Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 46
Natalia Le Fay


Notas iniciais do capítulo

Bom, bom. Para começar este capítulo, antes tenho de pedir sinceras desculpas a uma leitora em especial, dona da Natalia. Ela tem toda a razão de se queixar pela ausência de sua personagem, eu realmente peço desculpas! Bem, boa leitura.



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Capítulo 45

Natalia Le Fay

“O arrependimento e a reparação dos erros só enobreceu os que de tais virtudes são capazes” – Ivan Lis [Por isso eu tento.]

Encarou, um pouco assustada, enquanto caminhava em direção à sala de banhos. O Príncipe Mikhail estava sentado diante do parapeito do navio, observando o horizonte, as ondas calmas da noite, a Lua cheia e o céu explodindo estrelas e constelações. Era belíssimo. Entretanto o nó no estômago de Natalia apenas se intensificava a cada passo que dava. Permanecer sozinha com um homem não era algo que fizera com freqüência durante as últimas três semanas. Quase um mês e nenhuma notícia dele. Ao menos conseguira escapar das ameaças de morte, mas temia por quem ele poderia machucar. Talvez alguém próximo, alguém que ela amasse, como sua amiga. E se ele a matasse, apenas para atingi-la? Mordeu o lábio inferior, caminhando nas sombras, tentando parecer um fantasma.

– Hoje eu gostaria de alguém para me ouvir. – escutou a voz do príncipe por cima dos ombros. Não, tudo menos isso, por favor. Não... virou-se, tentando exibir um sorriso, mas ele provavelmente não o via, afinal estava escuro demais. – Você é...?

– Natalia Le Fay, Vossa Graça.

– Natalia... Uma das selecionadas? – o modo como ele disse “uma das selecionadas” foi quase decepcionante. O mesmo que dizer “uma daquelas garotas?”, mas por outro lado ficou agradecida por realmente ter passado despercebida. Seu objetivo era ser o fantasma do navio, sem que ninguém falasse com ela ou simplesmente a notasse. – Ah, lembrei! Natalia! A menina dos olhos tempestade! – Mikhail levantou-se – Vi muitas vezes você e seus livros. – disse, sorrindo. – Poesia, se não me engano.

– Me maravilhei com a literatura russa.

– Obrigado, fico agradecido. – o príncipe se levantou e deu dois passos a frente, o que a fez recuar um passo. Ele notou o ato. – Natalia, está tudo bem?

– Claro. – respondeu, de imediato, e notou que o fizera sem pensar, então tentou arrumar – Não esperava que o príncipe me notasse.

– Tenho de notar, são minhas pretendentes. – ele sorriu, tímido, enquanto se sentava novamente – Por favor, sente-se comigo. Poderia te recomendar bons escritores russos, se quiser.

– Agradeço, mas estou indo aos banhos. – tentou se desculpas, então lembrou das palavras da Madame “Jamais negue algo ao príncipe. Pode ser considerado traição ou repúdio”. Mordeu o lábio inferior e se deu por vencida. – Mas acho que posso ficar alguns minutos, apenas para pegar o nome dos poetas.

O sorriso de Mikhail foi sincero, mas não tocou seu coração. Se aproximou dele, alcançando a luz. Ele ergueu os olhos com rapidez, observando-a, antes de indicar o lugar ao seu lado. Hesitante, Natalia se sentou, cruzando as pernas e os braços, de uma forma tão protetora que pareia ser uma caixa fechada para o resto do mundo. E de fato era. O príncipe tinha o olhar perdido no oceano e por vários minutos continuaram naquele silêncio. “Ele só quer companhia”, pensou, e achou isso adorável, pois assim não precisaria socializar. Nem se aproximar dele, ou dar abertura ou... Flertar. Enrubesceu com os pensamentos. Não viera atrás de um romance, viera atrás de esperança. Quando já estava conformada com o silêncio, Mikhail virou os olhos para ela e então abriu a boca. Entretanto não emitiu som. De alguma forma, ele pensou melhor não dizer, fechou a boca e voltou a encarar o oceano, agora levemente perturbado.

– Estou te entediando? – perguntou, já sabendo que deveria ir embora. O príncipe perdia o interesse facilmente, era isso o que todas as meninas diziam. Então não era surpresa que ele não a quisesse mais ali, certo?

– Claro que não. – Mikhail de repente arqueou as sobrancelhas, ruborizado – Me perdoe, não era isso que queria deixar transparecer! Só não soube o que dizer. – ele limpou a garganta. – Pensei que seus olhos brilham muito à luz da Lua.

Foi sua vez de não saber o que dizer. “Ele estava sendo gentil, enquanto eu achava que era melhor ir embora.”. Tinha de parar com aquela paranóia, se libertar das amarras que a prendiam. Mas... Era impossível! Virou novamente para a frente e tentou não demonstrar sua vergonha, enquanto o príncipe continuava a encará-la. Por fim, abaixou o rosto.

– Eu que peço desculpas por ter julgado à primeira vista.

Ele sorriu, sem se importar, e então voltou os olhos para os céus e sorriu ainda mais.

– Há um poema muito antigo de um escritor sem nome. Um resquício dos anos dourados. Todos da União conhecem esse poema. “As estrelas cantam, com ruídos silenciosos, diante da orquestra do universo.”.

– “Volta-e-meia uma delas se cansa de ser invisível e desperta sua percussão, percorrendo a orquestra, sem nunca parar em um lugar. Pois ela quer ser livre e percussionar onde estiver, seja na sua orquestra ou na vizinha”.

– As orquestras concorrem umas contra as outras, sistemas inteiros de planetas, cometas e mais estrelas. E lá vem a estrela rebelde, estrela sem lei, correndo a toda velocidade, deixando seu rastro de percussão.

– Uma estrela cadente. – concluiu ela, sorrindo, deixando-se levar pelo poema. O conhecia, sim, fora um de seus preferidos entre os livros que lera. Mikhail também sorria, e por um segundo não notou que fazia isso um para o outro. Desviou o olhar, tentando se concentrar no real. – Um belo poema.

– Sim, de fato um belo poema. – ele esticou as pernas e os braços, enquanto suspirava. – Pena que não temos mais tempo para escrever poemas sobre estrelas e orquestras. Eu nunca vi uma orquestra de verdade, sabia? Dizem que a maioria delas está na Península.

– A Península tem muita influência de música, sim. – concordou.

– Queria morar lá. – o príncipe de repente falava como uma criança. – Sem irmão gêmeo, seleção ou coroa. Só tocando violoncelo entre outros músicos, fazendo uma diferença tão pequena, ao redor de outros vinte violoncelos. – ele olhava os céus, o negrume da noite. O sinal dos sonhos. Natalia não sabia como dizer ou mesmo o que dizer naquele momento. O príncipe não queria sua vida. Dentre tantos rapazes que gostariam de viver no palácio, ele, que realmente vivia, não desejava isso. Mas o que mais lhe chamava a atenção não fora este detalhe.

– Sem irmão gêmeo?

– Amo Nikolai. – ele se defendeu. – Amo muito meu irmão e meu pai, mas às vezes... Você só queria ser um pouco mais livre, sabe? Sair da influência de uma pessoa, parar de ser usado como os outros bem entendem, ou ter de ficar o tempo todo protegendo alguém que nem mesmo se importa com você. Quer dizer, sei que ele me ama, mas... Sinto falta de ser um simples irmão. Eu tomei a posição de irmão mais velho, mas não sabemos se realmente sou o responsável. Queria que às vezes alguém passasse a mão na minha cabeça ou tirasse o copo de vinho de mim.

Levantou o braço, hesitante, enquanto sustentava o peso. Com a mão, trêmula por sinal, alcançou os cabelos louros escuros do príncipe, que a luz da Lua pareciam quase cinzentos. Acariciou levemente, antes de se recolher, tão vermelha e tímida que poderia correr agora mesmo em direção à sala de banhos. O navio continuava silencioso. A noite ainda era uma criança e mesmo assim ninguém parecia interessado em perambular por aí. Isso a intimidava, pois abria mais caminho para a solidão do príncipe e a intimidade que ele poderia criar. Os olhos de Mikhail brilhavam quando ele a observou e então sorriu.

– Obrigado.

– Tudo bem. Eu entendo o que você quer dizer com isso. – falou, surpreendendo a si mesma. – Eu era uma bailarina, não se tinha talento, mas fui descoberta cedo. Treinava todos os dias, meus pés até hoje carregam as marcas dos treinos intensos. Meu tutor gostava de me escalar como a bailarina principal das peças que apresentávamos. Achava que eu realmente tinha talento para o balé, mas... Ele só queria ganhar minha confiança. Um dia... Ficamos sozinhos no estúdio de balé e ele... Se revelou. – as lembranças, ela tentava afastar, continuavam a inundar sua mente. Enquanto isso, Mikhail ouvia o relato dos abusos de seu tutor de balé. Até que o silencio recaiu sobre eles.

O Príncipe parecia pensativo, e quem não estaria? “É melhor me mandar embora logo”, imaginou que ele faria exatamente isso quando entendesse que não havia pureza ali. Por fim, quebrando o silêncio, as sobrancelhas de Mikhail se uniram, formando uma leve ruga entre elas, algo extremamente charmoso. Ele abriu a boca para emitir o som, mas se deteve por mais alguns segundos. Tomando coragem, iniciou:

– Ele não voltou a te importunar?

– Ele? O... – mordeu os lábios. – Na verdade, ele me mandava milhões de mensagens, por cartas, celular, internet... Me ameaça, caso eu abrisse a boca. Acho que ele era um daqueles maníacos “Se não posso tê-la, ninguém terá”. Tive medo, quem não teria? – tentou esboçar um sorriso, amenizando as coisas, em vão. – Então fugi dele vindo para a União. Aposto que agora ele nem mesmo pensa em mim.

– Talvez... – Mikhail cruzou os braços, ainda pensativo. – Talvez ele esteja armando uma estratégia para te agarrar quando não estiver preparada. Talvez ele tenha reféns para usar contra você. Já pensou nessas possibilidades?

– Sim, o tempo todo. Tenho medo que ele mate alguém que amo.

O príncipe suspirou, ainda pensativo. De nada adiantava perder tempo pensando, pois em poucos dias ela já estaria novamente perto do homem que a queria morta. Correndo risco, talvez pudesse se mudar para a União. Mas a guerra aflorava em todos os lugares e quanto mais pensava em seu problema atual, mais se surpreendia com o quão banal era. De uma forma ou de outra, Mikhail logo se esqueceria dela e a mandaria embora. Porque não era virgem.

– Em todo caso, uma coisa nós sabemos: temos de mantê-la conosco para que esse idiota não pense em colocar as mãos em você. – ele concluiu, virando-se para ela e abrindo um meio-sorriso.


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Notas finais do capítulo

Fiz essa edição já faz quase um mês, então a maioria das meninas não tem uma edição particular (eu parei de fazer) mas quem quiser, é só pedir que eu tento algo!



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