Eragon: Wyrda un Moi escrita por Arduna


Capítulo 10
Das Profundezas do Edoc'sil


Notas iniciais do capítulo

Olá cavaleiros! Não demorei dessa vez, não é?
Estava ansiosa para postar esse capítulo e espero que apreciem.
Boa leitura a todos^^



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Lira andava impaciente de um lado para o outro na proa do Talíta. Não havia nada que ela pudesse fazer para que o tempo passasse mais rápido e a ansiedade a corroía. Como odiava se sentir impotente em situações como aquela: com Eragon Matador de Espectros preso sob uma espécie de feitiçaria desconhecida e Bjartskular encontrava-se ferida em algum lugar do continente. E Lira não podia fazer nada.

Quanto mais rápido eles iam, praticamente voando sobre as águas do rio Edda, mais distantes as terras além pareciam. Já navegavam há pelo menos seis horas desde que os Eldunarí os informaram sobre o atentado à Saphira, mas o continente parecia tão distante quanto naquela hora. Era impossível que não estivessem fazendo progresso algum.

A elfa saltou de susto quando sentiu uma mão em seu ombro e preparou-se para atacar um inimigo em potencial. Ela retirou uma de suas facas da bainha e virou-se rapidamente apontando a arma para o pescoço de quem quer que fosse, mas parou rapidamente o movimento ao ver que Lifaen a observava com um sorriso no rosto. Ele não parecia se preocupar com a faca apontada para seu pescoço e ainda segurava o ombro de Lira.

– Que inimigo você acha que vai encontrar neste barco? A não ser que espere que o espirito do cavaleiro renegado venha para assombra-la – ele disse divertido, soltando o ombro dela e a olhando com solidariedade – Eu sei que está ansiosa, mas andar para lá e para cá no navio não vai ajudar em nada. Bjartskular voou mais rápido que uma flecha e mesmo assim demorou várias horas para chegar ao continente. O Talíta não pode velejar naquele ritmo, mesmo remássemos horas a fio com todas as nossas forças, portanto relaxe e tente achar algo para fazer.

– Eu já procurei. Não há nada para eu fazer. O mapa: já têm elfos o suficiente cuidando dele. Comida: não há nada a ser feito, Haldrir e Alissa já cuidaram disso. Reparos no navio? Nada. Remadores? O vento está ótimo não precisamos remar. Parece que todos estão ocupados, menos eu – ela disse com frustração guardando a faca de volta na bainha.

– Por que você não desenha? Sei o quanto adora desenhar, talvez isso te anime. A Passagem de Prata é um verdadeiro paraíso, ficaria perfeita em um desenho. – ele sugeriu com um sorriso. Realmente Lira não mudava, continuaria sempre aquela elfa ansiosa.

– Não é só fazer uma fairth?

– Não temos o material necessário para isso. Vamos lá, você vai se distrair – Lifaen pressionou gentilmente entregando a ela alguns pergaminhos, tinta e uma pena de cisne. Lira pegou tudo com uma alegria renovada, ela sempre gostara de desenhar e talvez aquilo a distraísse da preocupação com Matador de Espectros e Saphira.

– Obrigada, Lifaen. Você realmente pensa em tudo. – ela o abraçou e logo sentou-se na amurada no navio, que balançava um pouco, mas ela conseguiria desenhar sem nenhum problema.

No entanto, assim que molhou a pena na tinta, ela percebeu que não conseguiria desenhar a Passagem por causa da velocidade em que se locomoviam. Na hora ela ficou frustrada, arrependida por não ter desenhado nada antes, teria que voltar ali outras vezes para poder desenhar aquele paraíso. Lira olhou em volta pensativa. Seus olhos passaram por Lifaen, que lia um livro com capa azulada e ela decidiu desenha-lo, ele nem se movia enquanto se concentrava na leitura.

Ela começou a traçar riscos e sombras no pergaminho. Eles aos poucos formavam a forma do elfo de olhos lilases. Em poucos minutos o desenho estava pronto, feito com rapidez graças à prática que a elfa tinha, ela o guardou em sua bolsa com carinho. No entanto, Lira se arrependeu de ter desenhado tão rápido. O que ela faria agora?

Ela tomou a decisão de desenhar todos a bordo. Blödhgarm, que estava no leme e olhava para frente com os olhos amarelos cerrados em ansiedade pelo desconhecido, foi seu próximo alvo. Depois dele, Alissa, Haldrir, Allana, e todos os outros, inclusive Cuaroc, o guardião dos Eldunarí. Foi naquele momento que os olhos da elfa pousaram sobre Eragon. Ela hesitou, sem saber se deveria desenhar o cavaleiro. Boa parte dela dizia que seria um desrespeito, Lira o admirava muito para fazer algo do tipo, mas e se ele nunca soubesse? Ela estava entediada e isso a distrairia.

Com a decisão tomada sua mão se moveu devagar, tentando caprichar o máximo possível e desenhando com perfeição cada detalhe de Eragon e da espada marrom. Depois de vários minutos o desenho estava pronto e ela o escondeu rapidamente assim que viu o olhar de Blödhgarm sobre ela. Ele sorriu, mostrando os dentes afiados, mas não fez comentário algum.

Lira tentou rapidamente desviar sua atenção para outra coisa ou outro lugar e esquecer seu embaraço por ter sido flagrada, seus olhos pousaram no mar Edoc'sil, que brilhava em um azul profundo diante da luz do Sol que já começava a se por. Ela sempre fora fascinada pelo mar, como a maioria dos elfos. Ela adoraria desenhar aquele ambiente magnífico.

O sol estava em seu rosto enquanto ela desenhava o que conseguia do mar mais puro e límpido que já vira em toda a sua vida. Apesar da alta velocidade do Talíta, o desenho estava ficando razoavelmente bom, mas nem de perto o quanto ela gostaria que ficasse, reforçando sua ideia de que teria que voltar ali um dia.

Algo se ergueu da superfície lisa e profunda do mar.

Lira parou de desenhar por um momento observando a estranha forma na água, entretanto se tocou que muitos peixes nadavam naquelas águas, este não devia ser diferente. Mas algo naquela forma a incomodou profundamente. Ela estava prestes a dizer isso para quem estivesse mais próximo e virou-se, assustando com a proximidade que Lifaen estava dela, mas ele olhava fixamente para o vulto no horizonte.

– Viu aquilo também? – ela perguntou em um sussurro.

Ele fez um sim silencioso com a cabeça prestes a falar algo, mas logo um som profundo invadiu os ouvidos da elfa. Era uma canção, disso não havia dúvida. Uma bela canção em uma língua que Lira não entendia, mas ao ouvir aquele som seu corpo relaxou, a música parecia lhe trazer paz e tranquilidade de uma forma que ela não sentia desde criança. Lifaen suspirou e sentou-se ao lado dela, os olhos fixos no mar quase cerrados, ele parecia meio adormecido.

Lira notou que ela também estava sonolenta, devia estar cansada de todo o estresse que havia acumulado durante a viagem. Suas preocupações foram sumindo gradativamente, deixando sua mente calma como a superfície de um lago pacífico. Sua mão ficou frouxa e o desenho que havia feito do mar caiu na água doce do rio Edda, mas ela não se importou. Estava tudo tão calmo...

A canção reverberava cada vez mais forte e profunda ao seu redor à medida que o sol se punha e as estrelas banhavam o céu, piscando levemente e anunciando a chegada da noite. Tudo parecia tão calmo... Dormir era extremamente convidativo...

Lifaen segurou a mão dela com os olhos quase fechados, ainda fixos no mar. Ela não se lembrava de vê-lo tão tranquilo quanto estava naquele momento e ela se perguntou o que estava acontecendo. Seu corpo estava mole e sua mente não conseguia pensar direito, algo naquela canção... algo fazia isso, mas ela não conseguia parar de ouvir, nenhuma palavra na língua dos elfos, homens, anões ou urgals poderia descrevê-la... Nenhuma canção se compararia àquela.

Lira tombou cansada para o lado e apoiou sua cabeça no ombro de Lifaen... Seus olhos foram fechando aos poucos, e a canção a envolvia completamente ela nunca havia sentido tanta paz em sua vida... No entanto aquele pressentimento ainda a atingia.

A silhueta na superfície do mar, que estava parada desde o momento em que a canção começara, começou a se mexer assim que a lua surgiu no céu, lançando sua luz prateada na água. Ondas começaram a se formar batendo ruidosamente nas paredes da Passagem de Prata. O ser estranho moveu-se e começou a nadar para perto do barco. Nenhum som vinha do Talíta.

Naquele momento a elfa teve absoluta certeza de que algo estava errado. Ela se esforçou para levantar a cabeça e viu que Lifaen ainda olhava fixo para o mar... Fixo demais.

– Lifaen... – ela sussurrou, esforçando-se ainda mais, pois o desejo de ficar ali, somente aproveitando a canção era enorme... Seria tão fácil, ela começou a ceder novamente, mas seu senso de urgência a acordou novamente. Algo naquele bicho do mar estava errado. Eles corriam perigo...

A proa do Talíta chocou-se contra as colinas de diamantes. O som de madeira se quebrando encheu o ar e Lira sentiu-se subitamente desperta e alerta. Com o choque ela e Lifaen haviam caído para trás, mas ele não mostrava sinais de que estava acordando do transe. A elfa olhou desesperada para o navio, vendo a água entrar. Por que haviam batido?

Blödhgarm estava caído sobre o leme, em um sono profundo, na verdade todos os elfos estavam adormecidos ou em transe... E os Eldunarí estavam anormalmente calados... A canção tomou nova intensidade e Lira quase caiu, mas então ela viu o rosto de Eragon. Ele havia caído sobre a madeira do convés, embora sua mão segurasse firmemente o punho da espada, ela não podia deixar que nada acontecesse com ele. Depois olhou para os ovos, eles precisavam ser protegidos. Cuaroc estava silencioso em seu local de descanso no navio, também sob o efeito da música.

Grandes dragões... Ela chamou, mas os Eldunarí não responderam, era quase como se não estivessem ali, suas mentes estavam adormecidas.

Eles tinham que sair dali... O mais rápido possível.

Blödhgarm murmurava alguma coisa sobre o leme, mas Lira não conseguia entender o que ele dizia, por isso se aproximou cambaleando e lutando contra a crescente ânsia por deitar-se e dormir e encostou seu ouvido nos lábios do elfo.

– O que disse Blödhgarm-elda?

– Vire... vire o barco – ele sussurrou fracamente.

– Mas a água...

– Se continuarmos nos chocando contra a pedra não conseguiremos concertar o barco... vire-o. – Blödhgarm sussurrou um pouco mais forte desta vez. Os olhos amarelados estavam turvos e pesados, mas ele s esforçava para abri-los.

Lira retirou-o delicadamente de cima do leme e o depositou no chão. Ela segurou o leme firmemente, orando a todos seres da floresta que ela conhecia e não conhecia para que não estragasse tudo. Suas mãos tremiam, mas ela se forçou a se acalmar. A canção ainda soava, mas a elfa se esforçava para ignorar o som. Virou o leme levemente e a proa rompeu o contado com a parede de diamante, voltando-se para o centro do rio. Vendo que estavam fora daquele perigo ela amarrou uma corda no leme para mantê-lo no lugar. O vento havia parado e o Talíta ficou flutuando pacificamente nas águas calmas.

Ela suspirou, mas logo foi tomada pelo horror quando a canção mudou de tom: de calma e pacífica, para ameaçadora e repleta de ódio. A elfa não conseguiu resistir e caiu de joelhos tampando os ouvidos. Nenhuma palavra da língua antiga veio a sua mente para tapar o som, como se ela estivesse drogada. Sua cabeça explodiu em dor e seus olhos reviraram, deixando-a inconsciente por breves segundos.

Blödhgarm gemeu de dor e se contorceu no chão. Os eldunarí rugiram alarmados, mas pareciam tão impotentes quanto ela. Os filhotes se contorceram em seus ovos. Todo o Talíta gritou em agonia com elfos se contorcendo de dor e medo, nunca haviam sentido tamanho horror. Lifaen gritou e seus olhos se arregalaram em surpresa, ele a olhou por alguns momentos, mas logo seus olhos se fecharam quando a canção de ódio aumentou de intensidade. Ela não conseguia suportar ver o amigo daquele jeito.

O único que continuava calmo e sereno era Eragon, ainda com a mão na espada ele respirava calmamente, alheio a tudo o que acontecia a seu redor.

Lira gritou de dor, desejando subitamente arrancar suas orelhas, qualquer feitiço que ela conseguisse pensar não seria suficiente, pois ela não tinha concentração para lança-lo e sua consciência aos poucos a deixava.

Foi então que uma voz rouca, provavelmente pela falta de uso, mas mesmo assim bela, soou ameaçadoramente, gritando tanto quanto a canção, de forma que Lira não tinha certeza se ela estava em sua cabeça ou não.

– Não deviam ter vindo aqui! Retornem para a Alagaësia, que é seu lar, e nunca mais voltem!

E quem é você que nos ameaça? Mostre-se! Umaroth gritou, conseguindo, finalmente, recuperar o controle sobre si mesmo.

Como se respondesse ao chamado a superfície do mar Edoc'sil explodiu em espuma branca, que só não os molhou pela proteção das colinas de diamantes. Um ser enorme e ameaçador veio a tona. Asas cobertas por escamas de um vermelho cobre reluziam a luz da lua. Garras brilhantes e prateadas adornavam as duas patas traseiras da criatura, as patas dianteiras eram as asas, por onde era possível ver três garras brancas de cada lado, como se fossem grandes dedos e as assas fossem finas membranas entre eles. O pescoço era comprido e repleto de cores que pareciam brilhar em tons de verde e dourado. Havia uma cauda tão longa quanto o pescoço e colorida com as mesmas cores em padrões intrincados. A cabeça era pequena e triangular, repleta de escamas negras e os olhos eram de um azul profundo como o oceano. Não havia dentes, mas isso não o tornava menos ameaçador. A criatura rugiu ameaçadoramente e Lira sentiu seus olhos revirarem de pavor.

No entanto ela ainda teve um pouco de consciência para distinguir um ser montado no pescoço da criatura. Não era possível discernir os detalhes pela escuridão da noite, mas a forma era humana. Um grande bastão estava nas mãos do bípede e os olhos, a única coisa nítida naquele ser envolto pela sombra, brilhavam ameaçadoramente.

– Foram avisados. Retornem para seu lar ou seus corpos desaparecerão das profundezas do mar do Mar Oculto! – o bípede gritou erguendo o bastão acima da cabeça e apontando para o barco élfico.

Lira havia se erguido um pouco, mas parou e gritou quando mais um rugido se fez soar. O monstro voou rapidamente e sua mandíbula agarrou o mastro do Talíta, arrancando-o com um puxão violento, as velas caíram descontroladamente no convés, e eles balançaram perigosamente de um lado para o outro. Mais água entrou.

Depois daquilo a criatura mergulhou no oceano do outro lado da passagem em uma explosão de água sendo lançada para todos os lados, sumindo de vista e levando o mastro junto. Assim que a superfície ficou calma novamente Lira não aguentou mais, ela caiu no chão novamente perdendo os sentidos antes que sua cabeça batesse na madeira do convés.

No céu, a lua e as estrelas brilhavam... Ao longe uma nova canção pacífica foi ouvida.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Que hipóteses vocês têm em mente?
Nos vemos em breve!
Sé onr sverdar sitja hvass.



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