Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 2
A Passagem de Prata


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que demorei um pouco, mas aqui está o próximo capítulo. Espero que gostem ^^



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Eragon acordou cedo na manhã seguinte, pela quantidade de Sol que entrava pela janela, não devia ser mais de cinco da manhã. Não conseguiria dormir com a ansiedade que borbulhava dentro dele. O que haveria lá fora? Será que encontrariam um novo lugar para criar os dragões? O que aconteceria se falhassem?

O cavaleiro esfregou os olhos e levantou-se. Em seu criado mudo havia uma vasilha com água. Ele lavou o rosto e as mãos. A água estava refrescante e gelada contra sua pele, fazendo com que se sentisse disposto rapidamente.

Expandiu sua mente procurando a consciência de Saphira. Sentiu-a muito próxima do navio, mas ela estava adormecida. Seu dragão repousava em um sono profundo.

Eragon estranhou. Saphira tinha lhe dito que ficaria acordada. Ele subiu as escadas rapidamente e olhou para o horizonte. Eles continuavam cercados com aquela areia branca, as pequenas plantas, Eragon notou olhando mais atentamente com a ajuda da luminosidade do sol, possuíam flores coloridas e espinhos grossos. Devia ser uma espécie de cacto que o jovem cavaleiro nunca tivera conhecimento. A areia quase branca ficava em contraste com o belo nascer do Sol, que preenchia o céu com diferentes tonalidades de amarelo e laranja. Era uma visão encantadora.

Há poucos metros no Talíta, Saphira estava enroscada como uma bola de lã. Suas escamas brilhavam a luz do Sol e ela tinha a cabeça escondida sob as asas. Eragon sorriu de modo convencido, Saphira não tinha conseguido ficar acordada a noite toda.

–Bom dia Matador de Espectros. Dormiu bem? – Blödhgarm disse fazendo o costumeiro cumprimento dos elfos, ao qual Eragon retribuiu.

–Bom dia Blödhgarm. Ficou acordado a noite toda?

–Sim, Shur’tugal. Encantei-me por esta terra. Nunca vi areia tão branca e nascer do Sol tão belo.

–Realmente ambos são extremamente belos – Eragon ponderou acompanhado o elfo até a pequena sala de jantar da embarcação – O que houve com Saphira?

Blödhgarm sorriu levemente, mostrando suas presas afiadas.

– Bjartskular estava cansada de voar em círculos, acompanhou nossa embarcação andando durante algumas horas, mas por fim cansou-se. Deitou-se há pouco mais de meia hora.

Eragon não gostou de saber que Saphira havia se exaurido, ela não se cansava tão facilmente, já tinha feito voos muito piores, por que este a cansara tanto?

– Kvetha Shur’tugal – os outros elfos o saldaram assim que adentraram no recinto. Estavam em volta da mesa esculpida da madeira do navio prateado e se deliciavam com as frutas que lhes serviam de café da manhã.

Eragon cumprimentou-os sorrido, pegou algumas cerejas e ficou impressionado por seu sabor doce e refrescante. Eram as melhores cerejas que já havia comido.

Ansioso para explorar esta terra, cavaleiro? Umaroth perguntou-lhe, com felicidade.

Bom dia mestre. Nunca estive tão ansioso para sair de um navio e andar por aí.

Por que andar se você tem um dragão para voar com você? Glaedr perguntou com sua voz grave.

Foi isso o que eu quis dizer mestre.

Eragon acabou de comer suas cerejas e ficou conversando com os elfos sobre os planos do dia. Decidiram observar as terras dentro do Talíta em vez de saírem por aí sem saber o que iriam encontrar. Saphira poderia voar desde que ficasse perto da embarcação e não voasse muito alto, não queriam atrair atenção indesejada.

Eragon subiu as escadas e observou o horizonte colocando uma mão na testa para proteger os olhos do Sol, já quente. Olhou para Saphira e achou melhor acordá-la. Deveriam começar a viagem imediatamente.

Tocou levemente a consciência dela. Saphira acordou imediatamente. Tirando a cabeça em forma de triângulo debaixo das asas.

Bom dia Pequenino. Ela murmurou preguiçosamente e escancarou a boca em um enorme bocejo de dragão, deixando a mostra os dentes pontudos e a língua carmesim. Era uma visão impressionante.

Bom dia Saphira. O que foi que eu disse? Você acabou se cansando.

Ela olhou para ele com irritação e rugiu de leve.

Essa não é a hora para você ficar contando vantagem.

Saphira levantou-se e aproximou-se do navio, permitindo que Eragon fizesse carinho em suas escamas. O cavaleiro olhou profundamente nos olhos dela.

Saphira, o que houve? Você nunca ficaria cansada assim antes. O que está havendo?

Eu não estava com sono, mas achei melhor dormir.

É mentira.

Ela provocou um ruído das profundezas de sua garganta, o que era equivalente a um riso.

Não consigo esconder nada de você, não é?

Não mesmo. Somos um só. Lembra?

Claro que sim! Tenho a memória de um dragão!... É que não conseguia parar de pensar no que aconteceu e no que vai acontecer. Ficava me perguntando se o que estávamos fazendo era o certo ou não. Não gosto de ter dúvidas sobre o que faço, mas eu tive. Fiquei pensando em quem deixamos para trás...

Fírnen.

É... Ela deu um suspiro, fazendo com que uma nuvem de fumaça negra saísse de suas narinas. Achei melhor dormir um pouco e esquecer-me disso por um tempo.

Eragon acariciou lhe o focinho. Não gostava de vê-la triste.

O que acha de pescar alguns peixes e depois nós voaremos um pouco?

Ela olhou-o com aqueles grandes olhos safira com uma chama de esperança. Apreciaria o voo.

**

Eragon esperou na proa do navio. Olhou para os Eldunarí que brilhavam sob a luz do sol, assim como os ovos. Era uma visão encantadora. Mal podia esperar para que os ovos chocassem, mas antes precisariam encontrar um local adequado e seguro.

Saphira divertia-se pescando nas águas do Rio Edda, se é que podiam chama-lo assim, já que não estavam mais em Alagaësia. Ela espirrava água para todos os lados enquanto mergulhava e encontrava suas presas.

Eragon podia sentir o prazer que emanava de sua companheira, sentiu-se melhor, não gostava de vê-la com a melancolia de poucos momentos antes.

Pronto para voar, Pequenino? Saphira perguntou-lhe enquanto saia voando do rio lançando uma enorme quantidade de água em seu cavaleiro.

Saphira!

Oops. Ela murmurou com um toque divertido na voz.

Oops?! Você me encharcou! Eragon retirou o longo manto que usava e o depositou no chão do Talíta estava completamente encharcado.

Então vai ser melhor se voarmos para que suas roupas sequem mais rápido.

Eragon bufou enquanto corria para a amurada do navio e pulava na margem do rio. Saphira tinha pousado e o esperava ansiosa. O cavaleiro escalou a pata dianteira de sua parceira e sentou-se na sela, amarrou as tiras em volta das pernas e os dois decolaram.

O cavaleiro viu os elfos olhando-os com sorrisos nos rostos, o navio tinha recomeçado sua viagem pelo rio. Os Eldunarí usavam os olhos do jovem para ver o que os cercava. Eragon sentia a euforia dos velhos dragões que sussurravam em seu próprio idioma, ao qual Eragon não conhecia sequer uma palavra.

Saphira não se afastou muito da pequena embarcação, voava há seis ou sete metros de distância do Talíta, mas fazia loops e várias outras acrobacias, arrancando um grito entusiasmado de seu cavaleiro.

Olhe isso. Saphira disse-lhe dando três piruetas seguidas e depois um grande loop para trás.

Eragon não conseguia fazer outra coisa além de dar risada. Era tão bom estar junto de sua parceira que ele não queria que aquele momento acabasse nunca. Saphira parou de dar piruetas e contentou-se em voar em círculos sobre o Talíta observando os arredores. A paisagem continuava igual. Areia branca em contraste com o céu azul e sem nuvens.

Voaram por horas. Não havia novidade alguma. Areia branca e alguns daqueles cactos estranhos. Nada havia mudado. Eragon estava prestes a dizer a Saphira para pousar, já se passava do meio-dia, era hora de comerem algo. Mas Umaroth interrompeu seus pensamentos.

O que é aquilo?

O que Ebrithil? Saphira perguntou.

Ali. Mestre Glaedr mostrou aos dois uma falha na monotonia da paisagem a nordeste.

Pequenas colinas rochosas meio prateadas erguiam-se quase paralelamente ao curso do rio, mas o que deixou Eragon pasmo foi o que havia fora dessas pequenas montanhas.

–Não acredito!

Saphira esqueceu-se de bater as asas por alguns minutos e eles despencaram dois metros, mas ela logo recuperou-se de seu choque e voltou a bater as asas. Eragon não conseguia acreditar no que via. Aquilo era tecnicamente impossível!

Água. Uma grande quantidade de água cercava as colinas e o rio. Ela tinha uma cor azul esverdeada e se estendia infinitamente para os dois lados.

Ainda estavam a umas boas milhas de distância, de modo que Eragon não conseguiu distinguir os detalhes.

Saphira dessa. Tenho que falar com os elfos.

Ela obedeceu, embora estivesse ansiosa para ver o que havia lá.

–Viram aquilo? – Eragon perguntou assim pulou das costas de Saphira para a proa do Talíta.

–O que deveríamos ver Shur’tugal? – perguntou-lhe Alissa, uma elfa de cabelos ruivos e olhos cor de âmbar.

–Há algo a nordeste daqui, seguindo o curso do rio, parecem colinas e uma grande quantidade de água as cerca, mas ainda estamos longe para ver mais claramente.

Poderíamos ir ver o que é e voltar. Saphira sugeriu.

Não creio que seja uma boa ideia. Umaroth ponderou desfazendo as esperanças dela de poder voar rápido até o local e matar sua curiosidade.

Blödhgarm voltou-se para Eragon com o olhar pensativo.

–Acho melhor esperarmos que o Talíta chegue lá, não é seguro irmos sozinhos ou o senhor ir voando com Bjartskular na frente. Não sabemos o que há aqui. É bom não arriscar – Blödhgarm disse cruzando os braços e encerrando a discussão.

Eragon sentiu-se decepcionado com aquilo, mas concordou que era o certo a se fazer. Foi para a cozinha e pegou do suprimento de comida que haviam trazido um pedaço de pão junto com carne seca e algumas frutas.

Sentou-se na amurada do navio com a comida e ficou vendo as colinas e a água se aproximarem. Saphira nadava ao lado do Talíta. O rio estava bem mais largo e fundo agora, permitindo que Saphira nadasse tranquilamente.

Blödhgarm acha que somos crianças. Já poderíamos ter voado até lá e voltado e já saberíamos o que há a nossa espera.

Você sabe que ele tem razão, Saphira. Não podemos sair voando por aí sem saber o que há nessas terras. É mais seguro ficarmos todos juntos.

Saphira bufou e mergulhou na água, nadando por debaixo do casco da embarcação e subindo à superfície do outro lado.

Eu não gosto de seguir ordens. Estou cansada desse ritmo lento que estamos viajando.

Concordo com você, mas devemos ser pacientes por hora. Eragon de repente teve um pensamento engraçado. Você reparou? Agora quem está dando conselhos sou eu!

Como se isso fosse grande coisa. Ainda como o problema antes que ele o coma, Pequenino.

Eragon deu risada. Saphira continuava o mesmo dragão orgulhoso de antes.

**

Duas horas haviam se passado e agora estavam perto o suficiente das colinas para que Eragon distinguisse melhor os detalhes. O rio seguia seu curso para nordeste. Eragon notou que as colinas não eram altas, mas elas emitiam algum tipo de luz prateada que refletia na água cristalina, tingindo-a de prateado, ou melhor, as colinas pareciam ser meio transparentes, de modo que Eragon conseguia ver a água do outro lado, embora estivesse retorcida por causa das estranhas pedras transparentes que formavam aqueles rochedos. A grande quantidade de água que cercava as colinas era tão límpida que era possível ver os peixes nadando e o fundo arenoso repleto de algas.

Os elfos reuniam-se na proa do navio. Pareciam atordoados com a visão. Olhavam para todos os lados, tentando gravar cada detalhe do local para depois colocarem em um mapa que estavam desenhando, mas estavam impressionados com a beleza do local.

–Nunca vi algo assim – Lifaen, um elfo loiro de olhos lilases murmurou encantado.

Eragon olhou para Saphira, que continuava nadando ao lado do barco. Pulou nas costas dela e ambos levantaram voo.

Isso é incrível! Eragon murmurou. Chegue mais perto das colinas.

Saphira obedeceu e chegou a menos de um metro de distância das pequenas montanhas.

Elas... Elas parecem feitas de... Saphira não continuou o pensamento.

–Diamantes! – Eragon completou falando em voz alta. Aquilo era impossível. Como aquelas paredes, o cavaleiro achou aquele nome mais adequado, podia ser de diamantes?

É realmente impressionante. Impressionante! Umaroth murmurou encantado.

Há magia aqui. Não estão sentindo? Glaedr perguntou com apreensão.

E o que isso quer dizer, Ebrithil? Saphira perguntou voando um pouco acima das paredes de diamantes para que pudessem ver o mar, afinal era água salgada, julgando pelo cheiro de maresia na brisa.

Quero dizer que não somos os primeiros a cruzar esta...

Passagem de Prata? Eragon sugeriu.

Por que este nome? Umaroth indagou curioso com a visão do jovem cavaleiro.

Por causa do reflexo prateados que os diamantes deixam na água.

É uma ótima escolha, Pequenino! Saphira exclamou impressionada, Eragon ficou contente de ainda conseguir surpreendê-la. Eragon tocou nos diamantes que formavam as paredes e sentiu um súbito choque de energia, rapidamente recolheu o braço.

Sim, realmente é um bom nome, mas como eu ia dizendo, acho que não somos os primeiros a cruzar a Passagem de Prata. Glaedr disse pensativo.

E quem teria vindo aqui antes Ebrithil? Saphira perguntou curiosa.

Acho que logo vamos descobrir.

Continuaram voando por aquela passagem pensando sobre o significado das palavras de Glaedr.


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Notas finais do capítulo

E entããããoooooo? O que acharam do cap?
Shur’tugal: cavaleiro de dragão
Bjartskular: escamas brilhantes
Kvetha Shur’tugal: saudações cavaleiro de dragão
Ebrithil: Mestre, senhor
Atra esterní ono thelduin.



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