Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 4
O Sonho


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!! Desculpe a demora, mas o meu computador estava impossível!! O Nyah! simplesmente não entrava! Bom, ainda bem que ele funcionou agora e eu consegui postar o capítulo, a partir de agora vou postar um capítulo por semana ou no mais tardar de quinze em quinze dias.
Espero que gostem do cap. e boa leitura ^^



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Exclamações de surpresa e indignação se seguiram à declaração perturbadora de Eragon. Os Eldunarí rugiram surpresos em uníssono, fazendo com que o cavaleiro se encolhesse cerrando os olhos, com o barulho ensurdecedor em sua mente.

O que essa maldita espada faz aqui? Rugiu Saphira tão alto que Eragon quase perdeu o juízo.

Os elfos mais próximos ao objeto afastaram-se alguns passos, quase inconscientemente enquanto murmuravam pragas e maldições em sua própria língua, fazendo a maior algazarra. Saphira quase incendiou o navio quando enviou jatos de fogo azul que vinham da parte mais profunda de seu ser.

Saphira... Por favor. Eragon pediu quase num sussurro, por um momento temeu que ela não tivesse ouvido, mas Saphira parou assim que viu o estado debilitado de seu cavaleiro.

Aquilo era demais para ele, sua cabeça girava terrivelmente, de modo que parecia que ele voava em círculos, alguns rostos élficos ficavam contorcidos ao seu ver e Eragon sentia que sua cabeça iria explodir se aquele barulho continuasse. Seus pés não estavam firmes sobre o chão e ele se sentia enjoado e com náuseas, para piorar, estava mais fraco do que nunca, se Lifaen não o tivesse apoiado, Eragon tinha certeza que teria caído de novo.

Os outros pararam de fazer alarde e ficaram quietos, surpresos e indignados com suas próprias reações. Alguns elfos baixaram as cabeças, envergonhados. Outros murmuravam pedidos de desculpas e alguns se ajoelharam, como se isso fosse redimi-los. Eragon estava cansado muito cansado para fazer algo além de dizer que não se desculpassem e sorrisse levemente. Tentou ficar em cima das próprias pernas, mas falhou ao fazê-lo, de modo que Lifaen o apoiou novamente.

Pequenino...

Saphira sussurrou docemente e Eragon ergueu os olhos para o céu para olha-la, só de ver o azul brilhante de seus olhos Eragon sentiu-se mais aliviado.

O que foi?

Isso é minha culpa. Não devia ter trazido esse graveto a bordo. Ele quase matou você.

Eragon sentiu a tristeza e o arrependimento que ela transmitia.

Não foi sua culpa. Você não sabia, Saphira. Não fique se culpando. Fez o que achou certo, nada mais.

Mas olhe o que aconteceu com você!

Eu estou bem, não vou morrer. Só estou cansado, mas vou ficar bem.

Devia descansar, então. Aquela maldita vareta de metal o feriu muito.

Mas ainda tenho que...

Tem que descansar. Depois pode nos contar o que quer que não tenha falado ainda.

As palavras afiadas dela cortaram todas as suas objeções, que ficaram entaladas na garganta do cavaleiro. Sem saber como responder, ele apenas fez um sim com a cabeça e então virou-se para os elfos novamente. Eles o olhavam com expectativa, com os olhos grandes e brilhantes repletos de preocupação. Eragon podia sentir os pensamentos dos Eldunarí em sua mente, mas eles estavam estranhamente quietos, aqueles que tinham servido Galbatorix estavam mais calmos agora, pareciam mais aéreos que o normal e Eragon sentiu que esses velhos dragões estavam perdidos em pensamentos passados, mal dando importância para o que acontecia no barco.

O cavaleiro notou que ainda se apoiava pesadamente em Lifaen, dessa vez sua tentativa de ficar de pé sozinho funcionou. O elfo afastou-se um pouco, mas ficou perto o suficiente para que pudesse pegar Eragon se este caísse.

–Sinto não poder falar tudo o que vi agora, mas minha condição não me permite. Quando eu estiver melhor teremos uma grande conversa sobre o assunto, Vel eïnradhin iet ai Shur'tugal.

Os elfos acenaram levemente com a cabeça e Lira adiantou-se para ajudá-lo a descer as escadas, fazendo isso antes que o cavaleiro pudesse dizer algo. Na verdade ele não queria ajuda. Queria simplesmente que o deixassem sozinho por um momento, mas assim que chegaram às escadas, Eragon agradeceu mentalmente por Lira estar amparando-o, pois se não estivesse, ele teria caído e rolado pela escada. Por um momento a sombra de um sorriso passou por seus lábios ao imaginar a cena cômica, com certeza Orik teria algumas piadas de anões para fazer se isso acontecesse e Eragon tinha certeza que aquele povo cantaria por muito tempo a história do cavaleiro desastrado que caíra rolando de uma escada.

Ao pensar nisso seu sorriso sumiu, sentia falta de seu amigo e irmão postiço que o ajudara tanto e estivera sempre ao seu lado. Queria que estivesse aqui, Orik. Ele pensou amargamente, englobando todos os seus amigos e familiares nessa única frase.

Lira, que o segurava pelo braço enquanto desciam a escada devagar, degrau por degrau, avaliou o semblante do cavaleiro, viu seus lábios franzidos e seus olhos estavam inundados de tristeza, imediatamente ela soube que algo o incomodava.

–Algo errado? – perguntou preocupada.

–Ahn? Ah não, nada. Só sinto falta de casa – ele murmurou virando-se para encará-la, mas seus olhos sorriram um pouco, o que a deixou mais tranquila, achava que ele estava sofrendo alguma dor, não que a saudade do lar não doesse.

–Também sinto falta da floresta, mas admito que há muito mais animação nessa embarcação. Mal saímos de Alagaësia e já encontramos uma passagem de diamantes e uma espada assassina. Muito mais emoção do que tive em séculos na floresta.

–Imagino, lá o tempo parece não passar – ponderou Eragon quando finalmente entraram no quarto dele – Obrigado, acho que eu teria saído rolando pela escada se não tivesse me acompanhado.

A elfa riu levemente e o ajudou a se sentar na cama.

–Que bom que eu o acompanhei então – dizendo isso ela se despediu e saiu silenciosamente do cômodo e subindo as escadas sem fazer um único ruído.

Eragon esperou por um momento até que se certificou que estava só e então deitou-se na cama com um suspiro, não se deu ao trabalho de tirar as botas e deitou por cima dos cobertores, estava muito cansado. Ele não tinha falado para ninguém o que tinha visto ao segurar a espada, nem mesmo para Saphira, mas o que ele tinha visto de fato? Ainda não tinha conseguido entender as imagens.

Elas eram difusas e mostravam cenas de batalhas passadas, mostravam dor e sofrimento e acima de tudo, arrependimento. Um grande arrependimento, embora ele não soubesse o que significava tudo aquilo.

Ele suspirou e fechou os olhos, aos poucos sua respiração e seus pensamentos turbulentos foram se acalmando. Ele deixou sua mente vagar por alguns momentos enquanto o sol acariciava seu rosto e acabou adentrando em seu sonhar acordado, que geralmente era preenchido por visões passadas, mas ele ficava completamente consciente do que acontecia ao seu redor. Isso não aconteceu dessa vez. O mundo a sua volta sumiu em escuridão e então veio o sonho, mas ele era mais real que qualquer outro que já tivera, tão claro como seu reflexo em um lago, assemelhando-se mais a uma visão. O que de fato era.

***

Eragon via a terra fértil e coberta de grama passar rapidamente sob ele. Árvores, arbustos, flores, animais de todos os tipos, tudo parecia minúsculo aos seus olhos. O vento batia frio e cortante em seu rosto, de modo que o cavaleiro teve que cerrar os olhos. Moveu a cabeça levemente para o lado e se assustou ao ver uma silhueta humana sentada ao seu lado. Eragon notou que era um homem, forte, mas de altura mediana. Os cabelos dourados caiam até a altura dos ombros e estavam amarrados em um rabo de cavalo que praticamente voava por causa do vento feroz. Os olhos do homem eram de um azul quase elétrico e seu rosto era forte, com alguns resquícios de barba no queixo e cicatrizes em todos os lugares, algumas eram bem recentes. Ele vestia uma roupa preta e uma capa da mesma cor esvoaçava atrás dele. A expressão que ele mostrava era de medo. Medo e arrependimento. Uma bainha marrom estava presa em sua cintura e ela tinha a espada da mesma cor bem segura dentro de si, era a mesma que Saphira encontrara no fundo do mar.

O cavaleiro olhou para a frente e notou um pescoço de dragão de cor marrom tosca a sua frente. Foi então que entendeu o que via. A história da espada. A história de seu cavaleiro. A história de um renegado.

Eragon olhou para as próprias mãos e viu que elas estavam praticamente transparentes, mas brilhavam em uma luz prateada bem fraca, imediatamente tentou falar alguma coisa, mas nada saiu. Ele tentou tocar o braço do renegado para perguntar-lhe onde estava, ou melhor, quando estava, mas sua mão simplesmente o atravessou. Ele era como um fantasma e o cavaleiro não parecia notar sua presença. Era uma lembrança, igual à de Durza, ele não poderia fazer nada, só olhar.

Foi isso o que fez. Observou como o dragão marrom era relativamente grande. Suas asas eram maiores que as de Saphira e Fírnen juntos e tinham uma cor bonita de marrom, elas batiam suavemente e refletiam a luz do sol que se punha.

–Vamos parar ali – disse o cavaleiro com sua voz grossa, mas estranhamente embargada, como se ele tivesse chorado. O homem apontava para uma clareira grande no começo de uma grande floresta. Eragon reconheceu imediatamente A Espinha, pela qual tinha ficado muitos dias de sua antiga vida para caçar.

O dragão rugiu tristemente, concordando com seu cavaleiro e começou a descer em círculos sobre o local pousando ruidosamente na clareira, que ficou em silêncio profundo. Nenhum dos animais fez um único ruído, aterrorizados pela presença dos renegados.

O cavaleiro desceu de seu dragão de forma descuidada e relaxada, como se não quisesse fazer aquilo. Eragon flutuou para o chão e ficou ao lado do outro homem, observando com curiosidade quando uma lágrima escorreu pelo rosto dele e pingou de seu queixo.

–No que nós nos metemos? Por que fomos concordar com essa loucura? Pode me dizer, Deloi? – perguntou ele arrasado enquanto se deixava escorregar apoiando-se nas costas de seu dragão, cujo nome devia ser Deloi, e sentando-se no chão com as mãos na cabeça.

Não sei, mas os outros parecem estar encarando bem, Svider. Disse o dragão com uma voz musical repleta de tristeza.

–Achei que seriamos respeitados, idolatrados, que os cavaleiros se curvariam perante nós. Jamais pensei que os mataríamos! – sussurrou Svider, esse devia ser o nome do cavaleiro.

Ele retirou sua espada da bainha e a lâmina estava imersa em vermelho... Sangue.

–Olhe o que eu fiz! Matei dragões e cavaleiros, destruí vidas! Espalhei sofrimento com a lâmina que jurei usar somente para proteger pessoas! E... – a voz dele falhou enquanto ele derramava mais uma lágrima – Eu a usei como uma sina de morte contra meus próprios irmãos. – esta última parte ele sussurrou enquanto jogava a espada longe.

Eu sei, eu sei. Como pudemos matar nossos próprios irmãos?

–Galbatorix é louco. Ele nos disse que teríamos poder. Não que seriamos assassinos – lágrimas escorriam de forma incontrolável pelos olhos de Svider, que não procurou secá-las.

Eu sei. Não posso mais concordar com isso. Deloi disse apoiando a cabeça no chão de modo que pudesse ver seu cavaleiro. Eragon notou que os olhos do dragão eram de um azul safira muito familiar e isso lhe deu arrepios. Esse dragão não era nada parecido com Saphira, era um traidor e um monstro, não chegava nem perto de dela.

–Mas nós juramos. Juramos que serviríamos Galbatorix até o fim de nossas vidas.

Já ouvi dizer que juramentos podem ser desfeitos se aqueles que foram submetidos a ele mudarem quem são. Mudarem seus nomes verdadeiros. Os olhos de Deloi brilharam ao proferir aquelas palavras.

–Será que nós mudamos? Será que conseguimos mudar o suficiente para escapar daquele lunático? – perguntou Svider com um toque de esperança na voz.

Juntos conseguimos, parceiro. Juntos.

–Sim... Estou mais do que disposto a tentar – disse Svider com um sorriso enquanto acariciava a face de seu dragão – Você é um gênio, Deloi.

Eu sei. O que você seria sem mim? Perguntou o dragão com um ar convencido.

–Nada. Eu não seria nada sem você.

Deloi produziu um som profundo de contentamento e fechou uma asa em cima de seu cavaleiro para que eles pudessem dormir.

Fomos gananciosos e preferimos o poder ao invés do amor de nossa ordem, de nossa família, mas vamos corrigir esse erro, não é?

–Vamos, mudaremos nossos nomes verdadeiros e concertaremos as coisas – a voz de Svider soou abafada sob a asa de Deloi, mas suas palavras foram bem audíveis.

Pouco antes de o sonho se desfazer, Eragon viu grandes lágrimas escorrerem pelos olhos azuis do dragão, enquanto o ouvia dizer para a noite:

Nós vamos mudar, meus irmãos. Vamos mudar e impediremos que Galbatorix destrua nossa espécie com sua loucura.

***

Eragon acordou com a luz prateada da lua sobre seu rosto. Podia sentir lágrimas escorrendo por sua face e rapidamente as enxugou. Eles tinham se arrependido. Tinham se arrependido de verdade. Como podia? Ele sempre achou que os renegados eram tão loucos ou piores que Galbatorix, um exemplo era Morzan, mas Eragon nunca tinha ouvido falar de nenhum Svider antes, na verdade ele procurara não se inteirar sobre os renegados, já que eles estavam mortos e não significariam nada na batalha contra Galbatorix. Notou como estivera errado. Com a curiosidade aguçada ele levantou-se da cama de um pulo e reparou surpreso que estava bem melhor e forte, mas com muita fome. Por quanto tempo ele havia dormido?

Procurou a consciência de Saphira enquanto subia as escadas e a encontrou em algum lugar sobre o Talíta, a medida que ela voava sobre o navio.

Saphira! Ele chamou um tanto alto, fazendo com que seu dragão levasse um sobressalto.

Eragon! O que houve? Você está bem?

Sim, sim. Estou. Desculpe, acabei falando alto demais.

Está se sentindo melhor, Pequenino?

Muito, mas estou com uma tremenda fome.

Então vá comer. Os elfos estão na cozinha, preparando o que eles chamam de jantar, mas pra mim aquilo não passa de um monte de capim e frutas sem gosto algum. Qual é o problema desses orelhas pontudas com a carne?

Eragon revirou os olhos enquanto ia em direção à cozinha, que estava preenchida por um aroma delicioso de ensopado, deixando o cavaleiro com água na boca. A porta da cozinha estava aberta e Eragon parou um pouco para ouvir a conversa lá dentro.

–Como aquela espada veio parar aqui? É... É simplesmente impossível! Galbatorix nunca expandiu seu império para além do deserto. Como a espada de um servo dele pode estar aqui? – Eragon reconheceu imediatamente a voz de Lifaen.

–Não sei, mas ela parece ter forte ligação com Matador de Espectros. Embora eu não tenha certeza se isso é bom ou não – ponderou Blödhgarm enquanto se servia de um pouco de ensopado.

–Não acho que seja bom, aquela espada não representa nada além de trevas. Pertenceu a um assassino, a um monstro sem coração e sem alma que matou seus próprios irmãos para seguir um louco em busca de poder – disse a elfa Lira com uma raiva anormal na voz, naquele momento ele a achou extremamente injusta, como ela poderia falar daquelas coisas se não fazia ideia do que havia ocorrido com a espada e seu cavaleiro? Sem saber quem eram cavaleiro e dragão? – Eu jogaria aquela coisa do navio agora mesmo. Não viram o que ela fez com Argetlam? Quase o matou e nós fomos incompetentes a ponto de não perceber o que estava acontecendo. Se não fosse por Bjartskular e pelos corações ele poderia... – Lira não completou o pensamento e deixou as palavras penderem no ar, todos sabiam o que teria acontecido.

–Não acho que jogar a espada no rio seja a solução, minha amiga – disse Haldrir com calma – Não sabemos o que aconteceu com ela e quem era seu cavaleiro. Não julgue precipitadamente para não se arrepender depois.

Eragon pôde ouvir um suspiro partir da elfa e ela sussurrou um pedido de desculpas. O cavaleiro finalmente se moveu, mas não para a cozinha, ele precisava de respostas mais do que de comida. Era hora de falar com os Eldunarí.

Os velhos dragões estavam anormalmente quietos, seus pensamentos vagavam longe, em épocas passadas e longínquas que jamais voltariam. Eles brilhavam sobre a luz das estrelas e da lua, refletindo tudo a sua volta. Eragon notou que os filhotes de dragão se remexeram em seus ovos quando ele se aproximou, como se lhe dessem boas-vindas.

Eragon! Exclamou Umaroth assim que o cavaleiro se aproximou.

Está bem, Pequeno? Completou Glaedr com preocupação na voz. Era a segunda vez que o antigo mestre o chamava assim, deixando Eragon ainda mais surpreso com a atitude do velho dragão.

Estou bem melhor, ebrithil.

Você sempre diz isso. Reclamou Saphira que nadava ao redor do Talíta. Naquele momento ela ergueu a majestosa cabeça em formato de triângulo sobre a amurada do navio e fitou Eragon com os olhos cerrados, expressão que ficava cômica em um dragão. Por que não comeu? Disse que estava com fome.

Mas estou ainda mais curioso.

É sobre a espada, não é? Perguntou-lhe Umaroth com uma pontada de tristeza.

É... Na verdade, estou mais interessado em seu cavaleiro e dragão.

Por que estaria interessado neles? Tem alguma ideia de quem foram? Perguntou Glaedr desconfiado. Se ele tivesse corpo Eragon tinha certeza que o mestre teria soltado um rosnado.

Na verdade... Eu tive um sonho.

Eragon contou-lhes o sonho, Saphira estava descrente, ela simplesmente não entendia como renegados podiam se arrepender. Ela não acreditava nisso, de forma que fez Eragon mostrar-lhe o sonho, detalhe por detalhe, mesmo assim ela não acreditava totalmente.

Nunca soube disso. Tem certeza, Eragon? Ela perguntou-lhe ainda desconfiada.

Você viu o sonho, Saphira. Não sei mais nada além dele, mas acho que é verdade.

É... É verdade. Umaroth disse em um sussurro quase inaudível. Ainda me lembro deles. Deloi e Svider. Eram boas pessoas, mas eram terrivelmente ambiciosos.

Como todo renegado. Disse Saphira com ironia.

Não julgue o que não conhece, Bjartskular. Não sabe quem eles eram, não sabe o que fizeram. Está sendo injusta com sua raça. Repreendeu Glaedr com um rosnado feroz acompanhando-o.

Espere... Interrompeu Eragon. Se eles eram renegados... Mas aquela parecia uma observação um tanto tola, então Eragon calou-se.

Sim, cavaleiro, continue. Pediu Umaroth com uma voz grave.

Bom, então, se eles eram renegados e... Houve o banimento dos nomes, por que conseguimos falar o nome do dragão de Svider?

Umaroth pareceu emanar contentamento com aquela pergunta, como se Eragon tivesse tocado em um ponto crucial.

Boa observação. Disse Glaedr com aprovação.

Deloi não teve o seu nome apagado porque ele se redimiu, assim como seu cavaleiro. Umaroth falou calmamente.

Como eles se redimiram? Nunca soube dessa história. Contestou Saphira ainda meio indecisa se acreditava ou não naquela história.

Eu e Oromis fomos mestres de Svider e Deloi. Eles eram ótimos alunos, mas tinham aquela ambição por poder que chegava a ser doentia. Começou Glaedr tristemente. Galbatorix os iludiu. Disse que eles seriam deuses entre os cavaleiros de dragão. Nunca passou pela cabeça dos dois de que eles teriam que matar seus irmãos e irmãs, isso os despertou para a realidade. Eles decidiram trair Glabatorix e lutaram ao nosso lado durante a guerra. Por isso não são considerados renegados. Galbatorix apagou todos os registros sobre eles e silenciou qualquer um que ousasse pronunciar os nomes dos dois traidores. Por isso o nome de Deloi não foi apagado, ele e Svider foram considerados essenciais para que descobríssemos alguns planos de Galbatorix, inclusive que o rei tinha guardado três ovos de dragão e que eles talvez fossem nossa única esperança.

E... O que aconteceu com eles? Saphira perguntou tão curiosa quanto Eragon.

Tudo o que sabemos é que eles viajaram para além do deserto, mas eles nunca voltaram. Completou Umaroth.

Isso explica a espada. Mas por que eles vieram aqui? Perguntou Eragon.

Nunca soubemos, eles simplesmente sumiram. Nutri esperanças de que eles ainda estivessem vivos, mas vendo a espada de Svider eu tenho minhas dúvidas. Talvez eles já tenham partido há muito tempo. Glaedr disse com um lamento.

E agora? Eragon perguntou se sentindo mais perdido do que antes.

Acho que a espada tentou mostrar-lhe alguma coisa. Talvez tenha sido encantada por Svider para que mostrasse a alguém o que realmente aconteceu. Umaroth ponderou distraidamente.

Quando segurei a espada eu vi algumas coisas que não entendi e depois tive o sonho.

Acho que as respostas virão com o tempo, Eragon. Só esperando para saber o que virá.

Eragon foi em direção a cozinha onde os elfos ainda se encontravam. Dessa vez eles estavam quietos e se ocupavam em comer seus ensopados antes que este esfriasse.

–Matador de Espectros! Acordou. Venha, sente-se, vou servir-lhe um pouco de ensopado – Blödhgarm disse sorrindo, já se levantando para colocar o ensopado em uma vasilha.

Eragon fez um aceno em agradecimento e sentou-se em seu lugar. Ele podia sentir que todos os vinte pares de olhos estavam voltados para ele, mas comeu calmamente a sopa que foi lhe servida, notando o quanto estava faminto, até repetiu o prato, saboreando cada colherada que levava até a boca. Quando finalmente acabou, voltou-se para os elfos que o encaravam pacientemente.

–Olha, eu não sei de todos os detalhes até agora, mas tenho uma boa ideia de quem foi aquela espada.

–De um renegado – disse Lira secamente.

–Sim, mas não foi um renegado comum – Eragon contou-lhes seu sonho e sobre sua conversa com os Eldunarí. Deixando os elfos um bocado surpresos.

–Nunca soube deles – disse Lifaen, que estava sentado de frente para Eragon.

–Isso não me surpreende – disse Eragon com calma – Svider e Deloi foram apagados da história e foram esquecidos, mas acho que devemos nos lembrar deles agora, de algum modo os dois estão ligados a este lugar, mas ainda não sei como.

–Acho que não podemos jogar aquela espada fora, então – disse Lira um tanto contrariada.

Eragon sorriu para ela.

–Tem toda a razão. Acho que devemos examiná-la.


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Notas finais do capítulo

E aí? Como ficou? Comentem o que acharam do capítulo, por favor.
Svider e Deloi são personagens de minha autoria, não há nenhum relato sobre eles no Ciclo da Herança.
Deloi: Terra
Vel eïnradhin iet ai Shur'tugal: pela minha palavra de cavaleiro.
Argetlam: Mão de Prata
Ebrithil: Mestre
Bjartskular: Escamas Brilhantes
É isso. Espero que tenham gostado^^
Sé onr sverdar sitja hvass!



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