Your Selection - Fanfic Interativa escrita por Soo Na Rae


Capítulo 29
Yazirat Al Arab


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Capítulo 28

Zafirah

“O raio é a serpente do horizonte”- Joaquim Manuel de Macedo

Abney Park – Victorian Vigilante

A tempestade desfrutava das nuvens e do céu, amplo, agora negro como o oceano. Trovões seguiam relâmpagos, enquanto os raios cruzavam os céus, em todas as direções. A relva agitava-se, as árvores se envergavam quase até o chão, enquanto os animais todos corriam para se abrigar daquele turbilhão de ventos, que pareciam vir de norte, sul, leste e oeste. O cheiro de chuva era intenso, e Zafirah já o conhecia, enquanto corria atrás do seu cesto de frutinhas. Havia colhido a tarde toda nos campos próximos ao castelo. A china tinha uma terra muito boa, nos locais ainda não devastados pela guerra. O extremo leste. Conseguiu alcançar o cesto de palha, porém todas as frutinhas e flores que colhera se espalharam pelo ar. As outras meninas todas aglomeravam-se em um círculo, enquanto temiam por suas vidas e pela tempestade. Não havia abrigo, estavam longe demais. Zafirah olhou ao redor. Não era uma simples tempestade. Era uma tempestade de raios. Elas precisavam encontrar um abrigo.

Correu em direção às selecionadas, enquanto procurava algum lugar onde poderiam permanecer salvas. Estavam em campo aberto, provavelmente havia um casebre de fazendeiro ou caçador pelos arredores, não poderia simplesmente ser deserto, certo? Elas só tinham vindo colher algumas frutas, nada demais... Então porquê uma tempestade vinha justo agora? Onde estavam as carruagens ou os guardas? Madame Goe abaixava-se sempre que o rugido de um trovão alcançava-as.

Zafirah tentou encontrar algum local, qualquer um, com os olhos, enquanto sentia os leves respingos da chuva já começando. A tempestade veio tão de repente que não teve tempo de prevê-la. Usavam botas de couro e os cavalos partiram com o menor dos indícios de raios. Via o pânico estampado no rosto de suas companheiras, mas ainda não podia simplesmente se encolher e fingir que poderia sobreviver. Não havia para onde ir. Respirou fundo.

– Todo mundo, espalhem-se! – gritou, com os pulmões reclamando do esforço até então não necessário. – Espalhem-se, agora!

Mas o grupo continuava unido, segurando-se, enquanto choravam baixinho. Zafirah revirou os olhos, alcançando Madame Goe e agarrando-a pelos ombros. A mulher esperneou, em estado de pânico. Bufou. Será que ninguém iria ajudá-la a salvar a todos? Conhecia aquela tempestade, já vira muito disso na Eurásia. Tempestades assim normalmente matavam, e muitos, quando estavam todos juntos. Lembrou-se de todo o treinamento que tivera para sobreviver a uma tempestade de raios. Por mais assustadas que elas estivessem, não podiam ficar juntas. Ao contrário do que a China e toda a sua cultura pregava, em uma tempestade de raios, cada um cuida de si mesmo.

– Espalhem-se! – gritou novamente, e então uma se moveu, engatinhando pela relva, sem rumo, até parar a dez metros de distância das demais. – Todas! Espalhem-se agora! – mais começaram a se espalhar, mas ainda estavam próximas demais, os raios iriam atingi-las e todas morreriam. – Todas a pelo menos cinqüenta metros de distância uma da outra! – empurrou Madame Goe – Você também, corra! – passou a correr pelo campo, agora molhada, a chuva se intensificando e os sons de trovões diminuindo, restando apenas os raios cortantes. Os cabelos negros grudavam em sua face, enquanto sentia o corselete esmagando as costelas. Só mais um pouco, Zafirah, mais um pouco. Correu, espantando as meninas e puxando-as. O campo inteiro ganhou, em cada lugar, uma garota. Todas distantes, como árvores plantadas. – Agora agachem-se! Joguem fora qualquer objeto de metal! – agarrou a própria roupa e começou a desatar os cintos. Jogou fora as botas e os anéis, braceletes e qualquer outra coisa que usasse, restando apenas uma saia e o sutiã. – Tirem agora! – ajudou algumas que tinham dificuldade, outras já estavam agachadas, abraçando-se. – Juntem os pés e coloquem o peito nas pernas, abaixem a cabeça entre os joelhos e segurem as orelhas.

Elas obedeceram. Abaixou-se, também, distante delas. Os clarões cortaram os céus negros acima de sua cabeça e Zafirah sentiu os pelos de todo o corpo se eriçando.

– Fechem os olhos!

O raio caiu em algum lugar próximo, a menos de cento e cinqüenta metros, e elevou um estrondo surdo que fez pequenos estalos percorrerem sua audição, até que conseguisse concluir que havia caído no chão. O rastro do raio ainda estava preso na parte exterior das pálpebras, mas conseguiu observar o local onde o raio caíra, não atingindo ninguém. Continuou encolhida, abraçando a si mesma enquanto esperava que um raio não caísse sobre sua cabeça. “Isso não vai nos manter segurar, mas evitará que alguma descarga elétrica passe por nossos corpos, ou então, se alguém for atingido, não espalhe sua eletricidade para os outros ao redor.”.

Os raios caiam, a chuva elevava-se a gotas grossas e fortes, enquanto os gritos e os gemidos eram ocultados. Zafirah sentiu a força dos ventos. Com certeza aquilo era mais forte que qualquer tempestade que já passara na União Eurásia, e acredite, ela já passou por muitas tempestades. A diferença era que agora estava do lado de fora, sem uma casa grande para protegê-la. Sentiu um galho se chocar contra sua nuca, sendo levado pelos ventos. Queria gritar para elas continuarem firmes, porém o vento levaria sua voz para longe antes de alcançar qualquer uma delas. Os braços sobre a cabeça, os joelhos enterrados no peito, enquanto se mantinha na ponta dos pés. A segunda coisa que a atingiu nas costas a empurrou para a frente, e Zafirah caiu no chão, a relva molhada se misturando com a terra. Abriu os olhos, encarando ao redor os ventos, os galhos, as folhas todas voando em direções de círculo. Contornando o grupo.

Não. Tentou levantar-se, enquanto as forças da natureza a mantinham abaixada contra o chão Não. Arrastou os joelhos e os cotovelos pela terra, enquanto se aproximava da garota a sua direita. Quarenta metros a distanciava da outra, e gritar dali não funcionaria. A estratégia de se separar foi boa até este momento. Agora as coisas iriam ficar terríveis.

– Ei! – gritou, mas a voz desapareceu antes de chegar aos próprios ouvidos. Continuou se arrastando na relva, os dentes trincados. Sentia o sangue pulsando pelas correntes, a adrenalina sendo liberada, enquanto tentava salvar a própria pele e as suas companheiras. – Ei! – a segunda tentativa foi falha, entretanto agora conseguia ver as demais meninas com facilidade. Levantou-se, os ventos jogando suas roupas para longe, enquanto mais folhas e galhos debatiam-se em seu corpo. – Ei! – algumas cabeças se viraram em sua direção – Vocês têm de correr, agora! – sentiu a garganta arder com o esforço – Agora! – Sentiu os pelos da nuca se eriçando, enquanto o jato de energia era descarregado no chão. – Agora!

O clarão enorme e o grito agonizante ocultaram sua voz, enquanto era lançada para trás. As costas na terra a sugavam para dentro, entretanto Zafirah se levantou, encarando ao redor as outras meninas. O clarão ainda estava estampado em suas pálpebras e era difícil focalizar tudo. Um grande buraco fora aberto no chão, a vinte metros, onde uma garota estava. Agora inerte. Morta instantaneamente.

Temos de correr agora! – gritou, e então sentiu as mãos de Madame Goe em seus tornozelos. – É um tornado!

As nuvens acima de sua cabeça formavam um túnel, onde descia lentamente em direção a terra. Madame Goe gritou para as outras se levantarem, enquanto algumas obedeciam e outras simplesmente ficavam sentadas, chorando. “Não podemos ficar esperando” Zafirah tinha de tomar uma decisão. Uma decisão que poderia ser um terrível erro, ou a salvação da maioria delas.

– Vamos, não temos tempo para chamar as outras. – mandou para a mulher – Corra o mais rápido que puder em busca de abrigo. Agora!

– Há um abrigo para bombas há alguns quilômetros, na fazenda mais próxima – a mulher balbuciou, descabelada e em crise de pânico. Zafirah estalou os dedos diante de seu rosto e Madame voltou a realidade – Três quilômetros. Três.

– Acha que podemos correr até lá?

– Outra escolha? – ele perguntou, enquanto a soltava – Meninas! Todas correndo comigo! Vamos achar abrigo!

A Madame saiu correndo, os pés descalços. Com certeza fora muito difícil para ela se separar dos saltos altos. Zafirah respirou fundo. Tinha que correr junto das outras, era isso ou ser frita viva pelos raios ou sugada por um tornado. E ela se achava uma idiota por continuar correndo em direção às duas últimas opções. Agarrou os braços finos de uma das garotas ajoelhadas, em prantos, tentando acordá-la.

– Ei! Ei! Precisamos correr! Correr! – gritou, e a menina a encarou, levantando-se. – Siga a Madame, agora! – a garota correu, correu como se aquele comando fosse tudo para ela. Zafirah seguiu até a próxima menina, a cinqüenta metros de distância. – Correr! Correr agora! – a menina continuou chorando, como uma criança, e Zafirah soube que não haveria salvação para ela. Deixou-a, procurando a próxima, antes que outro raio caísse, desta vez a quinze metros, e a jogasse pelos ares, as pernas se movendo freneticamente. Caiu com um impacto intenso na terra, o ar desaparecendo dos pulmões, enquanto sentia todo o corpo não corresponder aos comandos. Tentou gritar, mas foi em vão. Sugou o ar e todo o oxigênio que conseguia, enquanto se levantava, desorientada. Procurou Madame e seu grupo de garotas, porém o tornado já estava próximo demais e o vento também era muito intenso.

Era preciso ser egoísta agora. Só desejava que a maioria realmente tivesse corrido para o abrigo de Madame Goe. Zafirah correu com todas as forças que seu corpo ainda conseguia produzir. Os pés não se importando com as pedras onde pisava, talvez por causa da adrenalina. Os cabelos a cegavam, mas não se importava. Apenas continuar correndo e correndo. Não haviam árvores, apenas um campo imenso aberto, onde um tornado caía e uma tempestade de raios descrevia lindos desenhos no céu. Caiu quase cinco vezes, antes de finalmente atingir um bom ritmo, correndo e correndo. O coração pulsando com tanta intensidade que não conseguiria se segurar caso ele escapasse pela garganta e subisse a boca. Rolou pela grama, sentindo os braços e os cotovelos explodindo em dor. Gritou, mas não ouviu a própria agonia, enquanto se levantava para continuar correndo. Talvez cem metros, talvez duzentos. Não conseguia calcular exatamente o quanto já havia corrido, mesmo que os ventos se tornassem menores e a chuva se tornasse mais rigorosa. Estava ensopada e sentia os ossos rangendo por dentro da pele, a carne escorregando do corpo e as veias explodindo com o ritmo intenso.

Os olhos não conseguiam focalizar muitas coisas a frente, apenas borrões. Luzes. Talvez a Lua, ou então as estrelas, se aproximando enquanto corria. Sentiu ao duro debaixo dos pés, gelado. Agora não estava mais afundando, mas sim subindo. “Concreto”. Queria rir para si mesma, mas a adrenalina, o pânico, o medo e todo o resto não permitiriam. “Estou pisando em concreto”. As luzes se tornaram um foco, enquanto as gotas da chuva adentravam as órbitas. De repente um cercado de madeira apareceu, e junto dele escadas. As luzes queimavam as mariposas e vaga-lumes que se aglomeravam ao redor dela, uma cadeira de balanço se balançava sozinha, enquanto ouvia o som distante das cordas de um violão. E então jogou-se sobre as escadas, arrastando-se para cima, as forças a abandonando. A terrível sensação da adrenalina passando e a dor se tornando maior e maior, até que tivesse certeza que não havia apenas machucado os braços, mas aberto-os em rasgos profundos. A última coisa que conseguiu visualizar foram mãos, e então apagou.

º º º

Abney Park – Tribal Nomad

– Ele era pelo menos um F2. – uma voz jovem e forte insistia, enquanto todos ao redor da mesa discutiam. Pareciam discordar. A luz era baixa, e o lugar fedia a peixe. Zafirah abriu os olhos com lentidão, enquanto se acostumava com as imagens. Cinco pessoas, todas ao redor de uma mesa, porém nenhuma sentada. – Eu juro! Eu vi, entendeu? Eu estava lá! Era um F2!

– O cavalo quebrou a perna, provavelmente não podia ser trinta quilômetros por hora. – concordou uma garota do outro lado da mesa. – Quantos metros de extensão tinha?

– Quase duzentos, talvez duzentos e cinqüenta. Eu estou falando, era um tornado F2.

Tornado. Levantou-se, sentindo a tontura balançando seu cérebro dentro do crânio. Mãos tentaram forçá-la a se levantar, entretanto deu um forte soco em quem quer que estivesse lá e jogou para longe as cobertas, procurou com os olhos qualquer arma para se proteger. Ah, ótimo, um martelo! Alcançou-o e segurou com ambas as mãos. As pessoas ao redor da mesa da cozinha a observaram por um tempo, antes do jovem que estava falando sobre o tornado rir.

– É um belo jeito de agradecer os seus salvadores – ele disse, em fluente mandarim. Foi um pouco difícil para Zafirah compreender, mas as aulas deram certo. O garoto não deveria ter mais de vinte e cinco anos, com uma barba mal aparada, cabelos negros e olhos redondos, incrivelmente negros. A sua pele mostrava que ele ficara muito tempo debaixo do Sol, e as cicatrizes nas sobrancelhas e o nariz ligeiramente torto também eram uma característica de quem não aceitava engolir muito desaforo. Ele se levantou, enquanto Zafirah agarrava o martelo com mais força. Martelos eram-lhe familiares. Quando o rapaz estava a dois metros, jogou o braço para cima e então girou o pulso, tentando atingi-lo na orelha. O golpe seria perfeito, se ele não tivesse pego seu cotovelo e apertado suas feridas.

O grito se formou na garganta, mas não chegou a escapar. Prendeu-o. Soltou o martelo e agarrou o próprio braço. Encarava-o, agora realmente indefesa. Sentia o corpo fraco, as feridas nos tornozelos, os pés, mãos, cotovelos, ombros... Tudo ardia com força. Encarou-os. A pele estava coberta por uma camada fina de tecidos medicinais, ervas e cremes.

– Conheça seus inimigos – ele disse, com suavidade. – Foi uma coisa que escutei meu pai dizer quando matou o patrão dele. O homem tinha asma. Então meu pai o empurrou para o mar, e adivinhe: ele também não sabia nadar. O homem entrou em pânico e depois teve um ataque de asma. – o rapaz se abaixou, pegou o martelo e o observou – É uma arma peculiar para mulheres.

– Ela está delirando – a garota em volta da mesa disse e quando sua voz chegou aos ouvidos de Zafirah, teve certeza que a odiaria desde o primeiro momento em que a visse. O que ainda não tinha conseguido, com sua visão distorcida.

– Não, só está assustada. – o rapaz se aproximou mais, e Zafirah recuou dois passos, batendo as coxas em sua cama. – É melhor repousar. Teremos uma longa viagem.

– Eu preciso voltar para o castelo – sussurrou, a voz havia desaparecido.

O rapaz a observou.

– Durma. – disse – Apenas isso. Durma. – e então a empurrou para a cama, e Zafirah se sentou. Mas não queria realmente deitar. Ao pé da cama, uma figura esfregava o maxilar. Era o homem em quem havia acertado o primeiro soco. Ele era muito mais alto que o rapaz, os cabelos cortados em estilo militar, a barba grossa e o nariz torto visivelmente. Sua pele era ainda mais queimada que a do rapaz jovem e ele tinha músculos por todo o corpo. Zafirah pensou em se desculpas, entretanto a conversa ao redor da mesa continuou – Como eu estava dizendo, o tornado era de nível 2, ou 3, quem sabe.

– Não pode ser um nível três. Teríamos sido atingidos se fosse. – replicou outra pessoa, que até então ficara em silêncio. Um terceiro homem, com uma grande barriga, cabeleira branca e baixo. Ele era corcunda e poderia usar óculos, se Zafirah conseguisse confiar totalmente na própria visão. “Preciso de um óculos”.

– Não importa. A questão é que já ficamos tempo suficiente aqui. Temos de nos mudar. – o jovem bateu a mão na mesa. – Eu nunca vi algo assim antes. Um tornado e uma tempestade de raios.

– Nós poderíamos ao menos tentar procurar alguns camponeses, ou... – uma voz feminina disse, e parecia adulta.

– Eu já disse! Andei por todos os lados, não há vila, não há cidade... Não há nada além daquele inútil castelo e aqueles inúteis templos. – o jovem gritou, realmente irritado. Isso fez Zafirah se encolher.

– Respeite a cultura alheia, os templos podem ser inúteis para você. – a mulher resmungou, enquanto dedilhava um violão. – Nós realmente vamos passar a noite toda discutindo o que devemos fazer?

– Não, porque já sabemos o que fazer: ir embora. – o menino se acalmou rapidamente.

– Infelizmente tenho de concordar que... Vincent também esteja certo. – o homem gordo e velho suspirou – Nós somos uma família nômade, já estamos aqui há três meses. Temos de nos mover. Não podemos esperar o próximo tornado vir até aqui.

Ninguém disse uma palavra, até que Vincent também suspirasse. Ou talvez estivesse bufando.

– E o que faremos com ela? – os olhos de todos repousaram sobre Zafirah, e ela só pôde engolir em seco. O que fariam comigo? Talvez me matar. Amarrar contra uma parede. Ou me libertar, me devolver ao príncipe Syao, para a Seleção. Mas era realmente aquilo que queria? Realmente, a Seleção era um tédio grande demais. – Eu gosto dos olhos dela. – Vincent riu fraco – E ela correu quase cinco quilômetros em uma tempestade de raios, com um tornado bem debaixo dos pés. Acho que isso dá algumas qualificações, certo?

– Qualificações como...? – a menina do outro lado da mesa, a que Zafirah odiava por instinto, cruzou os braços. – Ela vai morrer de infecção antes que tenhamos de correr novamente da polícia.

– Ou talvez não. Mama poderia cuidar dela. – Vincent virou os olhos para a mulher tocando violão, que ergueu as sobrancelhas vermelhas. Seus seios eram grandes e ela tinha braços roliços. O rosto redondo se contraiu em um sorriso.

– Mama pode cuidar da pequenina. – ela concordou.

A porta se abriu com um grande estrondo e a chuva deixou seus traços de relâmpagos e trovões. O novo membro da casa sorria, segurando uma lebre pelos pés e balançando seu casaco negro que o cobria até os joelhos. Zafirah viu com um vislumbre a arma sobre o coldre ao lado da cintura dele, enquanto o rapaz esfregava as mãos e tremia de frio.

– Uma caçada perigosa. As árvores pareciam querer me devorar – ele sorriu, até notá-la. Os cabelos do menino eram longos, balançando enquanto ele arqueava as sobrancelhas. – Quem é ela? Nós viramos um abrigo de camponeses idiotas? Por acaso esqueceram a primeira regra da família? “Nunca deixe alguém entrar na sede”.

– Ela estava lá fora no tornado. – explicou Vincent – Eu a vi correndo. E ela desmaio na nossa varanda, não podíamos deixá-la do lado de fora.

– Ah, fácil. Era só dar dois tiros nos miolos dela. – o rapaz a encarou – Qual o seu nome?

– Importa? – respondeu.

Vincent reprimiu uma risada, enquanto o novo rapaz erguia uma sobrancelha.

– Eu gostei dela. Guardar a identidade verdadeira é o primeiro passo para se tornar um fugitivo da polícia da França e da União. Qual o seu nome?

– Yazirat Al Arab. – Zafirah respondeu, lembrando-se do livro de sua família. Aquele livro, sobre a própria família. O rapaz a observou um pouco mais, antes de passar as mãos pelos cabelos castanhos escuros.

– Você não é chinesa, Yazirat. Por acaso fala russo? – ele disse, em russo.

– Sim, eu sou russa. – concordou – Vim da União.

– Bom. Muito bom... – ele sorriu – Eu sou Gilbert. Aquele é meu irmão, Vincent. Ele acha que está no comando. O velho é Abernath. A madame ali no canto é Madeline, mas pode chamá-la de Mama, é como ela mesma se chama. Aquela vampira perigosa – ele apontou para a menina que Zafirah odiava. – É Viria. O soldado é Sanders. Sanders é apenas seu sobrenome, ninguém sabe o verdadeiro nome dele. E aquele de óculos – ele apontou para um rapaz que Zafirah ainda não havia reparado. – É Albert. Meu outro irmão. Acho que tenho de dizer, bem vinda a família, Yazirat Al Arab.


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Notas finais do capítulo

Vincent: https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/236x/a1/d9/68/a1d968f2023dd2c28437bfcbf4073d4e.jpg
Gilbert: http://th04.deviantart.net/fs70/PRE/i/2011/041/c/9/steampunk_heart_iv_by_lilithlefay-d398uae.jpg
Albert: http://th05.deviantart.net/fs71/PRE/i/2010/146/1/8/Steampunk_engineer_01_by_Kairnth.jpg
Abernath: http://fc02.deviantart.net/fs70/i/2013/302/1/6/steampunk_fashion_model_4_by_danmorrill-d6sa93g.jpg
Madeline (Mama): https://gnostalgia.files.wordpress.com/2015/02/redhead-steampunk.jpg
Viria: http://fc02.deviantart.net/fs45/i/2009/071/5/3/Steampunk_Circus_Doll_3_by_mizzd_stock.jpg



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