Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 14
Arrependimento e Cura


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo, cavaleiros!
Sei que demorei muito para postar essa capítulo, mas entrei no Ensino Médio agora e tá tudo uma loucura, quase todo o dia eu tenho prova ou trabalho e ainda estou me ajeitando com a rotina. Por isso me perdoem, ok?
Sem mais delongas, o novo capítulo.
Ps: Só para registrar, os acontecimentos na Passagem de Prata estão mais adiantados do que a aventura do Eragon dentro da espada, por isso aqui ele ainda está com a mente "dentro" de Mirovir. Só quis esclarecer porque isso confunde as vezes.
Espero que gostem.
Boa leitura^^



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Eragon saiu para a próxima visão gritando para Svider leva-lo de volta, por isso mal notou o lugar em que estavam. Ele voltou-se para o mais velho com a mente borbulhando de perguntas. Por que Svider parecia tão desesperado em continuar a viagem o mais rápido possível?

— Não temos tempo. – Svider interrompeu Eragon antes que este começasse a perguntar algo – Quanto mais seus amigos avançam pela Passagem de Prata, mais fraco fica o encantamento. Não podemos ver tudo o que eu gostaria de mostra-lo, Eragon. Os eventos das Terras Além correm mais rápido do que você pensa. Seus amigos vão precisar de você.

Svider calou-se subitamente, como se houvesse falado demais, e olhou para Eragon com expectativa, esperando a resposta do mais jovem.

O cavaleiro azul estava preocupado. Seja lá o que houvesse acontecido no Talíta devia ser algo grave. Sua primeira preocupação foi para Saphira. Ela estaria bem? E os Eldunarí? E os ovos? E Blödhgarm e os outros elfos?

Svider sorriu um pouco para o jovem, vendo a torrente de preocupação nos olhos castanhos.

— Eles estão bem, não se preocupe. – disse, colocando uma mão em seu ombro, mas logo sua expressão ficou sombria e ele acrescentou – Por enquanto.

Eragon arregalou os olhos e abriu a boca para perguntar o que raios ele queria dizer com aquilo quando ouviu uma voz em algum lugar atrás de si.

O cavaleirou se virou rapidamente e observou seu entorno pela primeira vez. Para sua surpresa ele se viu em uma pequena cabana élfica muito familiar. Prateleiras de livros esculpidas na madeira da árvore se erguiam do chão até o teto, exatamente do jeito que Eragon se lembrava. A fairth de Iliera estava na parede a sua frente, parecendo mais viva do que nunca. A luz dourada do sol passava pela janela, deixando o ambiente com um ar reconfortante. Sem que ele conseguisse se controlar, começou a lembrar de cada vez que treinara ali, cada conquista e cada fracasso, cada dor e felicidade.

Ele estava na pequena cabana de Mestre Oromis, nos Rochedos de Tel’naeír.

Eragon sorriu involuntariamente ao se encontrar em um ambiente tão familiar, embora ele não estivesse ali de verdade, era bom ver aquela cabana novamente.

A voz soou novamente, parecendo um gemido de dor.

O jovem cavaleiro notou que estava em frente a um colchão que fora colocado no chão. E deitado ali estava Svider.

O renegado estava pálido e suava frio, mexendo-se a todo o momento, como se um bando de dragões selvagens estivesse correndo atrás dele. Svider gemeu novamente, mais alto do que antes. Sua testa estava franzida e seus olhos mexiam furiosamente sob as pálpebras.

Eragon ajoelhou-se ao lado dele ao mesmo tempo em que a porta da cabana abriu-se suavemente, deixando passar ninguém menos que Mestre Oromis.

Os cabelos prateados estavam presos em uma trança única que caía sobre um dos ombros, e ele vestia uma túnica branca à moda élfica. Os olhos antigos estavam tristes, e Eragon notou que ele parecia mais pálido do que se lembrava.

O jovem cavaleiro ficou completamente paralisado, rezando para que o mestre pudesse vê-lo e sorrisse daquela forma que fazia o mundo parecer menos sombrio, mas Oromis nunca retirou os olhos de Svider.

O elfo ajoelhou-se do outro lado do colchão, colocando uma mão na testa de Svider e sussurrando palavras na Língua Antiga. Aos poucos Svider se acalmou, voltando a dormir pacificamente, embora um resmungo ou outro escapasse dele de vez em quando.

Oromis franziu o cenho para ele, suspirando. Ele parecia tão cansado e frágil como uma folha seca. Com um sobressalto, Eragon lembrou-se que ele já havia sido emboscado nessa época.

— O que você fez para si mesmo, criança? – Oromis perguntou em voz baixa, retirando uma mecha de cabelo dourado do rosto de Svider. O mestre sentou-se cuidadosamente ao lado do renegado com uma careta de dor e apoiou as costas na parede, fechando os olhos para tentar melhorar o incômodo que viria a ser parte de sua vida.

Svider mudou de posição, inquieto novamente. Oromis deu-lhe um sorriso triste e cansado, voltando a colocar uma mão fina sobre a testa febril e a murmurar encantamentos, mas dessa vez em forma de uma canção que Eragon não conhecia. Ao seu lado, o espírito do cavaleiro cantarolava a melodia com o fundo da garganta.

Eragon o olhou com surpresa por um momento.

— Oromis costumava cantar para mim quando eu me adoentava durante o treinamento, logo que eu cheguei – Svider explicou, olhando para seu antigo mestre com carinho. – Até hoje, quando estou mais perdido que o normal, eu consigo ouvi-lo cantar.

Eragon sorriu um pouco, fechando os olhos para ouvir a música. Ele nunca tinha ouvido Oromis cantar, mas ouvi-lo agora o acalmou de uma forma que ele não esperava ser possível. A voz era melodiosa como a de Arya, mas era completamente diferente, de um jeito pacífico e silencioso.

O jovem cavaleiro foi retirado subitamente de seus pensamentos quando a porta se abriu novamente, e Maud, a menina-gata adentrou delicadamente na cabana.

— Maud – Oromis saudou a visitante depois de parar de cantar. Ele sorriu fracamente para ela, antes de voltar-se novamente para Svider, que havia se movido mais perto dele durante a canção.

— Oromis – a outra disse com um rosnado um tanto descontente ao olhar para o renegado no chão. Ela olhou nos olhos de Eragon por um momento. Seus lábios se moveram sem produzir um único som. Matador de Espectros. Eragon cumprimentou-a com um aceno de cabeça.

— Que veio fazer aqui? – Oromis perguntou com curiosidade.

— A rainha sabe que eles estão aqui.

Oromis suspirou, mais cedo ou mais tarde ela descobriria.

— Onde ela está?

— Lá fora, batendo boca com Angela. Aconselho que se apresse, antes que as duas se matem.

Oromis franziu o cenho, agradecendo mentalmente por Glaedr ter levado Deloi para uma parte mais isolada da floresta poucas horas atrás, ainda que a contragosto. O elfo prateado tentou se levantar, mas uma dor insuportável o atingiu e ele encostou-se novamente na parede.

— Por favor, Maud, ajude-me. Não consigo fazer isso sozinho – ele pediu, a amargura evidente em seu tom.

A menina-gata apreçou-se em oferecer apoio para levanta-lo e ajuda-lo a sair da cabana.

Maud olhou para Eragon uma última vez antes de atravessar o batente da porta.

Eragon não teve que esperar muito antes de ouvir vozes exaltadas de fora da cabana. Para seu espanto, era a rainha Islanzadí. Ele nunca a tinha ouvido levantar a voz.

— Bem, escusado dizer que eu causei uma comoção nada agradável na floresta, certo? – Svider murmurou com um humor sombrio.

— Como você conseguiu ficar?

— Até hoje eu não tenho certeza.

— Não é só atravessar a porta? – Eragon perguntou surpreso.

— Tente – Svider respondeu com um sorriso convencido.

O mais jovem bufou em exasperação e se levantou, mas para sua surpresa, não conseguiu dar mais de um passo além do colchão de Svider, como se houvesse uma barreira à sua frente e ele não conseguisse vê-la. A conversa acalorada atrás da porta estava estranhamente abafada. Eragon voltou-se para o cavaleiro castanho com a boca aberta e pronta para fazer mais uma pergunta, mas Svider o interrompeu.

— Todo o feitiço tem seus limites. Nem mesmo eu poderia ter feito uma volta ao passado de forma que você pudesse ver e ouvir qualquer coisa. Seria muito fácil se fosse assim, não é? – Svider sorriu tristemente – Mas é engraçado que justo essa parte ficou oculta para mim. O destino tem um humor estranho de vez em quando.

Eragon estava prestes a responder sarcasticamente que o destino tinha feito uma comédia completa para ele quando o mundo a sua volta estremeceu e começou a ficar embaçado, enquanto Svider acelerava o tempo novamente. Tudo voltou a normalidade em um segundo, mas mesmo assim Eragon sentiu-se tonto.

— Você pode pelo menos avisar quando for fazer isso de novo? – ele perguntou irritado.

Svider gargalhou enquanto se levantava.

— Qual seria a graça disso?

— Ora, por favor! – Eragon reclamou, fazendo com que Svider risse novamente.

De mau humor, o jovem olhou ao seu redor e se surpreendeu ao ver que ainda estava na casa de Mestre Oromis. Svider continuava deitado no colchão, mas enquanto Eragon olhava, ele abriu os olhos.

O cavaleiro castanho olhou assustado para o espaço a sua volta, só para se levantar de um pulo quando reconheceu onde estava. Eragon notou que ele estava bem melhor, seus olhos estavam mais brilhantes, somente com um terço da sombra que estivera lá antes, mas estavam repletos de tristeza.

Deloi? Svider perguntou mentalmente de forma hesitante.

Parceiro! O dragão marrom gritou em uma explosão de alegria, fazendo Svider cambalear um pouco e ter que se apoiar na parede. Oops. Desculpe, parceiro. É só que eu estou feliz em te ver acordado de novo, depois de cinco dias... Droga! Você me preocupou! Nunca mais faça isso, entendeu? Deloi disse um pouco mais baixo, mas com uma mistura tão grande de emoções em seus pensamentos que fez Svider sorrir.

Onde você está?

Na floresta com.... com Mestre Glaedr.

O quê?! Ele está vivo também?

Sim, parceiro... E mais rabugento do que eu me lembro. Deloi tentou aliviar o clima, mas falhou e ambos foram lembrados do que os levara até ali, e o porquê de seu antigo mestre estar mais severo do que antes. Svider começou a se sentir doente novamente e sua visão começou a tremer. Estou indo para aí o mais rápido que posso. Fale com Mestre Oromis, parceiro. Ele está aí fora e pode ajudá-lo. Deloi sugeriu com leveza.

Por que ele me ajudaria?

Não é melhor perguntar a ele?

Dizendo isso, Deloi deixou Svider sozinho com seus pensamentos. Ele sabia o quanto seu cavaleiro estava assustado, mas isso era algo que deveria enfrentar, e ele estaria lá para ajudá-lo.

Suspirando pesadamente, Svider deu alguns passos cambaleantes para porta, apoiando-se nos objetos que estavam a sua frente. Ele tentava não pensar no que iria acontecer a seguir ou o que ele iria fazer, porque isso o aterrorizava, então era melhor só agir.

Respirando fundo ele abriu hesitantemente a porta de entrada, franzindo o cenho quando a luz forte do sol atingiu seus olhos. Colocando uma mão a frente do rosto ele saiu cambaleante para o chão gramado. Seus sentidos foram invadidos pelo cantar dos pássaros e o som de água corrente. Uma leve brisa agitou seus cabelos soltos e lentamente seus olhos se acostumaram à luz.

Mas Oromis não estava em nenhum lugar visível.

Ele considerou chama-lo em voz alta, mas sua garganta não cooperou. Assim ele foi andando ao redor da cabana e mais além, procurando alguém que possivelmente o detestava.

Eragon nunca soube quanto tempo ficou andando em círculos atrás de Svider, mas começou a se preocupar com o sumiço de Oromis, já que este nunca se afastava tanto dos rochedos, principalmente sozinho. E se ele estivesse em algum lugar paralisado com a dor de seu ferimento e agonizando solitário e sem ajuda?

— Não se preocupe, Eragon. Ele está bem – o espírito ao seu lado tranquilizou-o ao ver a carranca em seu rosto, depois disso ele sorriu – Garanto que tudo é menos sombrio do que parece, pelo menos nesse momento.

— Como assim?

— Eles estavam me observando para ver o que eu faria, provavelmente pensando se deveriam ou não me matar.

— Eles?

— Tenha paciência, Eragon. – disse o castanho com um sorriso – As respostas virão.

Eragon bufou, perguntando-se quantas vezes ele já tinha ouvido essa frase na vida, mas ficou em silêncio enquanto continuavam seguindo o renegado.

O cavaleiro castanho cambaleou até as margens do riacho um tanto conturbado que passava ali perto. Ele se apoiou ofegante próximo as águas, colocando uma mão em uma árvore para se apoiar. E ficou ali, respirando pesadamente por vários minutos antes de tentar andar para mais perto do rio e beber de suas águas.

Foi neste momento que, por destino ou má sorte, Svider tropeçou em uma pequena pedra e foi lançado para frente, em direção às águas turbulentas do rio, e à morte certa, já que ele não teria forças para nadar naquela correnteza.

Antes mesmo que Svider conseguisse pensar em gritar um par de braços o segurou e o puxou novamente para seus pés, afastando-o da margem.

Svider caiu de joelhos com a respiração acelerada. Ao seu lado alguém se ajoelhou, mas ele não conseguiu ver quem era, já que ele usava um capuz sobre o rosto.

— Você está bem? – a voz definitivamente não era élfica, era mais áspera e severa e não havia nenhuma simpatia nela. Fora simplesmente uma pergunta, desprovida de emoção.

— Sim, eu acho. – Svider sussurrou de volta, erguendo a cabeça para encarar o estranho, apesar de a face estar coberta, ele conseguiu identificar um nariz de águia que saía das sombras do capuz.

Svider tinha certeza de que conhecia aquele nariz.

— Que pena. – o estranho narigudo disse com aspereza, antes de retirar o capuz e revelar-se.

Eragon abriu a boca em espanto ao ver ali a última pessoa que ele esperava no momento.

— Brom! – Svider meio gritou e meio chiou. Sua voz saiu mais aguda do que teria sido considerado aceitável, mas ele não se importou e recuou o máximo que pôde até ter as costas pressionadas contra o tronco de uma árvore.

— Eu sou o injustiçado e é você quem recua? – Brom perguntou com uma risada amarga. Seus olhos ardiam de raiva e uma tristeza quase desesperada. – Eu sou o único que deveria recuar de repulsa aqui! Ou melhor, deveria acabar com sua existência como você fez com todos os outros! – dizendo isso ele se levantou e sacou sua espada, apontando-a para o pescoço de Svider, que se encolhia aterrorizado.

— Brom. – uma voz suave e cansada sussurrou atrás deles, fazendo com que Brom se virasse abruptamente.

Oromis saía da cobertura das árvores, andando em direção a eles com os passos cuidadosamente medidos e calculados, como se ele sentisse dor a cada movimento, o que provavelmente era verdade.

Brom devolveu sua espada para a bainha e se afastou vários passos, lívido de raiva.

— Por que não me deixa mata-lo? Seria tudo tão mais fácil!

— Nós já discutimos isso, Brom. Mais uma vez você se deixa levar por seus sentimentos. – Oromis murmurou, colocando uma mão no ombro de seu aluno – Como você seria melhor do que ele?

Brom mordeu o lábio inferior e baixou a cabeça, tentando parar as lágrimas que ameaçavam escorrer por seu rosto.

Oromis suspirou pesadamente antes de voltar a caminhar para Svider, que recuara ainda mais, como se quisesse fundir-se com a árvore atrás de si. Ele olhava para Oromis com uma mistura de admiração, medo e temor, tremendo quando seu antigo mestre ajoelhou-se diante dele.

— Svider – Oromis disse com um sorriso que não alcançou seus olhos.

O cavaleiro castanho olhou-o por mais um momento antes de começar a falar tão rápido que as palavras se atropelavam.

— Eu sinto muito! Eu juro que não sabia o que ele pretendia! Pensei que estava ajudando e quando vi estávamos matando quem aparecia no caminho... Eu sinto muito, mestre! Por favor, acredite em mim! – ele parou para tomar fôlego antes de retomar sua fala, desta vez em um sussurro derrotado – Não, eu não mereço isso. Você tem todo o direito de me odiar e deveria deixar Brom me matar. Ele está certo. Seria muito mais fácil e...

— Fique quieto. – Oromis disse com uma carranca no rosto.

O elfo ergueu uma das mãos e a depositou sobre a testa de Svider, medindo sua temperatura.

— Você está fervendo, criança. Tem que voltar para a cabana.

Svider baixou a cabeça, estremecendo de repente quando uma rajada de vento passou por eles.

— Brom – Oromis chamou enquanto levantava-se com cuidado.

O outro cavaleiro ergueu a cabeça e aproximou-se de Svider com os olhos brilhando de raiva. Ele se abaixou rapidamente e puxou um dos braços de Svider por sobre os seus ombros, levantando mais rápido do que seria necessário, como se quisesse acabar logo com aquilo. Brom começou a andar rapidamente de volta para a cabana, com Svider tropeçando ao seu lado. Oromis suspirou pesadamente e os seguiu com cuidado.

Ao alcançarem novamente a cabana, encontraram Glaedr e Deloi esperando por eles, imóveis como duas estátuas de pedra, eles brilhavam a luz do sol.

Deloi permanecia bem afastado de Glaedr, como se o dragão mais velho fosse ataca-lo a qualquer momento.

Brom continuou levando Svider em direção à cabana, sem nem olhar para os dragões.

— Brom... Por favor, deixe-me vê-lo... – Svider ofegou pesadamente, quase completamente drenado pela caminhada exaustiva.

O mais jovem bufou em indignação, antes de mudar drasticamente a rota, quase fazendo o cavaleiro castanho cair, enquanto o levava em direção a Deloi.

O dragão marrom se apressou em encontra-los, e Brom colocou Svider com surpreendente gentileza em uma das patas dianteiras de Deloi, depois disso se afastou quase correndo, como se não suportasse ficar ali por mais tempo.

Svider abraçou o pescoço de seu dragão tão forte quanto podia em sua condição debilitada e finalmente conseguiu chorar.

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Svider adiantou o tempo novamente e tudo se tornou um borrão aos olhos de Eragon. O jovem cavaleiro olhava para o espírito ao seu lado com uma mistura de pena e admiração pelo sofrimento que ele havia passado e continuava passando.

Depois ele se lembrou de seu pai. Esse Brom era alguém amargo e quase perto da loucura. Eragon conseguia imagina-lo facilmente disfarçando-se de jardineiro por anos até ter a chance de matar Morzan. De repente uma questão lhe veio à cabeça.

— Foi você que disse ao meu pai?

— O quê? – Svider perguntou confuso, a testa franzida em concentração para adiantar o tempo até o momento certo.

— Sobre a fortaleza na Espinha. Foi você que contou ao meu pai de sua localização?

Svider parou de adiantar o tempo e olhou para Eragon por alguns segundos antes que seu rosto se iluminasse em compreensão.

— Ah, sim, fui eu. Quando eu contei a Brom tinha em mente fazer um ponto fixo para que pudéssemos nos encontrar e passar informações uns aos outros, mas... Bom, nós só nos encontramos lá uma vez antes que minha traição fosse descoberta e a Fortaleza fosse tomada por Morzan, então acredito que seu pai tenha feito melhor uso desse conhecimento. – Svider disse com um sorriso.

Eragon assentiu, mas sua mente estava longe. Se Svider havia contado ao seu pai sobre a fortaleza, então somente assim ele teria conseguido entrar, se isso não tivesse acontecido, Brom e Silena não teriam se conhecido, e por tabela, Eragon não estaria ali.

O jovem cavaleiro ficou parado em choque até que o mais velho sacudiu seu braço bruscamente, retirando-o de seu torpor.

— Eragon? Você está bem?

— Ah, sim. Estou bem, não se preocupe. – ele respondeu vagamente.

Svider franziu o cenho para ele antes que sua atenção fosse atraída para a visão a sua frente.

Estavam em uma bela tarde de verão. O sol lentamente baixava no horizonte, iluminando tudo com sua luz alaranjada. Ao longe, pássaros cantavam e a brisa passava em meio às folhas das árvores delicadamente, deixando tudo com uma áurea pacífica.

Oromis estava sentado em um tronco caído repleto de musgo no centro de uma pequena clareira. Seus olhos estavam firmemente cerrados, mas ele parecia em paz. Acima dele, Eragon conseguiu ver a silhueta de mestre Glaedr, voando muitos metros acima.

— Mestre Glaedr simplesmente aceitou vocês de volta? – Eragon perguntou curioso e para sua surpresa, Svider gargalhou.

— Simplesmente aceitou? Ora, Eragon, é de mestre Glaedr que estamos falando. Demorou uma boa semana para que ele parasse de tentar me esmagar de insultos ou de me asfixiar com a fumaça de seus bufos. Na verdade, ele não iria parar de Mestre Oromis não houvesse interferido. Ele nunca confiou muito em nós, assim como seu pai, e os dois se revezavam para nos vigiar. Principalmente para proteger Oromis.

— Por que não me mostrou?

— Porque é muito humilhante. – Svider respondeu, mas algo em sua voz o traiu, era óbvio que ele sentia vergonha e não precisava rever mais um de seus momentos de punição.

— Por que há algumas partes de seu passado que você consegue pular e outras não?

Svider olhou-o com os olhos brilhando em aprovação antes de responder:

— Já ouviu falar de pontos fixos no tempo? – ele franziu o cenho quando Eragon balançou a cabeça – Estranho, os elfos falavam disso o tempo todo na minha época... Mas enfim, pontos fixos são aqueles que você não pode mudar, pular, esquecer ou ignorar, são os que determinam os caminhos que tomamos. Alguns pontos em minha história são assim, como a minha formatura. Mas outros, como meu treinamento, não.

— Quem dita isso?

— O destino? – Svider contrapôs sarcasticamente – Infelizmente, Eragon, algumas perguntas não têm uma resposta lógica.

Eragon acenou positivamente e voltou sua atenção para a cena no momento em que ouviram o som de passos e de gravetos sendo quebrados, depois de alguns segundos Svider surgiu na orla da clareira, olhando timidamente a sua volta, como se pedisse permissão para chegar mais perto. Ele parecia bem melhor, e embora ainda estivesse mais pálido do que o normal, a sombra havia desaparecido quase completamente de seus olhos.

— Svider – Oromis saudou calmamente, os olhos ainda fechados.

O cavaleiro castanho estava prestes a dizer algo quando Oromis ergueu uma mão.

— Sente-se – o elfo prateado convidou, sem abrir os olhos.

O jovem respirou profundamente antes de adentrar na clareira e ajoelhar-se aos pés do mestre, colocando as mãos no colo e baixando a cabeça.

— Pensamentos turbulentos o cercam, criança. O que o incomoda agora? – Oromis interrompeu o silêncio novamente.

— Eu... Mestre, eu agradeço tudo o que você e Mestre Glaedr fizeram para mim, mas... se eu ficar por mais tempo, Galbatorix irá desconfiar, eu devo retornar. Já passei muitos meses longe sem dar notícia, não que eu não costume fazer isso, mas a fortaleza acabou de ser acabada e ele vai estranhar que eu não a tenha tornado própria para morar. – antes que Oromis pudesse dizer algo, Svider continuou – Não se preocupe, mestre, já tenho uma desculpa. Vou dizer que Deloi e eu saímos atrás de um bando urgal na Espinha e nos empolgamos na caçada, ele não vai desconfiar de nada. Mas será melhor eu voltar em breve e melhorar as chances de encobrir o que aconteceu.

— Por quê? Se ficasse aqui Galbatorix nunca mais o encontraria. – O mestre finalmente abriu os olhos, fitando Svider com melancolia.

— Eu sei, mas... Ele ainda é meu amigo, talvez ainda haja esperança para ele também. O senhor viu luz em mim e conseguiu me resgatar, por que não com Galb?

Oromis suspirou e colocou uma mão no ombro de Svider.

— Infelizmente Galbatorix não pode mais ser alcançado, filho. A loucura o atingiu sem qualquer influência de magia negra, e isso não podemos curar.

— Mas... – Svider mordeu o lábio inferior – Eu sei que ele ainda está lá. Eu sinto isso, mestre.

— Tem certeza? Talvez você deseje ver isso porque Galbatorix é o único amigo que lhe restou e você se culpa por ele ter chegado aonde chegou. Não deixe seus sentimentos levarem a melhor sobre você, criança.

— Então me faça jurar algo para garantir que eu não vou contar nada a ele. Se não confia em mim peça um pacto de sangue! Apague minha memória! Eu não posso ficar aqui enquanto ele adoece mais a cada dia. Mestre, eu posso tentar mudar as coisas! Por favor...

— Basta! – Oromis disse severamente – Será que você não entende que não sou eu quem está te prendendo aqui? A rainha não permitirá que você retorne, se tentar sair será morto!

Svider estava prestes a responder quando Oromis enrijeceu, seu rosto contraiu-se de dor e ele se inclinou para frente. Svider adiantou-se e o pegou antes que ele caísse, abraçando-o com força por vários momentos, até que a dor passasse e Oromis ficasse mole em seus braços, quase completamente drenado novamente. No céu, Glaedr rugiu ao sentir a agonia de seu cavaleiro, tentando passar a ele sua força.

— Eu sinto muito, mestre – o cavaleiro castanho sussurrou com a voz entrecortada, afrouxando o abraço e passando sua própria energia ao mais velho. – Isso tudo é minha culpa.

Oromis moveu-se um pouco e levantou a cabeça do ombro de seu antigo aluno, olhando-o com confusão e surpresa misturadas com dor. Uma lágrima escorreu pelo rosto de Svider ao ver seu antigo professor naquele estado.

— Como pode ser sua culpa? – Oromis sussurrou, franzindo as sobrancelhas.

— Eu apoiei Galbatorix naquela ideia maluca! Eu estava lá quando ele planejou emboscadas aos mestres, eu ouvi ele preparar a sua e não fiz nada! Eu poderia ter evitado tudo isso, o senhor poderia estar bem, e mestre Glaedr poderia ter as quatro patas! Mas eu não interferi... Eu... eu sinto muito, ebrithil. Por favor, perdoe-me... Por favor...

Garantindo que Oromis estava estável novamente, Svider se afastou e baixou a cabeça para esconder sua miséria. Ele sabia que não tinha o direito de pedir perdão, mas não conseguia se controlar. A culpa ameaçava sufoca-lo, todos os seus atos ameaçavam enterra-lo vivo e ele sentia que devia fazer alguma coisa para impedir isso. Mas se não conseguisse salvar a si mesmo, pelo menos Oromis e Deloi deveriam ser poupados do mesmo destino.

Se ao menos ele pudesse voltar no tempo...

Seus ombros tremeram levemente antes que ele conseguisse se controlar para não chorar.

Quando Svider estava prestes a se levantar, considerando-se indigno de estar frente a frente com Oromis, uma mão delicada acariciou seus cabelos carinhosamente, como quando ele era um jovem aprendiz de cavaleiro sendo consolado após um pesadelo.

Svider olhou para cima com medo do que poderia encontrar, mas acabou vendo tanta compaixão nos olhos de Oromis que se esqueceu de seu pesar.

— Você não era você mesmo, criança. – Oromis disse com um sorriso carinhoso, suas mãos seguraram o rosto de Svider para garantir que este o olhasse diretamente, enxugando as lágrimas com os polegares – Apesar de tudo o que você fez, ainda há esperança para você. E mesmo sem saber de tudo o que você passou, acho que posso começar a perdoa-lo agora.

Svider arregalou os olhos em estado de choque, fazendo Oromis rir um pouco.

— Agora ajude um velho quebrado a se levantar. Vamos procurar Brom e fazer um chá, o que acha? Chás são bons para acalmar o espírito e melhorar a dor.

Svider assentiu e começou a levantar.

A última coisa que Eragon ouviu antes que Svider adiantasse o tempo novamente foi um pensamento.

Estamos ambos quebrados, Mestre.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

Angela batia o pé repetidamente no chão e olhava com desaprovação para Svider, que vinha de um banho no riacho.

— A rainha está quase te arrancando a cabeça e você fica tomando banho! – ela disse irritada assim que ele estava ao alcance da voz.

— Olá para você também, Angela. – ele sorriu animadamente.

— Ora, poupe-me. Faça um favor para si mesmo e fique quieto, sim?

— Aconteceu alguma coisa?

— Oh sim. Muitas coisas. E o que você estava fazendo? Tomando banho! – ela bufou e o puxou pela manga da camisa, levando-o para uma clareira próxima dali.

Ele parou ao lado dela confuso.

— Escute. Ellesméra está em caos. Todos estão quase vindo aqui pessoalmente para te enforcar e arrancar as asas do seu dragão. A única coisa que os impede é seu respeito por Oromis e por mim, já que eu sou uma pessoa muito influente em tudo o que faço – ela disse a última parte com um sorriso, mas Svider não teve ânimo para acompanha-la – Mas o problema é que tenho que ir embora hoje.

— O quê?! – ele gritou.

— Silêncio! – ela ralhou – Assim todos na floresta vão saber que falei com você!... Enfim, devo ir encontrar Solembum, minha missão com você acabou. – ela ergueu uma mão antes que Svider pudesse protestar de novo – Você tem que ir embora o quanto antes. Quando eu me for somente Oromis ficará entre você e a morte certa, já que Glaedr e Brom não estão ajudando muito.

Svider baixou a cabeça, dividido entre ficar e ir. Ele sabia que teria que sair, mas Mestre Oromis precisava de uma cura, talvez ele conseguisse ajuda-lo. E talvez ele conseguisse ajudar Mestre Glaedr também, só precisava de tempo para pensar.

— Eu sei o que está pensando, filho, mas Oromis não vai aceitar sua ajuda. Tem coisas que não têm cura, você pode acabar piorando a situação dele, e aí não haveria lugar no céu ou na terra que os elfos não iriam encontra-lo.

Svider pareceu murchar, encolhendo-se como se toda a sua esperança estivesse sendo drenada.

— Eu entendo.

Angela sorriu melancolicamente.

— Seu destino não é dos melhores, Svider, mas no final, vai haver luz para você.

Eragon franziu a testa quando ela disse isso.

— Angela foi embora poucas horas depois, e eu nunca mais a vi. – o cavaleiro disse ao seu lado, com os olhos brilhando de tristeza.

— Mas o que ela quis dizer?

— Suponho que ainda vou descobrir, certo? Afinal, ainda não cheguei ao fim.

O tempo foi adiantado novamente e eles pararam em um fim de tarde ensolarado. O pôr do Sol já havia começado e lentamente as estrelas surgiam no céu.

— Este foi meu último dia na floresta, quase dois meses depois de minha chegada – Svider sussurrou ao lado de Eragon.

Deloi e Svider estavam sentados um ao lado do outro em frente à cabana, observando Glaedr e Oromis sumirem de vista enquanto rumavam para mais uma seção de cura em Ellesméra antes que os preparativos para a cerimônia começassem. Apesar de os curadores preferirem vir até os rochedos, Oromis era teimoso demais e insistia em ir para a capital quantas vezes conseguisse, como se para provar a si mesmo que não estava debilitado.

Brom saiu da cabana, levando uma espécie de ensopado para o outro cavaleiro, mas sua expressão de desgosto deixava claro que ele preferia estar em qualquer outro lugar. Grandes bolsas escuras estavam sob seus olhos, revelando seu cansaço e ele estava mais pálido do que Eragon se lembrava de vê-lo, a não ser... em sua morte.

Depois colocar o ensopado ao lado do renegado, Brom tentou se afastar o mais rápido possível, mas Svider o agarrou pelo braço e o impediu de se mover para mais longe.

— Me larga! – ele gritou, puxando o braço longe.

Svider, porém, não o soltou e usou a força do movimento para subir para seus pés e encarar Brom nos olhos. Ele era uns dez centímetros mais alto que o outro, e usou aquela diferença para paralisa-lo no lugar.

— Chega disso, Brom. Agora eu vou falar e você irá ouvir, certo?

— Você não tem nada a falar que eu queira ouvir!

— Você quem sabe. – Svider disse com um sorriso sombrio, Brom sempre fora teimoso, mas se atingisse a veia certa, ele conseguiria deixar o outro cavaleiro do seu lado – Eu só ia te dizer alguns pontos fracos de Morzan. Sei o quanto você o odeia. Talvez isso o ajude a mata-lo futuramente, confie em mim, iria fazer um favor a todos nós.

Brom ficou quieto, olhando para Svider com uma expressão desconfiada.

— Por que contaria algo sobre Morzan para mim?

— Acho que sem ele nos calcanhares do rei, conseguirei fazer Galbatorix me ouvir.

Além disso, Morzan é um dos renegados mais fiéis e que causa mais dor, as pessoas não merecem mais sofrer pelas mãos dele. Deloi comentou, atingindo um ponto crucial em Brom, já que ele mesmo foi uma vítima da crueldade do renegado.

De repente o mais jovem se afastou, balançando a cabeça, como se tentasse espantar um mosquito.

— Por que eu acreditaria em vocês?

— Porque nós estamos tentando ajudar! – Svider ergueu as mãos para o alto em frustração – Você, eu e Oromis somos os últimos cavaleiros que não caíram nas trevas, temos que fazer algo.

— Você não pode estar falando sério.

— Eu estou! Nós pensamos muito – Svider apontou para si mesmo e para Deloi.

E chegamos à conclusão de que você merece vingança.

— Podemos ajuda-lo a deter a crueldade dos renegados e de Galbatorix...

Já que estaremos entre eles, poderemos espiona-los...

— E passar as informações para você e a quem mais se unir à causa.

Isso se você aceitar.

Brom estacou no lugar, olhando de um para o outro com cautela.

— Eu não confio em vocês.

— Então sua vingança estará perdida. Morzan é astuto e versátil em magia das trevas. Se quiser fazer algo útil...

Para acabar com essa tirania, vai precisar...

— De alguém de dentro como cúmplice.

E nós somos os únicos que podemos ajuda-lo com isso.

Brom olhou-os com dor de repente.

— Eu e Saphira costumávamos completar as frases uns dos outros – ele sussurrou entrecortado.

Deloi e Svider se entreolharam surpresos, até que o cavaleiro tomasse uma decisão e colocasse uma mão no ombro de Brom, que não se afastou.

— Eu sinto muito por ela, Brom. Saphira foi uma das melhores, ainda lembro de como vocês se completavam – Svider sussurrou, mas ficou quieto quando o mais jovem ergueu a cabeça com uma chama de esperança em seu olhar – Eu não posso trazê-la de volta.

— Mas... Você sabe magia negra e...

— Exato, magia negra. Não tenho ideia do que pode acontecer a ela se eu a ressuscita-la. Você quer que ela sofra, Brom? – ele pressionou quando viu que o outro não tinha desistido – Não há garantia do que poderia acontecer a mente dela, e por mais que eu queira fazer isso com pessoas que eu me importo... eu não posso – Svider suspirou em tristeza tão grande que fez Brom se calar de vez – Elas devem ficar mortas, eu não vou correr o risco de machuca-la de novo.

—... Quem? – Brom perguntou hesitante.

— Uma... amiga, que se foi por minha culpa...

Brom baixou a cabeça e Svider suspirou de novo.

— Enfim, vou te mostrar no mapa onde pode nos encontrar – o cavaleiro castanho disse, rumando para a cabana.

— Mas depois do feitiço você não vai se lembrar...

— Vou me lembrar quando o vir. Agora pare de reclamar e venha!

— Que feitiço? – Eragon perguntou confuso. Olhando distraidamente para seu pai até ele desaparecer dentro da casa e tentando não pensar em Miwin naquele momento.

— Como você acha que eu tive permissão para sair daqui? – Svider sorriu melancolicamente – Venha, você vai adorar ver a recepção que tivemos em Ellesméra.

~~~~~~~~~~**~~~~~~~~~~

Elfos jogavam insultos para eles o tempo todo. Alguns se atreviam a lançar pequenos objetos pontiagudos, que não rompiam a pele, mas deixavam marcas rochas e doloridas onde quer que tocassem.

Svider e Deloi não olhavam para ninguém e mantinham as cabeças erguidas, nada parecia atingi-los, embora Eragon soubesse que isso era uma farsa.

Ambos caminharam para a clareira da Árvore Menoa. Suas folhas balançavam levemente, embora não houvesse brisa. Toda a floresta parecia vibrar em energia e vida. Eragon nunca tinha visto aquele lugar tão agitado, a não ser talvez no Agaetí Blödhren.

Oromis, Brom e Glaedr estavam postados nas primeiras raízes da grande árvore, olhando para os renegados com preocupação. Oromis parecia inquieto, movendo o peso do corpo de um pé para o outro. Glaedr rosnava no fundo da garganta, indignado com a atitude dos orelhas-pontudas, mesmo depois de tantos anos ele não os entendia completamente. Brom acenou positivamente para Svider, em uma demonstração de apoio silencioso.

A rainha Islanzadí estava algumas raízes acima, vestida com um vestido azulado que exalava superioridade. Em seu ombro estava o corvo branco Blagden, que estava surpreendentemente calado. Atrás da rainha estavam Maud, a menina-gata e duas figuras encapuzadas que Eragon não conseguiu identificar. Ele começou a virar a cabeça para todos os lados, procurando uma pessoa, mas não conseguia vê-la em lugar algum.

— Ela não está aqui, Eragon. – Svider disse com um sorriso sabendo no rosto, fazendo o mais jovem corar um pouco – Pelo que mestre Oromis me disse, Arya ficava nas fronteiras desde que o pai dela morreu, acho que você já sabe que ela não se dava muito bem com a mãe.

Eragon assentiu com a cabeça e suspirou um pouco decepcionado, mas voltou seus olhos para a cena.

Svider e Deloi pararam em frente à árvore, mas os gritos e insultos não pararam, e Islanzadí não parecia inclinada a para-los, foi somente quando Glaedr rosnou um tom mais alto, que a rainha bufou em resignação e ergueu as mãos. Imediatamente a clareira ficou em silêncio.

— Bom, hoje finalmente nos livraremos do incômodo de ter seres tão desprezíveis em nossa presença! E apesar de a morte ser a única recompensa justa a essas criaturas, aceitarei essa medida como garantia de que Galbatorix não se voltará contra nós caso um de seus renegados desapareça e a mostra de nossa bondade, com a condição de que os elfos serão deixados em paz, longe da tirania do rei louco! – a rainha disse com uma de forma energética. Ao seu redor, elfos começaram a gritar em acordo, ou em crítica, votando na morte dos renegados. Oromis baixou a cabeça decepcionado e Svider cerrou a mandíbula, cortando a resposta mordaz que queria falar.

A rainha não falou mais, querendo acabar com aquilo o mais rápido possível. Ela deu espaço para que as duas figuras atrás dela avançassem e não falou mais na cerimônia.

Ao ficarem nas primeiras raízes da árvore Menoa, as duas figuras retiraram seus capuzes, mostrando duas faces femininas idênticas, belas e vazias. Elas desprenderam os mantos e os deixaram cair. Não utilizavam nenhuma roupa por baixo, e Eragon reconheceu a tatuagem de dragão que as marcava como as guardiãs Iduna e Néya.

Elas pouparam um único olhar a Svider e Deloi antes que começassem a dança, ao longe tambores foram ouvidos, e Blagden soltou um estridente grito.

Wyrda!

As duas elfas dançaram em conjunto até que o espírito dos antigos dragões se desprendesse de seus corpos, ficando unido a elas somente pela ponta da cauda.

Eragon prendeu a respiração quando o dragão espectral voou rapidamente em direção a Deloi e Svider, que estavam paralisados lado a lado. O dragão enrolou-se a sua volta até que sua cabeça ficou de frente para as deles.

Os Arrependidos e Culpados, da treva à luz, da luz à treva.

Dizendo isso o dragão tocou a testa de cada um com a ponta do focinho, marcando-as com uma luz prateada.

Svider e Deloi caíram no chão, inconscientes, sendo amparados por Oromis, Brom e Glaedr.

Antes de a imagem desaparecer em névoa, Eragon ouviu os espíritos dizerem uma última coisa.

O Usurpador não pode ser ajudado, mas o Vencedor sim.

— Naquela noite eu acordei no meio do deserto sem saber ao certo o que havia acontecido. Nós retornamos para a fortaleza com a certeza de que havíamos sido curados por alguém familiar e começamos a montar nossa rebelião, embora não soubéssemos se estávamos sozinhos ou não. – Svider sussurrou, olhando para Eragon e finalmente entendendo o significado daquela frase.

O Vencedor será ajudado.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? E o que acham que vai acontecer a seguir?
Se houver algum erro de escrita, me avisem por favor, porque eu só tive tempo de revisar o capítulo uma vez, então deve ter passado alguma coisa.
Até mais^^



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