Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 67
Mudanças e outros dramas II


Notas iniciais do capítulo

Dedicado a todos aqueles que já levaram uma alfinetada dos inimigos e inimigas da vida.



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No dia do nome de Tommen ele ficou doente.

Não era comum ficar assim tão debilitado, mas a febre o pegou de jeito e ele passou a noite acordado na cama com sua mãe colocando panos molhados na sua cabeça. No dia seguinte Bran chegou todo animado e contou tudo o que aconteceu. Cersei Lannister e Oberyn Martell organizaram uma festa digna de nota. Rickon sabia que seria algo grande porque Tommen estava reclamando sobre isso desde que seus pais decidiram que fariam a maior festa de todos os tempos, mas ele não podia imaginar que seria simplesmente a melhor festa do ano.

E eu perdi.

– Obella brigou com uma das primas de Tommen, não sei qual delas, acho que foi a irmã daquela Cerenna Lannister, não tenho certeza, são todas parecidas... – contou Bran. – Elas saíram no tapa, juro, a Myrcella segurou a prima enquanto Elia segurou a Obella. Foi bem engraçado.

Ele não acreditou que tinha perdido essa cena.

– Uma das irmãs de Jeyne Poole descobriu que o namorado estava traindo ela no banheiro e correu para a cozinha da mansão, pegou uma faca e correu atrás do garoto com ela. Uma pequena multidão se formou para pegar a menina e impedir que ela cometesse um assassinato.

Não, não, não.

– E você precisava ver a Arya e a Shireen cantando de pé no sofá. Eu ri muito.

– Você gravou?

– Não.

– Inútil. – era por isso que ele precisava estar nessas festas. Bran era estúpido demais para fazer o que devia ser feito. Gravar todas as cenas constrangedoras para usar depois em alguma chantagem ou mesmo como terrorismo.

– O pessoal já deve ter postado as fotos, você pode ver como foi tudo.

Sem esperar por uma resposta sua, Bran correu até a mesinha e pegou o notebook, depois trouxe até sua cama e o abriu. Entrou na sua conta e começou a descer a pagina principal. De fato, todos tinham postado fotos.

Elia Martell

Melhor noite de todas. Parabéns irmãozinho.

Logo embaixo da legenda havia uma foto de Tommen com todas as garotas Martell e Myrcella. Ele parecia um pouco tímido. Típico dele.

Bran Stark

Parabéns cara.

Logo depois veio uma foto de Bran, Tommen e Russell. Sim, Russell. Aquele ruivo irritante que manchava a reputação de todos os outros ruivos estava com os braços ao redor dos ombros do loiro e sorria feito um estúpido. Rickon fechou a cara e passou a foto.

Aquilo não melhorou seu humor.

A próxima foto – postada por Arya – também trazia Russell ao lado de Tommen. Rickon percebeu, à medida que via as outras, que em grande parte das fotos o ruivo idiota estava próximo demais do Lannister.

– O que o Russell estava fazendo lá? – não se conteve e perguntou.

– Ele é um grande amigo do Tommen.

– Pensei que eles estivessem afastados.

– A mãe do Tommen e a mãe do Russell também são grandes amigas, eu sei que ele visita bastante a casa dos Lannister.

– Bom saber.

Rickon estava irritado, mas tudo piorou quando ele viu a foto postada pelo próprio Russell.

Uma festa incrível para um cara incrível. Uma pena que nem todo mundo pôde estar aqui. Quem sabe na próxima Rickon.

A foto que se seguia era uma dele e Tommen. O ruivo enlaçou o loiro pelos ombros e o trouxe para perto – perto demais – do seu corpo. Os dois sorriam feito idiotas para a câmera.

Rickon sentiu a cabeça esquentar. Aquele projeto de gente tinha mesmo soltado uma indireta para ele? Com raiva o garoto fechou a tampa do notebook.

– Nossa, o que foi? – perguntou seu irmão assustado.

– É melhor você sair, eu estou com algumas tendências homicidas nesse momento.


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Domeric chegou à cidade com seu irmão em uma segunda feira. Ramsay estava com aquele sorriso estranho de quem iria aprontar alguma coisa. Foi ideia sua se aproximar dele para começo de conversa. Seu pai teria alegremente ignorado a existência do filho bastardo pelo resto da sua vida, mas Domeric não era assim tão frio, não seria capaz de simplesmente esquecer que tinha um irmão.

Ele não tinha ideia, naquela época, que Ramsay tinha um lado negro. No inicio seu irmão foi simpático e ávido por agradar, mas com o tempo Domeric percebeu os impulsos violentos do garoto. Sempre metido em brigas, quando começava a bater em alguém precisava ser segurado para não ir até o final. Também podia ser cruel com os outros, pregando peças de mau gosto nos mais fracos e humilhando as meninas com quem se relacionava. Às vezes Domeric podia jurar que Ramsay o olhava de um jeito estranho, como se esperasse o momento certo para fazer alguma coisa ruim.

Afastou esses pensamentos da sua cabeça assim que o irmão se aproximou dele no aeroporto.

– Vamos irmão, eu quero começar a aproveitar a capital o quanto antes.

Domeric sorriu sem jeito.

– Você já vai sair? Pode ser perigoso, não conhecemos a cidade.

– Besteira. – Ramsay respondeu. – Vamos explorar Domeric, encontrar algumas vítimas para a noite.

– Não gosto quando fala desse jeito.

– Você é muito careta.

Seu irmão se afastou rindo e Domeric suspirou atrás, quando notou que Ramsay já estava longe ele passou a andar. Havia aceitado o emprego na capital na esperança de se afastar do pai e do irmão, mas aparentemente isso não seria possível.

– Papai, estou dizendo, a mulher não chegou. – uma voz irritada chamou sua atenção. Domeric se viu olhando para uma jovem que falava no celular. – Eu estou aqui há duas horas e ela não apareceu. Papai, não tem como começar a reunião sem ela.

Ela revirou os olhos com o que quer que seu pai tenha respondido.

– Deuses pai, eu não tenho culpa se ela não estava no avião. Peça para tio Stannis entrar em contato e... – ela suspirou. – Certo, certo... Gendry deve estar chegando à empresa, peça para ele verificar o contrato. Faça o seguinte, tio Stannis liga para a mulher e Gendry para a empresa... Estou voltando, até mais.

Ela desligou e então o olhou. Os dois se encararam por um momento. Domeric notou que ela tinha profundos olhos azuis, muito diferentes dos seus, que pareciam desprovidos de cor. Ele provavelmente parecia um maníaco a encarando desse jeito.

– Posso ajudá-lo? – ela pergunta desconfiada.

– Eu... Desculpe, eu... Sou novo na cidade, só estou um pouco perdido. – que desculpa mais ridícula.

– Bem vindo a Porto Real – ela sorriu – é uma cidade traiçoeira com os que são de fora, mas tem seu charme.

O sorriso dela é bonito e brilhante.

– Obrigado pela a dica.

– Tem um balcão de informação logo ali... – ela olhou para o relógio e deu um pulo. – Merda, desculpe, tenho que ir... Adeus.

– Adeus.

Ela se afastou correndo e ele desejou ter perguntado seu nome.

Adeus... Espero que seja um até logo.


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– Você acha que é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Dany parou o texto que escrevia e o olhou confuso.

– Como em um casamento poligâmico?

– Tipo isso. – respondeu. – Em Essos existem culturas poligâmicas, certo? A antiga Valyria praticava isso e em Westeros houve Reis que tomaram duas esposas.

A garota pensou um pouco antes de responder:

– Eu conheci algumas culturas poligâmicas. Uma vez conversei com uma menina que era casada com um homem que tinha outras duas esposas, ela não me parecia gostar muito do marido. – a resposta o desanimou. – Mas eu também conheci um homem que tinha duas esposas e todos se amavam muito. Acho que depende Harry, eu não sei se seria capaz de dividir meu marido com outra mulher, mas talvez outras pessoas sejam capazes.

Dany sorriu.

– Você está apaixonado por duas garotas?

Ele corou.

– Não, eu só estou curioso.

Ela não acreditou na sua mentira, mas Dany foi delicada o suficiente para fingir que sim.

– Eu acho que todo tipo de amor, quando é verdadeiro e consensual, é válido. – Dany sorriu gentilmente. – Randa já deve está chegando, não quer debater com ela o assunto?

– Não! – ele se exaltou, mas depois abaixou o tom. – Não. Vamos deixar Myranda fora disso.

– Como você quiser.


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Jantar em família para Jon podia significar duas coisas.

Uma confusão de risos, gritos e brincadeira ou um momento melancólico, estranho e torturante. Com os Stark tudo se resumia a animação. Sua mãe e sua tia Catelyn preparavam comida para um batalhão, Sansa sempre convidava uma amiga – costumeiramente Jeyne Poole – e ficava partilhando segredos e roubando tortinhas de limão da cozinha. Arya jogava com Bran e Jon, muitas vezes, se juntava aos dois. Rickon estava sempre pronto para aprontar com alguém e Robb ficava ocupado demais entretendo a namorada da vez. Seu padrasto sempre acabava em uma discussão acalorada com Benjen Stark sobre que time era o melhor e seu tio Eddard revira os olhos e tentava se concentrar em seu jornal ou livro.

Já com os Targaryen o jantar em família podia parecer um enterro.

– Como estão suas notas Jon? – seu avô perguntou sério.

– Boas. – respondeu sem tirar o olho do prato.

– Boas não é o suficiente.

– Jon só está sendo modesto, meu irmão é o melhor da sua classe. – Aegon correu para falar.

Aerys Targaryen então olhou para o outro neto e todos prenderam a respiração. Jon estava sentado na frente de Daenerys que lhe lançou um olhar significativo. Ao lado da menina estava seu odioso tio Viserys e ao lado deste estava seu pai que parecia mais interessado no que estava no prato do que no que acontecia ao seu redor.

– E as suas notas Aegon?

– Boas, como sempre.

– Você quer dizer na média. – o velho fez uma careta. – Ou melhor, medíocre.

Ele notou quando Rhaenys apertou os talheres ao seu lado. Sua irmã podia pegar no pé de Aegon por varias coisas, mas ela odiava quando o avô falava coisas maldosas dos seus irmãos.

– Aegon é um bom aluno vovô.

– Rhaenys, sempre dando desculpas ao irmão. – Seu avô dirigiu um olhar pesado para sua irmã, mas ela não vacilou nem por um instante. – Quando você nasceu eu soube que seria dornesa demais.

– O que não é algo ruim. – Jon acabou soltando.

– E você Stark demais. – Seu avô então direcionou os olhos para Dany. – Achei que tinha produzindo uma criança Targaryen, alguém com o sangue do dragão, mas acho que todos os meus filhos puxaram ao lado fraco de Rhaella.

– Pai...

– Cale-se Viserys, não estou com paciência para suas criancices.

Ele quase sentiu pena do tio. Viserys podia ser um completo idiota para todas as coisas, mas até ele se incomodava quando o assunto chegava na sua mãe.

– Parece Rhaella, sempre reclamando, nunca cumprindo sua obrigação de esposa.

A mesa caiu novamente em um silêncio terrível. Mencionar sua falecida avó costumeiramente tinha esse efeito. Um grande retrato estava pendurado na parede, mostrava uma bonita mulher de cabelos prateados e olhos violetas. Ela parecia educada e gentil, Jon se perguntava se alguma vez Rhaella Targaryen chegou a amar o seu marido.

– Podemos voltar a comer pai? – Rhaegar Targaryen decidiu, finalmente, se manifestar.

Aerys não respondeu e Jon agradeceu por isso. Ele não agüentaria mais ouvir seu avô falando, era capaz de acerta um soco em seu nariz.

Quando todos acabaram eles receberam permissão de sair. Dany foi a primeira a se levantar e sair correndo para cima. Rhaenys e Aegon se dirigiram para os jardins. Jon pensou em seguir os irmãos, mas então decidiu que seria melhor checar sua tia.

A garota estava em seu quarto lutando contra as lagrimas encima da cama. Ele entrou e se aproximou dela devagar.

– Como você está?

– Eu já deveria estar acostumada com essa sessão de tortura. – ela falou em meio aos soluços. – Ele falou de um jeito tão horrível da minha mãe. Ele foi a causa dela ter morrido. Ele.

Jon sentou-se do lado dela e a aninhou em seus braços. Dany passou a chorar com o rosto enterrado no seu peito.

– Um dia a gente não vai mais precisar ouvir as idiotices dele, nunca mais.

– Eu sonho por esse dia. – ela respondeu.

Ele também.


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– Você vai embora? – Myrcella perguntou.

Robb não disse nada, apenas assentiu com a cabeça. Ela virou de costas e encarou a parede, sua mente borbulhava perguntas. Por que, pelos Deuses, ele não havia lhe dito isso antes? Por que o universo era tão malvado com ela? Preferia continuar pagando micos na frente dele do que vê-lo ir embora por três anos. Três anos. Aquilo era muito tempo. Em três anos ela teria quase a idade que ele tinha agora, estaria no meio da universidade, teria conhecido pessoas novas... Apenas os Deuses sabiam o que poderia mudar.

Ele vai estar em Volantis, também conhecendo pessoas novas.

Ela suspirou.

O baile de fim de ano do seu colégio seria na próxima semana e ela estava tão animada para levá-lo consigo. Ele havia dito que queria ir com ela, que seria um jeito agradável de se despedir.

Não existe um jeito agradável de se despedir.

– Cella? – ele chamou atrás dela. – Diga alguma coisa, qualquer coisa.

Ela forçou um sorriso no seu rosto e se virou.

– Essa é uma chance incrível, eu... Estou orgulhosa. – Myrcella nunca foi conhecida por ser uma boa mentirosa, mas naquela noite ela estava fazendo um trabalho descente. – Nós ainda temos um mês juntos, certo?

– Certo.

– E não é como se você fosse estar longe para sempre. – ela queria complementar dizendo que eles se reencontrariam e ficariam juntos novamente. Certamente era o que ela faria acontecer em uma de suas historias.

Mas a vida não era uma historia de romance. No mundo real as pessoas mudam, as coisas mudam, os sentimentos mudam... Tudo muda.

Por isso, ao invés de falar alguma coisa ela apenas o beijou.


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Margaery encontrou Willas sentado na varanda do seu apartamento. Seu irmão mais velho sempre foi o mais quieto e mais reservado, era o que tomava conta dos irmãos mais novos e limpava a bagunça. Sempre o mais certinho. Fazia algum tempo que Willas andava estranho, deixe-o em paz, Garlan disse, mas Margaery não podia evitar.

– No que está pensando irmão?

– Nada importante. – respondeu sem desviar sua atenção do céu.

– Você nunca pensa em nada que não seja importante. – comentou sorrindo. – É alguma garota? Vovó diz que já passou da hora de você arrumar uma namorada, ela vai acabar vindo para Porto Real resolver esse assunto.

Willas deixou escapar uma risada, mas então voltou a ficar sério.

– Acho que estou fazendo algo que pode ser considerado errado.

– Errado? Você? – perguntou curiosa.

– É complicado explicar. Eu só posso dizer que é o tipo de coisa que termina mal, que deixa alguém com o coração partido.

– Você pode ser terrivelmente dramático às vezes.

– Não estou exagerando Margy. – disse. – Vai ser uma confusão imensa se eu deixar isso continuar.

– Posso fazer uma pergunta simples?

– Pode.

– Isso que você está fazendo te deixa feliz?

– Bem... Eu tenho muitos sentimentos contraditórios, mas quando eu consigo esquecê-los eu me sinto bem.

– Então que se danem as complicações. – respondeu. – E sobre os corações partidos, eles darão ótimas canções de amor.

Willas riu com a sua resposta.

– Queria que fosse tudo tão simples assim.

– Pode ser, basta você fazer.



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Notas finais do capítulo

Comentários são sempre apreciados :)
Beijos ;*



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