Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 28
Príncipe Nikolai


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 27

Príncipe Nikolai

“A paixão está para nós como a cor do vidro para os olhos” – Malba Tahan

Adele – Rumour Has It

– Realmente, Mikhail, você é terrível. Eu já disse o quanto eu amo você, irmão? Sério, a sua péssima mira massageia o meu ego. Você é tão ruim que me sinto bem ao seu lado. – cruzou os braços, enquanto Mikhail retesava a corda do arco. A flecha estava bem encaixada, os braços erguidos na altura dos ombros, pernas abertas. Uma postura impecável. Mas isto era apenas parte do trabalho. Mikhail estava mirando. O pior erro de um arqueiro é mirar. Você não atira porque sabe onde a flecha vai ir, você atira porque sente que ela irá. “É quase como estar apaixonado”. Ergueu o braço e deu-se um peteleco, enquanto voltava a observar seu irmão gêmeo. – Sério isso? Você vai continuar? Vai mesmo tentar me superar? Você é um desastre.

– Pode, por favor, ficar em silêncio por cinco segundos? – ele murmurou, com os dentes cerrados. Nikolai sorriu. Era empolgante irritar seu irmão. Principalmente quando ele estava tentando se concentrar em algo. Mikhail era péssimo que se concentrar em algo, na verdade ele perdia o foco com muita facilidade. Essa era uma das coisas que as pessoas raramente viam no irmão. “Mikhail é o responsável, Nikolai é o rebelde”. Alguns diziam que os gêmeos nasciam de uma única alma, que podiam ler o pensamento um do outro ou sentir o que o outro sentia. Também diziam que gêmeos eram a separação da sorte e do azar, da bondade e da maldade de um ser humano. “Então Mikhail ficou com o azar e a bondade, pois eu sou realmente sortudo.”, sorriu, enquanto mordia o lábio. Mikhail soltou a flecha. – Eu disse. – falou.

– Eu mandei ficar quieto! – Mikhail jogou o arco pelo chão, deixando-o deslizar.

– Por cinco segundos. Agora são sete segundos. E você está bravo. – Nikolai moveu-se para trás, recuando – E está vindo para cima de mim com aquele olhar de “eu vou te matar”. O que é irônico, pois eu sou seu irmão preferido.

– Você é meu único irmão – ele rugiu, com fúria.

– Exatamente. Viu como você é inteligente? Porque, tecnicamente, sou seu irmão preferido, seu irmão mais amado, o mais bonito, o mais talentoso. E, não vamos esquecer, eu acerto o alvo.

– Eu vou te matar – Mikhail tomou impulso e correu atrás de Nikolai, que seguiu o reflexo e também partiu correndo pela garagem dos aviões.

– Eu disse que seu olhar era de quem dizia isso! – gritou, contornando uma das aeronaves. As paredes elevavam-se até os vinte metros, metálicas, e o teto em formato de um semi-círculo. Havia quatro aviões, brancos, que suportariam até oito pessoas sentadas e mais algumas penduradas por coletes salva-vidas. Mikhail chamava aquilo de helicóptero, mas a palavra era tão difícil que Nikolai preferia acreditar que era uma espécie de avião, só que mais econômico. Mikhail contornou a mesma aeronave, enquanto Nikolai subia as escadas que levavam para as plataformas, nas paredes. Continuou correndo, mesmo sabendo que não havia saída. Mikhail subiu as escadas com a mesma velocidade, enquanto ambos tentavam alcançar o limite de seus jovens corpos. Nikolai conseguiu chegar ao outro lado da plataforma, descendo as escadas. Um pé, outro pé, um pé, outro pé. Você não pode cair agora, Nikolai, se cair é o fim. Mas ao contrário de Mikhail, ele tinha uma perfeita coordenação motora.

Abaixou-se e passou por trás de uma aeronave, enquanto ouvia as grandes portas de metal do estacionamento serem abertas. Mikhail parou de correr, ainda nas escadas. Abaixou-se, jogando-se ao chão, enquanto Nikolai permanecia abaixado atrás da aeronave. Ouviu ruídos, e então risadas. Espiou por cima da janela e viu um casal caminhando de mãos dadas, sorrindo um para o outro, enquanto aproveitavam a solidão do galpão. “Deveríamos dar o fora daqui”, pensou, desejando que Mikhail realmente pudesse ler sua mente. Esgueirou-se até contornar a aeronave e conseguiu correr sorrateiramente, sem que o casal notasse. Estava já próximo da saída quando escutou um gemido baixo e então teve a sensação de que tinha sido pego fazendo arte. Virou-se, o sorriso no rosto, enquanto Mikhail terminava de descer as escadas, ambos de ombros curvados, culpados.

– Príncipe Nikolai? Príncipe Mikhail? – a moça escondeu-se atrás do seu namorado, que era incrivelmente musculoso. Nikolai até achou impressionante para um caipira no interior da Rússia.

– Eu juro, não estávamos fazendo nada – o homem disse – Eu só... Eu... – ele ruborizou violentamente. Mikhail cutucou seu ombro, e então Nikolai percebeu que teria de acabar com aquele momento constrangedor.

– Ah, ótimo – abriu um sorriso robótico, enquanto engolia em seco – Vou fingir que não vi vocês dois se esgueirando para dentro do galpão. Então... Continuem, seja lá o que estejam fazendo. – riu, uma risada robótica, e sentiu Mikhail cutucando novamente suas costelas. – Será que dá para parar com isso? – o irmão ergueu as sobrancelhas e indicou o casal com a cabeça. Algo estranho estava nos olhos de Mikhail. Algo como... “Seu grande idiota! Eles não deveriam estar aqui. Será que você é mesmo meu irmão gêmeo, Nikolai?”. Nikolai voltou a observar o casal, até que entendeu. – Ah... – abriu a boca, enquanto piscava algumas vezes, assimilando. – Você é um dos guardas do meu pai – disse, e quando falou, o homem enrijeceu. – E você é uma das selecionadas? Quer dizer, vocês estão juntos? Ah... É... Legal?

– Isso é ilegal! – Mikhail gritou, acertando-lhe um tapa na nuca.

– Mas por quê? – replicou.

– Porque ela é nossa. Nossa selecionada. Não pode namorar um dos guardas!

– Mas por quê não? Se ela gostar dele, o que eu tenho a ver com isso? Você por acaso gosta dela? – ele observou a menina – Eu não vou escolher ela para ser minha esposa, e acredito que você também não. Então deixa a menina ser feliz. – virou-se para o casal – Tenham um encontro secreto muito feliz. Espera, não é mais um encontro secreto, certo? Tanto faz.

– Você é impossível – Mikhail virou as costas.

– Desculpe pelo meu irmão, sabe como é, essa coisa de príncipe mexe um pouco com a cabeça dele. Estresse e... ele está naqueles dias. Sabe como é...

Sentiu Mikhail acertando-lhe outro pescotapa, enquanto o puxava pelo colarinho.

– Sejam felizes! Aproveitem o amor! A vida é linda! – gritou, enquanto abandonava o galpão. Mikhail jogou-o contra um dos carros estacionados do lado de fora. – Por que eu tenho a impressão de que fiz uma idiotice?

– Porque você fez uma idiotice. Deveria amarrar ambos e chicotear. Isso pode ser considerado traição, sabia?

– Por quê? Porque eles se amam? – ergueu as sobrancelhas, empurrando-o. – E daí se eles estão juntos? Tem trinta e quatro garotas para você escolher. – suspirou – Trinta e três.

– Trinta e três? Por que está faltando duas? – Mikhail ergueu as sobrancelhas – Uma delas é a menina dentro do galpão. E a outra? Nikolai... Você está me escondendo uma alguma coisa... – Mikhail abriu um sorriso, e então cutucou-o. – Você já tem alguém em mente, é? É a loirinha?

– Tem muitas loirinhas por aí. – deu de ombros.

– Certo. É A loirinha?

– Talvez.

– Ou então a morena. Ou a ruiva. Ou aquela com o cabelo verde.

– Temos uma garota com cabelo verde?

– Acho que não – ele pensou um pouco – Não, não me lembro de ninguém com cabelo verde...

– Então porquê falou do cabelo verde?

– Ah... Sei lá. – Mikhail cruzou os braços. Ambos gargalharam por minutos inteiros, enquanto acabavam-se em lágrimas. Ofegantes, dobravam-se, de joelhos no chão, enquanto se deitavam ou simplesmente permaneciam ajoelhados. Mikhail limpou as lágrimas – Eu já estava começando a sentir saudade de rir assim.

– Acredite, eu também. – Nikolai respirou fundo. – Abigail.

– Abigail? – Mikhail estalou a língua – Nome interessante. O que significa?

– “Alegria do pai”.

– Cor favorita?

– Roxo.

– Animal preferido?

– Gatos. De preferência, filhotes.

– Signo?

– Provavelmente, câncer. Ou escorpião.

– Mania?

– Morder os lábios quando está nervosa.

– Você ou a coroa?

– Eu espero que seja eu.

– Você está ferrado.

– Pode apostar. – riu, enquanto abraçava os joelhos. – E você?

– Ninguém. Já sai com a metade e nenhuma parece... Interessante.

– Você é muito seletivo. – o irmão revirou os olhos. – É sério. Só deixa rolar, Mikha.

– E me apaixonar pela primeira garota que eu ver pela frente?

– Mais ou menos isso – sorriu.

– Você é doente.

– Estou começando a concordar com isso – levantou-se. – Venha, papai disse que iríamos partir daqui quinze minutos. Você não quer perder sua mala com conteúdo adulto, quer?

– Conteúdo adulto? – Mikhail encarou-o, enquanto segurava sua mão e levantava-se. – Seu bastardo! – o irmão gritou, e Nikolai saiu correndo, enquanto ria.

Alcançaram o avião que usariam para cruzar toda a Rússia estacionado na pista. A escada de embarque estava sendo usada pela fila imensa de selecionadas. Nikolai olhou para elas, e logo encontrou-a, com sua amiga ao seu lado. Não era como se estivesse procurando por Abigail, mas seus olhos a acharam, simples assim. Mikhail agarrou-o pelas costas e bagunçou seus cabelos, enquanto atacava uma última vez em sua raiva e misto de alegria. O Czar observava os filhos com um ar importante, com o celular sobre a orelha e um pano sobre a boca. Madame organizava as malas, junto com alguns guardas. O casal que encontraram no galpão, juntos, apareceu separado. O homem ajudando a levar as bagagens, a moça se unindo com as outras selecionadas. “Qual o problema de estarem juntos? Foi o destino”. Suspirou, embarcando no avião, logo atrás de Mikhail e do pai. O médico da família era o último a subir na aeronave quando as portas finalmente se fecharam. Nikolai não gostava muito de viagens, igual a seu pai. Sentia aquela sensação de se asfixiar, aquele enjôo e a claustrofobia de permanecer horas demais sentado no mesmo banco, com os mesmos cintos de segurança, na mesma posição. Horas, horas... intermináveis horas...

Respirou fundo, enquanto sentia o cotovelo de Mikhail incomodando suas costelas. Novamente. Encarou-o, sentindo as bochechas enchendo-se de ácido, e o rosto se tornando verde. O irmão gêmeo o analisou e então tirou de uma abertura nos bancos da frente um saco plástico.

– Caso você pense em vomitar em mim. – ele sorriu – Não quer tomar aqueles remédios do papai para dormir.

– Você é tão lindo, Mikha. – tocou o rosto do irmão, enquanto sorria levemente. Sentia o calor de seus dedos contra a pele macia de Mikhail. “Ele raspa a barba muito bem”, pensou, enquanto admirava os traços do gêmeo. – Parece comigo.

– Somos irmãos – Mikhail revirou os olhos. Enquanto mandava-lhe um beijo flutuante.

– Os dois querem parar de flertar um com o outro? – resmungou o Czar, enquanto se sentava de frente para os filhos. – Eu realmente acho que deveria ter trazido mais empregadas bonitinhas e jovens para o castelo. Talvez então os dois desistissem de se paquerar.

– Só estamos treinando, papai – Mikhail riu. – O senhor se sente bem?

– Melhor. O carro é pequeno demais. Mas... Um avião é melhor. Mesmo assim irei dormir a viagem inteira. Então não façam besteira, certo? Posso não estar vendo, mas Deus vê tudo.

– Oh, sério? Droga – Nikolai balançou a cabeça.

O Czar abriu um sorriso, rindo uma risada seca e arranhada. “O cigarro o deixou assim”, pensou, enquanto jurava pela décima vez nunca tentar fumar. O pai respirou fundo. Observando seus únicos filhos, seus herdeiros e simplesmente a razão de sua vida.

– Não se preocupe, papai, eu vou cuidar do Nikolai. – Mikhail assegurou.

– Mas quem vai cuidar de você? – Nikolai se virou para o irmão.

– Deus, Niko, Deus. – Mikhail deu-lhe um pescotapa.

– Não sabia que nos tornamos uma família tão religiosa. Pai, você sabia que meu aniversário é na páscoa? Que tal realizar uma ceia?

– Você quer uma ceia ou ovos de chocolate? – o rei ergueu as sobrancelhas grossas.

– Oh, droga. Eu tenho que escolher um dos dois. Certo, eu fico com o chocolate.

Os três riram, enquanto madame se acomodava no banco ao lado e Silvio, o médico, se sentava algumas poltronas mais longe. O motorista do avião deu a partida. As selecionadas conversavam alto, embora nada fosse alto o suficiente para evitar que seu velho pai adormecesse como uma pedra. Mikhail encontrou uma caneta preta e desenhou no rosto do Czar bigodes negros, contrastando com a cabeleira branca do homem. Eles riram, enquanto observavam as nuvens surgindo logo depois da janela do avião. Nikolai ficou com o lugar ao lado da janela, e admirava a altura, encarando a terra. As árvores pareciam formigas, e de repente o chão se tornou um imenso tapete branco.

– O inverno. – Mikhail sussurrou, observando também.

– E vamos visitar nosso primo. – ele sussurrou de volta. – Acha que sobrevivemos longe do nosso inverno por muito tempo?

– Aposto que sim. Afinal é o Isaac. Ele nos fará esquecer completamente a União.

– Guerra de bolas de neve?

– Guerra de bolas de neve.

Ambos sorriram, enquanto imaginavam como seria a chegada no Japão. Ansiando pela milésima vez reencontrar o primo que tanto gostavam. “Ele é divertido. E é o que me resta de família”, pensou Nikolai, pousando a cabeça sobre a janela do avião. Fechou os olhos, sentindo a tontura, e pensou em adormecer, assim como seu pai. Então se lembrou que Mikhail poderia desenhar em seu rosto um bigode deformado como fizera com o Czar, e preferiu se manter disposto.


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Notas finais do capítulo

Mordam essa família lianda.



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