito divertida e descontraída, tenho certeza de que todos se divertiram muito – a cavaleira sorriu e os moradores concordaram com risos e comentários – Mas agora vem a parte que todos esperavam. Os cavaleiros trouxeram dois ovos para Teirm este ano, estes jovens que aqui se apresentam poderão ter a sorte ou não de se tornarem cavaleiros de dragão, desejo-lhes de todo o coração boa sorte, mas não cabe a mim dizer se alguém será escolhido. A vontade dos dragões prevalecerá neste momento – ela desceu da plataforma e tirou delicadamente os dois ovos de suas caixas. Um era marrom claro, com nuances de um marrom mais escuro e o outro era um azul anil com nuances esverdeadas – Que a escolha comece!

Um por um, cada menino e menina aproximou-se dos dois ovos e os tocaram, mas o resultado era sempre decepcionante. Uma garota de cabelos castanhos começou a chorar quando não foi escolhida e teve que ser retirada de lá a força, pois se recusava a sair de perto dos ovos.

Eragon observou como o jovem Svider ficava nervoso à medida que a fila a sua frente ia diminuindo, ele remexia as mãos nervosamente ao lado do corpo, mas por algum motivo não tirava os olhos do ovo marrom.

Por fim a espera angustiante chegou ao fim.

–Svider, filho de Tarock. Aproxime-se – chamou o arauto que tinha sido encarregado de chamar as crianças.

O garoto avançou nervosamente enquanto vaias partiam da multidão que assistia, mas um rugido frustrado de Aiedail foi o suficiente para que elas se calassem.

Svider ficou em frente ao ovo azul e o tocou hesitante, com as mãos tremendo nervosamente. Ele ficou olhando-o por um longo momento, mas logo o soltou, indo em direção ao ovo marrom. Svider deixou as mãos penderem por um momento acima da superfície lisa, como se não tivesse certeza de que deveria fazer aquilo. Ele olhou para Miwin em busca de conselho e ela fez um sim com a cabeça, incentivando-o.

Respirando fundo, Svider tocou o ovo marrom com ambas as mãos, mal meio segundo se passou e ele arquejou de surpresa. Seu corpo se enrijeceu e ele soltou o ovo, dando dois passos cambaleantes para trás.

Miwin aproximou-se rapidamente assim que um grande crack foi ouvido por toda a praça silenciosa. Depois veio mais um. Crack! E mais um. Crack! Até que a casca amarronzada praticamente explodiu, lançando seus pedaços para todos os lados. Uma pequena criatura podia ser vista em cima do pilar. Ela parecia estranhamente deformada pela membrana viscosa que a envolvia, mas ela se remexeu impacientemente, livrando-se da gosma e abrindo as pequenas asas, como se se exibisse para as pessoas. O pequeno dragão marrom de olhos azuis olhou diretamente para Svider e inclinou a cabeça para o lado.

Um suspiro coletivo partiu dos espectadores assim que entendiam o que tinha acontecido.

–Toque-o – Miwin disse suavemente, colocando as mãos sobre os ombros de Svider e o empurrando levemente.

O menino andou hesitante para frente, mas parecia completamente hipnotizado. Ele ergueu a mão direita para a cabeça pequena e triangular do dragão e assim que a tocou, soltou um grito abafado pelo súbito choque que percorreu todo o seu braço. Svider caiu sobre um joelho e escondeu a mão junto ao peito, numa tentativa infrutífera de parar a dor.

Miwin aproximou-se e o ajudou a se levantar, um grande sorriso estava estampado em seu rosto. Aiedail ergueu-se de onde estava sentada para assistir à cerimônia e tocou com seu focinho a pequena cabeça do dragão marrom.

Bem-vindo ao mundo, pequeno. Disse a dragão com uma voz suave e macia, deixando seus pensamentos serem espalhados por toda a praça. Logo depois Miwin repetia suas palavras para Svider, que continuava olhando atônito de sua mão para o dragão.

–Bem vindo, Svider – a cavaleira sorriu radiante – Bem-vindo à Ordem dos Cavaleiros de Dragão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? O que acharam do capítulo?
Muito obrigada por lerem e até a próxima^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Eragon: Wyrda un Moi" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.