Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 72
2º Ano


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está gigante, compensação pela demora. :)



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As aulas são pesadas e o conteúdo para estudar acumula-se como uma bola de neve em sua mesa. Livros e mais livros, crescendo uma pilha que alcançaria o teto. Ele estuda bastante, no final do seu primeiro ano tinha sido o aluno com melhores notas da classe. Entretanto, o segundo ano não estava dando muita moleza.

            Volantis é gigantesca e bonita. As tatuagens são comuns nessa terra. No passado simbolizavam escravidão, mas depois do movimento rebelde de algumas décadas atrás, onde filmes sobre jovens se rebelando contra o sistema ganharam o gosto do público, as tatuagens receberam uma nova simbologia. O desenho era uma representação para algo que estava no seu interior, algo que queria desesperadamente se libertar.

            Ele passou o primeiro ano sem fazer nenhuma tatuagem, por mais que seus colegas de classe tivessem ótimas idéias. No entanto, no verão do segundo ano, Jon apareceu na porta do seu pequeno apartamento. Eles riram, conversaram e beberam. Seu primo desabafou sobre seus problemas amorosos, Jon era cheio deles. Ygritte, a ruiva que partiu seu coração, continuava em Porto Real, com seu sorriso sedutor e olhos maliciosos, Jon também disse que seu coração não batia do mesmo jeito que antes por ela, mas havia um tipo de saudade – um sentimento masoquista ele explicou –, que o fazia ir aos lugares que ele sabia que ela estaria.

            - Ela diz que costumava me ver em todos os lugares. Que eu tomava a forma de uma musica, de uma comida, de um filme, do mesmo jeito que ela era para mim.

            Robb o aconselha a ficar longe dela. Ygritte é problema.

            Depois ele fala de Arianne Martell. Todo mundo já tinha sido meio apaixonado por Arianne. Ela era linda, divertida e com um sorriso capaz de fazer homens e algumas mulheres se perderem completamente. Robb não entende o motivo do seu primo se opor a Arianne, ela é um sonho personificado. Ele responde que não gosta dela desse jeito, Robb o chama de louco e diz que deveria dar uma chance, coisas incríveis acontecem quando se dá uma chance.

            Por fim Jon conta sobre uma garota misteriosa. Ela tem problemas com a família e ele tem esse sentimento de querer protegê-la. A tal garota é uma boa pessoa, ele conta, ela é bonita e gosta dele. Ele sabe que ela gosta. Robb pergunta então qual o grande problema com ela.

            - É complicado.

            A resposta dele o faz revirar os olhos.

            Mais tarde, naquela mesma noite, Robb descobre que Aegon também viajou com Jon. O rapaz está diferente do que Robb se lembra. Seu sorriso está lá, mas ao mesmo tempo não está. Jon sussurra no seu ouvido que seu irmão está provando um pouco do próprio veneno. Robb ri, mas também se sente mal.

            Coração partido é uma droga. Ele sabe.

            Os três rapazes acabam parando em um bairro boêmio da cidade. Tem lojinhas para turistas – em uma delas Aegon comprou uma daquelas camisas ridículas com um coração e o nome da cidade –, restaurantes onde se pode comer pratos com beterraba doce e estúdios de tatuagem. Vários deles.


(Aegon entrou em um dos estúdios, ele já estava bêbado. Implorou para que Jon o deixasse tatuar um nome em suas costas. Seu primo não permitiu, e os dois precisaram puxá-lo para longe. Depois foi necessário discutir o motivo de porque ir até o templo do senhor da luz bêbado provavelmente não era uma boa ideia.)

            No ultimo estúdio Robb criou coragem e entrou. Aegon não pensava mais em tatuagem, agora ele falava em encontrar uma moça bonita e levá-la em um encontro. Um encontro de verdade, nós vamos dormir e eu vou poder fazer café para ela no dia seguinte, ele disse firme e então foi até o balcão jogar charme para recepcionista que tinha uma lagrima tatuada no inicio do decote.

            Jon pergunta se ele tem certeza sobre isso. Tatuagens são para sempre. Ele tem certeza.

            Meia hora depois está sentado na cadeira onde o tatuador indicou. Robb pensa sobre que desenho deve fazer. Primeiro imagina três pares de olhos, um castanho, um dourado e um verde. O poema Lyseno que ele leu nas aulas lhe vem na cabeça, todas que amei. Desiste, parece sentimental demais. Por fim, ele se depara com um desenho no caderno do tatuador. O homem explica que representa uma antiga historia sobre uma rainha amada por poucos e odiada por muitos. O desenho é de uma garota, não parece ser muito velha, que está segurando firmemente sua coroa na cabeça, o ouro derrete e escorre, formando bonitos cabelos dourados. Ele pensa em alguém quando vê essa imagem.

            - Você terá que voltar para terminar.

            - Tudo bem. – responde.

            Jon arqueia a sobrancelha quando vê o que ele fez.

            - É sobre uma historia antiga. – Robb se defende.

            - Certo. – Jon responde sem dar muito credito.


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Tommen agarra o celular quando ele toca e consegue escapulir do quintal bem cuidado da sua mãe. Quase toda a família está lá. Seus tios avós, seus tios normais, seus primos. Tio Jamie e sua mãe tiveram uma de suas conversas estranhas de manhã, Tommen ouviu uma pequena parte – mesmo sabendo que é errado –, sua mãe falou sobre um segredo que jamais poderia vir à tona. Ele tinha ouvido algo parecido antes.

            Não pensou nesse tal segredo ultra-secreto, sua mente estava focada em olhar para o celular e esperar. Borboletas estavam fazendo uma festa na sua barriga. Tia Gemma escolheu Myrcella como vítima para suas perguntas indiscretas. Começou o clássico, e os namoradinhos, para saber sobre, o rapazinho Martell com quem você anda tanto. Myrcella cora como um tomate e diz que Trystane é só um amigo que partilha seu amor por Cyvasse. Sua tia sorri como se soubesse de algo que ninguém mais sabe.

            O celular tocou no momento em que tio Tyrion e sua esposa, Tysha, estão mostrando as piruetas da pequena Lana. A menina está rodopiando com seu tutu e ela até corre para o avô – que está com sua cara fechada habitual – e ergue as mãos querendo colo. Ninguém resiste a Lana, nem mesmo Tywin Lannister.

            Tommen pegou o celular e saiu de fininho, sem chamar atenção. Ele entra na casa, passa por Joy e Damon que estão discutindo de novo, passa por Joffrey que está mandando os dois calarem a boca, e então entra na cozinha. Ele está sozinho.

            - Alô. – diz Tommen sem conter o sorriso.

            - Sobrevivendo? – Rickon pergunta.

            É estranho pensar sobre o modo como sua barriga dá saltos quando ele fala com Rickon. Esses tipos de sensações aconteciam com Russell, ele tentava mantê-las sob controle e quando achava que conseguia bam, o garoto fazia algo que trazia tudo de volta. Rickon, com sua língua descarada e sorriso desafiador foram mudando isso, aos poucos. Tommen nunca pensou que um dia estaria no telefone, conversando com o irmão mais novo de um de seus melhores amigos, sentindo tudo aquilo que costumava sentir por outra pessoa.

            Ele ainda não contou para Rickon sobre as mudanças. Os dois estão namorando, oficialmente, mas ninguém sabe. O Stark provavelmente acha que seus sentimentos ainda estão conflituosos. Não mais. Tommen sorri e lembra de quando percebeu isso.

            Foi antes de Rickon viajar para Winterfell. Os dois se encontraram no lugar de sempre – a biblioteca da cidade. Ele estava sentado na mesa, lendo um livro de terror, quando o notou se aproximando. Naquele momento foi como se uma banda de rock estivesse fazendo um concerto no seu estomago, como se seu coração fosse uma bomba relógio prestes a explodir, como se seu cérebro se transformasse em água e escorresse pelos seus ouvidos. Tudo ao redor de Rickon se desfazia até existir apenas ele.

            Que meloso, pensou rindo. O outro reviraria os olhos se pudesse ler seus pensamentos e o mandaria parar de ler romances.

            - Está ai? – Rickon insiste do outro lado do telefone.

            - Estou. – ele responde. – Winterfell está legal?

            - Sansa está namorando, tenho quase certeza. Eu a vi desenhar corações e escrever nomes, do mesmo jeito que ela fazia com seu irmão. Ela já está prestes a completar vinte e um e continua fazendo essas coisas. – ele riu, Rickon era uma peste como irmão mais novo. – Eu fui ler os nomes, foi um tanto estranho, ela escreveu dois.

            - Pode ser o nome do meio. 

            - Harry Willas, não gostei da combinação.

             - Mais alguma coisa?

            - Arya está ligando para Gendry agora, eu apostei com Bran que eles vão se pegar quando a gente voltar para Porto Real.

            - O que Bran apostou?

            - Que nossa irmã vai continuar fiel aos seus votos de não se relacionar com meninos pelo resto do ano. Eu vi as fotos do seu irmão, aquelas na praia, com aquele corpo eu duvido que Arya vá resistir por muito tempo.           

            Tommen cora e sente um pouco de ciúmes. Ele não tem aquele corpo.

            - Então você gostou do corpo dele? – olha para os cantos, querendo ter certeza que ninguém o ouviu.

            - E quem não gosta? – Rickon ri. – Você está com ciúmes? É uma boa troca para variar.

            - Não estou não.

            - Agora está soando exatamente como eu.

            Os dois riem. Tommen suspira e se encosta-se ao balcão da cozinha. Ele precisa falar aquilo antes que perca a coragem.

            - Eu decidi. – diz der repente. Do nada, respirar se torna bem difícil.

            - O que?

            - Depois da formatura.

            - O que será depois da formatura?

            - Contar para todo mundo.

            O celular cai no silêncio. Ele é capaz de ouvir a risada de tio Kevan, sua mãe e tio Tyrion brigando, Damon e Joy discutindo na sala. Seu coração vai explodir e suas mãos não vão parar de tremer.

            - Contar sobre você e sobre nós para todo mundo?

            - Sim.

            Mais uns segundos de silêncio.

            - Sua formatura ou minha formatura.

            Ele prende a respiração.

            - Minha formatura.

            - Então no fim desse ano...

            - Sim.

            - E todo mundo vai ficar sabendo.

            - Essa é a ideia.

            - E eu vou poder esfregar na cara daquela cenoura que você é meu.

            - Você está parecendo um doido possessivo dos livros da minha irmã.

            - E eu também vou poder mandar ele se mandar.

            - Ele é filho da melhor amiga da minha mãe, vamos tentar manter isso civilizado.

            Rickon ri.

            - Eu tentarei manter civilizado contanto que ele não venha com suas gracinhas.

            - Ele não virá porque todo mundo vai saber sobre nós dois.

            - Eu gosto como isso soa. – Tommen pode imaginar Rickon exibindo o sorriso mais presunçoso que um garoto de dezesseis anos pode exibir. – Mal posso esperar.

            - Eu também.

            Ele não conta sobre os seus sentimentos. Sobre como tudo passou a ter um novo significado. Esse tipo de coisa você fala pessoalmente, não por telefone.


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Shireen agarra Edric e o puxa para uma sala vazia. Obrigada Deuses por essa sala vazia, ela o puxa para um beijo e fica toda feliz quando ele retribui. Os dois não estão namorando ainda, mas é uma questão de tempo. Seu pai anda alegrinho ultimamente – ou tanto quando Stannis Baratheon pode ser alegrinho –, o trabalho anda magicamente bem e tio Robert decidiu tirar férias, o que significa que a empresa se tornará uma ambiente mais agradável.

            - Alguém pode nos pegar. – Edric a afasta delicadamente.

            - O mundo inteiro sabe sobre nós dois, só os nossos pais que são cegos.

            Ele cora.

            - Eu não gosto de esconder isso deles.

            - Eu sei. – ela pensou que a universidade poderia trazer um lado mais selvagem do seu primo, mas o garoto certinho permanecia firme e forte. – Nós vamos contar em breve.

            - Seu pai vai me matar.

            - Não exagere. Ele vai gostar, eventualmente, acho que você é o único cara que passaria no seu teste de qualidade.

            Edric dá um de seus sorrisos, eles são de tirar o fôlego. Ela não resiste e o puxa para mais um beijo. Em breve ele terá aula e ela também, mas os dois acabam por ficar naquela sala.

            Dane-se a aula.


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Sansa chega ao apartamento de Jeyne ás duas da tarde. Sua melhor amiga tinha entrado com um requerimento na universidade por um apartamento ao invés dos velhos e bons dormitórios. Não era grande, mas tinha dois quartos, um para ela e Theon e o outro para o bebê. Ela senta no sofá quando Jeyne aparece segurando a pequena Yara.

            - Não sei como agradecer. – Jeyne senta do seu lado e lhe entrega a menininha.

            - Tudo pela minha afilhada. – Sansa responde estendo um dedo para que Yara o circulasse com suas mãozinhas. – Ela é tão linda.

            - Parece com Theon. 

            Isso é tão estranho, pensou. Sua melhor amiga tinha um filho de Theon Greyjoy. Ela jamais adivinharia isso quando eram meninas.

            - Espero que não pareça tanto assim – seu comentário traz algumas risadas. – Vá para sua aula, eu vou ficar aqui de babá com essa coisa linda.

            - Você chamou Harry? – Jeyne pergunta pegando a bolsa no balcão da cozinha. – Ou Willas?

            Sansa cora. Ela tinha contado para Jeyne sobre sua situação há três meses. Primeiramente sua amiga ficou chocada, depois confusa e agora dizia que ela era uma maldita sortuda por ter dois homens incrivelmente lindos na sua cama. Não é bem assim, ela tinha argumentado, mas na verdade era algo parecido. Eles continuavam com aquela coisa maluca, saiam casualmente fingindo que não era um tipo de encontro a três e passavam alguns fins de semana no apartamento de Willas. Estava cada vez mais difícil fingir que aquilo não tinha se tornada nada.

            Uma hora eles teriam que conversar.

            Mas não hoje.

            - Eles foram assistir um filme.

            - Sozinhos?

            - Sim. – respondeu. – Eles gostam desse gênero de terror nojento e eu odeio. Então eles vão juntos assistir. Não me olhe com essa cara, nós não fazemos tudo os três juntos.

            - Você não tem... Hum... Ciúmes?

            Ela nem chegou a desviar o olhar da menininha que estava sorrindo na sua frente tentando alcançar o seu cabelo.

            - Não exatamente. – Sansa apontou para a porta. – Vá embora Jeyne, eu e Yara vamos começar nossa tarde de garotas.

            Jeyne riu.

            - Certo... Certo. – antes de passar pela a porta, sua amiga fala pela ultima vez. – Não grite com Theon no telefone, ele vai ficar ligando, mas só por que é um pai cuidadoso.

            Sansa revira os olhos.

            - Por que ele é um chato.

            A porta se fecha em meio às risadas de Jeyne.

            - Vamos começar a festa? Soube que tem um menininho de dois anos do prédio, podemos chamá-lo, mas não conte ao seu pai, ele é insuportavelmente ciumento. – Yara ri como se estivesse concordo. – Boa garota. Quando você crescer vou lhe ensinar a quebrar algumas regras, toda garota precisa saber disso, mas por hoje vamos nos limitar a preparar sua mamadeira e provar vestidinhos.


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A festa da empresa iniciou cedo nesse ano. Domeric estava se sentindo um pouco deslocado até que Mya Baratheon apareceu do seu lado. A filha do chefe lhe entregou uma taça de champanhe sorrindo.

            - Você precisa se misturar mais Bolton.

            Ele riu.

            - Eu já me misturei o bastante. – respondeu. – A senhorita Baratheon não tem ninguém para cumprimentar?

            Ela arqueou a sobrancelha e deu um sorriso de lado, muito parecido com o que seus irmãos exibiam.

            - Estou mais interessada em saber quando você vai arranjar coragem de convidar a tal garota bonita em quem está interessado.

            Ele sentiu as mãos suarem e o coração acelerar, mas conseguiu esconder os sinais do nervosismo e mascarar tudo com um sorriso tranquilo. Mya tinha se tornado uma amiga para ele desde que começou a trabalhar na empresa, os dois conversavam bastante nos intervalos.

            A verdade é que Domeric é apaixonado por Mya e em um momento estúpido confessou seus sentimentos, mas na hora dizer que eram por ela, ele falhou e inventou uma garota aleatória. Mya Baratheon é a filha mais velha de Robert Baratheon, muitos dizem que é a predileta dele, Domeric é apenas um homem fugindo do pai com um irmão mais novo se metendo em problemas todos os dias.

            Ela consegue melhor.

            - Eu tenho a impressão de que ela não vai gostar muito de mim. – respondeu.

            - Então ela é uma idiota, quem não gostaria de você? – Mya piscou para ele.

            No meio do salão os outros Baratheon faziam seu show. Bella dançava com um rapaz moreno – Quentyn Martell? Ele não conseguia se lembrar –, Gendry tinha Arya Stark em seus braços, o jovem Edric sumiu com a prima, os gêmeos deviam estar aprontando alguma coisa em algum lugar. Ele também avistou Robert Baratheon rindo ao lado do seu amigo de longa data, Eddard Stark.

            Mya era de longe a mais interessante da família e ela estava tão perto que precisaria apenas se inclinar para beijá-la. Obviamente ele não poderia fazer isso.

            Jamais.

            - Eu vou continuar te ajudando, nossos encontros testes vão servir para quando você sair com ela.

            - Não precisa fazer isso.

            - Eu quero fazer isso. – ele corou. Como será que ela reagiria se soubesse que aqueles encontros testes na verdade eram como encontros verdadeiros para ele? – Meu pagamento será a posição de madrinha no dia do casamento.

            - Não se preocupe, você estará em destaque quando eu me casar.

            De preferência com um vestido todo branco e andando em direção do altar.


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Ele abriu a porta do quarto de Dany e viu algo que não devia. Jon Targaryen estava por cima da garota, eles se beijavam intensamente e vestiam apenas as roupas de baixo. Deuses! O casal o notou quase que imediatamente, por meio segundo ninguém falou nada, mas depois houve um constrangimento geral. Harry fechou a porta bruscamente e lá dentro os dois começaram a botar a roupa.

            Minutos depois Dany foi encontrá-lo do lado de fora.

            - Algum problema?

            - Sim.

            Ela saiu fechando a porta atrás de si.

            - Que tipo de problema.

            - Você lembra quando eu disse que iria sair com Willas?

            - Sim.

            - Nós estávamos assistindo um filme e marcamos de encontrar Sansa em um café lá perto.

            - Então vocês já admitiram que essas coisas que estão fazendo é um relacionamento? Sabia que existe união estável para casais poligâmicos em Westeros?

            Harry revirou os olhos.

            - Sim, eu pesquisei e não, Sansa e Willas não admitiram nada no momento, o que significa que quem vai se ferrar em um futuro próximo sou eu, mas de qualquer maneira, esse não é o caso.

            - Então qual é?

            - Nós encontramos Sansa, estávamos conversando até que ela recebe uma ligação. A amiga dela teve uma emergência e pediu para Sansa ficar com a filha dela, nós fomos até o apartamento da garota, eles vivem em um condomínio onde um monte de estudante também mora... Voltando, nós fomos até lá e ficamos no apartamento da amiga, mas então Sansa e Willas também tiveram emergências e eu fiquei responsável pelo bebê.

            Dany estava segurando o riso.

            - Meu plano era levar Yara até Randa, mas ela estava ocupada e agora tem um bebê na sala da sua fraternidade e eu preciso de ajuda para trocar fraldas.

            - Eu não sei trocar fraldas, mas conheço alguém que é muito bom nisso.

            Cinco minutos depois, no balcão da área de serviço, Harry observava Jon tirar a fralda da pequena Yara enquanto ele conversava com ela e a fazia rir. Dany estava mais do que certa quando disse que o seu sobrinhoficantealguma coisa que ele não entendia era ótimo com bebês.

            Dez minutos depois, Harry estava confortavelmente sentado com ao lado da Targaryen no sofá, com um copo de chocolate quente nas mãos. Jon se deitou no tapete felpudo cor de rosa – horrível, mas Dany disse que as outras garotas insistiram em ter –, ergueu Yara e começou a fazer sons estranho que deveriam ser a imitação de um avião. A menininha estava rindo encantada enquanto fingia que voava.


(A calma reinava agora, mas ele tinha passado uns dez minutos jurando para Dany que não contaria o que viu para ninguém e logo depois Dany precisou de mais dez minutos para convencer Jon de que Harry não abriria a boca.)

            - Ele não é incrivelmente fofo? – ela sussurra no seu ouvido.

            - Ele não é seu sobrinho?

            - Não é como se fossemos irmãos. – Dany se defende. – Eu pesquisei. Só é crime se for irmãos ou pais e filhos.

            Harry não conseguiu evitar a careta.

            - Isso é estranho.

            - Falou o cara que está em um rolo com duas pessoas ao mesmo tempo.

            Ele colocou o dedo indicador nos lábios pedindo para que ela não falasse mais nada, depois olhou para Jon, o rapaz não tinha ouvido nada, ainda brincava distraidamente com Yara.

            - Eu não estou em posição de achar nada estranho. – diz finalmente.

            - Nenhum de nós dois está.


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Rickon não estava nervoso, mas o modo como Tommen tremia do seu lado estava abalando sua calma. Foi ideia do Lannister levá-lo como par para seu baile de fim de ano, os dois foram alvos de muitos olhares, mas Rickon pôde ignorá-los com classe. Já seu namorado foi outro caso. Ele estava nervoso... Muito nervoso. As coisas ficaram mais fáceis quando Doreah Martell apareceu animada com o fato de eles serem de conhecimento público.

            Damon apenas sorriu e fez um gesto de apoio. Bran estava mais perdido do que um urso branco no meio de um deserto. Foi engraçado explicar que os dois estavam juntos há um tempo – e que ele nunca tinha notado nada.

            - Então em todas aquelas vezes que o Tommy foi dormir lá em casa e eu acordava de noite e vocês tinham sumido... Vocês não estavam bebendo água!

            Tommen estava pronto para inventar uma desculpa, mas Rickon foi mais rápido e respondeu:

            - Não.

             Russell foi uma das melhores partes da noite. Ele estava sério e quando veio falar com eles mal conseguia fingir um sorriso descente. Foi bastante gratificante vê-lo sem saber como agir. Também foi um pouco perturbador ver o tamanho da tristeza que existia nos olhos dele, mas Rickon não pensou muito tempo nisso.

             No meio do baile o celular dos dois começou a tocar.

            Os dois se afastaram dos outros adolescentes e foram atender em um lugar quieto.

            - Oi Cella. – Tommen estava mais pálido do que de costume. – Mamãe sabe?... Ela está bem com isso? Sério?... Vai ser só questão de tempo até que nosso avô descubra, todo mundo está postando foto, tenho certeza que Joff deve ter mandado para ele... Eu sei... Também te amo.

            Ele desliga.

            - Minha mãe e meus tios viram as postagens, está todo mundo enlouquecendo o celular da minha irmã. Aparentemente tia Gemma nos acha um casal fofo.

            Rickon sorriu como resposta e atendeu a ligação de Sansa.

            - VOCÊ E TOMMEN? É SERIO? – sua irmã estava gritando e ele precisou afastar o aparelho do ouvido. – Que maravilhoso. Vocês formam um casal tão lindo.

            - Não precisa me deixa surdo.

            - Rickon está apaixonado, Rickon está apaixonado... – isso era Arya cantando de fundo. Rickon revirou os olhos.

            - Diga a Arya que ela está sendo ridícula.

            - Meu irmãozinho está apaixonado, que coisa maravilhosa. Você tem bom gosto, o Tommen é muito bonitinho. – Sansa deu um gritinho animado. – Mamãe mandou dizer que Tommen é um bom garoto e que aprova, mas agora as regras para dormir em casa mudaram, você vai dormir com a Arya quando ele vier.

            - Isso é duplamente ridículo.

            - Não é não baby Rickon.

            - Pare de me chamar assim.

            - Rickon está apaixonado, Rickon está apaixonado...

            Ele desligou quando a cantoria de Arya recomeçou.

            O celular de Tommen voltou a tocar. O nome Tyene Martell brilhou na tela.

            - Oi Tyene... Ele já sabe?...  Eu imaginei que ele fosse dizer isso, certo... Vou voltar para a festa... Até mais. – o loiro desliga corado. – Oberyn disse que sua presença no próximo jantar é obrigatória.

            Os celulares tocaram. De novo.

            Os dois riram.

            - Vamos voltar, senão terminaremos a noite falando com parentes. – Tommen pegou sua mão e apertou.

            - Sim, vamos. – ele respondeu.



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Notas finais do capítulo

Comentários são apreciados - muito :D
Beijos ;*



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