Tempos modernos escrita por Florrie


Capítulo 66
Mudanças e outros dramas I


Notas iniciais do capítulo

Aviso: Esse capítulo e possivelmente o próximo fazem parte de uma preparação para um pulo no tempo. A fic não tem exatamente um tempo cronológico exato, mas para não ficar muito confuso eu coloquei a maioria dos capítulos próximos um dos outros - como vocês perceberam. Agora eu vou fazer os personagens crescerem, então para isso estou preparando o terreno - e avisando vocês.
Contudo, essa mudança não impede que venham outros capítulos com eles mais jovens :)

Obrigada pela a atenção e boa leitura.



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Robb olhou para aquela carta de admissão se perguntando por que não estava pulando de alegria. Ele tinha conseguido, passou na prova mais difícil da sua vida e impressionou na entrevista, a universidade de Volantis aceitou seu pedido de conclusão de curso, Robb viajaria para Essos e no fim de três anos teria um duplo diploma.

Ele poderia embarcar já no próximo mês.

– Qual o problema? – perguntou Theon. – Você conseguiu o que tava querendo, não é? Volantis é incrível, se meu pai não fosse um bêbado miserável que além de ganhar pouco gasta tudo com álcool eu estaria indo para lá.

– É que...

– Você não está com duvidas, está? – seu amigo de infância o olhou como se tivesse surgido um terceiro olho em sua testa.

– Claro que não. – aquilo era verdade. Volantis era seu objetivo há muito tempo. – Eu só... Algumas coisas vão mudar.

– A vida é uma eterna mudança caro Robb. – Theon riu. – Você vai curtir as festas, provavelmente fazer uma tatuagem maneira, conhecer novas pessoas... Não se preocupe, Westeros vai sobreviver sem você, Sansa pode ficar com o posto de criança Stark mais velha e tomar conta dos outros.

– Eu sei, é que...

– Sua namorada?

Myrcella. Ele não tinha dito nada a ela, nem sequer comentado sobre seu plano de se graduar em outro continente. Robb gostava dela. Gostava de como ela sempre se atrapalhava com suas palavras, de como corava envergonhada e de como seus olhos se apertavam em seus momentos de raiva. Ele gostava que ela o fazia rir e se esquecer de qualquer problema que estivesse tendo. Robb sabia que amores jovens não tendiam a durar muito, mas...

– Ela sabe, não sabe?

– Faz tempo que não toco nesse assunto com ninguém, aposto que todo mundo já esqueceu.

– Você não contou.

– Não.

– Vacilo.

– Eu sei.

Theon suspirou.

– Ela é uma garota bonita e legal, vai superar sua partida.

– Mas...

– E você vai superar também. – Robb o olhou feio. – O que foi? É verdade. Você não acredita em namoros a distância e cara, três anos é bastante tempo, tudo pode mudar até a sua volta.

– Caso fosse você e Jeyne seria assim tão fácil?

– Primeiro: Jeyne é maior de idade, eu poderia simplesmente levá-la comigo. Segundo: Nosso caso é mais complicado.

Robb demorou um pouco para notar o peso das ultimas palavras do seu amigo.

– Deuses Theon... Ela fez o teste?

– Não. Ainda não, mas... Asha sonhou que Jeyne estava grávida e ela anda muito enjoada esses dias. – Theon, pela primeira vez, pareceu genuinamente preocupado. – Logo eu vou me formar e eu já tenho um estagio bacana, mas me fala, como é que eu vou sustentar uma criança?

– Pode ser alarme falso e os Poole não são pobres, o pai dela não vai deixar nada faltar ao seu neto.

– O homem me odeia completamente, ele provavelmente vai me proibir de vê-los.

– E quando é que alguém pode te proibir de alguma coisa Theon?

– Você tem razão. – seu amigo riu. – E pode ser um alarme falso. A esperança é a ultima que morre.

Os dois riram.

– Estamos ferrados caro amigo. – Theon declarou. – Pelo menos você vai poder ir para o baile de formatura com a sua garota... Uma ultima noite antes de ir embora.

– Sim...

– E pelo menos o aniversário dela já passou, imagina que ruim seria dizer na festa de dezessete anos dela que você vai embora por três anos.

– Isso foi um grande consolo Greyjoy. – respondeu irônico.

– Disponha.


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Loras saiu batendo a porta atrás de si. Renly bufou e sentou-se no sofá esquecendo-se das duas convidadas.

– Vocês costumam brigar sempre? – Margaery perguntou risonha.

– Não, mas ele está impossível ultimamente. Desculpem por essa cena.

– Não se preocupe – Nymeria começou – eu sou uma Martell, nossa família tem bastante de portas batendo e gritos por todos os lados.

– Deve ser animado. – comentou sem animo.

– Animado e problemático, especialmente quando meus primos se envolvem.

– Bem, do que se tratou isso? Desde que chegamos o Loras te manda indiretas, ele pareceu especialmente agressivo hoje. – sua cunhada pegou a taça de vinho da arvore e bebeu mais um gole. – Sei que meu gêmeo pode ser especialmente difícil de vez em quando.

– Ele me pediu em casamento.

Por alguns segundos a sala caiu em um profundo silêncio. Ele conseguiu, de uma vez, deixar uma Martell e uma Tyrell sem palavras.

– Meu irmão te pediu em casamento! E ele não me contou! – Margy aumentou o tom de voz, ela estava genuinamente irritada.

– O que você disse?

– Obviamente que não.

– Não? – As duas gritaram juntas.

– Não acho que estamos na fase do casamento ainda, pelo menos eu não estou pronto para isso agora. Tentei explicar que o problema era eu e não ele, bem, você viu o quão errado isso deu.

– É claro que deu errado. Deuses, aposto que o Loras esteve planejando esse pedido por meses.

As palavras de Margaery não lhe ajudaram em nada.

– Ele me levou para um restaurante no porto onde fomos no nosso primeiro encontro, naquela noite um violinista estava tocando na calçada e eu comentei que aquela canção era minha predileta. Seu irmão conseguiu encontrar esse violinista e pediu para tocar a mesma canção daquele dia.

– Pelos Deuses... – As duas disseram.

– Então ele se ajoelhou e me pediu em casamento na frente de todo mundo.

– E você disse não!

– Margy, eu não estou...

– Você partiu o coração dele Renly, que coisa mais terrível de se fazer. – A mulher levantou-se e foi atrás do irmão. Ele ficou sozinho com Nymeria.

– Você acha que fui muito cruel?

– Quer que eu seja honesta?

– Apreciaria.

– Você atirou em um filhotinho de cachorro.

Renly suspirou.

– Você acha que ele vai se acalmar em algum momento?

– Talvez, mas pode se preparar para ter esse fato jogado na sua cara em todas as brigas.

– Foi o que eu pensei.


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Sansa acordou e notou que estava deitada entre dois corpos.

E um detalhe importante: ela estava completamente nua.

Sentou-se com cuidado, para não acordar os outros e piscou algumas vezes para se adaptar com a claridade. Ela foi se lembrando aos poucos da noite anterior. Ela e Harry Hardyng ficaram como dupla em um projeto da universidade, os dois seriam responsáveis por selecionar e ligar para algumas instituições de caridade com o intuito de promoverem um festival no campus para estimular doações. Willas foi o professor designado para ajudá-los.

Sansa tinha ficado nervosa, da ultima vez que os três estiveram juntos... Bem, coisas aconteceram. Mas os três estavam bêbados e haviam prometido nunca tocar no assunto. Pois bem, foram todos para o apartamento de Willas onde em meio a cafés, pequenas discussões entre ela e Harry e bolo de chocolate, foram fazendo a lista das instituições.

Em algum momento Willas disse que pediria uma pizza, ele foi até a cozinha usar o celular e ela ficou com Harry na sala.

– Você poderia fingir mais. – o rapaz lhe disse.

– Fingir o que?

– Que não é caidinha por ele.

– O que eu sou ou deixo de ser não é da sua conta.

Os dois estavam sentados um do lado do outro. Harry a encarou com seus olhos azuis e ela se tornou muito consciente da proximidade entre eles. Consciente demais. Como uma pessoa tão irritante pode ter um rosto tão bonito? Os cabelos de Harry eram da cor da areia, seus olhos em um tom de azul mais escuro que os dela e os traços do rosto bonitos e harmoniosos.

– O que ele tem demais? – Harry perguntou.

– Ele é bonito, cavalheiro, educado, inteligente...

O rapaz revirou os olhos.

– Só um cara com um rosto bonito, apenas isso.

– Está com ciúmes Harry? – perguntou com um sorriso maldoso.

– De você? Se enxerga Stark.

Encararam-se por mais alguns segundos antes de Willas voltar com uma garrafa de vinho e três taças.

– Que tal um vinho antes da pizza chegar?

Péssima ideia. Recordou-se. No entanto, se ela fosse honesta, diria que nenhum dos três estava realmente bêbado quando tudo começou. A tensão crescia entre os três à medida que o tempo passava, a pizza chegou e em algum momento Harry deixou o molho lhe sujar a bochecha. Willas se aproximou e limpou com o dedo. Sansa assistiu com um estranho fascínio a proximidade entre eles aumentar até que... Até que Harry o beijou.

Depois disso ela se lembrava de ser envolvida naquele ato. Lembrava de Willas mordendo o seu pescoço e dos seus lábios presos nos de Harry. Então chegamos à cama... Sansa corou fortemente.

O corpo de Harry permanecia adormecido do seu lado esquerdo, o lençol mal o cobria e ela pode admirar as costas fortes dele. Willas estava no seu lado direito, com o rosto virado para o teto e uma expressão de serenidade. O que eu faço? Uma garota sensata fugiria correndo e procuraria um psicólogo, mas Sansa pensou na sensação gostosa que era se deitar entre eles.

Ela podia esquecer a razão por alguns minutos e deitar-se novamente.

Mais tarde poderia tentar compreender como era possível ter se sentindo tão completa junto daqueles dois.


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Aegon sorriu para Asha.

– Então isso é um encontro?

– Não, isso sou eu trabalhando e você me perturbando.

– Admita, isso é quase um encontro.

A garota revirou os olhos.

– Então, já decidiu o que vai querer? Algumas pessoas não têm um pai incrivelmente rico.

– Eu quero um encontro. Pode anotar meu numero nesse seu bloquinho? – Asha riu. Ela estava uma graça com o uniforme da lanchonete, tinha até um boné combinando. – Que tal um restaurante lyseno? Ou você prefere algo mais simples? Um cinema talvez.

– Você é problema Aegon Targaryen e de problemas minha vida está cheia.

– Que graça teria a vida sem um problema ou dois? – ele exibiu seu sorriso sedutor que fazia tanto sucesso com as mulheres, mas que aparentemente era inútil com Asha.

– Você pode ser incrivelmente irritante, sabia?

– Meus irmãos dizem isso direto.

A garota olhou para as outras mesas e então se voltou para ele.

– Vamos fazer o seguinte, eu não estou nem um pouco interessada em namorar você ou qualquer coisa desse tipo, sei bem como termina os romances com gente do seu tipo. – Ela escreveu algo no bloquinho, arrancou a folha e então lhe entregou. – Mas eu acredito em relações casuais, você não é de se jogar fora e se metade da sua fama for verdadeira... Acho que posso me divertir um pouco, mas isso é tudo.

Aegon sorriu.

– Eu também sou um grande apreciador de diversão sem compromisso.

– Ótimo. Eu saio ás sete. – ela sorriu. – Agora vai fazer o seu pedido ou não?

– Um café e um pedaço de bolo, por favor.


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Jeyne se sentou na cama sem saber ao certo o que fazer. Theon respirava com dificuldade do outro lado do quarto.

– Então...

– Sim.

– Nós vamos...

– Sim.

– Merda.

– É.

Ela estava se segurando para não chorar. Nós estamos na era contemporânea, não é como se fossem me apedrejar por isso, pensou, ela tinha quase vinte anos, no passado meninas da sua idade já tinham vários filhos. Naquela época meninas da minha idade casavam aos treze e não tinham outra visão do futuro a não ser esse, ela estava na universidade, ela tinha ótimas notas... Calma, isso não é o fim do mundo.

Havia uma garota, alguns períodos na frente, que também estava grávida. Ela era apenas dois anos mais velha e não parecia assustada. Seu período estava acabando, ela poderia terminar o próximo e então trancar o curso por seis meses ou talvez um ano... Pessoas faziam isso o tempo inteiro, Elia Martell, que havia estudado com ela e Sansa na escola, tinha feito algo semelhante quando decidiu que não tinha certeza se o que estava fazendo era o que realmente queria.

Jeyne ainda poderia terminar seu curso e manter o bebê.

Estava mais calma depois de racionalizar as coisas, mas Theon parecia uma verdadeira pilha de nervos.

– Seu pai vai me matar. Não, melhor, ele vai me esquartejar e me jogar para os tubarões.

– Não seja ridículo, papai jamais faria isso.

– Ele vai fazer, eu tenho certeza. – Ele foi até a cama se sentou ao seu lado. – Você parece calma.

– Alguém tem que estar.

– Desculpe, eu... Você que devia estar pirando e eu que deveria te dar forças.

– Tudo bem Theon, é uma coisa muito grande... Eu vou entender se você...

Ela não terminou, pois o olhar que ele lhe lançou a calou completamente.

– Espero que não esteja insinuando que vou deixá-la sozinha. Eu sei que nunca fui um exemplo de responsabilidade, mas isso não quer dizer que eu vou deixar você e o meu filho sozinhos. Nem sonhando.

Seus olhos se encheram de lagrimas e ela o abraçou.

– Eu te amo. – disse.

– Eu te amo. – ele respondeu.

– Meu pai vai chegar em breve. – falou. – Quer mesmo estar aqui quando tudo acontecer?

– Eu já enfrentei meu pai nos seus piores dias, Vayon Poole será moleza.

Ela sorriu.

– Ele não comprou aquela arma nova que ele tava querendo não, né? – perguntou Theon rindo nervosamente.

– Para ser honesta eu acho que ele comprou sim.



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Notas finais do capítulo

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