Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 71
1º Ano


Notas iniciais do capítulo

Vários pontos de vista hoje :)
Esse capítulo, como vocês podem presumir pelo título, se passa no primeiro do salto de três anos.
Espero que gostem.



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Theon sempre ficava nervoso na hora da consulta. Talvez seja por que o pai de Jeyne insistia em acompanhá-los e ele sempre lhe lançava um olhar de ódio mortal, ou talvez seja o medo de que algo estivesse errado. Jeyne é quem sempre estava mais calma, sempre sorrindo quando a médica lhe contava sobre o bebê.

Hoje a consulta seria especial.

Era o dia de saber o sexo.

Por causa disso não apenas o senhor Poole veio, mas como também sua esposa, Asha e sua mãe. Sendo que esta ultima não parava de sorrir animada com a idéia do bebê – o que era um avanço desde que ela quase o matou quando soube que ele seria pai.

– Boa tarde. – disse a médica simpática. – Todo mundo pronto?

– Sim doutora. – Jeyne respondeu sorridente.

– O papai está nervoso? – Theon acabou rindo, mas parou ao ver o olhar do seu sogro.

– Não... Nenhum pouco nervoso...

– Pai! – Jeyne reclamou.

– Pare com isso Vayon, nossa Jeyne não pode ficar estressada.

– Não estou fazendo nada. – o homem respondeu.

Asha riu atrás dele.

– Você já caiu nas graças do seu sogro.

– Engraçadinha.

Depois de preparar sua namorada, a médica finalmente começou o exame. Na pequena telinha ele podia ver o feto, ou pelo menos o que a médica dizia ser o feto. Theon sorriu e apertou a mão da garota.

– Então, o que será? – sua mãe perguntou impaciente.

– Bem, deixe-me ver...

A mulher demorou alguns segundos para finalmente responder:

– Parabéns, vocês terão uma menina.

A sala se encheu de risos e comemorações, contudo, Theon virou uma estatua. Uma menina? Uma menininha igual a Jeyne, sim, ele podia visualizar isso. Ela seria a coisinha mais linda do mundo, ele não tinha muito dinheiro agora, mas em pouco tempo se formaria e então poderia arrumar um emprego melhor, o pai de Jeyne disse que arranjaria algo bom para ele. Assim que ele tivesse mais dinheiro poderia comprar todas as coisas que ela gostasse, montaria um castelinho para ela... Sim, um castelinho e uma casinha também.

Depois ela iria crescer, ele poderia levá-la naqueles shows de adolescente, ter certeza que ela estaria segura. E então... Pelos Deuses, o que aconteceria quando ela começasse a namorar? Se ela fosse tão bonita quanto à mãe certamente apareceria um monte de marmanjos... Talvez aparecesse alguém como ele rondando sua filhinha.

– Theon? – Jeyne o chamou.

– O que deu em você irmão?

– Eu...

– Ele está sentindo o peso de ser um pai. – seu sogro falou com um sorriso estranho. – Agora você vai se sentir na minha pele rapaz.

– Pelos Deuses... – ele se voltou para a barriga da garota e falou. – Não se preocupe, nunca nenhum marmanjo vai ficar encima de você, eu mesmo vou garantir isso.

– Ela nem nasceu ainda! – sua namorada reclamou revirando os olhos.

– Não se preocupe Theon, eu vou ajudá-lo nessa difícil tarefa. – seu sogro colocou a mão no seu ombro.

As mulheres na sala pareciam entediadas.

– Homens podem ser tão ridículos. – Asha comentou.


.

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A festa acontecia na casa de Russell, o que era um bom motivo para ele não ir, mas, aparentemente, seu irmão – estúpido – Bran e seu primo – ainda mais estúpido – Damon insistiram que seria uma boa ideia e é claro, eles precisavam levar Tommen. Não é como se ele fosse ciumento, apenas não gostava do ruivo idiota e preferia que ele deixasse suas mãos sujas longe do que era dele.

Tecnicamente ele e Tommen estavam brigados, mas tudo foi culpa do loiro que pirou com um beijo escondido que ele roubou na tarde em que o todo poderoso – cara de limão azedo – Tywin Lannister apareceu. Deuses, Tommen ficou tão branco que parecia ter visto um fantasma na sua frente. Foi engraçado, mas o sermão e os olhares irritados foram apenas irritantes.

– Está pronto? – Bran perguntou enquanto terminava de vestir sua blusa. Seu irmão tinha um plano para superar Meera Reed, ele envolvia uma das meninas Poole, uma das meninas Tyrell ou Doreah Martell, aparentemente Bran estava adepto a filosofia de encontrar um novo amor.

Pensou em dizer que com aquela camisa escrita: AS GATAS CAEM ENCIMA, o máximo que ele iria conseguir era um pé na bunda. Não, vai ser divertido de assistir.

– Estou.

– Você deveria colocar algo mais da moda. – Bran falou.

– O que tem de errado com minha roupa? – ele, diferente do irmão, se vestia como uma pessoa normal. Blusa escura com uma referência a um filme de super-herói antigo que apenas fãs entenderiam, os leigos achariam que era uma estampa legal, calça jeans e tênis.

– As garotas gostam de caras com senso de humor – ele apontou para a própria camiseta –, bem, no seu caso os caras.

Aparentemente os Deuses lhe deram um irmão sem cérebro. Ótimo.

– Vamos logo Bran, o que as meninas farão sem o seu senso de humor?



Chegaram à casa do idiota ruivo vinte minutos depois. Damon já estava por lá com Tommen ao seu lado. Andaram até eles, Tommen pareceu surpreso em vê-lo ali, mas acabou deixando um sorriso escapar, então ele não está com tanta raiva assim. Rickon cumprimentou algumas pessoas enquanto se postava do lado do loiro, seu primo começou a contar algo sobre Alla Tyrell para Bran e ambos sumiram por entre as pessoas.

– Pensei que não viria.

– Eu não vinha, mas então soube que o Russell ia distribuir pizza de graça, você sabe que eu gosto de pizza.

– Sim.

Ficaram em silêncio por alguns instantes. Tommen abriu a boca para falar quando alguém o abraçou pelo pescoço rindo.

– Olha quem veio, meu ruivo predileto.

Russell. Pensamentos homicidas passaram por sua cabeça.

– Como você está Stark? Faz tempo que não conversamos.

– Nós não conversamos Russell. – sua resposta grossa não tirou o sorriso dele.

– Eu e Tommen conversamos direto, não é mesmo? Pena que você não ficou no jantar naquela noite, o senhor Tywin tinha algumas historias interessantes para contar.

Ele deve ter corado e agradeceu as luzes coloridas por esconder isso. O idiota mor e sua mãe foram convidados para ficar com o patriarca Lannister enquanto ele teve que ir embora.

– Por que você não ficou Rickon? Tive a impressão de que Tommen parecia um pouco chateado...

– Ele não podia ficar. – o loiro disse nervoso.

– Minha mãe também tinha algo planejado para aquela noite. – mentira, mas Russell não precisava saber.

– Uma pena. – o ruivo apertou Tommen e Rickon se conteve para não arrancar o braço dele. – Vamos dançar? Essa é sua musica predileta.

– Eu acho que ele prefere ficar aqui. – disse rapidamente.

Os dois se encararam, cada um com um olhar mais cortante que o outro.

– Jura? Você lê mentes agora Stark?

Como queria socá-lo.

– Então Tommen, o que você prefere?

O loiro estava nervoso, mas, para seu alivio, respondeu que preferia ficar com ele. Sorriu presunçosamente quando viu a expressão descontraída de Russell morrer. Aquela era uma das poucas vezes que o via sério.

– Tudo bem então... – e então o sorriso dele voltou. – A gente vai se divertir bastante no acampamento, não é? Muito legal da sua mãe nos colocar na mesma barraca.

Aquela ultima frase, Russell falou olhando diretamente para ele. Quando o garoto se afastou Rickon olhou para Tommen.

– De que acampamento ele está falando?

O loiro deu um sorriso culpado.

– Eu ia te falar sobre isso.


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Aegon acordou tateando a outra metade da cama. Ela não estava lá. Não sabia por que ainda a procurava, Asha sempre se levantava antes dele e sempre desaparecia quando ele se oferecia para fazer café. Ainda grogue ele se sentou procurando por sinais de que ela estaria do apartamento.

As roupas jogadas no chão sumiram, mas a bolsa ainda estava na cadeira. Ouviu a voz dela cantarolando no banheiro e sorriu.

Mas que merda você está fazendo? Na noite anterior, quando entraram aos beijos no seu quarto, o sinal vermelho tinha disparado na sua cabeça. Quando ela estava encima dele, olhando-o com seus vibrantes olhos azuis e um sorriso atrevido, e tudo o que seu coração conseguia fazer era pular como um louco, o sinal vermelho apitou novamente. Entretanto, o pior foi quando ela se inclinou e o beijou, por meio segundo – que pareceu uma eternidade – seus rostos pairaram um sob o outro, separados por poucos centímetros. Naquele momento foi como se ele tivesse se perdido para sempre, como se toda sua vida se resumisse naquele ínfimo instante.

Uma paleta inteira de cores apitou na sua cabeça. Placas de neon se acenderam escrito: CUIDADO, VÁ EMBORA, FIQUE LONGE DISSO, VOCÊ VAI SE FERRAR.

Uma porta se abre e Asha sai, vestida, do banheiro. Ela lhe dar um sorriso antes de pegar a bolsa.

– Vou indo.

– Eu posso fazer café, eu juro que ele é gostoso. – se ofereceu, como sempre, e ela recusou, como sempre.

– Tenho que ir. Até mais.

– Até mais. – respondeu com a voz fraca enquanto a porta se fechava.

Ele estava terrivelmente perdido.

E o pior de tudo era que ele não tinha certeza se queria achar o caminho de volta.


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Harry sentou-se na sua frente. A universidade estava toda decorada para os feriados de fim de ano e cinco em cada sete alunos vestia um daqueles gorrinhos pontudos com sete tons de amarelo. O garoto vestia um desses e Sansa se odiou por achá-lo adorável.

Em fato, ela tinha uma pequena lista de coisas pelas quais se odiava ultimamente:

Ela estava tirando péssimas notas em historia da moda e precisou implorar por pontos extras a professora.

Ela estava em um tipo estranho de relação a três envolvendo o jovem professor Willas e o detestável Harry Hardyng.

Ela estava gostando.

Ela não achava Harry mais tão detestável assim.

E agora suspeitava seriamente que essa aventura não era mais aventura para o seu coração, isso porque passou a sentir ciúmes não apenas de Willas, mas também de Harry e passou a apreciar bastante as interações entre os três.

Ainda dizia a si mesma que aquilo era uma historia maluca de faculdade e em breve iria acabar. Pelos Deuses, e se mamãe descobrir? A senhora Catelyn certamente teria um infarto com essa informação. O que todo mundo iria dizer se descobrisse?

O pior, o que ela iria fazer se admitisse para si mesma o que já estava na sua cara?

– Você já assistiu A guerra do medo?

– Aquele filme do Norte em que zumbis de olhos azuis atacam um reino? – Harry confirmou com a cabeça. – Não, mas meus irmãos menores não param de falar sobre ele.

– Sabe, a gente poderia ir ver. Eu sei que não é seu tipo de filme, mas sabe, tem um casal romântico legal e... E ninguém está disponível para ir comigo.

O não estava na ponta da língua. No inicio do ano ela não teria o mínimo problema de recusar. Afinal, não era por causa de algumas noites que os dois passaram a se gostar. Contudo, hoje, a situação era outra. Sansa suspirou fechando o livro.

Talvez uma saída com Harry fosse o que ela precisava para ver o quão aquela ideia que rondava sua cabeça era estúpida. Ele faria algo idiota e ela voltaria a detestá-lo como antes e tudo ficaria bem.

– Tudo bem, mas você paga a pipoca.


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Notas finais do capítulo

Bem vindo ao mundo do coração quebrado Aegon.
Comentários? Pfv ;D
Bjs



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